sábado, 31 de maio de 2008

NÃO POSSO FICAR CALADO!...

O texto abaixo saiu logo após ter tomado conhecimento do resultado da eleição passada no PSD. Por qualquer razão, por deficiência do computador ou por erro dos meus dedos, o certo é que fugiu bastante composição,que já não me recordo bem o que seria. Fia, porém, assim, Não deixei de executar o meu blogue no dia preciso, mas estou consciente de que também não faz falta nenhuma. O País continua tal como está. Nada se alterou. Também não vou ler o que redigi na altura. Não tenho esse hábito, Rececio arrepender-me. É a minha maneira de ser sincero. Passo, pois, adiante...



Já se conhecem, a esta hora em que, após o jantar as televisões deram conta dos acontecimentos, quais os resultados de dois acontecimentos que, por certo, bastante gente desejaria não ficar na ignorância. Está bem de ver que me refiro ao encontro de futebol entre as selecções nacionais de futebol de Portugal e da Geórgia, em que vencemos por 2-0, e quem saiu vencedor, neste caso vencedora, nas eleições que tiveram lugar no Partido Social Democrático, para líder daquela organização partidária., ou seja Manuel Ferreira Leite.

Nem num nem noutro caso, não faço comentários quanto à valia dos que conseguiram atingir o escalão superior. No jogo da bola, tratou-se de um jogo sem consequências. Foi um treino bem sucedido para nós.

Já na conquista da condução do mais forte agrupamento político da Oposição ao Governo, é legítima a expectativa de ficarmos a saber se será a partir de agora que, arredando de uma vez por todas as insistentes e doentias acusações quanto aos passados, que têm de estar enterrados, agora sim aguarda-se se se irão apresentar propostas concretas sobre a forma de tentar retirar Portugal do estado calamitoso em que, em todas as áreas importantes da sua existência, se encontra. E, para isso, o que se pede de um partido político que se encontre na Oposição, é que se comprometa apontando as suas formas de resolver os pequenos e grandes problemas, esses que nos têm impedido de caminhar no melhor sentido possível. E, claro, nas linhas da frente.
Manuel Ferreira Leite não é uma neófita. Já fez parte de governos e exerceu lugares de destaque, sobretudo na área das Finanças; ocupou cadeiras e cargos de destaque no Parlamento, passou por posições superiores no Banco de Portugal, é uma política influente e tem audição na comunicação social, sempre que entender que deve fazer ouvir a sua opinião. Se não surgiu antes a dar conta dos seus pontos de vista, especialmente os seus desacordos em relação a opções que estavam a ser tomadas e contra as quais era seu dever não ficar calada, se não quis correr esse risco a responsabilidade só lhe pode ser assacada a ela própria A mais ninguém.

Por isso, seja-se ou não seguidor do PSD, concorde-se ou não com a forma como a economista entende que se deve actuar para sanar as nossas Finanças e encontrarmos formas de aliviar o pesado custo de vida dos portugueses, o que não podemos ficar à espera é que esta nova eleita figura maior do partido da Oposição fique a reflectir e a ganhar tempo para por o Partido Socialista a arregaçar as mangas e a tomar as medidas que conduzam à mudança radical da situação de falência – sim, porque não existe outro nome a dar - a que chegámos.

Fico-me por aqui, na esperança de que amanhã haja mais alguma coisa a dizer e que valha a pena.


SOLUÇÃO PARA A CRISE


Perante a crise que grassa pelo mundo e de que nós, em Portugal, tanto nos estamos a queixar e com razão, pois, para a maioria de todos nós, cada dia que passa se nos apresenta mais difícil de ultrapassar, se surgisse uma receita, sobretudo apresentada por um candidato nacional a condutor de um partido político, seguramente que nem seria necessário efectuar uma grande campanha promocional porque, sem esforço, ganharia as eleições que se apresentassem para escolher um líder.
No nosso caso, e, sobretudo no momento em que redijo este texto e em que não sei ainda quem vai sair vencedor na luta que tem sido travada no PSD – poderia ter esperado um par de horas, mas prefiro fazer este exercício na total ignorância dos resultados -, o desejo de ver surgir uma “cabeça” com todas as características necessárias para solucionar o problema que existe naquele partido e que possa estar em condições de alinhar na luta eleitoral que se perfila no panorama nacional que começa a aproximar-se, essa ânsia de que exista alguém com o mínimo de bom senso, honradez, política e todas as outras características que têm faltado no espectro governativo que nos tem conduzido desde que a Revolução mudou as circunstâncias atrás vigentes, essa personalidade suficientemente humilde para não se julgar ser superior a todos os outros e ser capaz de saber ver e ouvir, mesmo sem experiência política mas com o mínimo de capacidade de levar por diante este Portugal farto de sofrer, seja ela proveniente dos sociais-democratas como dos socialistas, dos partidos mais à esquerda e também, por que não(?), dos agrupamentos que lutem por uma viragem à Direita, por mais desconfiados que estejamos – os que viveram esse período – de um sistema que nos impôs a sua própria vontade, sem permitir que os outros mostrassem a sua, tal ser quase misterioso é o que a maioria esmagadora dos cidadãos deste Portugal anseia por que apareça.
E depois deste longo preâmbulo, na mesma altura em que vai começar um encontro de futebol entre Portugal e Geórgia, em que se criou um espírito de patrioteirismo ligado ao desejo da nossa vitória por golos, os problemas económicos, políticos, sociais que, mesmo sendo um sábado, dia de menos preocupações, não deixam e nos apoquentar – eu, por exemplo, não retirei o meu carro do estacionamento, apavorado com o custo da gasolina que voltou a aumentar -, vale a pena fazer aqui uma paragem para conhecer os dois resultados: o do PSD e o do futebol em que participa a equipa nacional. Voltarei logo que sejam conhecidos os dois resultados, mas, devo confessá-lo, sem grandes expectativas quanto a qualquer dos desfechos. No caso do futebol, dizem-me, trata-se somente de um jogo sem responsabilidades no que diz respeito a colocações quanto a enfrentamentos seguintes. Já no que se refere a ficar decidido quem irá comandar as hostes do PSD, neste caso é de facto importante saber se a personalidade eleita é a tal que poderá desempenhar as funções de principal oponente ao Governo, com indicações claras no capítulo das medidas a terem de ser tomadas
para obrigar o Poder existente a sair do convencimento de que está a fazer um serviço que ninguém é capaz de superar em qualidade. Eu é que não me convenço que esse "milagre" se opere. Ao fim de 34 anos à esepra de Godot, não consigo colocar-me noutra posição...

sexta-feira, 30 de maio de 2008

DESENCANTO...POR ENQUANTO!


Por mais que não queiramos, todos somos um pouco lamurientos. Uns, não o demonstram, lastimam-se para dentro. Outros, os mais exuberantes, choramingam mesmo sem lágrimas, não perdem a ocasião para se lastimar, quer com o que se passa com eles próprios quer com a sociedade em geral, a que está à sua volta ou até a que se encontra distante.
Seja como for, a lamúria é um exercício que faz extravasar a tristeza que circula no interior do ser humano. E é também a forma de comunicar aos outros a infelicidade que lhe invade o espírito. E, não querendo sofrer sozinho, o lamuriento procura consolo, cumplicidade, aplauso até pela sua coragem em suportar a dor.
O choramingas é, portanto, alguém que não aceita ser só ele a sofrer. Procura companhia e, de uma forma geral, considera que o seu sofrimento é maior do que o do outro com quem fala. Dor como a sua não há nenhuma!
Sofrer em silêncio, não transmitir para fora as agruras que sente, engolir em seco as maldições que lhe couberam em sorte, passar por tudo isso sem mostrar, sem transmitir a quem só pode sentir dó, piedade, tristeza… e mais nada, conseguir resistir à tentação de provocar a comiseração, isso só pode merecer o aplauso do que já tem problemas na vida que lhe cheguem. Se se trata de pedir auxílio, isso é uma coisa. Agora, se o que se pretende é tão somente exibir desgraças e a valentia que se tem em suportá-las, nesse caso não parece ser louvável tal atitude.
Há, realmente, muita gente que sofre por esse mundo fora. Se a lamúria fosse sincronizada e todos, ao mesmo tempo, se queixassem, em voz alta, dos seus males. Teríamos um impressionante coro da desgraça.
Talvez isso despertasse para o bem esses destemperados que levam toda uma existência a provocar guerras e destruições. Mesmo tendo de perder as faustosas e injustas mordomias que, quase sempre, lhes são proporcionadas por esse maldito produto que vem do fundo da terra: O PETRÓLEO!

FALAR



As conversas são tal qual as cerejas
umas atrás das outras sem parar
servem-se como petiscos em bandejas
não é fácil ouvir sem contestar

Falar, p’ra muita gente é preciso
é como abrir à alma as portas
o ideal porém é ter bom siso
e não se embrenhar em zonas mortas

Trocar ideias e os outros ouvir
ficar calado quando outrem fala
saber escutar com todo o respeito

É princípio sagrado do sentir
é dar a ideia de que se iguala
é andar perto do que é ser perfeito

DESENCANTO... POR ENQUANTO!



