sábado, 31 de janeiro de 2009

UM CASO ENTRE MUITOS



Pelo menos eu, como participante na divulgação de situações que vão ocorrendo, ainda que seja, nesta altura, apenas por via do meu blogue, recuso-me a insistir, mesmo que seja por agora, focar o assunto freeport, acrescentando suspeitas ao que, até esta altura, não passou de isso mesmo, sem provas que possam incriminar quem quer que seja, por muitas dúvidas que sejam lançadas, sobretudo sobre o primeiro-ministro José Sócrates. É verdade que, quem se situa em lugares que chamam mais a atenção, abre o apetite para meter o dedo na ferida e, em jornalismo, sobretudo nesta altura em que se torna fulcral incitar à compra de publicações e ao aumento de auditores e espectadores televisivos, tudo que possa constituir esse incremento é bem vindo às redacções dos meios respectivos. Não se pode levar tal atitude a peito e fazer acusações aos jornalistas como o principal suspeito popular entendeu fazer na declaração prestada ontem. Também se desculpa, dada a posição de ofendido em que se encontra, mas, sobretudo devido ao seu lugar na política, tem obrigação de uma maior contenção nas afirmações públicas que entende fazer.
Mas, na verdade, sendo inúmeros os casos sérios que ocorrem diariamente no nosso País, e essas situações dizem, de facto, directamente respeito aos cidadãos que somos todos nós, ficarmos agarrados a um problema de provável corrupção ou venda de favores ou lá o que seja só porque parece (e apenas isso) que José Sócrates terá sido envolvido quando era ministro do Ambiente, não deixar que a justiça seja feita através dos meios próprios e se apurem responsabilidades sem se formar opinião só por aquilo que dá a impressão que será assim e não de outra forma, é fazermos o favor aos responsáveis governamentais e nos esquecermos do importante que é a péssima situação actual do País.
Se o próprio Presidente da República, fez a afirmação esta semana de que era inconcebível que os autores das leis não se esmerem em as produzir de forma a não oferecerem interpretações variadas e confusas – e lá volto eu ao caso da Justiça em Portugal, que é um dos graves problemas que nos afectam a todos e ao que parece que ninguém dá solução -, se o já enojante problema da Casa Pia se arrasta e não dá mostras de terminar com a indicação dos causadores das pedofilias praticadas, se o Estado se vai comprometendo com fianças aos bancos (alguns com evidentes suspeitas de gestão pouco clara) de milhares de milhões de euros, para ajudar os que ganharam fortunas e sem atender aos mais pequenos empresários, que estão a abrir falência na ordem de quase uma dezena por dia, se o número de desempregados nesta nossa Terra já anda perto dos 500 mil, se se levantou o problema de milhões de euros que o Fundo Comunitário dispunha para atribuir à agricultura portuguesa e que foram perdidos por incúria do Ministério respectivo que temos, se tudo isso e muito mais que não cabe neste espaço ocorreu e ocorre, que importância de maior tem agora o saber-se a que bolsos foram parar as quantias, mesmo que elevadas, que os responsáveis pela construção da Freeport entregaram a alguém para conseguir as autorizações respectivas?
Já se sabe e não vale a pena ficarmos espantados, quando surge a notícia de mais uma situação dessas, porque isso é o pão nosso de cada dia. Portugal está recheado de corrupções e este blogue tem feito referência a um mal que faz parte do dia-a-dia nacional. Ah! Se houvesse Justiça em Portugal!...

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

FREEPORT... pano para mangas!



Eu só gostaria de perguntar a José Sócrates, se tivesse com ele uma conversa directa e ele estivesse disposto a ouvir as opiniões dos outros, qual o motivo por que entendeu vir ontem a público falar com o tom que utilizou e dando as respostas que deu aos jornalistas que ali o aguardavam, suportando o atraso que provocou para sair da sala ao lado, onde expôs a sua lamúria, pois que, como se verifica nos comentários que surgiram posteriormente, foi unânime a opinião de que o primeiro-ministro se vitimou sem necessidade e não acrescentou nada de novo, sobretudo em sua defesa, que pudesse justificar a necessidade de prestar declarações.
É evidente que Sócrates é Sócrates, que o seu estilo, sendo o chefe do Governo ou outra coisa qualquer, é sempre esse. O responsável pelo Executivo português tem horror às críticas e mostra-se sempre incapaz de deixar os portugueses descansados em relação às naturais acusações de que, politicamente ou com outro cariz, é “vítima”. É que Sócrates não compreendeu ainda que o mais natural é que quem ocupa um lugar como aquele tem de ter opositores, sobretudo políticos. E que esses, podendo ser mais moderados ou não, são livres de usar os meios de que se julgam possuidores, mesmo que cheguem ao ponto, neste caso lastimável, se for esse o caso,de recorrer a calúnias ou algo semelhante.
O que compete a quem se situa na área da exposição pública é comportar-se de forma que se coadune com essa posição, sobretudo se se trata de uma personalidade que ocupa um lugar tão superior e por isso tão vulnerável quanto a ser alvo de acusações, verdadeiras ou não.
Agora, aparecer, como foi o caso, perante a comunicação social e acusá-la de estar a dar cobertura a “mentiras”, sem contribuir – talvez porque não tenha meios – para que o esclarecimento surja com provas irrefutáveis, assumir esse papel e, logo a seguir, não ser capaz de manter uma conversa com os jornalistas, por forma a deixar uma impressão favorável naqueles que ali estavam para cumprir a sua missão, nesses e nos que se encontram nas redacções, sair da sala abruptamente como sendo um “menino ofendido”, isso é que não é suportável e não alivia as dúvidas que, legitimamente, os portugueses terão.
Os ingleses resolveram assumir uma posição que não é confortável em relação a Sócrates, por outro lado é divulgado que o tio do primeiro-ministro, que esteve envolvido nas negociações da Freeport, gastou mais de 500 mil euros num parque automóvel de luxo, e que o seu filho também andou metido no problema da autorização que foi necessária obter do ministério do Ambiente (de que Sócrates era ministro), tudo isso, para além dos muitos milhões de euros que o escritório do advogado Vasco Vieira de Almeida garante que foram utilizados como “luvas” para viabilizar a autorização conseguida, perante tudo isso, por muito que se não pretenda não se consegue deixar de criar um clima de suspeição que não desaparece senão através da intervenção da Procuradoria da República, quando esta tornar pública a sua última palavra.
É tudo isto que José Sócrates deve levar em consideração perante aquilo a que chama de mancha negra que o persegue. Não é a enfurecer-se que resolve o problema. Se tem a consciência tranquila, as conclusões a que se chegar ser-lhe-ão favoráveis. E nessa altura, então sim, pode fazer declarações ao País.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

VAMOS LÁ ARRANJAR!...



Disse ontem e parece que não há motivo para discordar que, a quantidade de matéria relacionada com o caso Freeport, faz esquecer muitos assuntos que surgem diariamente no nosso País e que, por aquele motivo, colocamos em segundo plano situações que bem merecem ser tratadas com a devida atenção. E, não podendo pôr-se de parte o que ainda se encontra em observação atenta, tenho de me referir ainda aos problemas que envolvem os bancos, particularmente ao BPN e ao BPP. Assim, as declarações ontem prestadas pelo vice-governador do Banco de Portugal, António Marta, em que este desmentiu o que tinha sido dito, na véspera, por Dias Loureiro, esta passagem quanto a um problema que continua na ordem do dia e não pode cair no esquecimento, faz com que, nesta altura, só a mencione, sem me introduzir excessivamente na matéria que, por ainda ir dar muito pano para mangas, dá oportunidade a tratá-la então, com os devidos detalhes.
Assim sendo, e como Lisboa faz parte das minhas preocupações principais nos temas aqui tratados, volto ao elemento Parque Mayer, esse “monstro” cuja solução se arrasta e, tendo custado já muito dinheiro ao Município (2 milhões e meio de euros pagos a Frank Gehry), por via Santana Lopes, parece ir merecer agora uma solução. Tendo, o ano passado, ganho o concurso de planificação daquele espaço o arquitecto Manuel Aires Mateus, apresentou agora um trabalho (custo 150 mil euros) em que se inclui a construção de dois hotéis, assim como o aproveitamento do espaço até à rua da Escola Politécnica., tendo o prazo de um ano para que o referido projecto fique pronto. Temos, como sempre no nosso País, que aguardar. E o melhor é que o façamos sentados…
Outro caso que tem criado dúvidas a todos quantos se interessam pelo que ocorre na nossa cidade capital foi o anúncio de que se iria proceder ao corte do trânsito na Baixa, entupindo o Chiado e Santa Apolónia, mas, perante as vozes que se fizeram ouvir contra tal medida, entre ela a do ACP, parece que António Costa veio garantir que a Baixa vai continuar acessível ao transporte individual nos moldes actuais, isso para quem vem da avenida da Liberdade, já não sendo assim para quem vem de nascente ou de poente, já que vai haver um corte na ligação da Baixa à frente ribeirinha. Por isso, a situação que existe e que é verdadeiramente penosa para os passageiros dos barcos que desembarcam no Terreiro do Paço, essa mantém-se, depois de vários anos de obras que ali se verificam. Tudo bem à portuguesa!
Outro assunto que é merecedor de ser referido é o do Município ter anunciado que vai proceder à repavimentação de diversas áreas de Lisboa. Depois de cinco anos sem que este problemas fosse enfrentado, de uma grande intervenção de tapa-buracos em muitas ruas da capital, foi já adjudicada a obra a uma empresa, desejando-se que os milhares de buracos com que temos de nos confrontar na nossa cidade, grande parte desapareça. É só uma questão de critério, a escolha dos locais a atacar primeiro, já que a escassez de dinheiro não dará para a totalidade do estrago que se encontra a cada passo.
Eu não dou indicações aqui das mais urgentes. Fico cá para ver e para comentar em breve.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

CALÇADA Á PORTUGUESA

Pedras da minha calçada
que as piso todos os dias
elas são a minha estrada
mas fazem-me judiarias

Com os seus baixos e altos
nesta castiça Lisboa
temos de andar aos saltos
pois uma ou outra atraiçoa

