quinta-feira, 31 de julho de 2008

QUE DISCURSO!


Quem não está muito identificado com estes fenómenos da economia, perante as notícias que saltaram nos jornais não foi capaz de evitar esta exclamação: só faltava mais esta! De facto, tomar conhecimento que a Banca portuguesa atravessa neste período uma crise que e traduz num título bem expressivo como “Banca lucra menos 43% com crise sem fim à vista”, deixa os cidadãos não sei se mais consolados do que extremamente preocupados. Aqueles que contam os cêntimos nas bolsas e que, todos os dias, deparam que o que compravam ontem com uma certa quantia já hoje se encontra fora do seu alcance, esses rir-se-ão perante o que se chama de crise bancária. Já não somos só nós!
Mas a coisa não dá para rir. Quando são os quatro principais bancos portugueses, o BCP, o BPI, o Santander Totta e o BES a declarar que o primeiro semestre deste ano apresentou queda de lucros, impacto negativo na bolsa e, de uma forma geral, redução de movimentos, o resultado disso é que, se não entra dinheiro a saída também diminui, ou seja, os financiamentos são medidos cautelosamente e quem precisa de uma ajuda vê grandes dificuldades em ser atendido.
É sabido que o crédito mal parado aumentou, nos últimos tempos, de uma forma perigosa, quer dizer as dificuldades em liquidar os empréstimos cresceram de forma excessiva, o que se reflecte naquilo que está já â vista e que são as casas à venda que estão a aparecer por toda a parte, pois quem não pode pagar o que adquiriu a crédito bancário, ao ver-se impossibilitado de cumprir as suas prestações não tem outro remédio que não seja entregar a residência que tinha anos para ficar totalmente paga.
É verdade que o exagero de dependências bancárias por todo o País e, na capital então, chega a ser um exagero, porta sim porta sim com uma sucursal de qualquer banco de portas abertas, o que, por um lado, permite oferecer trabalho a bastante pessoal que, com algumas qualificações, ali obtêm o seu ganha-pão, por outro lado, no caso de Lisboa elimina a existência de outros tipos de estabelecimentos que dariam mais alegria à cidade. Por exemplo, a ausência dos velhos cafés, onde as populações dos bairros se reuniam, liam o jornal, discutiam os seus problemas, tudo isso tem desaparecido com uma velocidade que entristece. Embora se compreenda que se tratam de negócios que não sustentam facilmente as exigências de gastos que o estilo de vida económica dos dias de hoje exigem.
E antes de pôr fim a este tema, acrescento a outra notícia que correu hoje nos órgãos de comunicação: que as seguradoras também estão a evidenciar resultados mais baixos daqueles que se verificaram no ano transacto. São, pois, companheiras das outras poderosas empresas que não estão habituadas a não apresentar saldos líquidos elevados.
Este texto foi redigido enquanto, ansiosamente, se aguardava a hora em que o Presidente da República iria fazer uma declaração, até aí secreta, ao povo português. Não vale a pena fingir que a Nação não andou, durante este dia, moída pela curiosidade. Não sendo um hábito Cavaco Silva expor os seus pontos de vista sem ser em datas estabelecidas, não podia deixar de constituir surpresa este aparecimento do Presidente assim anunciado de repente. Foi, pelo menos, o que se passou comigo. Esperei pela hora marcada para o acontecimento e, tal como deverá ter acontecido a um enorme número de portugueses, coloquei-me de fronte do écran da televisão e, a olhar para o relógio, despertei todos os meus sentidos. Tratava-se de um momento solene. E o Presidente da República começou a debitar o seu discurso.
Não foi, de facto, muito longo. Embora com um tom de importância que fazia acreditar que todo o comunicado se revestia de algo que iria solucionar vários problemas do País, à medida que prosseguia na leitura do texto que trazia preparado, o desconsolo por parte dos ouvintes foi-se avolumando. O tema dos Açores, tratado noutro contexto, noutra altura e sem o ar de mistério de que se revestiu, merecia a importância que, de facto tem. Mas, ter criado o clima de tema de gravidade nesta altura em que os portugueses lutam contra as dificuldades de subsistência que se agravam de dia para dia, não se ter referido a essa situação que é a que o Povo neste momento mais entende, não chega a ser compreendido, como se viu até logo a seguir os comentadores referirem, pela camada populacional que, essa sim, precisa de ouvir palavras verdadeiras sobre o que se passa e sobre o que está para vir. Até parece que eu adivinhava tendo feito a introdução deste texto com um assunto que, pelo menos esse, poderia ter servido de tema ao conteúdo do discurso do Presidente. Embora também fosse escasso.
Cavaco Silva não foi feliz. E se foi algum dos seus assessores que lhe terá dado o conselho para surgir com aquela palestra e naquelas condições, o melhor é pensar em arranjar-lhe outro serviço. Isto digo eu, para arranjar, assim à pressa, alguém que arque com as responsabilidades.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

DISTRAIDO


Distraído ?
Só num momento
oiço o alarido
e o bramido
até oiço o vento
Estou a pensar em algo distante
não quero olhar
nem num esgar
ainda que num instante
para o que me rodeia
que não é do meu mundo
é coisa alheia
ao meu sentir profundo
ao falar para dentro
ao que é o meu centro
quando tento descobrir
discernir
palavras com sentido
que penetram no ouvido
e que sejam poesia
sinfonia
para o coração
e não um trovão
desconexo
sem nexo
como as que oiço à volta
neste mundo de revolta
que me faz estar sofrido…
… distraído.



terça-feira, 29 de julho de 2008

DESENCANTO... POR ENQUANTO!




Como é possível que, num País situado no extremo ocidental da Europa, identificado como atravessando um período demasiado longo de dificuldades várias, sociais, económicas, financeiras e de desenvolvimento, e com uma população que mostra bem a sua falta de esperança quanto a melhoras num futuro próximo, tendo como vizinho, que lhe antecede no caminho para quem vem do território europeu, uma nação em crescente progresso, perante tudo isto como se pode compreender que imigrantes vindos de Leste, romenos sobretudo, se instalem entre nós e se dediquem à profissão da pedincha?
Deve haver uma explicação lógica, mas não a encontrei ainda. Tratando-se de uma imigração, a maioria de raça cigana, que chega por terra e que se faz transportar em caravanas, com toda a família em conjunto, significa isso que, antes de se plantarem no nosso território, passaram por países onde o nível de vida é muito superior ao nosso, o que poderá querer dizer que, por onde transitaram, era mais fácil obter a esmola que constitui o objectivo da sua actividade. Porquê, então, não se fixaram em qualquer dos locais que encontraram pelo caminho e vieram até Portugal, no extremo do Continente europeu, local onde à sua frente já só existe o oceano e, portanto, não há possibilidade de experimentar o país que se segue?
Será porque, apesar de apertados com as dificuldades, os portugueses são mais esmoleres do que os espanhóis, os franceses, os alemães e do que todas as nacionalidades onde antes experimentaram estender a mão à caridade?
No local onde me encontro a escrever este desabafo, assisti há pouco à chegada de um homem, dos seus trinta e poucos anos, que se sentou encostado à parede, junto à porta de um estabelecimento que tem razoável movimento de entradas e saída de clientela, cruzou as pernas debaixo do rabo e, puxando de um cartaz com uma lenga-lenga que não dava para distinguir o texto escrito no papel amarrotado e sujo, começou a chocalhar num púcaro algumas moedas, ao mesmo tempo que, sempre que passava um transeunte, resmungava uma ladainha que não era compreensível..
Passado algum tempo e dado que o “negócio” não parecia estar a ser muito interessante, o indivíduo arrumou os seus pertences e abalou do local anteriormente escolhido.
Quando, chegada a minha hora de sair do café, me coube a vez de também arrumar a minha trouxa, ao passar mais adiante por um supermercado dei com o mesmo fulano, desta vez acocorado ao lado de uma outra pedinte, esta aparentemente de idade, com um “embrulho” ao colo que dava a impressão de ser um bebé, todo enroladinho num xaile, mas sem dar o menor sinal de vida.
É este o espectáculo a que nos é dado assistir nas ruas de Lisboa e talvez por esse País fora. Se a moda pega, qualquer dia também veremos pedintes portugueses, com cartazes a contar histórias e a sacudir o púcaro com moedas no fundo. Ao ponto a que se chegou neste cantinho, que já tem a idade suficiente para se ter atingido uma situação bem diferente da que o País atravessa, não há razão para se ser muito optimista. No entanto, como somos todos portugueses e não deixámos pelo caminho a réstia de esperança que ainda nos acompanha, vamos repetindo: enquanto há vida…