Andei, um dia destes, às voltas para encontrar uns apontamentos que me lembrava de ter escrito e que me apetecia reler. Às vezes tenho destas coisas.
Procurei por toda a parte, revolvi gavetas, desmanchei pastas, meti as mãos em cacifos onde não seria muito normal encontrar-se o que procurava e foi aí, afinal, que acabei por descobrir uma quantidade de outros manuscritos que já nem tinha a mais leve ideia de que tinha sido eu o autor.
É sempre assim: a maneira mais rápida de encontrar algo inesperado é procurar e encontra-se quase sempre aquilo que não se procura.
Pois, no meio da papelada que não tinha estado na preocupação da minha busca ao guardado, fui dar com um papel amarrotado, que nem consigo perceber o motivo por que não foi parar ao caixote do lixo. E, com surpresa, apesar do muito tempo que tinha de arrecadado, despertou-me a atenção, fui reler, e fiquei surpreendido com a qualidade do texto que tinha produzido. Afinal, parece que, como o vinho, o manter em sossego certa produção artística acrescenta-lhe qualidade, adiciona-lhe fermento ou seja lá o que for que, tempos mais tarde, lhe provoca um certo sabor que antes passaria despercebido. Será por isso que os pintores, de uma forma geral, não começam e acabam um só quadro de enfiada, antes vão desenvolvendo o seu trabalho, vão fazendo, pondo de parte para voltar a ele noutra altura, mais tarde, quando a inspiração lhe indica o caminho a seguir.
O apreciar um escrito também tem uma dose parecida. Pode ser produzido de rajada, como, de igual modo, não será pior que ficou algum tempo “de molho”, ganhando paladar, para se mastigar melhor e ser mais digerível.
Não é, nem pode ser, uma regra. Há prosas e poesias que têm o seu tempo. Como há ocasiões em que o que se lê mais tarde soa a azedo, diferente da qualidade que terá parecido ter na hora de ser produzido. Nem sempre é a idade que melhora a escrita.
Comigo, o que se passou foi que não encontrei um texto e acabei por dar com outro que ganhou com a arrecadação no meio dos papéis perdidos. Isto há cada coisa!...


O que é ter esperança
e ter fé no amanhã ?
é voltar a ser criança
agarrar-se ao talismã

E nas cartas esse crer
como nos búzios, nos astros,
é bom que se queira ver
o que está preso por nastros

Ler nas borras de café
e na redondinha bola
o que é preciso é ter fé
ver coelho na cartola

Não se deve criticar
nem que seja um aprendiz
que conjugue o verbo azar
pois só quer é ser feliz

Deixemos, pois, os mais crentes
iludir-se, pois então,
serão sãos, serão doentes?
uns dizem sim, outros não

Afinal, por esse mundo
vai-se vivendo de enganos
mas somando, lá no fundo,
muitos dias fazem anos

Isso é que é bem real
o resto são só histórias
mas o que é anormal
é ter apenas vitórias

Seja, porém, como for
cada um é como é
a mim não me falta amor
o que tenho é pouca fé



VIVEMOS DE ILUSÕES

Nesta fase em que andamos, de contar bem os dinheirinhos antes de efectuarmos uma despesa que não seja de absoluta primeira necessidade, pergunto-me se os interessados em conhecer pormenores das vidas de criaturas que circulam por aí conseguem chegar ao ponto de desviar verbas do seu orçamento, provavelmente limitado, para adquirir publicações que apresentam logo nas respectivas coberturas e em letras chamadas garrafais, para além das respectivas fotos de tipo deslumbrante, notícias sobre próximos nascimentos de filhos, de casamentos à vista, de separações de pares que se encontravam com ares de se encontrarem antes muito enamorados, como também os casos deles e delas que pisam o risco e colocam os respectivos chifres nos parceiros. Enfim, exploram essas ditas publicações acontecimentos que me fazem pôr a questão: será que essas situações se sobrepõem aos problemas que nós, portugueses, vivemos dentro de portas?
Porém, perante as vendas que eu observo no meu jornaleiro se irem mantendo, não posso chegar a outra conclusão que não seja a de, na verdade, ser eu que ando enganado nesta vida, E, ainda por cima, porque muitas das figuras que são alvo dos ditos noticiários, são gente que não se pode considerar como tratando-se de personalidades de merecida publicidade, seja qual for a actividade a que se entreguem. Eu, por mim, não os conheço de parte nenhuma e quando recorro a alguma ajuda de companheiros que julgo que se encontram mais em dia com aquele tipo de figuraças, também deparo com alguma ignorância, com excepção das zonas onde são mais sapientes, no futebol, por exemplo.
Mas não fica nessa área, pelas publicações cujos títulos circulam por aí às dezenas, tal desaforo. Também as televisões concorrem entre si, na luta pelas audiências, com programas em que se esfalfam a apresentar os seus pontos de vista, com pareceres, com opiniões, com críticas ou com aplausos mostrando grupinhos de chamados tertulianos, título que é dado a tão sabedores das vidas alheias.
Logo, numa altura tão difícil para os portugueses - com as devidas e arrepiantes excepções dos beneficiados com fortunas vultoss e condições vida por vias de ordenados, subsídios e benesses de todo o tipo que conseguem obter por força da sua habilidade em serem lapas das opções políticas -, neste momento temos de nos interrogar como pode haver ainda gente que se distrai das suas labutas seguindo "faits divers" (e que me desculpem a expressão não lusitana) que não contribuem em nada para minorar a luta que se trava por cá para se ir subsistindo .
Somos, de facto, um povo especial. Mantemo-nos um País com características de sofredor. No passado. No presente. E quem sabe como vai ser no futuro. No próximo.
Valham-nos, ao menos, as ilusões de que tudo se resolverá pelo melhor!

quinta-feira, 29 de maio de 2008

ISTO DOS BLOGUES

Só há poucos meses é que me dei conta desta realidade dos blogues. Melhor, sabia da sua existência, mas não tinha ainda aprofundado o que se poderia obter com o seu uso. Até que, casualmente, uma amiga que exerce as funções de assessora da um alto elemento camarário, se prontificou em pôr o meu computador em condições de alinhar no grupo dos chamados bloguistas. E passei a achar curioso poder também dispor deste instrumento que a tecnologia informática, sempre tão rápida em ir acrescentando novas descobertas, me colocava na minha secretária. E, a pouco e pouco, primeiro mais recatadamente e, de seguida, com débitos diários de produções da minha autoria, comecei a utilizar este espaço como forma de substituição da gaveta de textos inúteis, onde antes acumulava desabafos que não podiam ter outro caminho.
Desde logo, não aceitei a possibilidade de utilizar um pseudónimo nos trabalhos que fosse debitando. Isso é que não! Se alguém viesse a ler, eventualmente, alguma coisa que eu colocasse na minha secção do blogue, teria todo o direito de saber quem era o seu autor e, na eventualidade de discordar, teria todo o direito de dar mostras do seu desagrado.
Passei, assim, a deitar mãos à obra e, conforme o tempo disponível dos outros meus escritos, poesia e prosa, e dos meus ataques de pintura, de harmonia com os temas que iam aparecendo, gerindo esses períodos diários e nocturnos, tenho vindo a dar largas ao apetite de comentar, à minha maneira, os factos mais salientes que ocorrem à minha volta.
Eis, senão quando, esta noite, na SIC e depois do noticiário, surgiram três personalidades a expressar as suas opiniões sobre este fenómeno moderno dos blogues. E pus-me a escutá-los. Gosto sempre de tentar aprender algo daqueles que, por serem sempre eles a mostrar-se perante as câmaras televisivas, terão de ser por ventura os mais sábios. Só que fiquei na mesma. não aumentei minimamente os meus conhecimentos. Até pelo contrário, enfarrusquei ainda mais aquilo que já era confuso no meu entender. E que consistia e consite em pretender saber para que é que serve isto de se transmitir, através do computador, aquilo que nos salta à cabeça em determinado momento.
Mas, acima de tudo, o que não foi sequer referido é o motivo por que a esmagadora maioria dos bloguistas não dá a conhecer com a maior clareza a sua identidade. Porque quem é autor de livros, faz luxo em motrar-se. Qual a razão, pois, pela qual se escondem atrás de nomes falsos? Aqui fica a pergunta, que a mesa-redonda da SIC bem poderia ter deixado bem claro!...

É sempre bom ter alguém que parece que nos escuta,
mesmo que não tenhamos nada para dizer.
Pelo menos,
ficamos com a impressão
de que aquilo que não dissemos
teria a sua importância.


