segunda-feira, 30 de maio de 2011

A PORTA


Aquela porta aberta lá no fundo
deixa-me descobrir para além dela
sinto algo que não é deste mundo
e dá ideia de ser coisa bela

Ah, como me desperta o apetite
ir ver de perto o que lá se passa
e na ausência de um bom convite
é com coragem que parto à devassa

P’ra lá chegar encaro o corredor
profundo, escuro, algo tortuoso
o primeiro sentimento é de horror
hesito, paro, não sei se ouso

Lá me abalanço p’ra vencer o medo
árdua tarefa, às apalpadelas
de passo em passo, por vezes me quedo
há que prevenir escorregadelas

Aqui tropeço, ali me alevanto
Mas a atracção pela porta é grande
cada vez é maior o meu espanto
que tentação, nada há que me abrande

O mistério atrai, cada vez mais perto
que estará para lá? Essa porta intriga,
tenho que saber com espírito aberto
por muito grande que seja a fadiga

Levo o meu tempo, um vento me frena
tudo parece impedir que eu goze
o dom de sentir harmonia plena
ainda que seja em pequena dose

Mas tenho que vencer dificuldades
se vejo a porta tenho que chegar
o que está depois, se forem verdades
será algo que me force a lutar

Ai porta, porta, que tanto me atrais
deixa-me chegar pertinho de ti
por muitos que sejam os vendavais
bem me esforçarei p’ra chegar aí

Quero espreitar o que está para lá
aqui já se sabe, a vida é torta
vou-me arrastando aos poucos por cá
nem que seja só p’ra morrer à porta

ADEUS!...



JULGO QUE NÃO CONSTITUIRÁ SURPRESA para os leitores habituais deste meu blogue, que já tem bastante tempo de existência, verifiquem agora a confirmação de que chegou o momento de me despedir com os meus pontos de vista sobre o que se passa neste mundo e, sobretudo, em Portugal.
Tenho mantido alguma esperança de que, ainda durante a minha existência, o panorama cada vez mais aflitivo que se instalou no nosso País comece a dar mostras de uma inflexão profunda, por forma a que o futuro dos descendentes portugueses anime os actuais responsáveis e os que vierem já a seguir. E, muito embora não seja o sentido do optimismo que mais se tenha encontrado nestes meus escritos, no fundo sempre alguma expectativa se poderia encontrar nas entrelinhas.
Mas, com as eleições a surgirem já dentro de uma semana, sendo de confronto o que se assiste nas acções e intenções de todos os concorrentes ao primeiro lugar, não se verificando aquilo que se impõe que resulte da complicadíssima situação das dívidas que espreitam e que seria a de uma apertada união que, embora não coincidente com o espírito de cada grupo partidário, perante tal situação de desentendimento não é possível manter outra atitude que não seja a de prever um pior panorama para o futuro que se aproxima a passos largos.
Feita uma visão realista daquilo que eu posso ir acrescentando face ao aspecto que daremos a todo o mundo de falta de coesão política dentro de um espírito democrático que, até esse, haverá dúvidas que se seja capaz de manter, o que considero ser o mais próprio é o de suspender, sabe-se lá por quanto tempo, a expansão dos meus pontos de vista, posto que se eles não serão de grande importância neste período de dúvidas sobre o resultado eleitoral, após a confusão que vai reinar e o que eu suponho que sucederá e que é o não cumprimento do acordo assinado pelos três partidos com a Troica, ou seja, entre outros, a liquidação das dívidas nos prazos estabelecidos, o que surgirá depois como castigo por não conseguirmos um entendimento interno constituirá uma situação muito penosa para os portugueses de hoje para os que vierem a seguir.
Este meu adeus só se justifica porque eu, como jornalista que fui durante mais de 50 anos, não é agora que vou assumir uma transmissão de mentiras, ou seja mostrar credibilidade naquilo em que eu estou verdadeiramente descrente.
Os três partidos que, queiram ou não queiram, vão figurar no grupo que tem de formar Governo – e não vai ser fácil encontrar harmonia entre dirigentes que têm, cada um por seu lado, as suas ambições pessoais -, não oferecem grande garantia de que serão capazes de transmitir aos credores estrangeiros confiança de que vão cumprir o que assinaram. E, a partir daí, tudo pode acontecer.
Não estou nada convencido de que este meu Adeus deixará nos leitores alguma lástima. O futuro não está nunca nas nossas mãos e eu, por agora, vou apenas assistir ao que se passa.
Até um dia!...