segunda-feira, 28 de julho de 2008

CONTRADIÇÕES


Não se trata de uma novidade. Já se sabe que onde o Homem põe a mão, logo se deparam as situações extremas, o mais e o menos, o muito e o pouco, o grande e o pequeno, o excelente e o péssimo. É da condição humana colocar em confronto posições que se situam em margens opostas e, pior do que isso ainda, é visualizarem-se essas diferenças e, na maior parte das vezes, nada se fazer para se encontrar uma forma de suavizar os que se encontram em piores condições.
Refiro-me, está bem de ver, aos muito ricos e aos excessivamente miseráveis. Àqueles que lhe sobra tudo e aos que só conseguem muito pouco. E isto, obviamente, sem entrar em linha de conta com as características, as capacidades, as habilidade, os esforços que, aos mais favorecidos tenham servido de trampolim para atingir as posições superiores. E em que o elemento sorte também tem a sua parte de participação.
Pois por cá não se verifica qualquer excepção àquilo que é regra no mundo em que vivemos. E se não vale a pena fazer referência às excentricidades dos tais que, sobretudo lá pelos Algarves, gozam dos prazeres de umas férias a dar nas vistas nas páginas das publicações dos que tudo fazem para se mostrar, o que sim é importante que se registe são as contrapartidas das dificuldades daqueles que, sendo a maioria dos portugueses, atravessam um período que, apesar dos desejos dos optimistas, não conseguem ver passar este período negro.
E aí vão dois exemplos de casos que, na maior parte das vezes, passam despercebidos do público leitor de jornais: segundo um relatório de uma Associação que acompanha este sector, os vários fundos que servem para os pequenos investidores depositarem os seus aforros com juros modestos, desceram cerca de 22 milhões de euros nestes últimos seis meses, o que quer dizer que os respectivos valores tiveram de ir fazer face a necessidades inadiáveis. Por outro lado, as devoluções de casas aos bancos, por dificuldades em liquidar as dívidas que as mesmas representam, estão a atingir um número que já está a criar problemas no negócio das habitações. Só por Lisboa fora se vêm inúmeros cartazes nos prédios a anunciar que se encontram disponíveis, o que também poderia alertar para a conveniência de se poder voltar ao período dos alugueres, o que solucionava igualmente a questão da desertificação da capital de casais que fogem para os arredores, com todos os inconvenientes conhecidos e que nem vale a pena descrevê-los neste texto.
Agora, o que constitui uma vergonhosa provocação à fome na Terra é a notícia largamente divulgada de que, no jantar realizado no Japão e em que se reuniram os líderes de oito economias mais industrializadas do mundo, os chefes de Estado e de Governo deliciaram-se com 24 pratos num festim que incluía as mais requintadas ementas e os mais raros vinhos, onde não podia faltar o caviar, as trufas e todas as esquisitas especiarias vindas das mais diversas origens. O custo total deste repasto oferecido na Cimeira do G8 não foi escondido. Atingiu os 358 milhões de euros, o que seria bastante para adquirir 100 milhões de mosquiteiros para ajudar a impedir a difusão da malária em África ou para tratar os milhares de doentes com sida que existem por toda a parte.
Por aqui se vê a massa de que é feita o Homem. Aqueles mesmos que se reúnem para tentar encontrar soluções para os problemas do mundo, são esses que não sofrem de indigestão quando gastam em jantaradas verbas que tanta falta fazem aos que morrem de fome.
Só se espera que, por cá, haja a consciência dos gastos excessivos, pensando, em primeiro lugar, nas dificuldades por que passam os que não conseguem arranjar emprego… e, claro, querem trabalhar.

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

Lá disse Camilo José Cela, o escritor espanhol, Prémio Nobel,
que a morte é de uma vulgaridade absoluta,
não houve um ser humano que tenha fugido a essa regra.
Logo, por mais que queiram fugir a esse conceito, todo o ser vivente é vulgar.
Por muito que, em vida, se esforcem por se distinguir dos restantes, na hora da verdade todos se igualam.
Todos se vulgarizam.
Os ricos, os pobres, os superiores de intelectualidade, os menores de espírito e de cabeça, os capazes e os incapazes.
Que vulgaridade!...

domingo, 27 de julho de 2008

CORRUPÇÃO


Que há a referir hoje, domingo de Verão, em que as novidades, boas e más, não abundam? O que sobressai e irá, seguramente, ser motivo de alguma controvérsia, até no interior do próprio Partido Socialista, é a entrevista concedida por João Cravinho que, aos microfones de uma rádio não se fez rogado e pôs o dedo na ferida que, de uma forma geral, é a que menos é focada por poder estilhaçar muitos telhados de vidro que estão por aí instalados. Referiu-se, sem cerimónias, à corrupção que grassa por todo o lado, desde que cheire a subtrair alguns lucros com uma operação que esteja a passar perto. E isso acontece aos mais diversos níveis, desde os mais rasteiros onde interfiram apenas indivíduos que possam ser mais lestos ou mais demorados a passar qualquer documentação de um sector para outro, até aos que, já no alto escalão, são os que põem o carimbo e emprestam uma assinatura.
Não vale a pena fazerem ares de ofendidos sujeitos que se recusam a aceitar esta verdade. Quem já foi obrigado a lutar para ver resolvida uma licença de qualquer índole – não entro em pormenores, cá por coisas! -, sabe perfeitamente que, se ficou a aguardar, pacientemente, a obtenção de tal papel dentro dos prazos que os “guichets” indicam, tem de fazê-lo bem sentado. Se cair nessa ingenuidade, seja qual for a repartição que tenha de solucionar o seu problema, verá como o melhor é desistir… ou seguir o conselho que um sabedor dessas coisas lhe cochiche ao ouvido. E não ponho mais na carta.
Pois foi sobre a corrupção que se pavoneia incólume pelo nosso País que João Cravinho entendeu dizer de sua justiça. E sobretudo porque nunca são castigados os corruptores, os que estão sempre à espera do sobrescrito.
E, nem a propósito, embora se deva juntar a essa praga a outra da incompetência, está bem quentinho o caso da ponte que já nem se sabe se se chama Europa ou Santa Isabel, ali em Coimbra. É que, para além da demora em concluir a obra, pois sofreu um atraso de 700 dias dado que deveria estar concluída em Dezembro de 2001, ultrapassou o custo estimado de 38 para 111 milhões de euros, ou seja sofreu uma derrapagem de 288%.
A pergunta que qualquer cidadão do nosso País não pode deixar de fazer é que medidas toma o Governo nestes casos, tornando completamente claros os passos que forem dados e indicando, sem tibiezas, os nomes dos culpados de tamanha incompetência… se é que a isto só se pode dar apenas este nome.
Fico à espera para ver se os governantes e as oposições deixam passar este caso (já tantos caíram no esquecimento sem que um passo de esclarecimento tivesse sido dado), tanto mais que, com as eleições já à vista, todas as situações que se prestem a críticas constituem uma oferta de bandeja aos que espreitam a sua oportunidade para empurrar os que estão no Poder.
Mas estou eu aqui a ensinar o Padre-Nosso ao cura!

sábado, 26 de julho de 2008

A CRISE E A MANUELA


Ainda bem que nem tudo que se passa por aqui constitui más notícias. Bem precisamos de, com a maior regularidade possível, receber alguma que outra novidade que ajude a não calcar tanto o moral que, diga-se a verdade, não navega muito à superfície. O ficar-se a saber que, em negociações que tem corrido com a empresa brasileira Embraer, se assentou na instalação na zona de Évora de uma fábrica de componentes que se aplicarão em 13 aviões por mês, o que representa um investimento da ordem dos 148 milhões de euros e, em contrapartida, dará trabalho a 3.500 pessoas, tal boa novidade deu-nos ânimo, mesmo levando em contya que o início das actividades só está previsto para 2011.
Por outro lado e no Norte, a notícia é a de que ali se está a estudar a montagem de um consórcio de fabricação de computadores pessoais de baixo custo. Também anima.
Por agora, são estas as boas novas que o fim de semana nos trouxe. E não constituindo tais informações nada que espectacularmente nos faça lançar os braços ao alto, sempre é melhor que isso vá ocorrendo, mesmo a pouco e pouco, do que ficarmos inertes a assistir a uma crise, que se instalou por toda a parte e que nos coube também a nós sentir os seus efeitos.
E a propósito de crise, por muito que se queira fugir de perspectiva pessimistas, não é possível fazermo-nos desentendidos quanto às afirmações feitas ao “Expresso” deste sábado por uma autoridade em recessões económicas, George Soros, que vem afirmar que “estamos ainda a entrar na tempestade”, que é como quem diz, preparem-se para o que está para vir e que os próprios E.U.A. não vão escapar aos efeitos da recessão. E compromete-se com tão más notícias tendo publicado um livro, já traduzido em português, onde se apontam erros cometidos por diferentes responsáveis políticos de todo o mundo, assim como a regulação e globalização e, claro, não perdoa à administração Bush.
A nós, agora o que nos interessa é tudo fazer para conseguirmos ultrapassar a situação. E, para isso, o bom senso é fundamental. O evitarmos o aumento das dificuldades, levando bem em conta que não é esta a melhor altura para desenvolver greves, para criar desavenças entre responsáveis de diversos agrupamentos, nomeadamente nos partidos políticos, o que não quer dizer que se deixem de fazer críticas aos que governam, pois agora, mais do que nunca, os erros que possam ser cometidos têm de ser levados em conta para efeitos da escolha que está aí a chegar para encontrar quem vai ter maioria no Parlamento. Que é como quem diz, quem ficará com o encargo de governar.
Quanto a isto, uma breve referência à entrevista que Manuela Ferreira Leite concedeu ao “Expresso” e que acabei de ler agora mesmo. Não, não era tanta precaução que eu esperava da mulher que se prepara para entrar numa luta que ela sabe que não vai ser fácil. Quem se mete em trabalhos não pode esconder-se atrás de evasivas. Tem de pegar o touro pelos cornos, como se diz na boa linguagem ribatejana. Apontar erros e dizer como faria se fosse ela a deliberar. Não deixar para depois o que pode fazer agora.
É que a crise está aí. Não vem a caminho. Não espera por quaisquer eleições.
Eu, por mim, não deixo de dizer que fiquei desconsolado com o quase nada que diz a candidata a primeira-Ministra de Portugal. Não sendo, nem de longe, esse o meu papel, vou apontando os erros que tenho encontrado na actividade de Sócrates e tenho referido os pontos fracos que, segundo a minha opinião, encontro no governante que temos. Só que isso não serve para nada. Não vou estar sujeito a votações!