QUATRO INIMIGOS POLÍTICOS



O espectáculo que foi oferecido ontem, à noite, aos telespectadores que ainda poderão estar interessados em informar-se quanto ao que se passa, nos campos político, económico e social neste nosso País, essa demonstração de agressividade e de falta de encontro de soluções para os problemas que nos afectam representa a prova de que não é fácil conseguirmos uma saída que satisfaça a maioria. Ninguém se entende. Não surge alguém que seja capaz de apontar um caminho que mereça o acordo da maior parte.
Até pareciam, aqueles quatro membros de um único partido político, do PSD e a que uns tantos acrescentam a sigla PPD - também aqui não se entendem em pleno -, adversários fidagais, agredindo-se os mais nervosos com ares pouco aceitáveis, fazendo prova de que a sua presença naquele confronto não se destinava a tentar encontrar soluções consensuais, mas sim a afastarem do caminho concorrentes a um mesmo desejo que era. claro estava, conseguirem obtar o apoio dos sociais-democratas nas eleições que se aproximam e com o fim de conseguirem serem eles, cada um deles, o presidente, o chefão, o respeitado dono do partido.
É assim o ser humano. Invejoso. Egoista. Capaz de tudo para arredar do seu caminho quem, mesmo levando na mão a mesma bandeira, lhe pode fazer sombra e impedir que atinja o seu próprio objectivo. E quem pretender desculpar-se dete mal que está infiltrado no Homem, só tem é vergonha de reconhecer a qualidade da massa de que somos todos feitos.
Esta observação não tem a ver com um partido políticos em especial. Refer-se a todos. Como diz respeito aos clubes de futebol, por mais doentes que sejam os seus adeptos, e como tem a ver (e aí ainda muito mais do que em qualquer outra luta) na vida profissional por que tanto se luta ao longo da nossa existência.
Assisti ao despique entre os quatro elementos sociais-democratas e fiquei ainda mais entristecido quanto à opinião que arrasto dentro de mim no que se refere ao tal bicho-Homem. E não enriqueci esse ponto de vista.
Então, não está completamente explicado o comportamento humano em todos os cantos da Terra e em todas as situaçãos conflituosas que, desde que o mundo é mundo, têm ocorrido e até hoje?
Parece uma comparação fora de propósito. Será?

quarta-feira, 28 de maio de 2008

A DÍVIDA DOS PORTUGUESES


Não é que as notícias desagradáveis que, sucessivamente, surgem em tudo que é informação prestada pelos órgãos de comunicação aos portugueses, possam considerar-se surpresas assustadoras que nos deixam mais perturbados ainda do que já andamos. É evidente que nada pode ser escondido do povo e, por isso, as boas e as más novidades têm de ser divulgadas por quem lhes cabe o papel de prestar contas. É sua obrigação. infelizmente, porém, de há uns tempos a esta parte e com maior frequência do que o fraco coração dos portugueses já pode aguentar, as más notícias invadem as páginas do jornais, enchem os altifalantes das rádios e, como não podia deixar de ser, ocupam os écrans das televisões. E, como se tal não bastasse, através da Internet aparece lá tudo escarrapachado.

Qual a novidade que surgiu hoje, para azedar ainda mais o pequeno almoço dos nacionais? Pois, nem mais nem menos do que a informação de que "cada português deve 15 mil euros", assim tal e qual, e que o endividamento das nossas famílias já representa 129 por cento do rendimento disponível.

Traduzido isto por miudos, quer dizer que o endividamento bancário contraido pelos grupos familiares, em média já se vê, atingiu níveis tais que não é fácil descortinar-se uma saída para tão catastrófica situação.

Para ser mais claro - que é o que faz falta que suceda por cá, em que os vários responsáveis governamentais optam por uma linguagem que esconde a crueza das informações -, o que cada um de nós tem de entender é que, se as entidades credoras tomarem a decisão de proceder a hipotecas pelos montantes por pagar, vamos assistir a um desfilar de habitações a surgir à venda contra vontade dos seus actuais possuidores.

Mas, enfim, num panorama tão pouco animador como o que já se instalou neste cantinho na ponta da Península Ibérica, em que existem os que se encontram no Governo a declarar que as coisas não estão assim tão más, enquanto as oposições pintam os quadros mais negros que é possível imaginar, no meio de tudo isto estão os protagonistas do drama, os que, de dia para dia, sentem nos bolsos a diminuição do poder de compra e que olham para futuro com verdadeira preocupação., para não dizer pavor.

Só o que não há é quem surja, com linguagem clara, credível e dom argumentação sustentada, a indicar o caminho para sirmos desta encruxilhada em que nos têm ansdado a meter. E não digo o actual Governo, como pagador absoluto dos males que existem, mas de todos os anteriores responaáveis que ocuparam as cadeiras do poder e que não foram capazes de aproveitar o regime democrático, as enorme ajudas europeias e até o exemplo de vários pequenos países também da Europa - veja-se a Irlanda, um deles -, que conseguiram ultrapassar as dificuldades que também lá chegaram.

Qual é, então, o defeito? O de sermos portugueses?

terça-feira, 27 de maio de 2008

JUDEUS


Sou feliz por ter amigos judeus
Aqui, no País e em Israel
Uns sendo crentes e outros ateus
Mas sempre com amizade fiel

São gente capaz, de alma bem pura
Gostando de ser aquilo que são
Sem perder nunca boa compostura
Tratando-me sempre como irmão

Só quem não quer ver não o acredita
Que sim, passou-se grande holocausto
Onde milhões sofreram a desdita
Depois de, um a um, ficar exausto

Antes a diáspora foi real
Por lá nos anos de mil e quinhentos
Esse rei Manuel foi-lhes fatal
Causando-lhes tantas dores, sofrimentos

Perderam eles, perdeu Portugal
A mais valia foi para além
Ficou-se por cá, neste lodaçal
E não lhes foi dada Jerusalém

Ganhou forais essa Inquisição
Que hoje tem um nome diferente
Andámos sempre no sim e no não
Sem ter chegado a um finalmente

Não sou judeu, porém melhor pensando
Chego a julgar que muito gostaria
De me poder aos poucos transformando
Num membro fiel de judiaria

Não que eu fosse total cumpridor
De regras como de ortodoxia
Bastava-me só ser um seguidor
Poder gozar de boa companhia

Com tal saber e tamanha mestria
Como provaram a todo o mundo
Não foi bastante tamanha sangria
Para os colocar lá bem no fundo

Foram inúmeros os Prémios Nobel
Mais do que os outros povos ganharam
Sempre lhes coube assim o papel
De calar muitos que os desamaram


SHALOM!....


O mundo gira a uma velocidade que nos devia deixar surpreendidos, Sobretudo a nós, que nos preocupamos com todos os fenómenos que se sucedem na existência que arrastamos e que procuramos ir absorvendo, com o máximo de atenção que podemos.. Parece que foi ontem, afirmamos frequentemente perante acontecimentos que já tinham sido superados por outros mais recentes.
Somos, evidentemnte, selectivos. Circunstâncias há que nos marcam mais do que outras. Pormenores acontecem que não desaparecem tão rapidamente da nossa memória. Isso é sabido.
Refiro-me concretamente aos que soferam os efeitos de qualquer guerra, a têm ainda na memória, por exemplo, a da África portuguesa ou, os mais velhos, aqueles que se encontraram no meio do II conflito mundial ou, mesmo fora de cena, como os que sentiram as consequências das carências alimentares como as ocorridas por cá, os custosos racionamentos, tais humanos que sabem o que é passar por um período de dificuldades de diferentes espécies, esses não deixam que se arredem para sempre da memória as sombras de uma época, por mais longínqua que ela já esteja.
Mas muito mundo foi vivido depois disso e começam a pertencer ao número dos raros as pessoas que passaram por tal período de confrontos que começaram na Europa mas que logo se estenderam pelo hemisfério fora. E a perseguição que ocorreu com início no chamado III Reich, com um Adolfo Hitler implacável a exterminar os judeus onde eles estivessem ao alcance do seu poder, nos dias de hoje só é motivo de recordação de uns e, imagine-se, de desmentidos de outros.
Vem isto a propósito e ter acabado de recordar que o Estado de Israel foi criado em Maio de 1948, fez agora 60 anos, isto, apesar de ter sido em 1800 anos A.C.que Abraão partiu rumo a Canaã. E digam lá que o tempo não voa!...
E o curioso é que a nação judaica se vai aguentando, com os seus 700 mil habitantes, grande parte deles sobreviventes do Holocausto e rodeado de vizinhos hostis e outros um pouco mais afastados, mas também declarando-se não amigos, tendo suportado todos os ataques que lhes desferiram os rodeantes e, vale a pena sublinhar, vencendo-os na generalidade, para vergonha dos envolventes.
E, para espanto dos que visitam este Estado de recente nascimento, verifica como o seu povo judeu é culto e vive contente, como a sua produção agrícola é próspera, como são quase autosuficientes economicamente, como têm uma defesa militar que ultrapassa a de muitos países antigos e grandes, como mantêm um regime político de estirpe democrático e, para além disso tudo, que ao longo de 60 anos de vida conseguiram os seus seguidores oito prémios Nobel.
Então isto não chega para assinalar aqui a existência de um povo e de uma Nação que, no meio de toda a escalada de malfeitorias que se sucedem por esse mundo fora, de notícias desagradáveis que só servem para envergonhar os homens de hoje, tem de fazer criar alguma inveja?
Eu, aqui me declaro: não sou judeu. Mas já visitei, por razões profissionais de jornalista, seis vezes Isarel. E passei e dormi em vários kibbutzs, para sentir os efeitos de camaradagem e de confraternização de uma camada de seres humanos que, reconheço, é da maior cordialidade, de um elevado grau de cultura e até, quanto à apreciação do género feminino, de belezas assinaláveis, E, curioso, todas com obrigatoriedade de cumprirem o serviço militar. De arma às costas.
Shalom, pois, povo hebraico. Paz para eles e que bonito é também ouvir a resposta quando nos desejam, por sua vez, o seu SHALOM!

domingo, 25 de maio de 2008

FASCINANTE


O que é ser fascinante para mim?
por exemplo é ver a natureza
dos campos e também do meu jardim,
como ouvir o coração com pureza;
não invadir o espaço alheio
e aproveitar todos os momentos,
é ter todos os dias o anseio
de a humildade praticar aos centos;
só se arrepender do que não fez,
estimular a criatividade,
brincar, como em criança talvez
e também chorar a felicidade;
ter pensamentos positivos é
fascinação plena de auto-estima
e perdoar às pessoas até
a vida não ter de ser uma esgrima;
descobrir que dos outros precisamos,
como aceitar que tudo tem limites
e mesmo aquilo que não gostamos
deva ser razão para que tu grites;
respirar a bela brisa do mar,
como curtir as pequenas vitórias
são coisas fascinantes e sem par
ao mesmo tempo verdadeiras glórias;
não prometer se não podes cumprir
é algo sem qualquer fascinação;
falar dos outros mal só é servir
para provocar grande confusão;

ter fascínio por algo fascinante
é poder ficar contente consigo
não é ser santo mas estar constante
com um sentimento muito amigo.