Com essa mania atroz
da calçada à portuguesa
impõe-nos a todos nós
perder noção de beleza

E vistas pois bem as coisas
em época de magras vacas
se se usassem mais as lousas
bem se poupavam patacas

Neste País de esperanças
pois sempre tem sido assim
aguarda-se por mudanças
para as pedras terem fim

Ver de cócoras rapazes
a partir pedras na mão
uma a uma que nem ases
provoca grande aflição

Em covas lá vão metendo
nas ruas da capital
com pedra a pedra enchendo
sob as vistas do fiscal

Que na Baixa pombalina
haja calçada bonita
pode até ser coisa fina
e agradar quem nos visita

Mas pedras pela cidade
em ruas de lés-a-lés
tenham santa caridade
e lembrem-se dos nossos pés

Quando uma pedra se solta
e outra ainda além
tanto buraco revolta
não nos digam que está bem

Tenham pois pena de nós
poupem verba ao País
autarcas, oh todos vós
cortem mal pela raiz

Se estamos bem na Europa
não sendo mundo terceiro
é bom ver como se poupa
usando bem o dinheiro

Sem ter de pôr mais na carta
aqui deixo este recado
de pedras está já farta
esta capital do fado

Por um bairro pois comecem
a tirar o empedrado
e se chove não tropecem
na lama do chão cavado

Pôr lajes de metro e meio
em vez de pedras à mão
transforma em bonito o feio
e torna direito o chão

Qualquer rua no futuro
terá o caso lembrado
um Presidente seguro
fez um trabalho asseado

Lisboa deixa de ser
um campo tão mal lavrado
fica assim um prazer
caminhar por todo o lado.




Poesia bloguista que talvez motive
algum município que ainda não foi capaz de entender
que esta é uma forma de economizar
tempo e dinheiro e que acabará, de vez, com
a vergonha de assistir a seres humanos
de cócoras a colocar pedra a pedra
onde, mal sai uma, logo saltam
todas que se encontram à volta.
Talvez, em verso, sejam mais susceptíveis de entender.

DESENCANTO... POR ENQUANTO!...

Tenho a impressão de que, quanto mais me dou com as pessoas menos elas me conhecem. Confundem-se, julgam que sou aquilo que não sou.
Mas também não tenho que me admirar. Provavelmente, eu não serei igualmente aquilo que julgo ser. E o que é que eu sou, na verdade?
Esteticamente, está bem de ver, não é difícil aos outros e a mim próprio chegar a uma conclusão. Sou o que está à vista.
Mas, por dentro? O que vai na minha cabeça? Que sentimentos alimento? Não há dúvida que não é fácil ver o negativo do retrato e, menos ainda, obter a imagem correcta do que surge depois da lavagem desse mesmo negativo.
Aceito, por isso, que os outros se equivoquem a meu respeito. Que se desconsertem. É o que me sucede. É verdade que tenho mais pena dos animais que dos seres humanos. Um cão maltratado, revolta-me. Um miúdo que leva um puxão de orelhas para comportar-se bem, não me impressiona. É isto normal?
Eu, que sou do tempo das palmatoadas na escola primária e dos castigos por ter dado erros no ditado, não posso compreender que se agridam, hoje, os professores por estes terem sido severos com os alunos mal comportados. Se fosse viva a minha D. Beatriz, que me ensinou como ninguém, não tendo deixado de se servir da palmatória quando necessário, se a minha antiga professora ainda existisse, enchia-a de beijinhos.
Mas, voltando à ignorância dos outros a meu respeito, muitas vezes opto pelo silêncio, em lugar de contrapor a uma opinião que me é expressa. Deixo a impressão que estarei de acordo com o que foi dito, mas é exactamente o contrário. E quando dou a minha opinião, se não condiz com o que acabo de ouvir, logo surge a discussão, o mau humor, por vezes até a zanga. É que as pessoas não gostam de ser contrariadas. Não admitem que não estejam dentro da razão, que não sabem tudo, que a verdade não esteja do seu lado. E o pior é que às vezes está! E é isso que me deixa confuso. Que me obriga a perguntar, a mim próprio, o que sei, quem sou e para onde vou.
De uma forma geral, gosto mais de ouvir do que falar. Saber o que os outros pensam, desde miúdo que me entrego a tal prática. A escutar o que os mais velhos diziam e a aproveitar a sua sapiência. Tive a sorte de usufruir dos elevados conhecimentos de pessoas que sabiam muito mais do que eu. Tirei partido da sua experiência de vida.
Hoje sigo, ainda que em menor escala, o que é natural, tal princípio básico de ouvir com os sentidos bem despertos, mesmo que, em demasiadas ocasiões, o resultado seja somente um gastar de ouvidos. Mas, no mínimo, não falando não dou a conhecer a minha ignorância. Daí, a criar o mistério. O silêncio é mais intrigante do que o manter sempre a porta aberta para expelir o que vale e não vale a pena.
Por isso, ao analisar-me, ao pretender obter uma resposta sobre quem sou eu, realmente, confundo-me. Porque, não sendo daqueles que se julgam perfeitos, por fora e por dentro – o que ajudaria muito a encontrar uma definição, mesmo que falsa -, é na imperfeição que tento colocar-me no catálogo da classe de indivíduos.
Modesto excessivamente? Não, que isso é também uma forma de vaidade. É pretender ser melhor do que os outros e fabricar uma imagem de exposição. Andar, permanentemente, a tentar mudar de rumo, a reconhecer os erros acabados de cometer e a prometer-se não voltar a cometê-los? Mas isso é transformar a vida, já por si tão difícil de levar, num calvário.
Pois é, mantendo a dúvida sobre aquilo que sou, prefiro conformar-me e deixar passar o tempo sem encontrar resposta. Os outros que me julguem, mesmo que não condigam as opiniões, Que pensem mal, uns, e menos-mal, outros. Porque bem, bem, dá-me a impressão que poucos alinharão por esse padrão.
Mas, que posso eu fazer? Nesta cadeia de vida em que todos somos prisioneiros, à espera da libertação, trazemos um número gravado no peito e cumprimos a pena que nos foi aplicada. Eu não sei por quem, mas lá que o juiz foi muito severo para uns e magnânimo para outros, disso parece não haver dúvidas.
Se não é assim, paciência. Cada qual tem a sua opinião. E, como disse, muitas vezes o melhor é não arriscar, desabafando em voz alta.


QUEM TEM OLHO...



Num País, como o nosso, onde todos os dias, agora como regra geral, sucedem assaltos à mão armada e roubos da mais variada espécie, sinal, evidentemente, por um lado, da miséria que se instalou de Norte a Sul, mas, por outro, porque não existe capacidade policial de fazer frente a tamanha avalancha de ilegalidade e a justiça - insisto sempre neste ponto – se encontra numa fase, com leis inadequadas e um sistema que não está adaptada às realidades, em que não consegue responder às necessidades que a situação impõe, repito, num País assim não admira que, nas escalas superiores, nos chamados colarinhos brancos, a corrupção já seja uma normalidade e, quem não aproveita as oportunidades que se lhe oferecem no dia-a-dia das suas actividades, é considerado um pateta e nem sequer é valorizado por se comportar honestamente.
E, se não é a corrupção, as luvas que se recebem e se pagam para conseguir que os projectos, de toda a ordem, que se pretendem ver realizados e sejam ultrapassadas as dificuldades que a velha burocracia portuguesa – também ela culpada – impõe, também são os favores partidários ou outros que levam a que uma certa camada da população seja beneficiada por colocações que são proporcionadas, de uma forma geral em mais do que um lugar ao mesmo tempo.
Aquilo a que se assistiu, através da televisão, na exposição que Dias Loureiro fez na Assembleia da República, independentemente do julgamento que cada um faça quanto à eventual culpabilidade no chamado caso BPN, é que existem de facto por aí, e em número que não é pequeno, felizardos que conseguem, ao mesmo tempo, exercer funções administrativas, de directoria ou de assessoria em diferentes empresas, recebendo pagamentos por isso que atingem valores que excedem astronomicamente os ordenados que são atribuídos aos normais funcionários. Foi isso que não entrou nas perguntas que foram feitas ao antigo ministro, actual membro do Conselho de Estado e que, nesta altura, não está a defrontar-se, é mais que certo, com dificuldades económicas para manter o seu nível de vida.
É este o tema do meu blogue de hoje que, tendo guardados variados assuntos que merecem ser tratados e que se podem considerar escaldantes, preferiu deitar a mão aquilo que é o retrato de Portugal de hoje e que só vem a lume público porque se atingiu, nesta altura, uma fase de “branqueamento” forçado do estilo de vida de uns tantos felizardos que conseguiram aproveitar bem (digo, mal) as oportunidades que as circunstâncias lhes proporcionaram e que foram e continuam a ser consequência, de uma forma geral, das filiações partidárias e das passagens pelos postos de poder, fossem e sejam eles quais forem.
Somos um País pequeno e de população escassa, em relação â maioria europeia, mas, no que não somos mínimos é na quantidade de gente que “tem olho e, por isso é rei”.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