domingo, 29 de maio de 2011

DIREITOS E DEVERES

O Homem tem seus direitos
os gregos foram primeiros
e a Demo com seus defeitos
teve aí os seus obreiros

Os romanos se seguiram
as Doze Tábuas criaram
mas os plebeus não se riram
longe dos nobres ficaram

A Revolução Francesa
fez algo p’lo cidadão
trouxe alguma firmeza
na sua Declaração

Mas só a França lucrou
a Europa estava fora
e o mundo nem se atinou
com tais sinais de aurora

Foi precisa uma guerra
que espalhou p’lo Universo
malefícios de quem erra
mostram o Homem perverso

No fim as Nações Unidas
lá do Homem se lembraram
p’ra tapar muitas feridas
a Declaração criaram

A segunda, a que existe
extensiva a todo o mundo
mantendo o dedo em riste
mas pouco eficaz no fundo

Muçulmanos, por exemplo
tolerância não conhecem
e mesmo crentes no templo
as mulheres só obedecem

Respeitar opiniões
é coisa que não aceitam
provocando explosões
aos que no Islão rejeitam

Porém há tantos que tais
que aos outros não dão direitos
e mandando querem mais
julgando-se até perfeitos

Pois todas as ditaduras
de quaisquer ideologias
têm as mesmas posturas
de severas tutorias

Mas de direitos falando
úteis p’ra todos os seres
é bom não ir olvidando
que também há os deveres

Uns e outros são irmãos
até gémeos por sinal
e todos os cidadãos
devem ter esse ideal

Direitos têm de haver
essa regra é de ouro
mas deveres não esquecer
fazem parte do tesouro

Nunca é demais lembrar
quem os direitos quer ter
que os deveres têm de estar
ao lado de cada ser

DEMOCRACIA



ESTE REGIME POLÍTICO que tem vindo lentamente a ser seguido por países de todo o mundo que, de uma forma geral, se libertam do oposto que é a ditadura, muito embora seja com dificuldade que as populações se habituem a seguir com rigor as regras que estipulam as bases de liberdade mínima que não podem faltar para que o sistema possa ser considerado como integrado nos seus princípios, também já foi vítima da inversa, ou seja de ser substituído tal procedimento político por revoluções que impõem o autoritarismo de certas figuras que se destacam e que põem ponto final na liberdade que era utilizada.
A prática democrática dentro dos princípios que a tornam como sendo uma forma de colocar nas mãos dos nacionais de um país as decisões que são seguidas por vontade colectiva, essa actuação não surge de um dia para o outro por simples determinação legislativa. É essencial que o regime novo que é implantado seja regulado por princípios que passam a estar controlados pelas leis que os homens criam para existir um mínimo de ordem. Mas, uma coisa é o que as Constituições estabelecem e outra é o seguimento rigoroso das liberdades que ficam estabelecidas para evitar abusos por parte dos beneficiados com a Democracia.
São necessários vários anos que derivam de sucessivas gerações que se vão habituando à prática de saber ouvir e de, sobretudo, respeitar as opiniões dos outros, para que se possa considerar que uma nação exerce com eficiência a Democracia que lhe é oferecida, pelo que os povos que não passam por esse lento hábito, geralmente clamam com vaidade que seguem o sistema, que são democratas de alma e coração, mas, logo na primeira altura, dão mostras de que se encontram longe de atingir a perfeição.
Não é necessário repetir insistentemente a frase que Wiston Churchil deixou gravada de que “a Democracia é a menos má das políticas que se praticam”, para constatarmos que a mão do homem, ao interferir nas regras que são criadas, as políticas, as religiosas e outras, comete erros e não deixa que a maneira perfeita de se exercer um princípio, por mais bem intencionado que ele seja, é constantemente deturpada.
O que se passa em Portugal, nesta altura que “já” levamos 37 anos de sistema, é bem a demonstração de que serão necessárias pelo menos mais duas décadas para que as gerações que venham aumentar o número de compatriotas já tragam no sangue o hábito enraizado de não querer contrariar, por tudo e por nada, aquilo que o parceiro opina. Pelo menos, sem antes reflectir se estará na posse de toda a razão e, mesmo assim, retirar-se de um confronto que não acrescenta nada à solução de qualquer problema.
O exemplo que nos estão a dar os nossos políticos que, ofendendo-se mutuamente, não permitem que existam concorrentes que tenham uma maneira diferente de encarar uma questão e, em vez de, cautelosa e modestamente, apresentarem as suas razões e deixar aos eventuais ouvintes a responsabilidade de decidir, essa forma de actuar é a prova provada de que a Democracia ainda está longe de fazer parte dos nossos hábitos e de que não será tão cedo que nos poderemos dar como satisfeitos pela actuação dos que são governantes daqueles que para lá querem caminhar.
Neste blogue já opinei, meses atrás, de que, nas escolas primárias, os mais novos, ao mesmo tempo que aprendem a ler e a escrever e a fazer contas deveriam ter uma classe de Democracia, ou seja criar-lhes a prática de só falarem quando o parceiro se calar e de ouvir com atenção as opiniões alheias, posto que não sabemos tudo e pode dar-se o caso de escutarem alguma coisa que seja bom acrescentar ao que já faz parte do seu conhecimento. Claro que, com um Sócrates, o que interessa são os computadores, e este tipo de opiniões não cabem na sua cabeça. Mas pode ser que apareça alguém que preste a maior atenção ao futuro de Portugal, em todas as áreas, e isso de os portugueses alterarem, de forma positiva, certos comportamentos que vêem de longas datas da nossa História, essa preocupação não faz parte dos programas dos partidos que aí estão a lutar para se sentarem nas cadeiras do poder.
Não faz nada mal que cada um de nós, mesmo sonhando, exponha as suas opiniões e fuja dos elogios em boca própria que tanto gostamos de exibir. Para alguma coisa servirá.