Depois deste sonho bem acordado
do que gostaria de ser sem ser
encarando de frente o meu fado
reconheço em mim um homem qualquer


ESPERANÇA, APESAR DE TUDO...


Quem se interessa verdadeiramente por estas coisas da História, quem não vive simplesmente o dia-a-dia sem dar importância ao olhar para trás, em saber aquilo que outros fizeram de molde a que tivéssemos chegado aos tempos de hoje, quem, como eu, tem gosto em comparar o que vivemos agora, procurando estabelecer razões para que nos comportemos assim e não de outra forma, tais curiosos sofrem com as consequências de os portugueses serem como são, em lugar de terem sido outra coisa. Quer melhor quer pior.

É certo que nada resolve estabelecer os motivos, posto que essa decifração não vai modificar minimamente as maneiras comportamentais de toda esta gente que habita neste cantinho aqui situado. Mas poderemos, ao menos, efectuar um exercício de caminhada e encontrar, através das dificuldades a que foram submetida as sucessivas populações nativas, alguma explicação para aquilo que somos. Já será uma consolação.

Recuando bastante no tempo, devemos não perder de vista que o Condado Portucalense surgiu, fez há poucos dias, 829 anos, na data em que o Papa Alexandre II - época em que eram essas Ilustres Personagens que estabeleciam, por bula, a então denominada Manifestis Probatum - estabeleceu o nascimento de um Condado, que, na época, fazia parte do reino de Leão.

Integrado, então, na chamada Reconquista Cristã, Alfonso VI, rei de Castela, integra no novo território Trás-os-Montes e Coimbra, até que, em 1128, com a Batalha de S. Mamede, D. Afonso Henriques assume o condado. e, em 1139, o Conquistador toma posse, de motu próprio, das suas funções de rei. Começou, então, a ser formado o que veio a ser o nosso País, embora já no ano de 868, se tenha verificado a reconquista do Porto na luta contra os mouros. Foi em 1143, através do Tratado de Zamora, que o Reino de Leão reconhece a independência do que é hoje o nosso País, muito embora, apenas em 1249, através do rei Alfonso II, e depois da tomada de Faro e Silves, se tivesse verificado definitivamente a aceitação da nossa independência.

Esta, em resumo, a História que justifica a nossa existência. Mas, desde então e até hoje, em pleno século XXI, passados que foram à volta de mil anos, levando em conta as diferentes datas do nascimento concreto, e todo este tempo foi bastante para, ultrapassando as múltiplas vicissitudes porque se foi passando, se ter indo moldando um caracter, uma forma de ser, um espírito que, queiramos ou não, é o nosso e é aquele com que temos de enfrentar o futuro que, crentes como provavelmente continuaremos a ser desde os tempos das Descobertas, esperamos que seja muito melhor do que aquele por que passamos hoje, nos dias que atravessamos.

E, ao contemplarmos aquilo que nos rodeia aqui na nossa Terra, por mim falo, custa-me a aceitar que, pelos nossos próprios meios, sejamos capazes de encontrar uma saída minimamente aceitável para os sucesivos desastres que nos têm cabido em sorte.

E não vale a pena entrarmos em pormenores cansativos para desculparmos a maior parte das asneiras que têm sido feitas cá pelo burgo. Olhando só para os dias de hoje,
ao acabar de ler na Impresa que o Banco de Portugal informa que o crédito mal parado já chegou aos 2,4 mil milhões de auros, quer dizer, que as dívidas dos portugueses à Banca chegaram a um ponto que nunca teria sido sonhado tempos atrás, que toda a gente deve a todos, começando, claro, pelo próprio Governo, não é preciso pôr mais na carta para mostrar a que ponto chegou a indiferença pelo não cumprimento das dívidas que se contraem?

Noutra área bastante diferente, ficamos embasbacados quando assistimos aos anos que já passaram sobre a descoberta do escândalo conhecido por "Casa Pia", em que apenas um, o não mediático Bibi, esteve encarcerado - mas já saiu - e em que todos os outros, gente tida como "famosa", se passeia por aí com o maior descaramento e em que até alguns são aplaudidos por gente que já nem sequer distingue os que merecem ser reconhecidos pelo seu bom comportamento, ao vermos que a a Justiça que existe nesta Terra não se envergonha por não dar o andamento célere aos castigos que se impõem, o que não podemos deixar de fazer é envergonharmo-nos do que nos coube ter de aceitar, tantos anos depois da constituição de Portugal.

Mas, fico-me por aqui. Nem um blogue de tamanho infindo chegaria para dar mostras dos desagrados que têm de ir nas almas daqueles que, exactamente por não se mostrarem indiferentes com a razão de ser do nascimento deste País, mais se interrogam quanto a não surgir uma volta de 180 graus, capaz de fazer entender que, a seguirmos assim, não seremos capazes de encontrar a saída para uma felicidade relativa, tão semelhante quanto possível ao que, apesar das enormes dificuldades económicas, financeiras e sociais que atingiram o mundo, mesmo assim se vislumbra em alguns países da Europa. Até nalguns que se encontravam em dificuldade há pouco tempo atrás, mas que as ultrapassaram.

É este o meu desabafo. E é este o meu anseio. Se é que posso ajudar com um blogue destes. Se é que serve para alguma coisa!... Quanto mais não seja, para eu ler alguns comentários anónimos que sempere surgem por parte de gente que, no seu pleno direito, discorda.



sábado, 24 de maio de 2008

MALA-POSTA

Queria conhecer-me, saber
Quem fui e o que sou.
Desejaria entender
Para onde vou, se é que vou
E que espero eu da vida
Daquilo que ainda me resta.
Quem responde que decida
Se o que vem depois algo presta.
Estou à espera
Estou sentado
Agarro-me como uma hera
Não volto a cara para o lado
Já sei que a resposta tarda
Duvido que venha a tempo
Que não seja uma atoarda
Muito menos contratempo
Mas o mais certo, isso sim
Será que partirei sem resposta
Ah! Pobrezinho de mim
Que perdi a mala-posta !

sexta-feira, 23 de maio de 2008

PANORAMA TRISTE!