Deu-me agora para me pôr a pensar naquilo que fiz toda a minha vida. Distingo mais alguns feitos do que outros. Mas, ao contrário do que se passa comigo em relação a acontecimentos recentes, que esses esqueço-os facilmente, os antigos, até com pormenores, recordo-os com grande nitidez.
É curioso. Até palavras ditas e respostas recebidas me saltam à memória com nitidez. O que me escapa mais são as fisionomias, que essas, bem como os nomes dos protagonistas, tenho tendência a perdê-las.
Isso pode querer dizer o quê? Talvez que fixei mais os factos do que as pessoas. Que registei na memória o que sucedeu e dei menos valor a quem interveio nas acções. Sobretudo no que se refere a algumas pessoas, não tão poucas como isso, que teriam razões para as recordar pelas ajudas que movi nas suas vidas, quanto a essas seria natural que retivesse as suas faces guardadas num recanto do meu cérebro… mas nem isso. Passou, passou.
Parece que, na generalidade dos casos, com os outros acontece precisamente o contrário do que se passa comigo. Não que eu queira distinguir-me com esta anotação, antes pelo contrário, o que sublinho é que, mesmo a quem fui útil nunca fiz questão de fazer uma ficha e arquivá-la no ficheiro dos devedores.
De facto, pode-se ter em conta quem foi o autor de uma descoberta importante, quem deixou para a posteridade uma obra de monta, seja qual for a área onde actuou, mas o que fica para o futuro são os resultados que se obtêm com a acção desenvolvida por alguém. Poderá a maioria das pessoas não ser capaz de se recordar do nome de quem descobriu a penicilina, mas que esta medicina salvou muita gente da morte, isso é que será reconhecido pela humanidade inteira.
É uma injustiça o olvido de nomes de personalidades que contribuíram para o enriquecimento do património mundial, científico, artístico ou o que seja. É uma verdade indiscutível. Mas eu prefiro ter acesso ao telefone, contemplar com êxtase a Gioconda, deliciar-me com a 9.ª Sinfonia, mesmo passando-me os nomes de Bell, de Leonardo Da Vinci, de Beethoven ou de Fleming.
É uma maneira de ver as coisas, bem sei. Mas se eu começo por me culpar a mim, se me recordo mais daquilo que ficou feito do que em quem interferiu nas obras, desculparei os que não têm memória para nomes. Já a lista de reis de Portugal e seus cognomes, a indicação dos rios nacionais e seus afluentes, das preposições ditas de enxurrada, da tabuada sabida de cor e salteado, de tudo isso que se aprendia e se repetia na velha instrução primária, que era onde se estudava o básico que hoje anda tão fora do domínio da juventude que parte para o secundário em plena ignorância, todos esses conhecimentos ficaram guardados num cacifo do cérebro e, até morrer, as gentes do meu tempo não esqueceram. E os que seguiram nos estudos, bem agradeceram a tal “basezinha”, como lhe chamava o Eça.
Mas isso são outros contos, que os ensinamentos de hoje não fazem nem ideia como eram antes.







VER OU NÃO VER

Aquilo que eu vejo hoje
o que gosto e o que detesto
as flores, as árvores, a Natureza
e as maldades dos homens
só é possível porque os meus olhos
ainda funcionam
e é com eles que o meu cérebro
raciocina
se alegra e se revolta
se sensibiliza
me obriga a olhar para trás e para a frente
a parar para ver melhor
a espantar-me com o belo
e com o desprezível

Mas penso se um dia
deixo de ver
se terminam as minhas contemplações
se se fecha a janela da vida
se só poderei
ouvir, apalpar, falar
e só com isso serei capaz de decifrar
o que se planta diante de mim,
então o cérebro trabalhará a dobrar
penso eu, mas talvez a falta de visão
descanse mais o pensamento
o que não se vê
se não mostra a beleza
também não revolta
quando é isso mesmo:
repugnante

O pior é a leitura
o breille ajuda, dizem os invisuais
mas não se anda tão ao par
do que vai saindo
e que valha a pena
embora, por outro lado,
não se tenha de assistir
à enormidade de lixo literário
que as editoras atiram para a rua.

É melhor ou pior ser cego?
o ideal é não se conhecer nunca
a resposta
ficar na dúvida
questionar-se até ao fim.
Por enquanto, já que vejo
deixem-me ficar assim!...






GOVERNANTES? QUAIS?




Depois do comentário que fiz ontem, de que Sócrates devia enfrentar, o mais cedo possível e a certa distância ainda das próximas eleições, o conjunto do seu Governo, em que existem ministros que estão a precisar de ser substituídos, até parece que foi de propósito e o primeiro-ministro entendeu que deveria elogiar publicamente a detentora da pasta da Educação, como que num desafio ao clima de descontentamento que se verifica na área dos professores. Eu, que, até agora, nunca tomei uma posição, dado que encontro razões de um lado e de outro, o que sempre me preocupou foram e são as greves que se realizam, fazendo grande dano aos alunos, aos pais e, portanto, a todo o País. E como, nem de um lado nem do outro, se tem verificado um desejo de esclarecimento por forma a que os portugueses, de uma forma. geral façam uma análise da situação, o que entendia é que cabia ao Governo falar claro e dizer que, no interesse da nossa Terra, iria claudicar com as suas exigências, deixando para depois voltar ao assunto, caso a razão seja clara de que os professores terem de ser avaliados e da forma que constituísse consenso generalizado. Agora, vir Sócrates, na praça pública, elogiar a Ministra, isso representa a atitude menos conciliadora que seria desejada neste momento. E disse tudo!
É que, de uma forma geral, os problemas vão-se avolumando por toda a parte neste Portugal que bem aspiramos que só tenha – e já não é pouco – para enfrentar a maldita crise internacional que tanto nos afecta. Mas não, os governantes vão permitindo que outros males nos aflijam. Por exemplo, isto de haver falta de médicos por esse País fora, nas regiões de saúde, ao ponto de se chegar a um posto, como sucede em Lisboa, e ouvirmos a indicação de que o nosso médico de família “está de baixa” ou “está de ferias” ou “já não atende”, sabendo-se que há cerca de 400 mil utentes sem profissional médico para cuidar da sua saúde, assistindo a esta situação só posso repetir o que escrevi ontem, mesmo levando em conta a notícia surgida agora de que, até 2010, vão estar formados mais 400 médicos, por ter saído uma alteração à lei vigente de que diminui em um ano o tempo de formação dos clínicos. Ora, esta medida não podia e devia ter sido lançada há mais tempo, antes do problema que agora se defronta? É sempre o nosso espírito de atraso que impera. chegamos sistematicamente tarde!
É o que se passa com as várias comarcas portuguesas que afirmam agora que os tribunais que lhes estão destinados não têm salas para julgamentos. Quer dizer: saiu agora no “Diário da República” a nova organização dos tribunais, só que existem imensos locais por esse País fora que não dispõem de locais físicos para exercerem as suas funções!
Então não é que as cabeças deste lindo canto da Europa não existem para pensar e para se anteciparem às situações complicadas que surgem?
E eu continuo a perguntar a mim próprio: nas próximas eleições vou votar em quem? Substituo estes portugueses governantes por outros portugueses que querem governar melhor? Quem? Ainda bem que o sistema democrático nos dá a oportunidade de escolher. O mal é que, por cá, não se vislumbtra quem tenha condições para responder às exigências...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

CHEGA P'RA LÁ!!...

Somos demais neste mundo
não cabem tantos milhões
estamos a bater no fundo
são muitas as confusões
Dá-me espaço
Chega p’ra lá!...

Cinquenta anos atrás
dois mil milhões sobre a Terra
calcula se és capaz
quanta gente hoje encerra
Dá-me espaço
Chega p’ra lá!...

Três vezes ela aumentou
seis mil milhões agora
as cidades atulhou
estão a deitar por fora
Dá-me espaço
Chega p’ra lá!...

Há sítios que esvaziaram
nasceram desertos novos
os que lá estavam mudaram
só há velhos nesses povos
Dá-me espaço
Chega p’ra lá!...
Há quem muitos filhos tenha
são os que vêm de fora
por cá há quem se sustenha
à espera de melhor hora
Dá-me espaço
Chega p’ra lá!...

Por isso a cor das gentes
na Europa se cambia
há cada vez mais nascentes
de outra raça e etnia
Dá-me espaço
Chega p’ra lá!...

Os velhos mais vão vivendo
a morte tarda em chegar
os novos que vão crescendo
não dão p’ra equilibrar
Dá-me espaço
Chega p’ra lá!...

Com este acotovelar
de multidões que s’apertam
já é grande a falta de ar
de sufoco não libertam
Dá-me espaço
Chega p’ra lá!...






MINISTRO?... RESPONSABILIZA-SE!

Cá andamos nós nesta vida lusitana a enfrentar as contrariedades que se deparam a cada passo e que, para todas as circunstâncias, encontramos a desculpa da crise mundial, que tem as costas largas. É verdade que ela é a provocadora de muitos dos problemas que se levantam à nossa frente, mas também não é menos certo que muitos deles poderiam ser, pelo menos, aliviados, se existisse gente capaz de, através dos meios de poder de que dispõe, pusesse a imaginação, a competência e a capacidade de ver e ouvir os outros, talvez mais capazes, ao serviço das soluções que eventualmente existam. E, quanto a isso, a actuação de diferentes governos mostra-nos que, ao serem colocados à frente dos Executivos pessoas que se convencem que são donos e senhores de toda a sabedoria, a partir dessa altura fecham as portas ou, pior do que isso, rodeiam-se de elementos que, em muitos casos, nem para serventes de qualquer secretaria seriam admitidos.
Refiro-me, de imediato, a três ministros que o cego do Sócrates não enxerga que estão a prejudicar a sua actuação neste mandato: o ministro “jamais”, a teimosa que defronta ingloriamente o Sindicato dos Professores e, por agora por último, o responsável pela Justiça.
E quando me refiro a ministros, que têm de ser personalidades que tenham consciência de que o seu cargo é de inteira responsabilidade e que, por isso, mesmo que não tenham passado pelas suas mãos determinados processos, o facto de exercerem tal lugar obriga-os a responder por tudo que ocorre dentro das suas portas, face a esta característica não podem nem devem os membros super de uma determinada pasta alegarem simplesmente como Pilatos, “não tenho nada a ver com isso!". Não é apenas gozarem das mordomias ministeriais, incluindo os salários. Quem sobe alto, tem de se responsabilizar de acordo com a altura a que chegou.
Aplicado este princípio ao caso Freeport, se surge agora um tal Charles Smith a declarar que só conseguiu o licenciamento pelo Ministério do Ambiente depois de ter pago avultadas quantias em dinheiro, não pode a situação ficar-se por aqui. Há que ir até onde for possível e apurar, bem no fundo, quem foram os corruptos que meteram no bolso o produto das suas acções criminosas e castigá-los exemplarmente, para tentar evitar que casos desses se repitam como, infelizmente, sucede a cada passo e em todas as posições da hierarquia de poder, começando muitas vezes pelos contínuos (quando colocam um processo à frente dos outros), passando pelos fiscais (que fecham os olhos a cometimentos fora da lei) e chegando a departamentos superiores, sejam eles quais forem, mas que lhes dão possibilidade para colocar o “sim” ou o “não” na papelada que é obrigatória para uma autorização.
Dito isto, que cada um faça o seu juízo, mesmo que, no que diz respeito ao comando de um Governo que venha a ganhar as próximas legislativas existam grandes dúvidas quanto à personalidade que estará em condições de substituir José Sócrates. E este á o grande dilema.