sábado, 28 de maio de 2011

IR PARA ONDE?

Ir a caminho e parar
não cumprir obrigação
ficar a gozar o ar
como outros também farão

Não quero
não me apetece
não entro em desespero
esperem que eu regresse
pode ser que algum dia
me salte a tal vontade
e por artes de magia
seja qual for a idade
lá prossiga
a caminhada
com mão amiga amarrada

Mas ficar onde estou
sentir a monotonia
mas sem saber p’ronde vou
metido com fantasia
nisso não sinto prazer
tal coisa não me alegra
não sei que deva fazer
preciso de certa regra

Vou andando
sem destino
e se paro não sei quando
num enorme desatino
julgando que era p’ro Norte
por isso cheguei aqui
só confiando na sorte
se foi para o que nasci
mais valia ter ficado
nas origens paternais
não atingiria o estado
de procurar ideais

Se em dada altura da vida
já não interessa o caminho
pois se está certa a partida
quando é que não adivinho
para trás ou para a frente
agora tanto me dá
se há quem comande a gente
ir p’raqui ou p’racolá
não quero
nem me apetece

RETIRADA



POR MUITO QUE SE LEVANTEM SEMPRE DÚVIDAS quanto às promessas que são feitas nos períodos pré-eleitorais, alguma coisa fica que vai mantendo-se como esperança de que não deixe de acontecer após serem conhecidos os resultados dos votos e quem garantiu que fazia uma certa coisa acabe por não faltar totalmente à sua palavra. E, neste caso, tratando-se de uma figura política em quem eu, particularmente, deposito uma enorme estima e consideração como pessoa, sempre alimento o desejo de que não surjam razões posteriores que contrariem o que foi declarado antes.
António Almeida Santos, pessoa que me merece o maior respeito ainda que, neste período mais recente tenha dado mostras de ser um apoiante incondicional de José Sócrates, primeiro ministro que, como sabem os que me lêem, não é figura por quem eu mantenha o mínimo de consideração na sua conduta política, veio garantir, numa curta entrevista publicada no “Sol”, que “se o PS perder na consulta eleitoral, Sócrates se afasta do Partido e que tudo fará para que haja um Governo de maioria”. Como esta afirmação vem de quem vem mantenho a confiança de que não vai ser um empecilho no que diz respeito à formação do novo Executivo, caso, evidentemente, o PS não se situar na primeira posição.
Ora aí está, portanto, uma boa notícia de que Portugal muito necessita, posto que a situação complicada que reina na política nacional e a necessidade que se vai verificar, creio eu, de ser uma formada uma coligação para ser obtida uma maioria, não permite que apareçam brigas entre partidos que compliquem ainda mais o cumprimento das obrigações que foram assumidas pelos grupo que assinaram o documento com a Troyka. E goste-se ou não do seu conteúdo, haja ou não necessidade de renegociar mais tarde as cláusulas que constam do acordado, o comportamento português tem de ser o mais sério possível e isso só será possível se não existirem discrepâncias internas que levantem dificuldades da nossa parte. Bem basta conseguir-se atingir os valores elevadíssimos que constam da dívida no seu total.
Por esse motivo não alargo o meu comentário de hoje a outros temas. Esta garantia que dá Almeida Santos de que o seu amigo e companheiro de Partido, Sócrates, se retirará caso não fique em primeiro lugar na classificação geral das eleições do próximo dia 5, só isso chega para se sentir uma lufada de ar fresco que, por hoje, já chega.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