sexta-feira, 25 de julho de 2008

CACILHEIROS



Apeteceu-me um dia
recordar o passado,
andar para trás
muitos anos,
pôr o saudosismo em acção.
E fui ao Cais das Colunas
às que lá não estão
mas que eu as vi
na memória
e descendo aqueles degraus
molhei os pés no Tejo,
que frescura!
que odor!
que beleza as gaivotas em liberdade.
Como me recordo
dos cacilheiros que saiam logo dali
e chegavam ao mesmo sítio,
os cabos para os prender ao cais
eram atirados
com precisão
fixavam-se nas amarras
e as gentes,
sem aguardar o encosto completo
saltavam,
corriam para os seus destinos,
os imediatos,
enfiavam-se na praça,
nessa bela praça,
no Terreiro do Paço,
que podia ser ainda mais bonito,
muito mais bonito,
mas as gentes nem dão por isso,
a Praça do Comércio (que nome!)
não tem ajuda do poder
para a tornar muito mais atractiva.
Correm para a vida,
os populares,
os cacilheiros, já bem encostados,
deixam sair os passageiros,
os mais calmos,
também esses já sem se importar
que o Cais das Colunas
já não seja o que era antes.
É gente da outra Banda
que dorme lá
que ganha a vida deste lado,
que transformou Cacilhas,
o Ginjal,
Trafaria,
Caparica
em dormitórios.
Tu, cacilheiro, foste o culpado.
Antes da ponte
eras dono e senhor
do rio,
só tu ligavas as margens
do Tejo que,
no final, parece um oceano.
Eras o patrão do Tejo.
Agora, já não és essencial,
imprescindível,
única solução.
Mas continuas a ser útil,
desejado,
e, sobretudo, manténs a tradição
alimentas o saudosismo,
és uma relíquia preciosa
para a memória,
mas também os que não usam a ponte,
a que já teve dois nomes,
que são bastantes,
e ainda bem,
porque tu,
ó cacilheiro dos velhos tempos
pode ser que acabes por vencer
a modernidade,
a que deitou abaixo as colunas
e arredou para mais longe
o local onde te encostas para descansar,
de cada viagem,
fazendo-te perder a graça,
essa de ver entrar e sair a populaça,
no sítio certo, junto às colunas.
Foi isso que a imaginação
trouxe até mim,
o olhar para o Tejo e contemplar,
sentado em frescos bancos
de pedra,
com a barra ao fundo,
vária navegação circulando,
respirando o ar marítimo,
mastigando pipocas
e pevides,
compradas ao velho do tabuleiro,
que sonho!
E, de repente,
caí em mim.
Esta Lisboa que faz a inveja
de outras grandes capitais
que não têm este rio
a seus pés,
esta cidade que deslumbra as outras,
mas que, em lugar de olhar para fora,
para a água salgada,
para as ondas com a sua espuma,
para o reluzir do Sol no Tejo,
vira-se para dentro,
para o seu umbigo,
e nem parece ser
terra de Navegadores,
antigos mas recordados,
ficando-se com a impressão de que
se tem vergonha
de ficar à borda do mar das Descobertas.
Não merecemos o que temos,
e tu, ó cacilheiro,
ainda serás algo,
já pouco,
que tem de nos avivar a memória,
chamar a atenção para
o pouco que nos resta.
A modernidade?
Pois sim, mas sem destruir
as jóias do passado.
Que bonito é ver o cacilheiro
encolhidinho,
ao lado do grande paquete,
majestoso,
que passa
a abarrotar de tecnicismo,
orgulhoso do seu porte,
transportando uma multidão
a olhar sobranceiro
o pequeno cacilheiro,
a ínfima embarcação
a cruzar o Tejo na sua humildade
como um pedinte
se aproxima
do carro de luxo
num semáforo.
Ó cacilheiro,
modesto trabalhador que
nasce, vive e morre
sempre com o mesmo mister,
com a mesma viagem,
repetitiva,
monótona,
mas prestando um serviço,
sendo útil,
indispensável,
com gente sempre à sua espera,
que o aguarda a olhar para o relógio,
como quem combinou com o namorado
um encontro.
Ó cacilheiro,
Tu, em que as gaivotas
tuas conhecidas
poisam na amurada
saudando-te,
lembrando-te quem és,
não te deixando sonhar com fantasias,
com luxos,
com atitudes que não são as tuas.
Tu és o que és
e nós queremos-te assim.

PRODUZIR MAIS E VENDER MELHOR




Se queremos progredir e não perder ainda mais terrenos em relação às evoluções, tecnológicas e outras, dos nossos parceiros, há, pelo menos, uma coisa que tem de ser feita: o estarmos atentos aos avanços que se produzem lá fora e, se possível, aprender alguma coisa com as experiências que cada um vai fazendo. Não se trata de espionagem, que é uma expressão guerreira, mal sonante aos ouvidos e que representa o espreitar sem consentimento dos outros. Pelo contrário, o aproveitar os passos seguros e progressistas dos outros, o juntar esforços acrescentando até alguma coisa de útil, significa contribuir para todos, sem invejas e sem prosápias de ser o primeiro. Não ser dos últimos, dos atrasados, dos vagarosos é que se impõe que nós, no nosso País, nos empenhemos em ser.
Quando, nos meus textos me refiro tantas vezes à colaboração que devemos fomentar com os nossos vizinhos espanhóis, formando um bloco a que eu, há mais de 50 anos, ainda nas páginas do velho “Jornal do Comércio”, chamava de Comunidade Ibérica, não sendo só isso é também essa coisa de andarmos de mãos dadas e de procurarmos, sempre que possível, juntar forças para, com economia de meios, darmos passos seguros e fortes, especialmente na área da produção, proporcionando ao mundo aquilo que, por exemplo, no sector agrícola, actuando em grande escala (acabando com as ínfimas culturas) é capaz de oferecer, sobretudo dado o clima favorável de que se goza nesta Península, pode fazer surgir novidades antes que o resto da Europa as veja surgir na terra.
E na área industrial, em lugar de nos dividirmos a fabricar o mesmo nos dois lados da fronteira, um pacto de produção de produtos, uns cá outros lá, reduziriam de forma espectacular os custos e beneficiariam a qualidade. Por exemplo, na área dos de automóveis, de que não se justifica haver competição onde só teria lógica a junção de marcas.
Vem isto a propósito dos namoros que se têm verificado por estes dias do “chefe” Sócrates com colegas de países que, embora tenham de ser mantidas e desenvolvidas profícuas relações, na fila de interesses têm de ser colocados em posições mais afastadas. É com Espanha, Senhor primeiro-Ministro, que, para além dos sorrisos e batidelas nas costas, se têm que concretizar acordos concretos e dar início quanto antes – o que já é um atraso – a um entrelaçar de mãos que retire aos parceiros mais próximos da Europa (aqueles que sempre tudo fizeram para que os nossos dois Países nunca se entendessem muito bem) a ideia de que serão sempre eles os mais importantes, em área, população e, igualmente de grande valor, posição geográfica, que essa ninguém nos pode tirar.
Como sempre procuro fazer, aqui deixo uma nota que merece reflexão: os jornais espanhóis estão a dar enorme destaque aos ensaios que ali se estão a realizar no capítulo dos estudos do aproveitamento das ondas marítimas para a produção de energia. A Cantábria, o País Vasco e a Galiza estão já empenhados nestes trabalhos, confiando que a fonte de electricidade com aquela origem poderá estar em acção entre 2011 e 2020. E sem entrar em pormenores quanto a custos e resultados, pois não seria descabido que, por cá, os nossos sábios nesta matéria, se prestassem a efectuar um trabalho conjunto, porque se se vier a concluir que é compensador nos nossos vizinhos, nós também temos uma larga costa e, quanto a ondas, é coisa de que não temos falta!
E por falarmos em mar e em ondas, outro exemplo de que não somos capazes sequer de imitar, quem, vindo ao longo da costa da Galiza e entre em Portugal, pergunta-se sempre o motivo por que se vêem do lado galego centenas daquelas armações junto à costa, onde se cultiva toda a espécie de bivalves e, do nosso lado, ainda se efectuam aquelas capturas por processos que, para além de caros, não rendem como os dos vizinhos de cima.
Mas que importância têm estes apontamentos se, por cá, outros assuntos muito mais produtivos nos ocupam o tempo e nos distraem mais o espírito? É preciso ser maçador!...




quinta-feira, 24 de julho de 2008

AS DÍVIDAS E O NOVO AEROPORTO


Isso acontece com cada um de nós. Ou, pelo menos, era o que deveria suceder com gente com bom senso e sentido de responsabilidade. Explico-me: quando começamos a sentir nos bolsos, para não falar já nas reservas quando elas já se foram, o começo da raridade dos fundos que necessitamos para fazer face aos gastos essenciais do dia-a-dia, a primeira atitude que tomamos é o corte nas despesas que podemos considerar mais dispensáveis. E a redução para metade de um certo número de consumos será o início dos inícios. Por exemplo – e saliento o que se passa comigo -, em lugar de 2 a 3 jornais diários, limito-me a escolher o que me parece mais bem informado e é o menos caro, não sendo pela oferta extra que me inclino para esse opção. Mas isso sou eu, que com o vício da profissão de jornalista, me permito querer estar atento à qualidade!
Agora, num País como o nosso, em que todos os dias constatamos as limitações financeiras em que vivemos – logo, também todas as outras que estão directamente dependentes das contas que têm de ser bem feitas antes de serem tomadas medidas que afectam o erário público -, os cidadãos que somos e, por isso, os mais afectados pelos esbanjamentos que certos governantes ainda fazem, têm de estar atentos e cabe-lhes mostrar claramente a sua indignação cada vez que deparam com um cêntimo que seja deitado à rua. Aqui estou, pois, a tocar o sino para alertar os que se encontram nas tais cadeiras do Poder e se mostram tão apressados em utilizar muitos milhões de euros (a maior parte para serem pagos pelos futuros responsáveis do Governo que se tenham habilitado a isso) para serem aplicados em obras que, neste momento, obrigam a uma reflexão profunda e a uma extrema e rigorosísima selecção.
Nesta altura do nosso “campeonato”, sabe-se que a dívida dos contribuintes portugueses ao Estado é de 3 mil e 200 milhões de euros. Uma barbaridade! Pois o custo do novo aeroporto de Alcochete, igualmente pelas contas de hoje, é de um montante praticamente igual, tendo sido divulgado também que o final daquelas obras se prevê (?!) para 2017, sendo que, em Março de 2009, o respectivo Plano Director da obra será presente ao Governo de então, para ser apreciado.
E aí está o panorama que se apresenta aos portugueses, se tudo correr segundo o estabelecido, que, como se sabe, é garantia que ninguém pode dar nesta Terra de imprevistos, em que o desenrascanço é a nossa especialidade e a não existência de responsáveis em nenhuma acção em curso é também outra das características.
Pois é, digam que a falta de confiança paira nestes blogues e o pessimismo é sinal de marca dos mesmos. Guardem-nos, guardem-nos, para serem lidos lá mais para diante. E, se formos todos vivos, logo tiraremos as conclusões. Porque o que é preciso é que tenhamos saúde para aguentar tanto tempo a aguardar pelos momentos em que as obras em Portugal já estarão pontas!
Prontas! deixem-me rir...