domingo, 25 de janeiro de 2009

OS LIVROS NOSSOS AMIGOS

Os livros
esses amigos
que nunca se ofendem
porque compreendem
a minha paixão
de os ter sempre à mão
Os livros
ese por isso estranham
quando não me acompanham.
Também envelhecem
amarelecem
mas não se queixam
e dos que gostamos menos
fazem-nos acenos
se os pomos de lado
não se nota enfado
ficam na prateleira
com sua soneira
mas não os perdemos
somos nós que os temos
não os abandonamos
somos todos manos
e algo nos ensinam
mesmo se desafinam
sempre aprendemos
e não nos ofendemos
por os seus autores
não nos quererem leitores.
Um dia virá
que algo mudará
com mais paciência
e mais indolência
mudemos de gosto
e o que nos é exposto
passe a fazer parte
do que chamamos arte
e será um livro mais
ao lado dos tais
dos que gostamos
daqueles que amamos

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

Escrever, para quem tem o hábito de colocar no papel aquilo que, por estar oculto no cérebro, não se justifica ser posto na voz, tal forma de actuação é um meio de expor ideias sem controvérsia imediata. Não haver ninguém a afirmar na cara que não se tem razão, que se está a raciocinar com defeito, que não é bem assim ou mesmo nada disso do que se afirma, é, realmente, de grande comodidade, mas o risco de se deixar um texto escrito que não tem ponta por onde se pegue, de ficar um testemunho gravado é mais perturbador do que ouvir directamente alguém que não está de acordo com o que se diz.
Agora mesmo, neste texto, se eu tivesse alguém a ouvir-me e, em vez de estar a redigir o que sai das entranhas usasse a fala como meio de comunicação, o mais natural seria que, do outro lado da mesa do café, me contestassem com argumentos contraditórios, deitando por terra aquilo que eu consideraria a minha razão. Da média dos dois pontos de vista talvez saísse alguma tese mais consentânea com a verdade. A tal que fica entre a nossa e a do parceiro com quem dialogamos.
Escrever, por isso, é um risco. É deixar a prova da nossa incapacidade. É assinar um termo de responsabilidade quanto àquilo até onde chega o nosso valor.
Pensando bem, sendo consistente, não deveria passar desta linha. É o que faço. Por agora…

AINDA A FREEPORT E OUTROS CASOS...




Conforme escrevi ontem, são vários os assuntos que estão a criar um sentimento ainda maior de preocupação aos portugueses, e alguns deles em particular, o que torna difícil inclui-los todos num só blogue e, por isso, dou continuação ao texto de ontem com o que sai agora a talho de foice.
Evidentemente que o caso Freeport, que envolve José Sócrates como primeira figura, é aquele que merece prioridade, e isso porque os problemas das chamadas “luvas” que, em Portugal, funcionam com grande frequência e a todos os níveis da vida administrativa nacional, fazem levantar as atenções dos cidadãos e quem ocupa lugares de decisão corre o risco de ser apontado como presumível envolvido em golpes de dinheiro. O último recurso é conseguir demonstrar sem hesitações que se tem as mãos limpas e o primeiro-ministro e antigo responsável pelo Ambiente não pode fugir a esta regra. Não se pode é queixar por isso, dado que não é possível ser-se vedeta, em qualquer situação, e não querer sujeitar-se até mesmo a calúnias e a ataques de adversários que pretendem ganhar pontos com as desgraças dos outros. E fico-me por aqui, já que o ministro de Justiça pertence ao governo de Sócrates e pode ser que, desta vez, mostre eficiência no pelouro que tem a seu cargo. Já veremos!
Mas a outra situação que surgiu neste fim de semana foi a de insolvência que atravessa a Quimonda, uma empresa que acolhe 1.800 empregados só em Portugal e cuja falência traz as consequências dos despedimentos em massa. E esse panorama, com baixa de empregos ou ainda mais grave, verificou-se, só este mês, nas Faianças Bordalo Pinheiro, na Toyota Portugal, na Tyco de Évora, na Peugeot-Citroen, na Auto-Europa, na Impala, na Mitsubishi e noutras tantas.
Enquanto isso, surgiu a novidade de que o Governo procura médicos para trabalharem no nosso território, por esse mundo fora. Precisam-se, dizem, 150 a 200 profissionais e, em vista disso, foram mais de dez os países visitados pelo ministério respectivo, mas só Cuba, Uruguai e Chile têm possibilidades de contribuir para atalhar essa necessidade. Isto, para além de 150 médicos emigrantes que se encontram em formação em Portugal. Acrescento eu: e que faz este Governo nacional que, como os anteriores, coloca a dificuldade das notas elevadíssimas exigidas para a entrada de alunos na Faculdade de Medicina, o que leva a rapaziada a ir para Espanha fazer esse curso e depois talvez possa exercer a profissão no seu e nosso País. Outra estupidez que ninguém entende e que nenhum Executivo mostra ser capaz de resolver.
Atalho agora com os problemas que têm sido desmedidamente debatidos e que o elenco de Sócrates não tem mostrado capacidade para apresentar ao País, de uma forma aberta e clara: o da construção do novo aeroporto de Lisboa e o da TGV, cujos encargos são enormes e que representam um endividamento pesadíssimo que é deixado os nossos vindouros. Não me proponho discutir nesta altura se essas medidas são ou não necessárias. Certamente que o são e por muitas ajudas que possam ser-nos prestadas, há que pagar aos credores um dia mais tarde. E é isso, precisamente, que o actual Executivo tem de demonstrar com números, não deixando dúvidas quanto ao seu acto e garantindo também que todos esses trabalhos que envolvem muitos milhares de milhões de euros, não vão beneficiar uns tantos bolsos que, como é sabido e não vale a pena esconder, estão sempre à espera nas esquinas dos projectos e das obras.
Eu, não me pronuncio sobre as vantagens dos empreendimentos que alguns dizem ser enormemente necessários. O que deve preocupar todos os portugueses é os encargos que vão caber a todos nós, os que vivem hoje mas, sobretudo, os que estarão presentes amanhã. Quando todos estes governantes já não existirem e já não poderem prestar contas.

sábado, 24 de janeiro de 2009

TANTOS PROBLEMAS NESTE PAÍS




Muitos assuntos surgiram hoje, sábado, para serem focados neste blogue que, por defeito de profissão do seu autor, pretende sempre estar ao corrente dos acontecimentos o mais quentinhos possíveis. Por isso, dado o limite de espaço, procurarei fixar-me apenas nos mais importantes.
Parece não haver dúvidas de que o escaldante caso que é pretendido ser relacionado com José Sócrates, relativo à época em que este foi ministro do Ambiente, é o que tem o nome de Freeport, em Alcochete. E, tratando-se ou não de uma coincidência, a verdade é que também constitui outra casualidade o facto de ambas as vezes em que a questão foi tornada pública isto suceder em anos eleitorais, portanto, com influência na escolha que os portugueses têm de fazer para a nomeação do governo seguinte. Voltarei a este assunto que, segundo parece, dá pano para mangas, porque, por muito que o País necessite de calma e repouso para poder enfrentar o que verdadeiramente o atormenta, a situação que se vive resultante da crise, as verdades que influem no ambiente político têm de ser rapidamente trazidas a lume para retirar suspeitas onde elas possam existir. E o primeiro-Ministro é o principal interessado em tudo isso, sobretudo quando tem um tio e um primo que alguma coisa têm a ver com o assunto em causa.
Mas não me fico por aqui, dado que não é apenas aí que Sócrates enfrenta problemas. As declarações de desagrado que estão a ser trocadas entre ele e Manuel Alegre, pois que o secretário-geral do PS não gostou de ver cinco deputados do seu partido, com Alegre incluído, a votar a favor uma espécie de moção de censura que representava uma proposta da autoria do CDS, para que fosse suspenso e simplificado o actual modelo de avaliação dos professores, a contrariedade provocada em Sócrates foi visível.
Há também que reconhecer que alguma coisa tem de ser feita e rapidamente quanto ao que se passa com os professores – pois já está a arrastar-se demasiado esta “guerra” – com vistas a terminar, de vez, com o que está a prejudicar toda a gente e o País em primeiro lugar. E está nas mãos de José Sócrates dar esse e outros passos e eu já não digo concretamente, mudando alguns pelouros ministeriais que não estarão a dar conta do recado. A afirmação do ministro da Justiça de que não tem poder suficiente para acelerar o que depende do seu ministério, isso só quer dizer que o mesmo responsável ministerial não garante urgência em pôr a máquina do seu pelouro a funcionar por forma a não tardar o esclarecimento da situação agora ressurgida e tão incómoda para o chefe do Executivo.
E, dada a importância que pode ainda vir a ter este caso da Freeport, deixo para amanhã todos os restantes temas que tanto me apetecia abordar ainda hoje.
É que chegou a notícia de que faleceu a Stella Piteira Santos, pessoa que bastante gente dos meus tempos antigos conhecia e respeitava, pela sua posição patriótica que vem desde longos tempos. Cá ficou depois do Fernando, seu marido, nos ter deixado e depois também de o ter acompanhado no seu exílio em Argélia.
Perdoar-me-ão os leitores do meu blogue se, não tendo sido das relações do casal a que me refiro, fiquem agora surpreendidos com esta referência. Eu não me sentiria bem comigo próprio se não marcasse este acontecimento no meio de comunicação de que disponho nesta altura. E relembro o jantar que teve a Stella em minha casa há um certo tempo.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

ALENTEJANOS

Debaixo de um chaparro
é bem bom pensar na vida
não tendo outra saída
se não fumar um cigarro