Eu julgo que não estarei isolado neste sentimento. O de ficar indiferente se um estrangeiro nos surge a fazer comentários negativos no que diz respeito ao que ocorre no nosso País, sejam factos concretos sejam relacionados com o nosso comportamento no dia-a-dia. Nestas circunstâncias não me contenho e ultrapassarei seguramente a serenidade que é necessária manter em tais ocasiões.
Isso, repito, quando o interlocutor não é natural deste rectângulo e não tem um sentimento perfeito do que é viver, com relativo prolongamento e suportando as consequências do que isso representa.
Mas, quando somos nós, portugueses, a falar uns com os outros, a comentar o que ocorre cá no burgo e com conhecimento de causa, nesse caso tudo é permitido no que diz respsito a críticas e a indignações. Estamos na nossa casa. Ninguém tem o direito de querer tapar-nos a boca, por mais discordante que esteja quem nos ouve ou quem nos vê,
Bem bastou o longo período em que fomos forçados a mostrar concordância, a sofrer
amordaçados e a fingir que concordávamos com tudo. Porque os que não se comportavam deste maneira pagavam com os costados na cadeia. E os que não se manifestavam iam sofrendo com o espírito de aparente satisfação. Afinal, esse espírito vinha de longe. Da época em que as duas classes dominadoras estabeleciam as regras, a nobreza e o clero não deixavam que o povo tivesse preferências. O povoleu existia para obedecer!
Passo por cima, mas não disfarço a fingir que, hoje em dia, as coisas mudaram radicalmente. O aspecto legal, esse, como é evidente, não tem nada a ver com o que ocorria naquelas épocas tão distantes. Não há quem negue. Mas que as diferenças entre as múltiplas classes, não deixam de nos fazer pensar em todas as injustiças que são dadas a conhecer e que ocorrem em todo o mundo, mais nuns continentes do que noutros, escandalosos em certos países e cuidadosamente resguardados noutros, essas discriminações - como se passou a chamar a partir de certa altura - não estão totalmente arredias no mundo moderno em que vivemos. E quanto de mais globalização se fala e mais notícias são lançadas no que respeita às ajudas que lá vão surgindo, com a capa de "dia disto e dia daquilo", maiores são os escândalos que arrepelam toda a população mundial que, incapaz de, a título individual, participar positivamente em qualquer acção concreta, o único que lhe cabe fazer é, agarrando-se às suas crenças religiosas, os que as têm, implorar ao Ser superior do seu convívio que meta mão na desgraça alheia. O pior , porém, é quando, ao mesmo tempo que sucede uma desgraça, antes da mesma estar solucionada com os meios que na Terra ainda existem, outra, como um terramoto de grande potência ou o que parece ser uma zanga da Natureza, desflagra noutra zona e deixa os habitantes desta Esfera ainda mais confusos do que aquilo que já andam no capítulo do que chamam de "injustiças do Universo".
Tendo ultrapassado esse desabafo no capítulo do que ocorre por esse Mundo de Cristo - para lhe dar um nome que tem muitos seguidores -, volto à razão de ser do texto que está destinado a este blogue de hoje. O facto de sermos nós um País pequeno, com História antiga, digna e merecedora de ser bem conhecida por nós e devidamente divulgada, tenhamos tido a amargura de passar por um passado recente de que não nos sentimos ter sido merecedores: o dos últimos trinta anos da Ditadura salazarista e os trinta e quatro anos do período pós Revolucionário. E isso, muito embora os conhecidos "capitães de Abril" sejam merecedores da gratidão nacional, independentemente de razões mais corporativas do que outra coisa, que esteva na origem da revolta dos oficiais, não temos de reconhecer que não foram apenas esses que criaram os exageros que se seguiram e que mais se assemelhavam a demagogia do que a Democracia. Foram os que eu já chamei "revolucionários de pacotilha" que, tendo apanhado o "combóio da Revolução", muitos deles oriundos do passado e introduindo os seus pezinhos e lã no sistema acabado de ser deposto, foram esses que terão sido os piores, os que gozaram do oportunismo e daí tiraram grandes proveitos materiais. De que ainda espaventam por aí. E não se assistiu, até hoje de qualquer medida saneadora que colocasse as coisas escandalosas nos seus lugares!
E hoje, passados todos estes anos, com a juventude que não tem a menor ideia do que ocorreu, que goza nesta altura da Liberdade, sem saber qual o futuro que os espera , é agora que nos cabe o papel de não fingir que tudo vai muito bem e que somos um País em pleno progresso.
Vem, pois, agora a propósito sublinhar aquilo queTeixeira dos Santos,actual ministro do Governo de Sócrates, detentor de uma pasta de enorme responsabilidade , declarou esta semana, afirmando aquilo que mais parecia ter saido da boca de um membro da Oposição. Disse ele e não terá sido por distracção, que "Portugal é o País da União Europeia com maior disparidade na distribuição de rendimentos, ultrapassando mesmo os E.U.A...." nesta Europa em que no situamos.
E acrescenta o documento referido pelo ministro em causa, que Portugal se distingue como sendo o País onde "a repartição é a mais desigual", isto é, onde os que ganham mais e vivem melhor, onde há mais ricos, estes estão muito mais distantes dos pobres , em comparação com o que sucede, por exemplo, na Suécia e na Dinamarca.
Traduzido isto em miúdos, quer dizer que, ao contrário dos tais países nórdicos europeus, esses os mais igualitários entre si no nosso Continente, tal nos coloca numa posição triste de fim da cauda, o que, temos de reconhecer, nos surge a dizer que, seja qual for o quadrante político em que nos situemos, sairmos desta posição poderá, com sorte, vir a aconstituir uma das muitas necessiddes dos vindouros. Conseguirão eles lá chegar? Como portugueses, digo...

E querem ainda uns tantos comentadores de blogues (e ainda bem que os há!), que estes espaços sirvam para debitar elogios por tudo e por nada, sobretudo às figuras que esses consideram como "intocáveis". Pois que perdoem os tais bajuladores. Mas eu não penso da mesma forma!

quinta-feira, 22 de maio de 2008

DIZER MAL


É fácil ver os defeitos
dos outros, claro está
podem-se tirar proveitos
pois dar é que ninguém dá

Alguém de que não se gosta
ou que não se simpatiza
fica logo bem exposta
a ser alvo da brisa

Ter língua muito afiada
não é raro, não senhor
serve para a punhalada
dada de longe, sem dor

Dizer mal mesmo sem bases
metendo dedo na ferida
mostra do que são capazes
os filhos da malparida

Não se dão conta, porém
de que o veneno que espalham
tem voltas de vai e vem
por vezes os amortalham

O pior é quem diz mal
do outro se diz amigo
afirmando-se leal
retira-lhe o abrigo

Amigos assim, meu Deus
bem melhor ter inimigos
são como os fariseus
só representam perigos

Mas há quem diga também
em forma de ideal
desprezando até o bem:
falem de mim, mesmo mal!

DESENCANTO...POR ENQUANTO!


Toda a minha vida tive, como companhia dos silêncios, esse animal tão nosso amigo que é o cão. Em diferentes ocasiões pude ter a prova de que o canídeo adora incondicionalmente o seu dono. E reconhece-o como tal.
Os diferentes cães que me pertenceram foram morrendo à medida que chegava a sua hora. E todos me provocaram o desgosto de os perder. Como eles, sentindo a morte a chegar, deram mostras de ter pena de deixar o dono. É bem sabido que este sentimento não é recíproco por parte do Homem, reconhecidas que têm de ser as excepções que, apesar de tudo, ainda serão muitas.
Quem trata mal os animais, sobretudo os cães, dá mostras do estado deteriorado do seu íntimo. Não é capaz de reconhecer que todos os seres vivos sentem dor, a física e a do subconsciente, da mesma forma que são tocados pelo prazer, pela alegria, pelo bem-estar.
É com satisfação que se assiste à manifestação de felicidade – porque também se pode aplicar este adjectivo aos casos dos cães – que muitos desses nossos amigos não escondem quando estão satisfeitos.
Cabe, pois, fazer esta pergunta: alguém pode sentir prazer por ver um ser humano atrás das grades? Então, por que não se tem o mesmo sentimento ao contemplar um cão preso pela coleira a uma corrente e junto da sua casota?
Que sensação de posse pode existir nos homens, ao ponto de ficar satisfeito ao ver o seu animal acorrentado, dia e noite, a servir apenas para dar sinal sonoro se alguém se aproxima?
Homem, palavra escrita com H maiúsculo, não pode nem deve ser utilizada em relação a quem considera que tem razão de ser o uso da expressão “vida de cão”, nem que seja aos próprios canídeos nossos amigos!...

LOGO MAIS!

Pode ser apenas uma quadra popular, no provável dizer de poetas modernos, mais ou menos tidos como intelectuais,
mas não deixará de ser uma crítica à geração de agora que,
no meu entender, está a tentar estragar o
que ainda existe de bom entre nós, que é a língua portuguesa.
(Isto, apesar de uma língua não ter de ser estática)
Se tens de apagar um fogo
e sabes por onde vais
pois não o faças mais logo
muito menos logo mais

quarta-feira, 21 de maio de 2008

ALENTEJO


Sempre que penso em sossego
Que aspiro ver gente pura
Vem-me à memória a ventura
Que sinto quando lá chego

Deslumbra-me a planície
A terra a perder de vista
Não há um ser que resista
E o contrário ninguém disse

Terra de gente tão calma
Com seu próprio cantarejo
Mostra o que tem na alma

Resiste a qualquer gracejo
Não há quem lhe vá à palma
É assim o Alentejo

terça-feira, 20 de maio de 2008

QUANTO MAIS POBRES, MAIS DESPERDÍCIO!



Por muito que se não queira, as notícias que nos chegam todos os dias - e já nem bastam as que vêm de terras estranhas, mais perto ou mais longínquas - no que diz respeito ao nosso País, o mal estar que nos deixam e a angústia crescente que se enfia em nós não pode fazer renascer alguma esperança de que o futuro nacional surgirá mais risonho um dia destes. Como que por milagre!
Hoje, apareceu o ministro Manuel Pinho, o da pasta da Economia, a informar que o "investimento directo estrangeiro baixou mais de cinquenta por cento no ano passado". Não que nos tenha apanhado de surpresa esta má nova - e ainda bem que há, no Governo, quem não nos ande sempre a injectar falsas esperanças, como faz o Sócrates, que parece não ter remédio no seu doentio optimismo -, mas o que é necessário é que alguém com responsabilidades nos diga que se está a dar este passo e aquele no sentido de tentar dar a volta à má sorte.
À falta de tais indicações, o que se lê no mesmo dia é que "sem submarinos, a Marinha seria uma Guarda Costeira", isso na opinião do chefe do Estado-Maior da Armada que, não temos mais remédio senão acreditar, representa a garantia de que a nossa soberania fica assim assegurada contra qualquer "invasão estrangeira". isto acrescento eu, claro, que farei coro com todos os cidadãos portugueses, os que lutam contra as dificuldades de sobrevivência cada vez maiores com que se vive cá dentro de portas.
Nem vale a pena acrecsentarmos mais alguma coisa a esta fanfarronice de ter a pretensão de juntar dois submarinos à "esquadra nacional". Já estamos habituados, desde sempre, a suportar as pretensões de uns tantos e que, depois, todos pagam com língua de palmo. E já agora, vale a pena lembrar que foi aquela figura irrealista do Paulo Portas, quando assuniu, imagine-se, o lugar de ministro da Defesa de Portugal, que deu o passo decisivo para que os dois submersíveis fossem adquiridos ao estrangeiro.
Para quê fazer comentários? Só gostaria de saber se, na qualidade de elemento da Oposição, aquela mesma personalidade teria dado o apoio a um Governo a que não pertencesse, para que se procedesse ao desperdício monstruoso com a compra dos tais barquitos que andam por debaixo do mar. Nem acrescento mais nada!...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

SILÊNCIOS


Eu fui ao alto, à cabeça
do monte ali mesmo em frente
nem eu tinha muita pressa
nem desejava ver gente

Pensar sabe bem à alma
olhar p’ra dentro, escutar,
ouvir ao longe, com calma,
silêncios que andam no ar

É que nessa solidão
numa quase prostração
o mundo pára à volta

Nada nem ninguém existe
e também não se resiste
à inspiração à solta
Só se existe, quando se existe para os outros? Então e para nós, não importa se a nossa existência nos satisfaz completamente? Temos de impor aos restantes a nossa personalidade, sem nos preocuparmos, em primeira mão, quanto a nos agradarmos a nós próprios?