quarta-feira, 23 de julho de 2008

A POESIA



O que é isso afinal da poesia
das palavras emparedadas
por vezes rimadas
contadinhas as sílabas
em ritmos marcados
doces ao ouvido ?
Quem sabe que o diga
que deixe bem claro
aquilo que eu, por mim, não sei definir.
Algo que emerge
que sai quando quer
quando lhe apetece
e só dá sinal de si cá para fora
quando o vento corre de feição.
Nada há a fazer
é a inspiração a tal que existe
mas não quer antes ser vista,
só pode sentir-se
após exibir-se
na escrita, na tela, na pauta,
onde quer que seja,
onde quer que esteja
sujeita ao apreço,
ao desprezo,
à indiferença
de quem não a tem,
essa, a inspiração.

E quando ela surge
no meio da noite
despertando os justos
do sono profundo ?
Saltam as palavras,
as ideias,
os temas,
tudo em cascata
de frases poéticas;
mas não há papel no escuro da noite
depois se verá à luz do dia.
Mas a manhã chega
só resta o nada da escuridão.
Foi-se a inspiração !

O que é então a poesia ?
Será a doçura,
a ternura,
a contemplação,
a que não se esgota,
que muda de mão
e nunca é igual ?
É boa, é má, suporta-se enfim
mas é o produto
do esforço,
da busca,
da dura insistência,
do apelo às entranhas
para que a revolta,
o amor,
a fraternidade
passe para a obra
mude do etéreo
para o material,
o palpável,
o apreciável,
até o descartável.
É a insatisfação,
a consciência do seu valor,
a auto-crítica
que faz com que só haja um caminho,
um destino,
um fim
para aquilo que a inspiração
afinal não era destinada:
o cesto dos papéis,
o caixote do lixo,
o monte dos imprestáveis

Por vezes, porém, algo escapa
derrapa entre os dedos
salva-se do desespero
do desgosto de não ser capaz.
Será isso ainda poesia ?
Tem isto que aqui fica algo de poético ?
Se não, passou as malhas da auto-censura
E fugiu para as páginas de um livro,
deste livro.
Não respondeu à questão.
Não diz o que é poesia.
Não acrescenta nenhuma sentença
a qualquer definição já dada,
fica-se por aqui.
Mas se não é poesia
Representará pelo menos o esforço
de querer sê-lo.
Já não é pouco !

QUEM MATA A BUROCRACIA?


Fala-se tanto de um determinado político português, refere-se bastante aquela personalidade lusitana que dá muito nas vistas pelas sentenças lançadas nos jornais ou proclamadas nas rádios e nas televisões, aponta-se com certa admiração para uma determinada figura que dá respostas aos jornalistas com o ar de ser assim e não haver mais conversas, em resumo, são às centenas os indivíduos que, por qualquer motivo mais saliente, pretende dar mostras de que a sabedoria chegou ali e parou.
Os génios são uma espécie que não falta por estes sítios e que a comunicação social, tão escassa de gente nova para ouvir e ver e também de quem falar, repete, insiste, cansa, reproduz incessantemente fotos, quer novas quer rebuscadas nos arquivos onde não chegam a aquecer lugar.
É isto o Portugal que temos! Repetitivo, chato, a dar-lhe sempre na mesma e a não ter imaginação para novidades. Os próprios jornais, fracos de títulos, parecendo hoje incapazes de resumir em poucas palavras as ideias dos textos produzidos abaixo, não inovam, repetem hoje o tema que tem vindo a ser debatido há dias.
E isto para querer dizer o quê? Pois simplesmente por que não somos capazes de inovar, de ter imaginação para lançar novas pedradas no charco, para criar movimentos, algo de novo e de diferente.
A Imprensa, tal como está a suceder agora às editoras do nosso País, têm-se agrupado sob a protecção de um confortável capital, copiando o que tem sucedido com outros meios de comunicação com peso, para que não se diga que existe diferença quanto ao mundo do futebol, em que se disputam a peso de oiro artistas da bola, ao ponto de os melhores mudarem de sítio... mas tudo continuando na mesma, com falta de imaginação, de novidade, de independência, de amor à camisola.
Daí que, tudo que ocorre neste Portugal dos velhos costumes, se vai mantendo tal como sempre sucedeu ao longo dos tempos. Com Revoluções ou sem elas!
Somos lentos, pegajosos, desconfiados dos outros, mesmo que tenham boas ideias, e assim nos vamos mantendo por mais governos que mudem ali em S. Bento. Uns atrás dos outros.
E querem um exemplo rápido? Pois aí vai:
Sempre foi uma operação demoradíssima, de anos atrás de anos, isso de dar acolhimento familiar a crianças que tão têm progenitores em lares onde existe amor, vontade e meios para prestar educação e encaminhar seres que são vítimas da má sorte desde que nascem. Há 5 anos, mudaram as regras, no sentido de criar facilidades às normas de adopção. Verificou-se, apesar de tudo, alguma melhoria, a julgada conveniente pelos temerosos de darem grandes passos. Mas, a situação mantem-se um pesadelo, quer para a miudagem ansiosa de família quer para os candidatos – e são muitos – a receber no seu ambiente familiar os desejosos de amor.
A malfadada burocracia portuguesa com que se tropeça em todas as áreas de decisão da área oficial, essa gentinha que se continua a manter por aí, por detrás de secretárias que acolhem os “não prestam”, é tudo isso que, desde que este País se fundou tem vindo a gerir as nossas vidas e atrasar, cada vez mais, a ansiada evolução que nos foge a olhos vistos. Sobretuo agora, que há objectivos visíveis.
Perante tamanha mania do “empata”, já estou como aquele que, num rasgo de raiva por ver tudo sempre na mesma, não hesita em largar a sua frase preferida: “mais vale fazer mal, mas fazer, do que não ser muito perfeitinho, não fazendo nada!

terça-feira, 22 de julho de 2008

DEPUTADOS DA NAÇÃO

Os exemplos têm sempre de vir de cima. Se os maiores se sacrificam, nós, os cá de baixo, temos de mostrar maior adesão a todos os esforços que sejam feitos por aqueles que se dispõem a dar tudo pela Nação e pelo bem-estar da Pátria. Esta uma frase que bem poderia figurar em qualquer quadro pendurado nos Passos Perdidos, da Assembleia da República.
Isto vem a propósito das reformas que estão já programadas e que durarão enquanto os 230 parlamentares gozam as suas férias, prolongando-se até meados de Setembro. Tardarão quatro meses, e levando em conta a informação que corre em toda a comunicação social, fica-se a saber que os 230 representantes do Povo, quando regressarem à Sala das Sessões, terão à sua disposição 690 computadores, para além de um terminal destinado a cada um dos respectivos usuários. Tudo isso para juntar aos computadores fixos que cada deputado possui no seu gabinete e ao portátil que lhes é atribuído no início de cada legislatura.
Mas não ficam por aqui as benesses que estão destinadas a Suas Excelências. O ar condicionado será renovado, o som e a iluminação sofrerão melhorias, para além da instalação de dois écrans que serão colocados no local das reuniões Tudo isso não custará mais do que 2,9 milhões de euros, e os trabalhos terão lugar aos sábados e em dois turnos diários.
Não se põe em causa a necessidade de serem prestadas todas as condições essenciais para o bom exercício das funções dos elementos que ali se encontram em nome do Povo. A extrema exigência que tem de estar sempre presente quanto ao excelente desempenho das suas funções – e oxalá sempre assim fosse -, impõe que as condições de trabalho sejam as melhores. Sobre isso ninguém deve levantar dúvidas.
Vamos agora ver se todos aqueles senhores que são eleitos para trabalhar bem em favor da Nação, se todos, repito, (e não apenas alguns, as minorias), vão ser assíduos, cumpridores de todas as suas obrigações e intervenientes em lugar de mudos, como sucede com uns tantos, muitos, de que nunca se lhes ouviu a voz.
Temos de estar bem atentos, porque é o nosso dinheirinho que está em jogo e os tempos que correm e, sobretudo, os que vêm a caminho, não dão para gracinhas.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

Quando me levanto de manhã e pocuro chamar à memória um tema me terá surgido durante a noite e que, nessa tranquilidade, me pareceu merecedor de ser passado ao papel, em muitas ocasiões, quando isso sucede,
face à claridade do dia de sol realizo tratar-se, afinal,
de um assunto vulgar, de uma matéria que não parece ser assim tão interessante como eu teria chegado a admitir.
Encaro a realidade.
Raciocinando enquanto estou mergulhado no banho, concluo que a luz ambiente que nos envolve transforma completamente o que o cérebro vê na escuridão. Logo, constato que a luminosidade é inimiga da imaginação.
De facto, por alguma razão eu produzo mais – não diria melhor – numa certa mesa do café que me acolhe, do que noutras que se encontram mais expostas à luz do exterior.
O ideal será, portanto, poder escrever às escuras.
Para não ver eu… nem ninguém!