Alentejano de um raio
não é igual a ninguém
é sua forma também
de não olhar de soslaio

Se no Inverno faz frio
e o capote o protege
há sempre quem o inveje
e recuse o elogio

Recorrendo à anedota
julgando que o ofende
mas se é isso que pretende
faz papel de idiota

O Alentejo isso tem
muita paz, um bem-estar
pode-se tal procurar
noutro sítio, mas porém…

…por cá não se vê aonde
outras belezas existem
mas por mais que se registem
se as há bem se escondem

Sem pressas p’ra responder
lá vão saindo as sentenças
sem certezas e sem crenças
pois têm mais que fazer

Compadres há-os bem perto
sentados não há que ver
porque as horas de lazer
não se perdem e está certo

Boa gente, muito pura
as migas, o ensopado
têm o pão como fado
de fome passada e dura

Por tal, na Revolução
aderiram tão depressa
pois tinham bem na cabeça
o sofrido até então

Têm direito ao que for
porque são bons lá no fundo
e olhando para o mundo
não se vê quem pode opor

Alentejanos queridos
sempre que posso vou vê-los
não falam p’los cotovelos
nem são gentes de alaridos

Não sendo como formigas
não enchem o Alentejo
agrada-me quando os vejo
sem me mandar às urtigas

Agora que se fedeu
o 25 de Abril
estão vendo por funil
o que julgavam ser seu

Ilusões nem muitos têm
vida melhor quem lhes dera
porque aí estão os que vêm
comprar o que de outros era

São os outrora vizinhos
espanhóis, nossos irmãos
que apontam seus caminhos
à procura de outros chãos

Conformados já estão
os nossos alentejanos
pois outra Revolução
não trazem “nuestros hermanos”
O chaparro seguirá
no mesmo sítio quieto
sua sombra que lá está
deu ao avô, hoje ao neto

DESENCANTO... POR ENQUANTO!


Quando reflicto sobre tudo aquilo que ouvi ao longo de toda a minha existência, descubro que foi apenas uma pequena percentagem que contribuiu para aumentar positivamente os meus conhecimentos.
Não sei se valeu a pena perder tanto tempo para ganhar tão pouco.

IBÉRIA

Tenho de estar satisfeito com o caminho que estão a levar os contactos e os acordos que se têm visto ser desenvolvidos entre vários sectores governamentais de Portugal e de Espanha. É que, como sabem todos aqueles que vão seguindo as lutas que, desde há muito, tenho desenvolvido na minha actividade jornalística, a formação de uma espécie de Benelux na Península Ibérica, essa aproximação que, pouco a pouco, tem vindo a ser realizada, muita dela, é verdade, mais por necessidade imposta pelas circunstâncias do que por vontade voluntária sobretudo por parte do sector lusitano, esse abraço que, cada vez mais, se verifica ser apertado acabará, mantenho eu como inevitável, por fazer surgir, mais cedo ou mais tarde, o território que se poderá vir a chamar de Ibéria, constituído por toda a Península que, no mapa da Europa, se apresenta como sendo o mais bem situado e o qual não recebe nem recebeu nunca – vide os factos históricos – a simpatia dos outros países nossos parceiros no Continente, dada a concorrência em tamanho e em população que faz directamente no sector europeu.
Mas, tendo de terminar definitivamente a expressão que por cá se vai usando “de Espanha, nem bom vento nem bom casamento”, o bom senso acabará por fazer realizar a conveniência para os dois Países de unir forças e lutar contra as adversidades que as crises e as dificuldades de várias espécies criam.
A decisão tomada agora de os serviços de saúde espanhóis, situados na raia da fronteira connosco, passarem a atender os doentes portugueses que também residam nessas zonas, tal passo é de um significado transcendental. Já nascem do outro lado bébés portugueses que mantêm a nossa nacionalidade, assim como a assistência médica a doentes em estado crítico e a tratamentos oncológicos estão a ser realizados de comum acordo. Do mesmo modo, Elvas disponibiliza TAC’s aos vizinhos do outro lado e já dá formação a cerca de 60 médicos e 60 enfermeiros espanhóis.
É por isso que o acordo acabado de firmar para que os dois países ibéricos se candidatem conjuntamente à organização do Mundial de futebol em 2018, para além de dar que fazer aos estádios espalhados pelo nosso País e que não têm constituído rentabilidade aos milhões de euros que custaram, para lá desse passo mostra o mesmo acordo como o mais natural entre nós é que sejamos capazes de partir para iniciativas que constituam a junção de esforços e nos deixemos todos de preconceitos aljubarrotistas que, nos tempos que correm, só servem para nos manter afastados do resto da Europa e de eliminar, de uma vez, a barreira multi-secular dos Pirinéus.
Não vai ser assim tão fácil convencer os velhos do Restelo de que não vale a pena andarmos armados toda a vida em “padeiras de Aljubarrota”. O que é preciso é que fabriquemos o pão e, sobretudo, que o saibamos vender lá fora...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

TOMADA DE POSSE


Escrevi este texto mal acabei de assistir à tomada de posse de Obama. Mas, quando o quis incluir no meu blogue, o computador resolveu fazer-me a partida e “enguiçou”. Fui obrigado a esperar dois dias até que o técnico o pusesse a funcionar outra vez. Mas já não me apeteceu introduzir alterações prováveis. Segue assim mesmo.


Logo após o discurso de tomada de posse de Barak Obama, não pude resistir à tentação de expressar neste blogue a emoção que me causou e a sustentação da esperança de que a sua acção como Presidente dos E.U.A. vai ser marcada por uma actividade positiva, isto é, com uma determinada garantia de que a democracia, a igualdade e a liberdade serão respeitadas intransigentemente, não sendo levadas em conta as cores, as religiões ou a inexistência delas, as condições sociais, as nacionalidades, as tendências políticas, no que respeita às soluções a tomar.
Não foi um discurso de promessas, mas foram ditas palavras de compromissos e de pedidos de apoio e de ajudas. Sobretudo ao povo americano, a quem solicitou colaboração, trabalho, empenho, em lugar das costumadas petições de ajudas por parte dos cidadãos e dirigidas ao Estado. Que cada um faça o melhor, foi a solicitação de Obama, enquanto este prometeu dar de si tudo o que pudesse para que aquele momento representasse a partida para uma nova vida.
Grande parte da comunicação do novo Presidente serviu perfeitamente para um número enorme de cidadãos do mundo. E, no nosso caso, atrevo-me a escrever, por muito que se sintam diminuídos bastantes dos nossos políticos, que as suas palavras tiveram a utilidade de poderem ser seguidas pelos governantes que temos tido e, na situação actual portuguesa, para mostrar que é muito mais convincente mostrar humildade e não se ser arrogante do que utilizar os contactos com o povo apenas para publicitar os feitos anteriores e acusar os outros de incapacidade e de todos os defeitos que os partidos opostos lançam aos opositores. Todos se enganam e os que governam não se encontram ilibados de tal característica humana.
Ouvi as palavras que foram expandidas para todo o mundo e não consegui evitar a comparação no que a nós respeita. Como País pequeno que somos, em área mas também, não temo em afirmá-lo, na mentalidade, especialmente a política, este exemplo dado pelo 44.º responsável supremo pela Nação americana, que não hesitou em mostrar os erros que cabem à sua própria Pátria – como é o caso da prisão em Guantánamo, que já tinha garantido que encerraria -, o exemplo das suas afirmações representa bem a prova de que o seu sonho de meter as coisas nos eixos, para usar uma expressão só nossa e que é bem significativa, constitui uma amostra daquilo que poderá vir a assistir-se através da sua actuação como figura que tem grande preponderância na solução de situações internacionais complicadas. O caso do Médio Oriente é um deles e Obama não fugiu a referir-se a tal problema que, bem se pode imaginar, não deixará de lhe causar dores de cabeça.
De tudo que se passou, desde o início da campanha eleitoral norte-americana e até à tomada de posse do novel Presidente, sabendo-se mesmo que os naturais daquela grande e multifacetada Nação mantém, em bastantes aspectos, grande dissemelhança de comportamento com os europeus, para não falar dos outros, de tudo isso, sobressaiu a circunstância de que podemos encaixar perfeitamente as recomendações que saíram da boca do afro-americano (como muitos gostam de chamá-lo, mas mal) a quem não saiu propriamente um toto-milhões.
Sempre acharia enorme graça assistir à sua substituição por alguns dos nossos políticos, mesmo daqueles que se julgam bons palradores, podendo estar a pensar especialmente nalguns que “cagam sentenças” e que se julgam os maiores sábios do mundo.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

DESENCANTO... POR ENQUANTO!!


Os políticos são uns mentirosos.
Quem é sincero não tem futuro como político profissional.
Para ser político é fundamental não ter receio de prometer o que não pode cumprir e saber disfarçar quando é posto perante o que foi incumprido.
Quem é sincero, quem é verdadeiro, quem não oferece o que não tem nem talvez venha a ter, quem é assim não pode ser um bom político.
Não arrasta multidões. Não encanta os desencantados.
A população gosta de ouvir promessas, adora que lhe pintem futuros coloridos, deixa-se arrebatar por ideais, por mais longínquos que estejam.
Políticos que não sabem pintar esses quadros, mais vale mudarem de actividade.
Não arrebatam multidões.