HERMAN JOSÉ

Eu bem sei que este tema é escaldante, porque existe ainda muita gente que considera que a personagem em questão é intocável ou que, pelo menos, será injusto apontar defeitos a uma figura que conquistou tanta popularidade que não pode merecer reparos quanto à sua actividade profissional. mas o que eu não estava à espera, é que, o pequeno texto que saiu aqui sobre a figura de Herman José levantasse certa indignação de, pelo menos um seguidor dos blogues.
Será evidente que não estou de acordo e por mais qualidades que possa encontrar especialmente nos primórdios da sua actuação, não deixo de sublinhar a derrapagem a que se entregou, sobretudo a partir do momento em que, ele próprio, se classificou como sendo o inatingível.
Começo por sublinhar que, no capítulo da imitação de figuras públicas, Herman José ocupa um lugar destacável. Dentro da imagem crítica de quem pretende tirar partido da comicidade do acto, reconheço que poucos atingiram o nível do referido cómico. Na maioria dos casos acertou com o que pretendia. E foi devidamente reconhecido por isso.
Mas, noutras áreas, por exemplo na entrevista, deve ser dito que o seu comportamento profissional não esteve, nem de perto nem de longe, ao nível do que seria desejável. E isso porque nunca foi capaz de se recolher no lugar que lhe competia, ou seja, o de perguntar sem se intrometer nas respostas obtidas e muito menos querer tirar partido do seu exemplo para obscurecer o entrevistado. Foi sempre evidente o seu desejo de sobressair em lugar de mostrar claramente o que estava em evidência e que era ouvir quem se apresentava para dizer de sua vontade.
Mas, no capítulo dos diferentes programas de que foi autor e figura central, quem fizer honestamente uma rectrovisão de todos, não pode deixar de verificar que, em cada um que ia aparecendo a qualidade diminuía e isso porque, digo eu, a sua imodéstia em olhar-se descomprometidamente ia fazendo com que não o deixasse encontrar erros, exageros de comportamento e, acima de tudo, vulgarismos cada vez mais acentuados.
Ignoro se o comportamento sexual das pessoas que se mostram excessivamente em público tem influência na forma de se exibir. Não sei, francamente o declaro. Actores houve e bons que, sabendo-se seguidores de vias sexuais diferentes das mais usuais, tendo mesmo companheiros do seu sexo a viver conjugalmente, nem por isso se preocuparam em levar para o cenário qualquer imagem que recordasse essa sua escolha pessoal. Nem a favor nem contra, muito menos, como é o caso em observação, pretendendo dar uma ideia de excesso de “machismo” , este então verdadeiramente ridículo.
E meto aqui um intervalo ara referir aquele triste espectáculo dado no Coliseu, nos “Globos de Oiro”, em que este Herman andou a arrastar o outro, parece que se chama Jorge Palma, pelo palco fora. E o que se estranha é que haja publicações que considerem essa vergonha de “o momento mais hilariante da noite”. Há alguém que pense que tal poderia ver-se num espectáculo congénere da Europa ou da América? Mas não. Nós somos muito modernos, muito desenvolvidos… e por isso estamos onde estamos e somos como somos!
Seja como for, não foi por acaso que Herman José, que atingiu um nível de vida reconhecidamente superior, especialmente mais notado para quem veio de uma mediania financeira conhecida, tendo atingido tal situação graças às remunerações que foi obtendo por via do seu trabalho como humorista, não terá sido inesperada a queda que surgiu a partir de certa altura ainda não muito distante. E, quanto a mim, até tardou mais do que seria de esperar, atendendo à demasiada persistência do próprio em utilizar uma vulgaridade de linguagem, de apresentação e de modelo de programas que ninguém o convencia que estavam a “pisar o risco” da condescendência do público.
A saída de comparsas dos seus trabalhos, especialmente do último que atingiu foros de falta de imaginação e de excesso de mau gosto, o empurrão que levou no canal em que transmitia para horários fora da capacidade de expectação, tudo isso representou aquilo que, parece que ainda hoje, não foi entendido por muitos seguidores do “hermanismo”.
Vamos a ver se, nesta nova fase, tudo isso será superado.
Não vou já, depois do espectáculo que nos foi dado ver e que se mostra como uma etapa diferente, mas com o Herman a ser anfitrião e a falar bastante, não quero entrar numa análise profunda. O meu desejo é que o rapaz tenha tido tempo, no interregno ocorrido, para reflectir naquilo que deve introduzir e no que terá de pôr de parte se quer entrar em nova era. Não digo se duvido ou se tenho esperança. Nem irei bater mais nesta tecla. Tenho outros assuntos muito mais importantes para debater. O público que se manifeste. E as chamadas percentagens de espectadores que mostre se algo mudou ou se tudo ficou na mesma, depois da mexida.
O que desejo é que, a pessoa, o homem, o artista tenha a humildade suficiente para não dizer que os outros é que estão errados, que ele é um deus e que, por isso, não admite que estejam em desacordo com a sua actuação pública.
E se houver quem queira contradizer este blogue, pois que o faça. Para isso é que serve a liberdade de expressão. E o facto de alguém, como eu ou como outros, dedicar tempo a este tema, já será motivo para que a figura em causa mostre o tal “orgulho”, o que está tanto na moda na fraseologia dos portugueses... e que eu também não deixo de condenar.

sábado, 17 de maio de 2008

ORGULHOSO


Isso, que muita gente diz que tem
e que se orgulha de ter
é coisa que de algum lado vem
mas deveria esquecer

Gabar-se de certas coisas é feio
ser orgulhoso de quê?
porque no fundo é um garganteio
e que afinal ninguém vê

Melhor optar por coisa diferente
orgulho não, humildade
visto que no meio de toda a gente
o que conta é a verdade

Ser orgulhoso e até dizê-lo
é mostrar o que um sente
muito melhor seria não fazê-lo
atitude mais decente

É ouvir o governante orgulhar-se
de tudo aquilo que faz
mas o que esquece é desculpar-se
se mostra ser incapaz

Todo aquele que no orgulho assenta
o seu princípio de vida
é porque em pouca coisa sustenta
no mundo a sua corrida

Eu, por mim, orgulhoso não sei ser
nem tenho razão p’ra isso
toda a vida até envelhecer
a língua foi compromisso

Ter honra, satisfação, ser feliz,
mas orgulho é pecado
depende da forma como se diz
melhor é ficar calado






sexta-feira, 16 de maio de 2008

MENTIR

Quando escrevo, por mais consciente que julgue estar
de que vou passar ao papel
a tradução dos meus pensamentos, o que faço é
estar a mentira a mim mesmo.
Só que a mentira, nestas circunstâncias, provoca prazer.
É o que me pode estar a acontecer neste preciso momento.
Quando esse gozo se desvanece, o único que há
a fazer é interromper a escrita.
É guardar para depois a continuação da tarefa.
Para mais tarde, no dia seguinte, quando for.
Logo que se recomece o exercício, o que se escrever
pode muito bem ser o contrário
do que se afirmou antes.
Nem todos mentem, todos dias, da mesma maneira.

DESENCANTO... POR ENQUANTO1

Isto de ter pretensões de ser dono de opiniões e das mesmas serem indiscutíveis é de uma arrogância doentia. Por outro lado, navegar permanentemente no mar das dúvidas dá também a sensação de ausência de chão seguro por onde se caminha. Viver a meias, com metade de uma coisa e metade da outra, é nunca saber quando se deve estar certo ou quando é altura de duvidar. Um martírio!
Talvez seja preferível andar ao sabor das ondas e só ouvir as opiniões dos outros. Fazendo o julgamento para dentro. É uma forma de não se comprometer.
Mas isso é vida?

