quarta-feira, 14 de maio de 2008

O PAPEL


Papel em branco assusta
E enchê-lo tanto custa
De letras, ainda virgem
E há os que escrever fingem
Que nos deixam boa obra
Que o talento que lhes sobra
Vai parar a outras mãos
Às daqueles cidadãos
Que ainda têm boa fé
E estão nessa maré
Que aprender nunca é demais
Dizem-se intelectuais
E p’ra isso o papel
Serve p’ra dar a granel
Leitura mesmo que má
Mas no mínimo, vá lá,
Tem serventia o magano
Leva sicrano e beltrano
Tempo livre ocupar
Eis o que lhes pode dar
O papel depois de escrito
E é um gesto bonito
O de ilustrar as gentes
De acompanhar os doentes
E dar-lhes alguma cura
Com um pouco de leitura
Ou esclarecer os sabidos
E valer aos desvalidos
Que não têm companhia
É isso uma obra pia
Viva o papel então
Quando cai em boa mão
É algo que o ser humano
Se deve sentir ufano
Pois até com um pincel
Tem bom uso o papel
Dando às grandes obras cor
Feitas por tanto pintor
Que regalam o olhar
E obrigam a pensar


Muito mais que tudo isto
Nos diria Jesus Cristo
Se dois mil anos atrás
Perdoado o Barrabás
O papel fosse usado
Tendo-nos dado o recado
Por escrito e assinado.


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