BURRA FEIA

Grandes olhos
bem expressivos
simpatia, essa aos molhos
em momentos bem furtivos
ancas firmes, reboludas
peitos de frango encorpados
sem necessidade de ajudas
pernas altas, bem formadas
cintura de bailarina
andar de gazela airosa
boca rasgada, bem fina
dentes de pedra preciosa
mãos fluentes, expressivas
quais belas pombas voando
mostrando que são activas
de tudo não destoando
bracinhos bem torneados
essa é ela, a beleza
a que deixa extasiados
fazendo perder firmeza
a todos, seja a quem for
sem sinais de bem gostar
muito menos tendo amor
que disso nem quer mostrar
quem o afirme há ainda
é um prazer para a vista
uma lembrança infinda
qual obra de grande artista

Porém,
mal deixa sair da boca
seja o que for para além
mesmo que coisa pouca
qualquer palavra que seja
aí, beleza que foste
tudo de mais sobeja
nem m’encostando ao poste
aguento ter de ouvir
cada palavra um erro
cada som de afligir
toda tu és um berro
misturando com gemidos
que saem em vez de voz
parecida com balidos
que só podem causar dós

Chego assim à conclusão
que mais vale mulher feia
deselegante, podão
gorda que nem baleia
mas que como companhia
seja um grande consolo
que nos encha de alegria
de cabeça com miolo
se a vista não se regala
ao menos enche os ouvidos
e a alma se exala
e afasta p’rós olvidos
as desgraças desta vida

Melhor que lindo e brilhante
só mulher feia,,, deslumbrante

BARAK OBAMA - EXPECTATIVA


Chegou, por fim, o dia tão esperado. Depois de um período de campanha eleitoral em que, a pouco e pouco, se foi consciencializando na opinião pública mundial a ideia de que, afinal o povo americano perdia aquela posição, que todos os de fora tinham como segura, de que existia nos E.U.A. uma estabelecida aversão à raça negra, após essa primeira fase em que Barak Obama se mostrou com a maior clareza, na imagem e nas palavras, começou a ficar claro que seria esse o candidato escolhido para presidir ao País que se encontrava envolto numa situação de culpado de muitas situações que tinham sido criadas pelo homem que se encontrara à frente dos seus destinos durante dois mandatos.
Não se pode concluir se o que se alterou na opinião americana foi a sua pouco preferência pela raça negra ou se terá sido o mau comportamento de George W. Bush que teve influência na escolha seguinte. Daí o ficar a dúvida se foi um que perdeu (embora não fosse concorrente desta vez) ou se terá sido o segundo que conseguiu a vitória pelo seu mérito. Mas, na verdade, já tanto faz.
O que é certo e seguro é que os olhos do mundo - e sempre foi assim por outras razões - se encontram fixados na actuação que, a partir de agora, o novo Presidente vai exercer. Mas também, como afirmei ontem, não se pode esperar que, de um dia para o outro, por mais enérgico e competente de que dê mostras, provoque uma reviravolta nos males que se espalharam por toda a parte e, repentinamente, aquilo que é uma estrondosa crise se transforme em benefícios. Mais do que nunca, é fundamental que o pessimismo que grassa pelo mundo não passe, repentinamente, para um optimismo desmedido. Porque o desconsolo dará resultados que podem transformar-se em suicídios colectivos.
Por mim e por agora, não pretendo adiantar mais quanto ao que se passará com o que é visto como um “salvador do mundo” e prefiro marcar a data da entrada em vigor do seu mandato, primeiro com o fim, mesmo que temporário, da disputa entre Hamas e Israelitas, e depois, com outra notícia que rapidamente correu a esfera terrestre: de que destacados intelectuais e artistas árabes terão enviado uma carta aberta à cantora representante israelita ao Festival da Canção, a árabe israelita que se apresentará como Judia Noa e cantará em árabe, hebraico e inglês, uma canção de mensagem de paz para o Médio Oriente, insistindo nessa carta-aberta para que a cantora não “colabore” com a posição israelita, fazendo-lhe propaganda.
Ora, são estes e outros problemas, que os Homens criam artificialmente, que provocam depois as desavenças com elevadas mortes, passando uns a praguejar contra os outros e a afirmar-se como sendo donos da única verdade, que é aquela que não pertence a nenhum dos conflituantes.
Que Barak Obama seja bem-chegado à Casa Branca, já que suporta sobre os ombros a enorme responsabilidade de retirar a ideia de que os americanos do Norte são donos do mundo. Mas que a sua influência e o seu poder possam e devam constituir uma ajuda importante para que as nações se entendam e terminem com as escaramuças que os dividem em muitos sítios. Quanto a isso, julgo eu, não haverá muita discordância.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A PAZ

Anda este mundo às avessas
Os homens nunca se entendem
Estão as cabeças possessas
Que do mal não se arrependem

A guerra está-lhes no sangue
Ambições, ódios primários
Deixar o povo exangue
Fazer das vidas calvários

Matam-se por guerras santas
Ao gosto de Satanás
Nem lhes doem as gargantas

De gritar qual Ferra Brás
E pergunta-se aos jamantas
Que é preciso pr’haver paz ?

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

Quantas vezes sou assaltado pelo desejo de expressar toda a minha revolta quanto ao que considero estarem a ser cometidos erros pelos Homens.
Mas, para além de não me sentir dono absoluto da verdade, será que o mundo ganha alguma coisa pelo facto de dizermos aos outros aquilo que se pensa?
E, se ficarmos calados, por aí verificar-se-á algum benefício?

JA CHEGA HAMAS!...



Nesta fase de véspera da tomada de posse oficial de Barak Obama, na qualidade de presidente dos E.U.A., por muito que não se queira alinhar na euforia que corre por esse mundo fora e de que é prova a ocupação das primeiras páginas dos jornais de tudo que é sítio, a verdade é que se trata de uma matéria que não pode passar como que despercebida e, por isso, este singelo blogue lhe faz a devida referência e aguarda também pelo dia de amanhã para não deixar passar em branco a data que ficará gravada na memória de muitos, oxalá para bem, porque a expectativa é deveras grandiosa.
E, a propósito deste acontecimento, até parece que uma boa notícia se quis antecipar e surgiu, não só para contentamento dos habitantes da zona de Gaza, mas para aliviar muita gente que resiste a ficar indiferente às já tão frequentes disputas entre muçulmanos e outras tendências religiosas. Sim, porque isso é preciso ser dito, do lado do Islão é que se verifica maior animosidade em relação aos que não seguem a sua linha de Maomé e o contrário, mesmo quando o Cardeal Patriarca de Lisboa lança, como o fez, um aviso às raparigas do nosso País para terem atenção às consequências do seu casamento com um praticante daquela facção religiosa, o que provocou uma certa indignação, até natural, do lado apontado, apesar disso há que reconhecer que as diferenças de comportamento, sobretudo em relação às mulheres, não podem ser ignoradas.
Mas, o que importa nesta altura saudar é a declaração do Hamas de uma trégua provisória em relação a Israel, fazendo as suas exigências no capítulo da retirada das tropas adversárias do território que, embora não lhes pertencendo como sua nação, constitui uma zona que faz parte do seu campo de acção e de recepção dos apoios que lhes chegam através dos meios que, neste altura, os israelitas já destruíram e, pelo mar, acautelaram tal entrada.
Foi importante a intervenção diplomática por parte de alguns responsáveis superiores da política europeia e o bom acolhimento dado pelo presidente egípcio Hosni Mobarak, todos comprometidos a reconstruir a referida Faixa de Gaza, mas, a partir desta altura, resta saber até que ponto se desfez o ódio assumido pelos do mesmo Hamas, para que não recomecem de novo os ataques com rockets que lançam contra Israel. e o inverso também é desejável.
E é aí que talvez a actuação do novo presidente americano seja da maior importância, podendo dar mostras da sua capacidade – ou não! –, em lugar de actuar à maneira do seu antecessor, estilo Iraque, faça uso de uma capacidade de convencer os dois lados de que, quem quer uma vida tranquila não pode passar o tempo a incomodar os vizinhos, por muito que se detestem por motivos de incompatibilidade religiosa. Bem nos basta a crise, provocada pela área financeira. Outras que metam crenças é que não podem ser suportadas por ninguém

domingo, 18 de janeiro de 2009

ATRASADO

Estou de facto atrasado
já não vou chegar a tempo
se é que alguém está parado
por qualquer contratempo
eu que fui toda a vida
pontual, cumpridor
não era nesta corrida
que ia ser fautor.
Tenho ânsias de partir
porque aqui não faço nada
o que me resta é sair
pois já passou a minha vez
de ser útil
de acabar com o talvez
não quero mais parecer fútil
e de já não ter valor
pois agora só me resta
sem pavor
ver terminar a festa
sentar-me e contemplar
que isto de ir embora
é com paciência esperar
pelo dia e pela hora
e se não foi antes, então
é porque era esse o destino
e ninguém tem na própria mão
o fim de ser peregrino

Pelo comboio eu aguardo
bem sentado na estação
não vale a pena ir-me embora
assim fico mais à mão
e como o que eu não quero
é lugar sentado, marcado
o que pedi e espero
é que o lume seja ateado
p’ra nada de mim restar
nem ninguém por mim chorar

Estou atrasado, é tarde
bem queria antes partir
sempre sem fazer alarde
é o caminho a seguir
andei de relógio em punho
p’ra cumprir a minha sina
não preparei nem rascunho
porque morrer é rotina
o próprio não manda nela
como também p’ra nascer
pertence tudo à novela
do fazer e desfazer

Tudo tem a sua altura
mesmo sem nos conformarmos
ter cumprido a aventura
de esperar por abalarmos
é o preço que se paga
que não é igual p’ra todos




DESENCANTO... POR ENQUANTO!

Se eu fosse uma pessoa muito conhecida, dessas que quando saem à rua, todos se voltam para confirmar se é quem parece e que, nos locais mais fechados, como nos centros comerciais, por exemplo, param, fazem um sorriso, procuram meter conversa e até pedem um autógrafo, se eu fosse um desses não sei como me comportaria.
Possivelmente mal. Ou bem? Enaltecia o meu ego ou fazia-me sentir desconfortável?
Levanto esta dúvida porque toda a gente assiste às figuras que fazem aqueles para se tornarem personalidades públicas.
Não têm no seu activo qualquer feito que os coloque acima da mediania, não se distinguem da generalidade por serem melhores do que os outros mortais, só conseguem dar nas vistas através de excentricidades, dos disparates que dizem, de exibicionismos, sempre, claro, diante das câmaras de televisão e dos fotógrafos das revistas ditas “light”, sempre que os apanham em qualquer manifestação social, onde fazem questão de não faltar.
Essa classe de gente faz tudo para ser notada e, por isso, sente enorme prazer em ser apontada quando está no meio do público.
É para isso que se levantam da cama, tarde, porque as noites se prolongam até de madrugada, em tudo que é local de afluência.
Não sei se tenho dó ou se me provoca repugnância esse género de indivíduos, eles ou elas – porque há dos dois sexos -, que é difícil imaginar como vivem e de que vivem, muito embora sejam hábeis em truques de usar roupa emprestada, ter sempre alguém a que se encostam para conseguir alguns favores e sempre vão comendo nos “cocktails” que frequentam.
Até há os que dizem que levam atrevidamente os copos para casa!
A mim, deixem-me passar despercebido.
É que não fiz nada de jeito para ser famoso, nem mesmo um bom desfalque ou um crime merecedor de ser propagandeado na comunicação social.
Sou, afirmo-o convicto, um Zé-ninguém.