CATARATAS









Durante anos - anos? que digo eu? durante sempre!!! -, não se ouvia falar disso, das cataratas. Só os mais endinheirados, os que podiam ir ao estrangeiro, ao médico e às clínicas de fama, teriam tido a experiência de serem operados às cataratas. Por cá ia-se perdendo a visão, as lentes nos óculos iam aumentando de graduação e até já se vendiam, nas lojas dos chineses, armações com vidros graduados que se colocavam (e se continuam a pôr, os pobres pelo menos) sobre os óculos que cada um utilizava. O destino era igual: a ver cada vez menos e, em muitos casos, a acabar cego.
Isto era Portugal! E continua a ser, de certo modo. Por mais optimistas que queiramos mostrar que somos. E por muito que façamos esforços para alinhar nas percentagens de que os políticos tanto se servem, para querer fazer a prova de que a caminhada do País, em vários sectores, tem vindo a melhorar, em comparação com igual período do ano transacto (sic)!...
Até que, há pouco tempo surgiu a notícia de que, na ilha de Cuba, na tal do tal Fidel, as operações às cataratas eram feitas às dúzias e que os resultados eram os melhores. E isso bastou para que, no interior do País, vários municípios tivessem tomado a iniciativa de, subsidiando os custos das viagens e das intervenções - que parece não serem de valores muito elevados -, organizar excursões de munícipes até à referida Ilha atlântica.
Foi o espanto geral neste torrão à beira-mar plantado. E outras câmaras municipais quiseram seguir o exemplo da que foi a primeira.
Pois então, o escândalo reinou nas cabeças dos governantes. E logo surgiu o respectivo Ministério da Saúde a pretender dar mostras de que existia, de que estava vivo e que não se deixava ultrapassar por atitudes de outras gentes. E, de imediato, organizou contratos com médicos que tivessem tempo disponível, com hospitais espanhois e até com serviços médicos nacionais. E conseguiu, num curto espaço de tempo, anular as esperas de meses infinitos dos pobres desgraçados que, na Terra que é a deles, não tinha conseguido solucionar a enfermidade oftalmológica de que sofriam.
Como se vê, portanto, os governantes nacionais, estes que estão ou outros quaisquer que venham a ocupar os seus lugares - tal como outros que lá estiveram antes... antes... antes... mesmo antes da Revolução -, não é por iniciativa própria que enfrentam os problemas, estudam as situações e, dentro de prazo curtos, tendo em atenção os custos que nunca devem ser ultrapassados em relação aos orçamentos, conseguem fazer este "barco" avançar. Veja-se o que sucedeu com a triste e anedótica situação do novo aeroporto de Lisboa!
Mas, pelo menos, desta da operação às cataratas, lá conseguimos resolver o problema.

DESENCANTO... POR ENQUANTO1



Todos temos uma opinião inabalável, imutável, perdurável? Aquilo que afirmamos hoje, será válido daqui a dez anos? E dentro de pouco tempo é sustentável ainda um ponto de vista expresso antes? Nunca mudamos de parecer? O que estou a escrever hoje, redigiria. da mesma forma, daqui a alguns meses? Introduziria alterações ou deixaria tudo na mesma?
Não sei responder com exactidão a todas estas interrogações. Mas, o mais provável é que não seja tão constante como talvez gostasse de ser. Como também admito o contrário, que é saudável que se vá mudando de pontos de vista, de gostos, de sentimentos. O não ser estático nas posições anteriormente tomadas, demonstra que a inflexibilidade é causadora da monotonia.
É por isso que, ao escrever, nunca leio as linhas que vão ficando para trás. Tenho receio de as riscar todas. De as reescrever de alto a baixo. De não deixar que alguém as chegue a ler algum dia. Mesmo podendo ser um ganho para todos. Que pretensão
!...

OS EXEMPLOS


E, em relação ao que afirmo no texto imediatamente anterior, resta-me desabafar desta maneira:
Assistir, permanente e excessivamente, à presença de figuras na televisão que, não tendo nada a ver com a política, influem - digo eu - no comportamento de muitos políticos, sobretudo dos que aspiram pelo maior mediatismo possível, essa teimosia de um canal televisivo em fazer aparecer um pseudo-engraçado que, pelos vistos, não conseguiu compreender que andou sempre enganado no estilo que escolheu, tal imposição poderá ter influência, no mau sentido, na maneira de se mostrarem publicamente, na actualidade que atravessamos, certas figuras da política.
Não deixo por mãos alheias a explicação do que digo. Refiro-me a essa personagem que, sobretudo agora que vê fugirem-lhe os entusiasmos dos espectadores, convencidos como já parecem estar de que se tratou de um engano colectivo, tudo anda a fazer para se impor, para não desaparecer pela porta do fundo, para mostrar aos que descobriram, finalmente, que se tratou sempre de um cómico sem graça, que o êxito que conseguiu alcançar foi bem merecido. Esse é o seu convencimento.
Refiro-me, está bem de ver, a esse luso-alemão que dá pelo nome de Herman José.
E acrescento mais: è uma pena que o muito dinheiro que ganhou este homem público não lhe tivesse servido para encontar um pouco de bom senso, de auto sentido crítico.
Salvaguardadas as devidas distâncias, olho agora para José Sócrates e penso que, também o político, necessita de olhar-se mais ao espelho e emendar aquilo que lhe dizem que não dá para se elogiar.
Uma crítica a tempo consegue, por vezes, o milagre de um bom desvio do caminho seguido.

É BEM FEITO!

Já se esperava que aquela do Sócrates ter aparecido a pedir desculpa por ter sido apanhado a fumar durante o voo para Caracas, perante muitos convidados e jornalistas, iria provocar uma infinidade de ataques vindos dos mais diversos sectores, e, em particular, das oposições.
Eu, por mim, limito-me a fazer uma peergunta: então, o chefe do Governo não tem um assesor por perto que lhe chame a atenção para um comportamento tão vulgar na sua actuação como governante, fazendo-o rectificar atitudes e palavras que são mostradas com a maior falta de senso?
Ou será que Socrates não "se baixa" ao ponto de escutar e seguir os conselhos que lhe poderão ser dados?
É mais do que evidente que o chefe do Governo não dá mostras de ter uma preparação capaz de desempenhar o lugar que lhe coube na sua circunstância, no capítulo da comunicação com os cidadãos, com o mínimo de agrado da sus generalidade. Nem isso tem a ver com o gerir melhor ou pior o posto que ocupa. Mas há que reconhecer que o que se mostra para o exterior tem peso na opinião que é construida pelos que são governados. E é aí que o José Sócrates falha rotundamente!
O contacto que acabou de ter com o homem da Venezuela não lhe foi de grande utilidade. Porque aquele responsável já deu provas de que também não é exemplo quanto ao estilo que utiliza e no que respeita à maneira de se expressar.
Não é que estejamos por cá a pedir que haja alguém que pergunte ao Sócrates "por que não te callas?". Não queremos que as coisas cheguem a esse ponto; mas que uma pessoa perto do Governante, que fosse ouvida e respeitada pelo próprio e tivesse capacidade para o orientar na sua maneira de comportar-se em público e, sem sombra de dúvidas, que lhe chamasse a atenção para as declarações que faz, um ser com essa missão é coisa que faz falta alí em S.Bento.
Porque já nos bastou um "jamais" que, pelos vistos, não impressionou o seu chefe...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

O QUE VAI DEIXAR DE FUMAR!...



Ponho-me a ouvir a desculpa dada por José Sócrates aos jornalistas, pelo facto de ter fumado no interior do avião que o levou a Caracas, na visita oficial que fez àquele País - e parece que também houve alguém da sua comitiva, julgo que um ministro, que actuou da mesma forma -, e não posso acreditar que um chefe do Governo seja tão descarado que afirme que "desconhecia que fumar durante um voo era considerado crime".
Sobre este Sócrates já escrevi o que tinha a demonstrar sobre a sua personalidade. E não vejo inconveniente em repetir que, ao fim e ao cabo, a sua actuação não se pode considerar como inteiramente da sua exclusiva responsabilidade, levando em conta que as circunstâncias que se verificam no mundo de há uns tempos para cá e até agora têm vindo a degradar-se, pelo que o nível de vida dos povos se tem tornado cada vez mais difícil, tudo indicando que o caminho que está por percorrer em Portugal ainda se vai agravar bastante mais, tendo em vista este panorama e salvaguardadas muitas medidas tomadas pelo Governo a que preside que deveriam ter sido encaradas com aquele realismo que falta ao engenheiro, ainda poderemos perdoar alguns ditos e atitudes, embora isso não sirva de consolação aos que por cá vivem,
Essa afirmação agora feita pelo detentor do poder governamental português, com aquele ar de felicidade que se lê frequentemente no seu rosto, com todo o optimismo que não esconde, de que "até vai deixar de fumar!" - como se não tivesse bastado a do outro, o do "jamais" -, para além de mostrar ignorância quanto à lei que saiu do seu próprío Executivo e que é clara quanto à proibição de fumar em locais específicos, ao ponto de não lhe ter passado pela cabeça que o interior de um avião era, obviamente, um desses espaços interditos, essa desculpa de mau pagador, ao mesmo tempo que, acreditando-se no seu desconhecimento da lei, essa mostra de que sabe pouco... (o que é grave, pois deveria ter junto a si alguém que fizesse bem o papel de emendar a tempo os erros do Chefe), faz criar nos portugueses uma cada vez maior sensação de insegurança, de ausência de confiança, de desconsolo quanto às personalidades que têm sobre os ombros a responsabilidade de levar por diante este Portugal que se encontra no fim da fila dos países europeus.
Claro que não alinho na fila dos que pedem a saída do Governo, dos que utilizam todos os meios para pedir a queda do Executivo, de raivas que só fazem perder tempo, tempo esse que muita falta nos faz para olhar de frente os problemas que nos afectam e tudo fazer, ainda que pouco nos caiba, para que as coisas comecem a mudar no bom sentido.
Se se vislumbrasse no horizonte uma solução política para além das eleições que ainda lá vêm longe, então sim, poder-se-ia enfrentar essa possibilidade. Mas, não estando à vista uma saída que não resulte de uma atitude política normal e coerente, então, malgrado o desespero em que vivemos face à subida verdadeiramente assustadora do custo de vida em Portugal, só nos resta ir tomando nota dos erros que sejam praticados e guardar a escolha para a altura em que surjam os candidatos e nos mostrem aquilo que valem, nem que seja, como é o que sucede em Democracia (e não queremos outro sistema), através das promessas eleitoralistas. Mas, nessa altura, exigir-se-á mais do que isso! Estamos demasiado escaldados para acreditar, com a mesma facilidade de antes, naquilo que nos prometem!... Mas, seguramente, repetiremos erros antigos. Por que é essa a nossa sina.