SE SÓCRATES TIVESSE TEMPO PARA LER!...




Já ontem me referi às duas viagens relâmpagos de José Sócrates, uma a Angola e outra, 24 horas depois, à Líbia. E fiz a pergunta que ficará sem resposta, posto que nós, portugueses sem importância, não temos nada que saber o motivo por que se fazem tais gastos com as idas e vindas aéreas a países que, por muitas outras razões que possam existir, neste momento não se verificam a olho nu interesses de ordem económica que justifiquem esses rompantes.
Apareceu, entretanto, a notícia de que o nosso primeiro-Ministro considera a Líbia como um “parceiro estratégico” e que existe um enorme desequilíbrio desfavorável a Portugal no que diz respeito à balança comercial entre os nossos países. E, ara além de ser reaberta a nossa embaixada em Tripoli, depois de nove anos encerrada, só se ficaram pelas intenções de animar as “oportunidades” para a terra de Muammar Kadhafi, apontando-se o imobiliário, o turismo e a petroquímica, em contrapartida dos produtos petrolíferos que atingem os 1.500 milhões de euros.
Valerá a pena fazer comentários a estes sonhos socrateanos, de que teremos alguma vaga capacidade de compensar a grande diferença de valores nas trocas económicas entre os nossos dois países? Mas andamos a enganar quem? Terá essa fantasmagórica imaginação nascido na tenda que se montou quando o homem da Líbia nos visitou nos finais de 2007? Só pode ser isso, sobretudo porque a lista de tentativas para desenvolver as nossas exportações para terras alheias é tão vasta, que não lembraria efectuar agora esta viagem relâmpago das Mil e Uma Noites!
Já quanto a Angola, o outro destino nesta corrida aérea do chefe do Governo português, o problema põe-se de outra maneira. De facto, a antiga Colónia portuguesa atravessa um período de desenvolvimento que, sem dúvida, a riqueza própria do seu território – petróleo, diamantes, oiro, ferro, para não ir até às perspectivas próprias que a sua dimensão proporciona – oferece condições que, da nossa parte e como faladores da mesma língua, para além do entendimento humano que nos liga como povos, podem proporcionar um intercâmbio que seja considerado interessante em termos de trocas de actividades que seja útil a ambas as partes. Por aí, valerá a pena, sob todos os aspectos, desenvolver entendimentos que, segundo se sabe, outros países não lusófonos têm procurado levar a cabo. E com êxito!
Mas, como o período que atravessamos não se tem mostrado muito favorável às nossas conveniências, até a escusa de José Eduardo dos Santos em vir a estar presente na cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, muito embora Sócrates, na sua aparente ingenuidade, tivesse garantido em Angola que o Presidente angolano se deslocaria a Portugal por essa ocasião, a sua ausência não pode ser considerada como uma prova de estima declarada, o que, do nosso ponto de vista, não pode deixar de ser considerada uma lástima. Mas, ao fim e ao cabo, uma posição tomada terá uma importância que, com o decorrer dos tempos, poderá representar um elevado benefício: a ser considerado na prática e a não ser mais uma intenção que fica guardada nas gavetas, o envio de 200 professores portugueses destinados a apoiar o ensino secundário em terras angolanas representa um passo da maior importância que, agora, em 2008, não podemos deixar de considerar como sendo uma atitude tardia, lenta, tímida. Com tantos professores por cá a necessitarem de actividade, quantos milhares não se disporiam a tomar conta desse trabalho e como ganharia a divulgação da nossa cultura lusa por terras onde nos instalámos há cerca de500 anos!
E já agora, Governante Sócrates, haja alguém que lhe diga que o envio, em condições muito favoráveis para os angolanos, talvez com algum suporte de editores portugueses, de livros que estão a ser postos de parte por cá – recordamos que há novas empresas editoriais portuguesas que, com a junção abrutalhada de produções empresariais de livros, estão neste momento a destruir material de leitura em fornadas de labaredas - , essa medida teria os seus efeitos muito significativos na criação do espírito de leitura em português que, como se sabe, nunca foi atitude que interessasse a Lisboa, em todas as suas governações desde tempos remotos.
Tanto que há a fazer em favor do nosso País e que, ficando para segundas e terceiras núpcias, acabam sempre por não ser consideradas prioritárias!
Mas isto é só um insignificante blogue, escrito por um português que, tendo sido apenas um jornalista de toda a vida, que teve a mania de se interessar pelos problemas nacionais e nunca se escusou a prestar a sua opinião em temas que sempre considerou e considera ainda positivos, sobretudo os que passam despercebidos aos que nos governam, não tem, por isso, outra importância que não seja a de tentar ter a sorte de ser lido e pensado por alguém que terá o mínimo de Poder para decidir.
É pouco, bem sei. Mas quem dá o que tem e, sobretudo, não custa ao erário público um centavo que seja…

VENTOS

Bem longe de mim estão esses ventos
que sopram a outros e por mim passam
sem parar, sem olhar os meus tormentos
que também tenho e me trespassam

Quero agarrar o silvo desse vento
pleno de saber, de compreensão
quero-o para mim e bem o tento
mas é todo um esforço em vão

Brisa que passa cheia de alegria
envolta em bem e com boas notícias
se eu pudesse nunca partiria

Só tempo agreste é que quer ficar
o que vem carregado de sevícias
é que insiste à minha volta rodar

VIAGENS DE SÓCRATES




Não sei responder a uma pergunta que faço a mim próprio: se, para ser primeiro-Ministro em Portugal é fundamental andar numa correria de visitas a outros países, mesmo quando geograficamente se situam muito distanciados uns dos outros. Foi o que sucedeu por estes dias, em que José Sócrates terá pretendido bater alguma competição de cumprimentos a chefes de Estado estrangeiros, o primeiro o de Angola, para onde partiu numa madrugada, regressou na outra e, mesmo sem pôr pé na nossa Terra, seguiu directamente para a Líbia, talvez porque as saudades de Kadhafi, desde que ele cá esteve com a sua tenda no final do ano passado, já eram muitas.
Isto poderia servir de graça para amenizar o mau humor que paira por cá nesta fase em que estamos envolvidos e em que, por um lado, nos encontramos no início do período de férias que não podem este ano ser gozadas com a satisfação de outras épocas anteriores, e as tristes realidades da situação em que nos encontramos.
Logo, assistir ao dispêndio que significam essas viagens que, sem serem claramente esclarecidas quanto à sua utilidade e aos eventuais resultados positivos que as mesmas podem representar, fazer essas passeatas e não prestar contas a ninguém – nem as Oposições se incomodam em levantar os assuntos -, não podem constituir atitudes que mereçam aplauso.
Mas adiante. Como não li nem ouvi nenhum comentário sobre este acontecimento, sou forçado a deduzir que não terei razão para levantar o problema e que iremos sentir em breve os efeitos positivos dessa cansativa passeata de Sócrates. Ele lá sabe! E nós que nos metamos na nossa vida…
Mas, mudando de assunto e ao tomar conhecimento de que Madrid tomou a decisão de, finalmente, ligar o continente europeu ao africano, por meio subterrâneo que sairá de Tenerife e irá até Tânger, através de um túnel ferroviário de 40 quilómetros, o qual ficará operacional em 2025 e custará 5 mil milhões de euros, ao deparar com tão importante medida a cargo dos nossos vizinhos espanhóis não pude deixar de me inquietar. É que todos nós temos acompanhado o que tem vindo a ocorrer com o nosso túnelzinho do Terreiro do Paço, e como não podemos nem devemos atribuir as más notícias apenas aos nossos casos, temos de fazer votos para que a boa sorte acompanhe os atrevimentos dos outros. Bem se sabe que, para além do Túnel da Mancha, outros quatro de grandes dimensões já se encontram a ser de grande utilidade em diferentes regiões, mas mesmo aqui à nossa porta é coisa que tem de nos causar certo mau estar…
Mas, enfim, nem tudo são situações que só os outros é que beneficiam delas. Nós, os portugueses, temos uma coisa que causa grande inveja a muita gente estrangeira: o mar de que dispomos em pleno Atlântico, essa zona económica que nos pertence, representa uma área que é 18 vezes maior do que o nosso território nacional. E essa hem?!”
Não digo mais nada. Não escrevo nem mais uma linha!...

sábado, 19 de julho de 2008

VELHOS E NOVOS




Nada como um velho para contar
aquilo que se fez enquanto moço
mesmo que muito possa olvidar
é como água límpida do poço

Os novos muito têm a aprender
se souberem seguir tanta ciência
porque a vida levada a sofrer
dá saber e dá muita paciência

Os jovens, por muito insatisfeitos
por mais impacientes que eles sejam
não é aí que perdem os direitos

Não é por aos mais velhos atender
não é por muito apressados que estejam
que não lhes sucede o mesmo, que é morrer