MILAGRE, PRECISA-SE!



Aproxima-se o dia em que a esperança que muitos milhões de habitantes do mundo sustentam de assistir à mudança completa do estado deplorável daquilo a que se chegou nesta altura, será a partir de terça-feira próxima, quando se presenciar o espectáculo habitual do juramento do novo Presidente dos E.U.A., que talvez volte a renascer a vontade de se continuar a manter a vida com agrado.
Barak Obama, nesta altura, constituirá tal expectativa, sobretudo depois de Bush ter sido colocado no lugar de onde nunca deveria ter saído.
Atrevo-me, porém, neste espaço que não tem a veleidade de sustentar a verdade absoluta, eu que só sei que não sei nada, mesmo assim julgo que será prudente não depositarmos todas as nossas esperanças num só homem e não ficarmos a aguardar que os problemas que envolveram a Terra serão solucionados de um dia para o outro e todas as resoluções que sejam tomadas a partir daí, das medidas que venham a surgir de Washington, que nos atingirão no sentido positivo e que poderemos ficar descansados só pelo facto de o mundo se ter visto livre do homem que, coitado, foi uma má escolha dos americanos na altura em que a Democracia naquele País julgou que tinha dado um passo certo.
É preciso tomarmos consciência de que, por cá, não vão baixar assim, de um dia para o outro, os nossos males e que, por exemplo, os 500 mil desempregados que já fazem parte das estatísticas oficiais arranjarão trabalho, assim como, só pelo facto de nos encontrarmos num ano de eleições, a mudança que se operar, ou não, na área partidária trará enormes benefícios, da mesma maneira que, quanto a número de representantes na Assembleia da República, nas Câmaras e nos chorudos lugares em Bruxelas, essas alterações que terão provavelmente influência no Governo que tomará posse, na continuação de maioria do Executivo ou dar-se-á um volte-face que deixe à boleia das combinações subterrâneas que forem conseguidas à custa de favores que surgirão de um lado e de outro.
É fundamental que o Povo tome consciência de não será por obra e graça do acto de posse na terça-feira na capital norte-americana, que nós, os habitantes deste rectângulo, vamos mudar completamente uma situação que vem de trás, de muito de trás, e que não foi uma Revolução em 1974 que conseguiu mudar a forma de ser de que somos possuídos e cujo culpado já nem será só o tal rei que bateu na mãe.
Claro que esta afirmação não é comungada por todos. Enquanto houver gente que faz finca-pé em dividir a população em trabalhadores e os outros, e em que nem os que estão incluídos na primeira divisão, enquanto não emigram não dão mostras de grande vontade de produzir, pois os outros, os políticos, os sindicalistas, os chefes partidários, esses também não sofrem os efeitos do suor no trabalho, enquanto esse "deixa andar" persistir em fazer parte do nosso dia-a-dia, não se verificará nada de fundamental neste torrão que é a nosso nacionalidade.
E digam lá que eu não sou produtivo em prosa. É que também nasci por cá!...E conheço-me a mim e aos meus compatriotas. Só que não disfarço...

sábado, 17 de janeiro de 2009

A CORJA

A terra está cheia dessa gente
Que se julga melhor e dominante
Que atropela todos pela frente
E olha o mundo, altivo, do mirante

Não ouve, não pára, não se importa
Com caminhos que outros lhes indicam
Dos princípios faz sempre letra morta
E galhofa quando alguns criticam

Será a maioria ? Pois que seja
Nem por isso lhes devem dar razão
0 preciso é apagar essa forja

Por mim não lhes tenho qualquer inveja
Nem me apetece apertar a mão
Dessa gentinha que é uma corja

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

A memória das gentes, quando funciona, tem as suas vantagens. Recordar o que de bom se passou é rever um filme que ficou guardado no armazém dos prazeres. Já o lembrar situações tristes constitui um sofrimento que se repete. E se é por moto próprio, então será um acto masoquista.
Mas a memória nem sempre funciona a pedido. Ela abre as portas mesmo sem necessidade de apelos. Aparece subitamente e mais ainda quando nos encontramos sós. Também por comparação com o que se assiste em determinado momento. Por vezes, ela rebusca um passado longínquo. Transporta-nos, por exemplo, à meninice. Faz-nos ver caras antigas, quantas vezes de gente já desaparecida do nosso convívio. Até mortas.
Acontecimentos recentes nem valem a pena rememorar. Tudo que está fresco não tem interesse. Mas voltar atrás muitos anos, sejam factos animadores ou, pelo contrário, desagradáveis, para esse exercício não necessito de fazer grande esforço. Basta-me fechar os olhos, pois ajuda à mais conveniente. concentração. E deixar que a memória faça ela própria o trabalho, trazendo à presença o que achar
Quem têm má memória, quem só se preocupa com o que vive no momento, aqueles que entendem não ganhar nada com recordações, tais personagens também não são capazes de imaginar um futuro. Não crêem no princípio de que é muito útil lembrar os erros passados, para tentar não os repetir.
Ser capaz de fazer uma retrospectiva histórica, isenta de partidarismos, honesta na apreciação, é um passo para poder imaginar o que vem aí, é ser possuído da capacidade de viajar no desconhecido e tentar descobrir o ignorado que nos espera.
Isto digo eu, admitindo que poderá haver controvérsia aceitável.

GEORGE W. BUSH



Perante aquilo que ocorre por cá, sobretudo agora que os responsáveis do Governo, seguindo o exemplo do seu actual Chefe, já não escondem as dificuldades em que vivemos e deixaram cair por terra os optimismos descabidos que espalhavam nos discursos, face a isto parece que não tem cabimento falarmos agora da mudança que já foi estabelecida e que ocorrerá concretamente na próxima terça-feira, ou seja a saída de um Presidente de um País e sua substituição por outra, ocorrida por via eleitoral. Mas, sempre valerá a pena gastar algum do espaço deste blogue com uma breve referência ao que foi o consulado de George W. Bush, o responsável número um por muitas asneiras políticas, económicas e sociais que ocorreram no nosso Planeta. De facto, quem pretenda ficar na História por algum ou alguns feitos positivos deixados na sua passagem por este Mundo, também ocupa esse período com as asneiras que tenha cometido e com a marca da sua inabilidade para se colocar à frente de um país, de uma obra ou até de uma circunstância.
O ainda Presidente entendeu fazer um comunicado de despedida que ele certamente bem saberia que as suas palavras iriam ser traduzidas em muitas línguas e espalhadas por todas as partes do espaço terrestre. É que, havendo também quem se espelhe na acção de Bush enquanto exerceu as funções que terminam na próxima terça-feira, não temo afirmar que a maioria esmagadora dos cidadãos internacionais vêem com alívio a saída de um político que só deu mostras da chamada aselhice, pois nem para os próprios concidadãos o seu comportamento foi de elogiar.
Oito anos passaram com a presença do segundo Bush – o outro foi o pai -, período este que o próprio considerou positivo. De facto, não é de estranhar que, em todo o mundo, onde houver um ser humano que tenha tido uma responsabilidade de comando de grande relevo, este não afirme que a sua acção foi de grande utilidade e não mostre que se sente “orgulhoso” por tudo aquilo que deixou na sua passagem pelo poder. São assim os homens!
Há que reconhecer, no entanto, que a temporada “bushiana” ficou marcada por um acidente de terrorismo que lhe calhou e que transtornou seguramente uma actuação que, se não fosse isso, talvez pudesse deixar uma marca diferente. O 11 de Setembro deixaria qualquer governante em estado de choque e, tal como sucedeu agora ao comandante do avião que, no rio Hudson, mostrou enorme sangue-frio e inexcedível sapiência, era isso que se impunha no momento grave que os E.U.A. atravessaram, como consequência do choque propositado dos dois aviões nas torres gémeas de Nova Iorque.
Só que não abundam por aí pessoas que, nas alturas decisivas da sua existência, sejam capazes de escapar às imperdoáveis asneiras tipo Iraque, Afeganistão e várias outras que marcaram uma condução do mundo para um irremediável retrocesso que vai levar muito tempo a sarar.
Deste estamos libertos. Vamos pensar no futuro. E aguardar que o mal não se repita.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

A ÁGUA

Já cá estavas quando eu nasci
bebi-te ainda sem saber quem eras
terei gostado, sim, gostei deveras
matando a sede, por isso sorri

Ó água pura que ainda existes
nem nisso pensam as gentes de hoje
se algum dia esse bem nos foge
será então que ficamos mais tristes

E esse dia terá que chegar
mesmo dizendo não os optimistas
é preciso não desviar as vistas
do mal que poderá todos matar

Água salgada, essa aumentará
mas tirar-lhe o sal é difícil cousa
na terra a que ainda repousa
virá o dia em que acabará

A Igreja chama-lhe água benta
e com esta baptiza as criancinhas
serão elas talvez, as pobrezinhas,
que terão de enfrentar tal tormenta

É ainda o líquido precioso
que tem servido para enganar
misturado no que se vai provar
pois é vício deste mundo enganoso

E na vida faz bem ter certa fé
é muito bom crer no que quer que seja
e em vez de água beber cerveja
como em seu lugar tomar água pé

Mas para ambas é essencial
essa água que não pode faltar
da mesma forma que não haver ar
é morte certa p‘ra qualquer mortal

Mas será que neste mundo em mudança
onde tudo se inventa cada dia
alguém conseguirá a utopia
de atingir a bem-aventurança?