VIDA MONÓTONA

O amanhã que se aguarda
pois que o ontem já passou
é algo que sempre tarda
p’ra depois ver se mudou
o fastio do que foi antes
o pouco que a vida deu
aos que foram viajantes
e a quem muito apeteceu

Ao pensar nos muitos seres
que do princípio ao fim
mesmos com vários quereres
tudo foi assim-assim
sempre igual dia após dia
hoje repetição d’ontem
enorme monotonia
sem ter nada que afrontem
concentrando-me em tala gente
dá-me para reflectir
se se pode ser vivente
sem nada para iludir

Mas a esperar qu’algo mude
p’ra variar qualquer cousa
impõe tomar atitude
correr riscos lá se ousa
porque ficar toda a vida
sempre o mesmo a fazer
é ter acesa uma ferida
que só sara ao morrer

Os que sítio saltitam
mudando de profissão
os riscos não os limitam
querem mudar de visão
ir p’ra fora, estrangeiro
mudar d’ares e de língua
é acto d’aventureiro
tentando fugir à míngua

Alguns até conseguiram
mesmo quando era a salto
depois as portas s’abriram
sendo grande o sobressalto
agora com desemprego
que grassa por todo o lado
já não é só o patego
também quem tenha estudado

Mudar de vida é preciso
fazer coisa bem diferente
nem que seja o improviso
outra língua outra gente
mesmo mudando de tema
num sítio que dê futuro
será decisão extrema
de apalpar no escuro

O que antes foi opção
de cambiar d’ambiente
hoje é uma obrigação
para se manter vivente
desemprego tudo mudou
não s’escolhe é-se escolhido
e quem a sorte agarrou
não se dá por um vencido

As circunstâncias da vida
são elas que tudo mandam
parados ou em corrida
ou os que devagar andam
obedecem, que remédio
fugir não resolve nada
por muito que seja um tédio
pior é não fazer nada

Desemprego é coisa séria
os que o sentem bem o sabem
é a via p’ra miséria
são tantos que já não cabem
sentados pelos jardins
das bocas saem-lhes lérias
e acham que são ruins
aqueles que gozam férias

Vida igual todos os dias
a não mudar mesmo em nada
verdadeira vilania
é uma sina malvada
mas sem se poder escolher
e procurando o sossego
venha à mão o que vier
tudo menos desemprego