INJUSTIÇAS NACIONAIS


Já fiz referência à razão por que utilizo estes blogues (continuo a escrever o nome em português) e, para o caso dos eventuais seguidores que não tenham tido ocasião de tomar conhecimento, repito que este espaço me serve para exteriorizar os sentimentos que me assaltam, quase diariamente, e que considero que não os devo guardar só para mim. Mesmo não servindo para nada a sua leitura (claro que depende de quem lê!), a mim alivia-me o espírito. Criticar, tal como aplaudir, tem a sua utilidade. E é um direito que nos assiste, a nós como cidadãos que não queremos ficar indiferentes ao que se passa à nossa volta. O bom e o mau.
Neste momento não quero deixar passar em branco um acontecimento que apenas mereceu sair agora num simples rodapé de um diário. Trata-se da referência a uma investigadora portuguesa, de nome Maria Manuel Mota, investigadora do Instituto de Medicina Molecular, sim, uma instituição portuguesa, que descobriu uma “nova e barata forma de prevenção da malária, mais conhecida por paludismo”, doença que mata cerca de dois milhões de pessoas por ano – só isso! Muito embora tenha já recebido o Prémio da Fundação Europeia de Ciência, em 2004, mesmo assim, entre nós, é uma ilustre desconhecida.
Se se tratasse de uma dessas figuras que se movimentam no chamado “jet set”, pessoas da maior inutilidade para o País que somos, se se tivesse tratado de um caso ocorrido com um daqueles que, mesmo bem, dão uns pontapés na bola e, por isso, ganham milhões, se estivesse em causa alguém que tivesse mandado matar o marido para ganhar um seguro, se a sua preocupação se fixasse na escrita de um livro sobre as maneiras de se sentar à mesa ou se apresentasse como autor ou autora de uma descrição das malandrices do parceiro/a de cama…, sobretudo se esse alguém se tratar de personagem com público, e por aí fora, se fosse uma dessas figuras que enchem as páginas dos jornais de segunda e das revistas ditas de sociedade, então figuraria em tudo que é referência aos casos chamados interessantes e andaria na boca dos pobres comentadores, de escrita, de rádio e de televisão que se consideram, eles próprios, “jornalistas”, “escritores” e “personalidades perigosas”. Eu, por mim, sem o auditório e sem seguidores de leitura de tal gente que, diga-se a verdade, conta para a análise dos consumidores de notícias – tenho o público que tenho! Faço aqui um sublinhado a uma portuguesa, jovem, estudiosa e interessada em participar na melhoria do mundo em que vivemos. Só isso! Lerá, quem ler. Que não serão, certamente, aquele número de pessoas que se fixam embasbacadas nos casos dos namoros, dos casa e descasa, das agora emprenha para depois desmanchar, de todas essas situações que, diga-se a verdade embora com vergonha, vende…
E só mais um caso: não sou dos que nutre grande admiração pelo presidente do Governo da Madeira, se bem que, reconheço, se fosse madeirense, talvez nutrisse uma opinião mais benevolente sobre tal figura. Mas, ao tomar conhecimento do seu comentário quanto ao crédito que Portugal acaba de conceder a Angola, um País com petróleo e diamantes, quando recusa àquele arquipélago um empréstimo para o seu desenvolvimento, quando nós por cá atravessamos um período de “tesura” assustadora, nestas circunstâncias também não encontro explicação para este e outros actos políticos que nem os maiores são capazes de explicar… nem o querem fazer. Muito embora não deva omitir que a Madeira tem sido bastante favorecida pelos dinheiros da Metrópole.
E, por último nesta fase do blogue, terá igualmente justificação esta pergunta: é correcto e útil para Portugal que se exija aos imigrantes, os que são dotados de licenciaturas reconhecidas, que tenham de efectuar o pagamento de cerca de dois mil euros para verem acreditados os seus diplomas universitários de origem, alguns de inegável maior valor formativo de conhecimentos do que os equivalentes nacionais, isto para não falar no longo período de espera a que se têm de sujeitar os requerentes, a maior parte deles de origem ucraniana? Que ganhamos nós em não sermos capazes de receber esses apoios, de ordem técnica e científica, que nos é oferecida por pessoas que, nos seus países, não conseguem desempenhar as actividades para que têm excepcional preparação? É o que se pode chamar sermos pobres e mal agradecidos!
E pronto. Quem ligou a estes comentários, ligou. Quem encolhe os ombros e prefere ir seguindo os casos que os alcoviteiros contam por aí, sobre os amores e desamores de gente que não interessa nada ao nosso País, pois que continue. E que sejam felizes.







sexta-feira, 18 de julho de 2008

TEMOS DE APRENDER A POUPAR!


Eu, cá por mim, não sou capaz de encontrar solução para isto. Se tivesse que ser eu a decidir, a procurar resposta para a situação que se vive em Portugal, se dependesse da minha única vontade, confesso que não tinha, assim do pé para a mão, uma resposta que pudesse ser considerada como definitiva, cabal, incontestável.
Ao contrário desses “sábios” que surgem perante as câmaras de televisão – e até são pagos para isso – a fazer afirmações peremptórias, a pretender mostrar os caminhos sejam quais forem as matérias que estejam a ser discutidas, eu, encolhidinho no meu canto, tenho ideias, lá isso tenho, resmungo algumas saídas para problemas que vão surgindo, contrario-me perante saídas que são expostas por esses tais sabedores absolutos, memo que com nítida influência de ordem partidária, mas a mim, o que me surge com mais veemência é a dúvida.
Neste País, que não dá para entender assim à primeira, que não pode ser observado com miragens superficiais, tanto no que diz respeito às atitudes daqueles que se exibem e que, de facto, têm o chamado Poder, quer nos que não se situam nas áreas de decisão que influenciem o caminhar do Paáis, tanto uns como outros são mestres e chegam alguns a cair no ridículo de atribuir notas escolares, como se nos encontrássemos todos numa grande aula a aguardar pela pauta para sabermos se mudamos de classe ou se continuamos a marcar passo. Este Portugal, de facto, não dá para o levarmos a sério. E é isso que é pena!
É que ninguém nesta Terra dá mostras de ter cabeça para assumir compromissos – refiro-me, está bom de ver, àqueles que dispõem de meios que possam influenciar as mudanças – e que apontem caminhos que nos orientem na direcção dos parceiros europeus que, melhor ou pior, sempre vão dando passos positivos.
Isso, nas áreas tidas como decisivas. Porque, obviamente a nível particular, cada um faz do seu dinheiro aquilo que melhor entender. Podem até ser verdadeiras loucuras. Indignam-nos, é verdade. Mas não podemos mais do que contemplar tais gestos. É que, perante as enormes dificuldades de autêntica pobreza que já ocorrem em Portugal, situações como aquela acabada de divulgar e tomada pelo rapazinho do futebol, Cristiano Ronaldo (e se não é verdade o próprio deveria desmenti-las, tendo que suportar o peso da fama que angariou), ter dispendido 12 mil euros em wodka e champagne numa noitada que passou em Los Angeles, enquanto no seu próprio País há uma imensidade de gente que já sofre os efeitos da má vida que levam – incluindo a Madeira, de que é natural -, seguir o exemplo de milhares de casos que são conhecidos (e a maior parte passam despercebidos), ter tais atitudes não põem deixar de nos provocar revolta.
Tudo isso, enquanto por cá duplicam as casas leiloadas por dívidas aos bancos… e foram mais de mil no semestre que passou, muito embora, em contrapartida, durante o mesmo período semestral tivessem sido vendidos por cá mais 6,4% de automóveis do que em igual espaço de tempo de 2007 (114.413 carros, enquanto em Espanha se registou uma queda de 17,6% e em Itália 11,5%.
Perante tais dados e sem pôr mais na carta basta sublinhar aquilo que o FMI fez saber publicamente: “Portugal tem de aprender a poupar!...”
O que havia para escrever neste espaço! Mas os defensores do optimismo insurgem-se quando alguém tem a coragem de chamar as coisas pelos seus nomes e de não andar a assobiar para o lado, confiando em “milagres” que, não se sabe por influência de que santo, solucionem o que se está a agravar de dia para dia e que toda a propaganda que enche os veículos de comunicação de acesso ao público, oferecendo empréstimos e anunciando baixas taxas, se retenha para não complicar ainda mais as coisas. As descidas de preços, tal como sucedia em tempos, quando ainda sobravam uns trocos para aplicar em compras, mesmo que se tratassem de produtos que não eram imprescindíveis, os saldos enganadores, tudo isso tem de ser olhado agora com menos entusiasmo.
O FMI bem pode avisar. Mas são os governantes os primeiros a ter de tomar as medidas necessárias para vencermos o desafio: trabalhando mais, produzindo melhor, descobrindo mercados que se adaptem aquilo que temos para colocar lá fora. E, não há que escondê-lo, procurar parceiros em Espanha que, com a sua prática de exportar para a Europa que lhes está mais perto, podem juntar forças às nossas, sobretudo nas pequenas empresas, e conseguir preços mais acessíveis e competitivos com as cada vez maiores “invasores” de terras distantes.
Quem avisa…

quinta-feira, 17 de julho de 2008

AQUI


Aqui
onde estou e onde me vejo
e também ali
terei o último desejo
que será
o de não deixar mau nome
o que ficará
e que tome
lugar na memória de alguns
uns tantos
mesmo que sejam comuns
e que não escondam prantos.

