quinta-feira, 15 de maio de 2008

O QUE VAI DEIXAR DE FUMAR!...



Ponho-me a ouvir a desculpa dada por José Sócrates aos jornalistas, pelo facto de ter fumado no interior do avião que o levou a Caracas, na visita oficial que fez àquele País - e parece que também houve alguém da sua comitiva, julgo que um ministro, que actuou da mesma forma -, e não posso acreditar que um chefe do Governo seja tão descarado que afirme que "desconhecia que fumar durante um voo era considerado crime".
Sobre este Sócrates já escrevi o que tinha a demonstrar sobre a sua personalidade. E não vejo inconveniente em repetir que, ao fim e ao cabo, a sua actuação não se pode considerar como inteiramente da sua exclusiva responsabilidade, levando em conta que as circunstâncias que se verificam no mundo de há uns tempos para cá e até agora têm vindo a degradar-se, pelo que o nível de vida dos povos se tem tornado cada vez mais difícil, tudo indicando que o caminho que está por percorrer em Portugal ainda se vai agravar bastante mais, tendo em vista este panorama e salvaguardadas muitas medidas tomadas pelo Governo a que preside que deveriam ter sido encaradas com aquele realismo que falta ao engenheiro, ainda poderemos perdoar alguns ditos e atitudes, embora isso não sirva de consolação aos que por cá vivem,
Essa afirmação agora feita pelo detentor do poder governamental português, com aquele ar de felicidade que se lê frequentemente no seu rosto, com todo o optimismo que não esconde, de que "até vai deixar de fumar!" - como se não tivesse bastado a do outro, o do "jamais" -, para além de mostrar ignorância quanto à lei que saiu do seu próprío Executivo e que é clara quanto à proibição de fumar em locais específicos, ao ponto de não lhe ter passado pela cabeça que o interior de um avião era, obviamente, um desses espaços interditos, essa desculpa de mau pagador, ao mesmo tempo que, acreditando-se no seu desconhecimento da lei, essa mostra de que sabe pouco... (o que é grave, pois deveria ter junto a si alguém que fizesse bem o papel de emendar a tempo os erros do Chefe), faz criar nos portugueses uma cada vez maior sensação de insegurança, de ausência de confiança, de desconsolo quanto às personalidades que têm sobre os ombros a responsabilidade de levar por diante este Portugal que se encontra no fim da fila dos países europeus.
Claro que não alinho na fila dos que pedem a saída do Governo, dos que utilizam todos os meios para pedir a queda do Executivo, de raivas que só fazem perder tempo, tempo esse que muita falta nos faz para olhar de frente os problemas que nos afectam e tudo fazer, ainda que pouco nos caiba, para que as coisas comecem a mudar no bom sentido.
Se se vislumbrasse no horizonte uma solução política para além das eleições que ainda lá vêm longe, então sim, poder-se-ia enfrentar essa possibilidade. Mas, não estando à vista uma saída que não resulte de uma atitude política normal e coerente, então, malgrado o desespero em que vivemos face à subida verdadeiramente assustadora do custo de vida em Portugal, só nos resta ir tomando nota dos erros que sejam praticados e guardar a escolha para a altura em que surjam os candidatos e nos mostrem aquilo que valem, nem que seja, como é o que sucede em Democracia (e não queremos outro sistema), através das promessas eleitoralistas. Mas, nessa altura, exigir-se-á mais do que isso! Estamos demasiado escaldados para acreditar, com a mesma facilidade de antes, naquilo que nos prometem!... Mas, seguramente, repetiremos erros antigos. Por que é essa a nossa sina.





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