Não sendo a água já tão necessária
ficamos nesse caso descansados
temos de olhar para outros lados
para outra coisa também primária

Porque não acabam as aflições
excesso de gente causa problemas
e serão tais os vários dilemas
que o melhor é não ter ilusões



DESENCANTO... POTR ENQUANTO!


Ter a ânsia de ser perfeito é o caminho certo para a insatisfação. Fazer qualquer coisa e concluir, no final, que foi obra sem defeito, digna de rasgado elogio, até memorável, ficar com essa convicção pessoal dará enorme prazer se não mesmo orgulho, que é a maneira feia de declararem a sua satisfação.
Esses, os tais que se orgulham por aquilo que fazem, que se sentem os melhores, de produzir o mais belo, de serem insuperáveis, que gostam muito do que praticam, tal gente vive em pleno a felicidade.
Todos os outros, de uma forma geral, perseguem a perfeição. Procuram-na incessantemente. E há os que passam ao lado e não se preocupam muito em atingi-la, embora apreciem ver os outros alcançá-la. Já não é mau.
O fazer e o refazer, o não encontrar nunca a fase definitiva ou dando a custo por acabado o já feito sem estar contente com o resultado, o desconsolar-se por não conseguir transmitir ao papel, à tela ou à pauta aquilo que vive no seu espírito, esse excesso de perfeccionismo, sendo inimigo da criação constitui, por outro lado, uma via de insistência que, poderá acabar por dar frutos aceitáveis, se não para o próprio talvez para os outros. Vale sempre a pena persistir.
É do fazer, mesmo sem rasgos de genialidade, que nascerá a possibilidade de viver alguma coisa que valha pena, ainda que não seja completamente aquilo com que se sonhou. Mas, mistério dos mistérios, por vezes surge a obra. Quando menos se espera. Aleluia! – era isto que queria dizer – exclama o que escreve, pleno de dúvidas, contemplando, com surpresa, a frase perfeita, a ideia precisa, o tema bem desenvolvido. E é assim com o pintor, como com o que compõe música. E quando a obra ideal sai à primeira, é porque estão num dia de sorte.
Os chauvinistas estão permanentemente em dias de sorte. Os insatisfeitos raramente os vivem. A questão está em saber quais são os que têm mais mérito, se uns se outros. É evidente que tudo está subordinado à qualidade da obra que produzem, mas, segundo se sabe, os mais admirados pelo que deixaram ao mundo são aqueles que, em vida, não mereceram admiração e foram até incompreendidos e mal tratados.
Ninguém perguntou a Goethe quanto tempo levou ele a escrever o Fausto, o qual só concluiu quase no fim da sua vida. Provavelmente, dada a demora, escreveu e reescreveu inúmeras vezes muitas das suas passagens.
Houve e continuará a haver alguns admiradores de si mesmos que produziram e produzem obra digna de registo. Isso, nas artes, está bem de ver. Mas tais entes felizes são a excepção. A regra é outra.
Dá para pensar se isso de fazer obras-primas, de transformar o sonho em realidade extasiando os observadores, tanto pode ser resultado de um trabalho repetido, reconstruído, renovado dos insatisfeitos, como também sairá das mãos dos repentistas, dos que produzem à primeira. E, sendo assim, pode-se concluir que o génio tanto paira nuns como nos que se apaixonam pelo que fazem.
Pode-se concluir? Mas haverá alguém que conclua alguma coisa que não seja logo objecto de contestação?
O melhor é aceitar as coisas como elas são e não querer ter a desfaçatez de pretender tirar conclusões. Eu, por mim, fico-me com as dúvidas.

MALDITA CRISE



Era inevitável. E eu tenho experiência própria do caso. A descida do número de leitores e/ou de ouvintes e, sobretudo, a baixa dos valores da publicidade constituem as causas fundamentais de um órgão de comunicação não conseguir suportar os gastos que garantam a sua existência. Por vezes, o recurso a notícias e reportagens que atinjam o interesse dos consumidores do produto que se oferece ao público, o que justifica, mesmo que mal, nalgumas ocasiões mais graves, recorrer a excessos de informação para recuperar público que se tenha extraviado – razão dos namoros e desnamoros inventados com figuras públicas -, essa actuação apresenta-se como forma decisiva para manter o jornal, a revista, a rádio e também a estação radiofónica em contacto com o público. Trata-se de um produto como outro qualquer e se não existir quem o adquira ou ajude a pagar as despesas, o seu fim é apenas uma questão de tempo.
Não admira assim tanto que surja agora a notícia, trazida a lume, naturalmente, por outro órgão concorrente – é feio, mas é o que sucede – de que a empresa proprietária dos títulos “Diário de Notícias”, “Jornal de Notícias”, “24 Horas” e a estação de rádio TSF, face às tiragens insuficientes no que diz respeito às publicações e à pouco alta audição da emissora se vê forçada a despedir 122 trabalhadores, dos quais 75 são jornalistas. É, particularmente para mim, uma comunicação que entristece, pois refere-se a deixar sem trabalho profissionais que, tendo na escrita a sua razão de existir, se vê na necessidade de mudar de maneira de ganhar a vida, aumentando o já tão grande número de pessoas do mesmo ramo que anda por aí à espera que a situação económica dos meios de comunicação social se altere, o que, infelizmente, não há indícios de que tal suceda, pelo menos tão cedo.
Afinal, já todos sabemos que esta onda de desemprego que grassa por muitas partes do mundo e que, no caso português, nos deixa verdadeiramente preocupados pela dificuldade em encontrar uma solução, não atinge apenas os jornalistas. Na área da actuação dos humoristas, até os que chegaram a um patamar superlativo na nossa televisão, nota-se claramente que, no mínimo, o receio de se perderem oportunidades que antes andavam na área da fartura, não é já fácil de esconder..
Pelo menos é o que se pode concluir pela afirmação tornada pública, produzida por Herman José, quando disse, com todas as letras, a quem lhe perguntou perante a expectativa de vir a ter na SIC um trabalho: “eu tenho boa boca, em termos televisivos; adoro apresentar concursos, adoro humor, adoro música, adoro culinária, dificilmente me sentirei desconfortável num formato e não nego a possibilidade de alinhar por outras estações. Eu nunca digo nunca”.
Quando isto sai da boca de alguém que, há algum tempo, negociava os seus “cachets” do alto de um pedestal, bem se pode imaginar o que pensam os outros, muitos, que andam por aí a pedir emprego
.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

AS QUINAS


Em certa manhã de nevoeiro
Vai despertar aqui no País
A esperança de ser feliz
Trazida por um alvissareiro?
Em Terra de tantos pacientes
Ainda há fé em epopeias
Pois o sangue que corre nas veias
Vem de outrora, de antigas gentes
Por mais que se julgue adormecida
A ânsia do Mostrengo matar
Grande coragem não vai faltar
Sempre se vai dar a acometida
Tanta apagada e vil tristeza
Que é apanágio do Português
Não quererá que um dias, talvez
Ponha à mostra a sua sageza
Para os últimos deixarem de ser
P’ra entrarem no comboio perdido
Há que soltar o ar abatido
E sem demora correr, correr
Olhemos aqui para os vizinhos
Esses, doutros tempos, Castelhanos
E honremos os velhos Lusitanos
Seguindo então novos caminhos
Por mais que estejam adormecidos
Mesmo que pouco e mal se lute
Não se há-de perder o azimute
No fim não sairemos vencidos
Discutir-se-ão muitas opções
Os políticos debitarão
Mas negar, nunca o negarão
Esse mar que nos cantou Camões
Seguro que vai ser necessário
Que a fome nos ataque primeiro
E que se faça um grande berreiro
A lastimar o nosso calvário
Mas p’ra atingir tão grato projecto
De os da Europa sermos iguais
Só teremos, oh simples mortais
Que rogar ao Supremo Arquitecto

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

Parece-me que, noutro escrito, já me referi a este tema. Se sim, como não releio o que redijo, para não me arrepender e dar o dito por não dito, não posso confirmá-lo. Mas, também não me importo de repetir. A insistência dará o seu resultado. Já lá diz o ditado que “água mole, em pedra dura…”
A questão é a de esta nossa capital mostrar uma plena aversão às flores. Não será a cidade, ela própria, mas sim quem dispõe de poder para interferir no seu aspecto e na sua funcionalidade. Alguma coisa de útil, de belo, de imaginativo. Que, sem mexer muito nos cofres da Edilidade, seja digno de aplauso por parte dos lisboetas.
E quando me refiro à ausência de canteiros, vasos com flores e tudo que possa servir para exibir plantas lindas, não quero dizer apenas o acto de as plantar, mas também manter uma equipa de jardineiros que cuide regularmente da sua manutenção.
Mas não só isso. É imperioso educar os cidadãos, de modo a respeitarem o que está florido. Dizer-lhes, por todas as formas que a comunicação oferece, que as flores pertencem-lhes, que estão ali para agrado da população.
E essa educação, como tantas outras, começa no ensino primário. Entusiasmando e premiando as escolas que fomentem, como já se tem visto nas praias, a limpeza dos espaços floridos. Retirando os restos de cigarros, os papéis e tudo que esteja a mais.
As Juntas de Freguesia deviam ter essa preocupação em cada zona a seu cargo. Era dividir o trabalho pelas aldeias…
Mas, que fantasia a minha! Como isto que se escreve com a maior facilidade, pudesse ser acolhido de bom grado por aqueles que lhes custa viver em comunidade. Eu, por mim, dou uma ajuda. Sugiro. Já é alguma coisa.
E se me refiro a Lisboa, que é o que tenho à mão, estendo esta observação a todo o Portugal. Porque a carapuça serve a quem a enfiar. Ou a quem, podendo mudar as coisas, não faz nada pela terra onde vive. Se este texto vier a figurar num livro e esse chegar a diversos pontos do País, então que os que o lerem metam a mão na consciência. E digam se não fica mais bonita a aldeia, a vila ou a cidade onde residem, com flores espalhadas e cuidadas. Claro, bem cuidadas!...