É aqui, neste lugar
que algumas contas faço
do que ainda me lembrar
e que resista ao cansaço
erros recordarei
certas dúvidas que mantenho
as coisas que por aí amei
e outras que ainda desdenho

Cheguei
sem pretensão
de pensar que não errei
e que sempre dei a mão
a quem dela precisou
pois alguma vez disse não
a quem ao pé de de mim chegou
seriam menos embora
do que às que disse que sim
o que bem pouco melhora
a maldade mesmo assim

Estou agora
frustrado
vou embora
nada será mudado
fixo o meu pensamento
naqueles que me estão perto
e não escondo o lamento
por já não ter conserto
e em nada alterar
a má opinião de quem
deveria bem mostrar
muito melhor que ninguém
o valor que terei tido
desigual da maioria
por isso tendo fugido
à regra da enxovia

Aqui e agora
onde escrevo esta lamúria
a esta hora
não é altura de ter fúria
isso é que não
resta-me a penitência
última consolação
de quem vive já na ausência
mas também já pouco importa
com o físico a fraquejar
não baterei a tal porta
a pedir para mim olhar
quem nunca o fez de verdade
que foi o invés de mim
agora com esta idade
só resta aguardar o fim

Afinal
será neste lugar aqui
mesmo o melhor local
para mostrar quanto sofri ?
tantas dores tantos anos
desamores
e desenganos
procurando esconder
aos olhos dos que de fora
não teriam de saber
o que na nossa casa mora

Será aqui, será
no café com muita gente
que alguém por aqui estará
a escrever o que sente
e para quê
com que intuito
se afinal ninguém vê
trata-se de um acto fortuito
que não obtêm resultado
pois o que de mim contará
mesmo sem poder ser provado
não me importará
por ser a gente abstrusa
que já hoje não me adora
e sempre se mostrou confusa
com o que larga boca fora

Pois é aqui
que faço a minha penitência
daquilo que sempre vi
sem paciência
que foi coisa que nunca tive
e muita falta me fez
pois todo aquele que vive
tem de ter a sensatez
de fingir
de tapar bem os ouvidos
de mentir
de imitar outros maridos
que são frios como penedos
que falam sem dizer nada
que não mostram os seus medos
e fingem achar piada
a tudo que passa em casa
só para dar bom ambiente
e fazem tábua rasa
do desconforto que sente

Aqui neste café
sou obrigado a pensar
e a fazer finca-pé
na forma de me comportar
vejo a hora
e é tempo de voltar
lá vou pela rua fora
há que ir almoçar

Menos um dia me falta
para deixar cá toda a malta
aqui , noutra hora
mas não agora!


quarta-feira, 16 de julho de 2008

DESENCANTO... POR ENQUANTO!

Sinto sempre a angústia de ver o tempo passar com excessiva velocidade. E agora, que tenho esta idade, muito mais rapidamente ele passa do que quando não sentia o peso dos anos sobre os ombros.
Sucedeu em tempos um acontecimento qualquer e, quando nos recordamos dele, tem-se a impressão que não foi assim tão atrás, o que nos faz exclamar: “Até parece que foi ontem!...”
Mal passa um Natal e logo nos cai em cima uma Páscoa e quando despertamos surge o calor a convidar-nos para uma ida à praia.
O passado foi há bocadinho, é o que parece agora em que assisto ao tempo numa correria desenfreada. É por isso que tenho pena. Não quero sofrer o risco de já não ter ocasião para cá deixar tudo que, talvez com excessivo optimismo, julgo que ainda serei capaz de produzir.
Aqueles que, com a minha idade, não se apressam, não se atormentam com o tempo que voa, que não têm esse sofrimento, sentam-se e esperam.
Esperam para què?

terça-feira, 15 de julho de 2008

OS PESSIMISTAS!...




Não foi propriamente uma surpresa ter assistido ao programa televisivo desta segunda-feira que leva o título “Prós e Contras”. De uma maneira geral tem-se contacto com opiniões que se contrariam, umas vezes de pessoas que vale a pena conhecer as opiniões, porque, mesmo não condizendo com as nossas, têm algum fundo de lógica e obrigam-nos a colocar no prato das nossas balanças certas razoabilidades, enquanto que outras, obedecendo a critérios de escolha de quem convida os presentes a debitarem as suas considerações, poderiam perfeitamente ter guardado para si os pontos de vista que defendem, pela insignificância das suas exposições.
Mas, dentro dos princípios de que todos têm direito a expor os seus pontos de observação, o risco dos espectadores pode ser diminuído pela mudança de canal na altura do enfado.
Desta vez, em que se falava bastante das características dos portugueses, das suas qualidade e dos seus defeitos, foi possível escutar críticas que, de uma forma geral, nós, os de cá, escondemos, desculpamos, diminuímos a importância por indicar-se sempre alguns outros povos que têm mais defeitos do que nós. E com isso, os optimistas contentam-se e fogem a apontar os erros que são os mais clássicos da nossa gente.
Apareceu, no quadro de intervenientes, uma personagem que, há muito tempo, bastantes anos até, não surga em frente das câmaras de televisão. Nem foi fácil identificar a sua figura, agora mais velho e bastante mais gordo. Tratou-se do professor Artur Anselmo (filho de uma outra figura que se identificava imenso com o antigo regime e exerceu cargos consulares) , mas que, já na altura em que intervinha perante as câmaras, dava mostras de ser uma cabeça digna de ser respeitada e uma voz merecedora de ser ouvida. Por razões que neste País não são grande mistério, foi uma personalidade que se esfumou, pois que as modas mudam e a saturação de fulanos que, nesta época em que vivemos, ocupam quase em exclusivo os quadrantes televisivos e não deixam espaço para que exista o escrúpulo de uma escolha criteriosa e exercida com uma verdadeira avaliação dos valores que ainda existem no nosso País… por mais que se escondam ou que os “preparadores” de programas não tenham tempo de vida suficiente para saber que eles existem. E ainda estão vivos.
Eu não conheço pessoalmente o professor Artur Anselmo e, quando o escutava há anos, nem sempre alinhava pelas suas ideias da época que, nesta altura e como todas as coisas, admito que se tenham alterado e apurado. Mas aquilo que ouvi e que considerei pouco fez-me nascer na consciência o prazer de ficar a saber que ainda existem, no nosso meio, figuras que bem mereciam que estas novas vagas televisivas deveriam redescobrir.
Mas falemos dos portugueses e das suas características, olhemos para nós e apreciemos o que temos de bom e não escondamos aquilo que constitui a razão de ser de nos encontrarmos, perante a evolução do mundo, no estado pouco entusiasmante em que nos encontramos.
Artur Anselmo, que deu mostras de não estar dependente de ninguém e de nenhum lugar para dizer aquilo que pensa, com a sua apreciação desabrida e clara, não foi do agrado de um certo número de participantes no programa. Os “contentinhos”, que também têm direito e existir, mesmo que não estejam sujeitos a posições mais ou menos oficiais que limitam as suas opiniões – isto está tão mau de lugares chorudos! -, esses não deixaram de pôr água na fervura dos comentários mais severos e alguns foram até mais longe, ao ponto de nos colocarem, a nós portugueses, como tratando-se de um povo exemplar e digno dos maiores elogios por parte de muitas nações que, tomara elas, se encontram muito abaixo de nós na escala de valores.
Mas, que temos todos nós, portugueses, de fazer alguma coisa, mesmo muita coisa, se quisermos sair desta situação aflitiva em que nos encontramos em múltiplas áreas da nossa vida e não serve de nada fazermos agora comparações com o que era Portugal há vários anos, antes do 25 de Abril e até logo depois, que também não foi nada que mereça elogios, sobretudo porque não soubemos aproveitar os muitos milhões de milhões de euros que recebemos de ajuda da Europa e que, ainda hoje, não se apurou quem foram os aproveitadores que, no meio dq confusão, encheram os bolsos e apareceram com fortunas que, ainda hoje, não querem nem podem explicar, repito, quanto a tudo isso não podemos ficar a fingir que não sucedeu nada sdeste teor.. Disto, poucos falam, mas a verdade histórica talvez venha algum dia a lume, se bem que já não sirva para nada pretendermos desenterrar as malfeitorias que se fizeram por esses mais de trinta anos fora- Insisto, pois, que já não resolve nada tocarmos agora nesse tema, o que não quer dizer que façamos de conta que nada aconteceu e que tudo que está a ocorrer agora, para além da influência da crise internacional generalizada, nos permitirá fazer como Pilatos…
Sim, vem de trás, da nossa História, esta maneira de ser de sermos azes a improvisar, mas uns “nabos” a esquematizar, a organizar, a cumprir planos preparados com competência, respeitando prazos e custos. Todos sabemos que as nossas obras, públicas ou privadas, nunca obedecem aos que os chamados técnicos antes idealizam. Apontem um caso e talvez, com esforço saia da memória alguma coisa! A inflação, alguém é capaz de acertar numa percentagem antes prevista? E, no capítulo das acções provenientes da administração pública, ao menos nessa área funcionam os serviços dentro das regras que o público tem o direito de existir? Querem um exemplo? A antiga Direcção-Geral de Viação, que, ninguém sabe porquê, mudou de nome, não cora de vergonha por levar 6 a 7 meses para entregar a carta de condução que caducou e que os utentes entregaram a tempo e horas? Há por aí algum ministro que surja a desculpar-se e a meter mão no assunto? E sabem que, em Espanha, a mesma mudança de documento tarda um simples quarto de hora a efectuar-se?
Quando surge um Marinho Pinto, actual bastonário da Ordem dos advogados, a trazer a público situações que merecem que não fiquemos indiferentes ao que se passa nesta família de portugueses, logo se levantam, até colegas advogados, a atacá-lo, talvez porque não sejam partidárioa de que se trate em público aquilo que tanto gostam alguns de sussurrar, enquanto se deliciam com deliciosos banquetes (e isto não é uma gracinha, é o que sucede) em restaurantes das suas preferência.
Que somos capazes de inventar soluções para puxar o brilho ao optimismo, não perdemos a ocasião e até para “inventar” que os alunos este ano aprenderam muito mais do que antes, o que fizemos foi organizar exames com questionários que deveriam ter sido apresentados a estudantes de anos anteriores de aprendizagem. É o que se diz por aí à boca cheia e ainda não se viu desmentido…
Mas, para amordaçar os que há ainda por aí e que alimentam esperanças quanto ao que espera essa juventude que não tomou consciência das dificuldades que não vão desaparecer por obra e graça de qualquer coisa, aí surgiu agora o governandor do Banco de Portugal a pintar as cores, bem escuras, da Nação, de hoje e de amanhã. É vítor Constâncio que assinala exportações em queda, falta de obras públicas, a economia a baixa.e a inflação a ultrapasar os 3 por cento, a que hoje já está acima dos salários.
E tanto mais que há para apontar como prova de que somos nós, os portugueses, que temos obrigação de não escconder os nossos defeitos e tudo fazer para os rectificar. Se é que ainda vamos a tempo. Em vez de nos irritarmos com aqueles a quem chamamos pessimistas, em minha opinião deveriam as forças públicas ser as primeiras a dar o exemplo. Como? Trabalhando mais. Trabalhando melhor. Não se servindo dos lugares que ocupam para benefício próprio ou dos amigos, mas sim puxar do brio e conseguir que, pelo menos, os cidadãos que vivem e trabalham dentro das nossas fronteiras, esses actuem de igual forma como fazem quando se encontram a defender as suas vidas para lá do território nacional. Mesmo que seja forçoso aumentar as horas de trabalho, pois então!
Seria um primeiro passo. Que não é fácil, bem sei, mas que, pelo menos servia para demonstrar que nós não somos assim tão maus, pois que, se fazemos boa figura quando deixamos para trás a Pátria, então também poderemos ser aceitáveis cá, onde nascemos.
Que os governantes pensassem um pouco nisto, já seria uma ajuda. Os que se encontram no Poder e aqueles que, por ventura, venham a ocupar os mesmos cadeirões do mando, sejam eles quais forem.
E, se aqueles que lêem estes blogues me considerarem pessimista quanto ao futuro de Portugal se nada mudar e depressa na nossa maneira de nos comportarmos, pois que fiquem satisfeitos com o que têm e oxalá consigam viver anos de vida para tirar as respectivas conclusões. Nessa altura poderá é ser tarde para concluírem: razão tinha aquele!...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