RECADO ÀS EDITORAS PORTUGUESAS





Não tenho habilidade nem feitio para andar junto das editoras portuguesas a requerer um pouco de atenção para analisarem as obras que tenho guardadas à espera de oportunidade de serem analisadas para uma eventual edição. E como não pertenço ao grupo daqueles autores ocasionais que, por uma qualquer habilidade mediática, se sobressaem da generalidade das pessoas. tenho estado a aguardar por um golpe de sorte que faça surgir no meu caminho um responsável editorial que descubra o que está disponível nos baús de criadores pouco atrevidos.


Pode ser que algum desses editores seja leitor de blogues ou que alguem resolva transmitir a um desses lançadores de obras literárias que existe esta possibilidade de ser aproveitada a produção de quem, por este meio, se motra disponível.


O meu endereço de e.mail é: jose.vacondeus@clix.pt. e o meu passado de muitos anos está ligado ao jornalismo, foi nessa área que dei muito da minha escrita

quarta-feira, 14 de maio de 2008

O PAPEL


Papel em branco assusta
E enchê-lo tanto custa
De letras, ainda virgem
E há os que escrever fingem
Que nos deixam boa obra
Que o talento que lhes sobra
Vai parar a outras mãos
Às daqueles cidadãos
Que ainda têm boa fé
E estão nessa maré
Que aprender nunca é demais
Dizem-se intelectuais
E p’ra isso o papel
Serve p’ra dar a granel
Leitura mesmo que má
Mas no mínimo, vá lá,
Tem serventia o magano
Leva sicrano e beltrano
Tempo livre ocupar
Eis o que lhes pode dar
O papel depois de escrito
E é um gesto bonito
O de ilustrar as gentes
De acompanhar os doentes
E dar-lhes alguma cura
Com um pouco de leitura
Ou esclarecer os sabidos
E valer aos desvalidos
Que não têm companhia
É isso uma obra pia
Viva o papel então
Quando cai em boa mão
É algo que o ser humano
Se deve sentir ufano
Pois até com um pincel
Tem bom uso o papel
Dando às grandes obras cor
Feitas por tanto pintor
Que regalam o olhar
E obrigam a pensar


Muito mais que tudo isto
Nos diria Jesus Cristo
Se dois mil anos atrás
Perdoado o Barrabás
O papel fosse usado
Tendo-nos dado o recado
Por escrito e assinado.


Reajo mal em relação aos que querem convencer-me de que uma mentira,

dita por eles, passa a ser verdade. Por isso, sinto alguma dificuldade em

lidar com políticos quando exercem essa mesma profissão. O pior é que não são

apenas esses...
Não sei se tenho sido aquilo que queria ser. E esta dúvida angustia-me. Preocupa-me. Porque o êxito, o total, o completo, isso nunca soube onde estava. Não passou perto de mim. Seguramente por eu não ter conseguido ser o que teria querido ser.

Se eu olho e não vejo

se eu oiço e não entendo,

se toco e não apalpo,

o que é que ando cá a fazer neste mundo?

Ter um sonho e caminhar pela vida
tentando transformá-lo em realidade
é, só por si, uma razão de existir.
Ao menos que esse propósito se vá mantendo
ao longo de todo o percurso.

CRER OU NÃO CRER, EIS A QUESTÃO.
SE É PRECISO VER PARA ACREDITAR,
ENTÃO O MUNDO INTEIRO É FORMADO POR DESCRENTES.
PORQUE QUASE TUDO QUE SE CONTA, NÃO SE VIU...
OUVIU-SE!

O FUTURO


Os animais batem-se mas não fazem guerra
Mas os homens, esses sim, mutilam, destroem,
Querem dar cabo de tudo cá nesta Terra
Ao contrário do ditado matam e moem

Se fossem apenas os humanos que litigam
Apesar do mundo ficar sem movimento
Algo ficaria do que desamigam
E que depois cresceria, ainda que lento

As plantas, os rios, e tanto mar infindo
Isso, o homem depois de desaparecer
Quando o ser humano for dado como findo
Tudo começará novamente a crescer

E não são somente as bombas que fustigam
Que fazem em pó cidades, nações inteiras,
Os homens, esses maldosamente castigam
E fazem das florestas enormes braseiras

Se todos os peixes vão desaparecendo
E se a água potável vai rareando
A vida dos homens mais difícil vai sendo
E o seu futuro mais negro vai ficando

Mesmo que não sejamos nós a ver o fim
Serão os vindouros que terão de sofrer
Já não encontrarão beleza no jardim
Pouca importância terá então viver

Aproveitem hoje humanos desumanos
O que ainda nos oferece a Natureza
Podereis ainda sulcar os oceanos
Olhar em volta e gozar toda a beleza

Quanto tempo falta p’ra chegar esse inferno
Que vai ser a Terra pelo homem desfeita
Transformando o tempo num permanente Inverno
Tudo isso por culpa de mão imperfeita

Mas é possível ainda voltar atrás ?
Tomar consciência de que não é caminho
Este que nos leva a um beco sem paz ?
De certo que sim, se pensarmos com carinho
No que podemos começar já a fazer
Se tomarmos consciência da verdade
E formos bem capazes de compreender
Aceitando com a máxima humildade
Que não foi para isto que foi feito o Mundo
Que a inveja e a ambição destroem-nos a todos
Que cada vez mais se vai batendo no fundo
E que desperdiçamos energia a rodos
Então sim, confiamos
Com esperança plena
Que todos as mão damos
Que viver, apesar de tudo, vale a pena
!

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

Tenho vindo, há já algum tempo, a desinteressar-me, cada vez mais, por continuar a atravessar este vale de lágrimas. Por mim, a falta de forças e as múltiplas queixas que faço a mim próprio no que respeita a diferentes maleitas que me perseguem, tudo isso tem vindo a quebrar qualquer demonstração de vontade de viver. No que se refere ao panorama que contemplo no hemisfério que me rodeia, também esse não é de molde a provocar-me o mínimo de entusiasmo para me arrastar por este mundo.
Isto, quanto ao que se passa no nosso País, como quanto ao estado geral do mundo, com as múltiplas discórdias de vária ordem, de lutas de galos que pretendem ocupar a mesma capoeira, sejam elas por motivo de defesa contra avanços de cada vez maior número de grupos terroristas, seja também por má condução das políticas de países que têm obrigação de reservar o uso da força apenas em derradeiras circunstâncias. E neste caso não me interessa já fazer acusações directas. Aqui e ali, todos têm, em menor ou menor escala, a sua dose de culpa. E não há que descartar também os facciosismos religiosos, estes a atingir ódios que não se justificam num mundo que se julga caminhar para a vivência democrática em todo o seu esplendor.
Contemplando o que se passa em Portugal, quem, como eu, sentiu, durante largos anos, as consequências de viver confrontado com a política ditatorial que, na minha condição de trabalhar na área do jornalismo, teve de defrontar várias vezes a acção da terrível Censura, e, no capítulo das preferências políticas, também nunca alinhou pelo “status quo” dominante, ao ter atravessado o período em que o oportunismo dos muitos que, para se salvarem de acusações do seu colaboracionismo anterior, não fizeram mais do que apanhar o comboio revolucionário em andamento, tendo sido capazes de todas as mentiras e camuflagens, também aí não constitui grande motivo de felicidade assistir a tantas mentiras e a tamanhas demonstrações de ignorância da História de antes do 25 de Abril.
Poderei ter então razões para, na minha idade, sentir satisfação por prolongar esta via-sacra para muito mais além? Francamente sinto que já fiz aquilo que me poderia caber em sina de ser autor. Pretendi ter sido mais útil, é verdade. Sempre aspirei por deixar, na minha partida, alguma coisa de proveitoso e de recordação desta minha passagem. Li muito. Aprendi alguma coisa, mas cada vez com a consciência de que quanto mais aumentava os meus conhecimentos mais longe ia ficando da sabedoria. Gastei rios de tinta com as escritas que ocupavam o meu tempo, quer por razões de obrigação profissional, quer por querer aumentar o manancial de literatura, seja em prosa seja com poesia, e isso me ia alimentando a esperança de que algum dia surgiria a lume parte do que tenho agora arquivado.
Posto isto, não me cabe senão reconhecer que não fui capaz. Que não me chegou o talento que eu persegui durante toda a vida. E, felizmente, tive consciência do meu verdadeiro valor. Por isso, não corri o risco de fazer figura de algo que não era.
Tenho, pois, consciência de que está a aproximar-se, a passos largos, o momento da minha despedida. Um dia destes, um amigo apontou-me que me encontrava demasiado amargo. Foi bom ter-me dito isso. Talvez ainda tenha ocasião para dominar o meu desconsolo da vida. Ninguém tem obrigação de suportar o meu enfado da vida. E se não são os amigos que poderão fazer essa esmola de me amparar, não serão seguramente os inimigos que sustentarão o meu mau feitio – o tal que, como disse antes, não sei bem o que é.
Oxalá não deixe atrás de mim um rastro insuportável. Mas, a minha única defesa é a resposta que deu Picasso a uma das suas mulheres, quando esta o acusou de ser mal disposto com os amigos e este lhe respondeu: “é que com os outros, não me interessa o que pensem de mim; nem me dou conta de que existem!”
Será uma desculpa. Cada um arranja a sua.