SOZINHO


Passar um tempo sozinho todos os dias
Faz bem, ajuda a pensar
Reconforta, tira-nos as manias
Mostra tudo mais alvar

Connosco falamos, procuramos respostas
Para os problemas da vida
Incute-nos forças para subir as encostas
E sara alguma ferida

Falta isolarmo-nos de vez em quando
Ter o silêncio do mundo
Pôr na correria um certo abrando
Travar p’ra respirar fundo

Se toda a gente no nosso Hemisfério
E os que mandam na guerra
Parassem e pudessem pensar a sério
Haveria paz na Terra

domingo, 13 de julho de 2008

DESENCANTO... POR ENQUANTO!


Somos, de facto, uns desencontrados.
Aquilo que afirmamos agora, noutra ocasião, noutra circunstância, com disposição diferente não descrevemos da mesma maneira.
Talvez até nos contradigamos.
E, em todas as vezes, poderemos estar convencidos de que repetimos o anteriormente dito.
Os seres humanos, de uma forma geral, são pouco constantes.
Mesmo os mais teimosos, por muito que queiram dar mostras de firmeza nas suas atitudes, no íntimo, no recato do seu eu terão dúvidas sobre se a persistência numa opção será o melhor caminho para obter o resultado pretendido.
É o que sucede comigo nos momentos em que me dedico â escrita de pensamentos que me ocorrem à flor da pluma.
Desencantado, como é o meu estado normal, com o que ocorre neste mundo, julgo ter sempre essa preocupação de sublinhar os erros e, por vezes, de apontar caminhos. Por isso, não será natural que passe a aplaudir o que antes me surgia com defeitos. Depois, rigoroso como pretendo ser comigo próprio, mais facilmente denoto erros do que virtudes.
É, aceito, uma característica negativa esta de considerar normal o que está bem e de me indignar com o que nem por isso.
Resultado: estou mais vezes indisposto do que satisfeito e eu sou o único a sofrer as consequências desse estado de espírito.
O que também me custa é que esta minha atitude não diz respeito apenas ao que ocorre fora da minha área de influência. Muito pelo contrário, a primeira reacção crítica que tomo diz respeito aos meus próprios actos e, por isso mesmo, à minha produção na área artística.
Tanto na escrita como na pintura.
Mas também, por vezes, no comportamento.
Sou, pois, mais um dos desencontrados deste mundo.
Ainda não dei com o caminho certo. O derradeiro, o da última hora; um dia alguém o encontrará por mim.
Só que a minha última vontade já não vai poder ntervir na via em que estiver então situado.
Resultado: não nos encontramos no início e muito menos no fim.
Andamos por cá à deriva!

sábado, 12 de julho de 2008

ODE


Oh! Pessoa
tu que me inspiras, que me orientas
na minha cabeça ecoa
o que em mim sustentas
com o teu génio ou o dos teus heterónimos
com rima ou sem ela
mas sempre bela
afastando os demónios.
Ajuda-me, oh! Pessoa
a escrever esta ode
pensando em Lisboa
saindo como pode
com esforço, com rompantes
contrariando o ruído do café que me acolhe
que tem algo de igual ao teu que era dantes
mas que, tal como contigo,
é o café que escolhe
a freguesia, qual porto de abrigo
é ele que anima a que olhe
e veja o que me rodeia, o mau e o bom
aquilo que me foi dado apreciar,
deleitar
e ouvir o som
com agrado ou sem ele
E desde que me conheço
é o que peço:
que Aquele,
o que comanda,
não deixe a banda
à solta.
Pessoalmente penso assim
não me importa saber
se outros julgam igual a mim,
eu sei o que fazer
com a inspiração do poeta,
não basta pegar na caneta
e divagar,
pessoar,
procurar
no íntimo do sentimento
o que tiver mais cabimento
para saudar,
gritar
que poeta serei quem for
mas por amor
ao génio de um poeta dedico
e por aqui me fico
a compreendê-lo
e a relê-lo.

Ele, que dizia não ser nada
era tudo
perdido em frente da sua janela
ou sentado no café, à mesa,
procurando a frase mais bela
e encontrando com certeza
a sua inspiração
interpretando os sonhos do mundo
com devoção
bem no fundo
carregando a carroça da vida
com o fervor de um crente
que sabe que só há ida
por isso olhando sempre em frente
sem saber que o futuro
lhe traria tanta aclamação,
que transporia o muro
da vulgarização.

Oh! Fernando
tu que não sabias o que eras
nem como nem quando
que não crias deveras
nas certezas do mundo,
que só a Tabacaria era verdadeira
porque a vias ao fundo
da tua rua inteira
onde compravas os cigarros
da mesma maneira
que sacudias os catarros
e bebias a tua jeropiga
para acalmar a ânsia de versejar
e respirar
e produzir outra cantiga
sem fadiga,
naturalmente,
mas preocupadamente
a pensar que os versos criavam nada
que acontecia zero
que não havia fada
capaz de mudar, mesmo em desespero
a vida sensaborona,
triste e pesada,
qual matrona
pavoneada.
Hoje, o mundo sempre igual continua
parece diferente, mas nada mudou
aqui nesta como em qualquer outra rua
quer para quem trabalha e também estudou
porque os políticos continuam a falar
na busca de eleitor,
a dissertar
mas não são capazes, nem querem mudar
seja o que for
lá se vão enchendo
porque o que dá lucro vai-se mantendo
que o povo, esse fica,
a gritar pelo Benfica
sem eira nem beira
agarrado à bandeira
como se fosse da Pátria a salvação
a gritar nos estádios com emoção
contra quem seja
tendo na mão a cerveja
que dá calor
tremor
mas não altera os resultados
dos futebóis ou dos pecados.
Hoje está tudo na mesma
como a lesma.

Vês, Pessoa ?
Não fui capaz.
Estás onde estás
e eu estou onde estou
e não sei quando vou.
Verás que a minha intenção era boa
que me esforcei
mas o génio não agarrei.
Não digo como tu
que não sei o que serei,
sei sim, foi o génio que ficou no baú
e que também nada herdei
e como deixei de fumar
continuo sem achar
a Tabacaria
a que te trazia
o fumo da inspiração,
a divinização.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

DESENCANTO... POR ENQUANTO!



Quando, a nível pessoal, chegamos à conclusão que a vida já nos deu aquilo que tinha para nos dar, entramos na fase da resignação. Contas feitas, já não há nada a pagar nem troco a receber. E, ao não se apurar saldo para nenhum dos lados, só resta aguardar o momento do encerrar do negócio.
Se fosse música, dava-se por finda a sinfonia, depois de se ter andado uma vida a preencher as pautas e a lutar para encontrar a melodia que tinha surgido em certa altura na inspiração. E, ao conclui-la, ficar-se-ia somente à espera que alguém a colocasse nos instrumentos de uma orquestra. Se não fosse em vida, pelo menos, mais tarde, como sucedeu tantas vezes com os grandes compositores que deixaram obras póstumas.
Mas, ao tratar-se de obra escrita, o conformismo com a falta de visibilidade pública daquilo que se produz, essa resignação também serve de conforto. E a obscuridade em que fica o que foi produzido tem a vantagem de não ser alvo de críticas dos que, em seu pleno direito, exercem essa função de julgamento do que os outros fazem e mostram.
Este estado de alma já eu demonstrei em vários textos que tenho redigido. É uma espécie de ladainha que parece contradizer a aceitação conformada a que me entrego. É que, no fundo, ainda transporto em mim a esperança de que a vida não me deu, afinal, tudo o que tem reservado para mim. Todos os dias vistorio a minha caixa de correio, na esperança de que algum editor me faça a surpresa de me mostrar a sua disposição em lançar os inéditos que tenho para oferecer À estampa.
Não será mau que a resignação, ao fim e ao cabo, esteja sempre acompanhada, mesmo que encoberta, por uma certa esperança. São duas posições opostas que, intercaladas, acabam por se dar bem.