SEMPRE OS MESMOS



SOMOS, É SABIDO, um País pequeno. E, obviamente, por via disso, de população equivalente. Apenas dez milhões, dizem as estatísticas que, recentemente através da actualização com efeitos nos dados eleitorais, permitem apurar um número mais exacto.
Porém, apesar dessa redução de indivíduos que constituem a massa nacional, não temos de viver limitados sempre às mesmas caras que surgem nas televisões e noutros locais de visibilidade pública a representar aquilo que muitos consideram ser a opinião da generalidade dos portugueses. Porque é isso que sucede em Portugal.
Cada vez que se liga um canal televisivo e se debate um tema que terá importância para ocupar um espaço de tempo, é inevitável que existem umas faces que parecem viver ao lado de cada estação e, por estarem ali à mão, são os que servem para expandir os seus comentários, independentemente dos assuntos pertencerem a especialidades muito distintas.
Não há dúvida que se verifica uma limitação, ou de gente com capacidade para dirigir a palavra aos espectadores ou ouvintes, se se tratar de programas de rádio, ou de programadores que não possuem um leque muito alargado de comentadores. Ou também, de que não querem correr o risco de experimentar pessoas novas que possam dar uma ideia de variedade e de opinadores que saiam do já conhecido.
O que eu penso é que existe, por parte dos responsáveis da comunicação, uma falta de coragem em variar, se bem que, quando se tratam de programas em que o publico participa pelo telefone, se poder constatar que só os mais atrevidos é que dão mostras de transmitir os seus pontos de vista e, com grande frequência, se depara com enorme ausência de preparação mínima para transmitir aos outros algo que valha a pena escutar.
Apesar disso, não deixo de considerar como uma obrigação dos responsáveis pelos programas que são postos no ar pelas televisões o alargarem o mais possível a lista de colaboradores que estejam dispostos a expandir os seus conhecimentos, sendo que, dessa forma, ao cumprirem um serviço público, especialmente obrigatório para a RTP, também dão provas de que os conhecimentos mais destacados não se situam limitados sempre nas mesmas pessoas.
É verdade que nas nossas estações televisivas as participações extemporâneas não são objecto de pagamento de serviços – como sucede, por exemplo, com a BBC inglesa -, e até por isso não constitui um custo convidar o mais variado número de colaboradores ocasionais, razão pela qual nós, os que apenas nos limitamos a ver e ouvir, desejamos conhecer novas caras e vozes e, sobretudo, tomar conhecimento de opiniões diferentes.
Não conseguimos deixar de ser um País pleno de limitações, mesmo quando temos possibilidade de alargar o leque de possibilidades. É na política, especialmente neste período em que as figuras conhecidas se repetem a dizer sempre as mesmas coisas – quando seria útil conhecer o que pensam os homens de rua, mesmo que tivesse de se fazer um rastreio gravado para que não acontecessem desvarios que excedessem a linguagem admissível e que a Democracia permite -, como futebol (então aí é um enjoo a repetição sempre dos mesmos), e nos temas mais variados que sempre haverá quem, sendo desconhecido, terá alguma coisa de útil e interessante a expor.
Mas isto é pedir demasiado às imaginações muito limitadas que se encontram nos postos que podem e devem contribuir para dar uma ideia alargada daquilo que os portugueses comuns são. Doutra maneira é ficarmos sempre na mesma. E é precisamente o contrário que Portugal precisa. De mudar, de dar o salto em frente, de não ficar agarrado ao que vem de trás. A História recorda-se, e é bom que assim seja, mas não serve para ser repetida sem capacidade de lhe ir introduzindo ideias e actuações que possam melhorar aquilo que somos.
Tomara eu que, no capítulo dos blogues, surjam novos comentadores a dar mostras de que o que tem sido feito e continua seja considerado fora de uso e já cansativo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

IMAGINAR NÃO CUSTA


Proponho-me imaginar
viver no tempo do Eça
com ele compartilhar
longas horas de conversa
que bom teria que ser
ouvir da boca de quem
sem ser só a escrever
teria como ninguém
histórias para contar
iguais à do Mandarim
ou à Cidade e as Serras
sempre com um bom fim
lembrando bonitas terras

E com Pessoa também
lá no café das Arcadas
sentir-me-ia tão bem
como num conto de fadas
tristeza com tanto interesse
mesmo em Desassossego
seria uma benesse
e também um aconchego
antes de ter grande fama
pois só depois de morrer
alcançou a boa chama
do mundo reconhecer
de tal Homem o valor
qu’imagino ao meu lado
servindo-me de mentor
do por mim desejado
génio que eu bem procuro
o tal que eu não alcanço
no presente e no futuro
e só vejo de raspanço

Imaginar, pois, não custa
e isso faço por vezes
por muito que seja injusta
essa acção dos portugueses
que melhor é seu desejo
para si e para os seus
eu no meu papelejo
vou fazendo os meus Orfeus
que para depois eu deixo
s’houver alguém que deseje
por virtude ou por desleixo
e ainda que boceje
reler alto e em bom som
os textos e os poemas
o que é mau e o que é bom
mesmo não sendo emblemas

Mas deixem-me imaginar
as tertúlias com poetas
com escritores a atinar
também com as suas petas

Já que hoje se perdeu
o costume de juntar
à mesa de um ateneu
gente só p’ra falar
que façamos pelo menos
o esforço de recordar
e assim imaginemos
o prazer disso gostar

IMAGINAR




ISTO DE NOS PORMOS A IMAGINAR coloca-nos, por vezes, em situações de que não conseguimos encontrar forma de sair. Foi o que me aconteceu recentemente.
Expus-me à posição de responsável por um partido político em pleno período de propaganda eleitoral. E, com a ambição de conseguir adesão às minhas propostas, procurei não me igualar ao que se assiste permanentemente nas televisões, em que cada um se preocupa sobretudo em atacar os concorrentes, expondo sempre e só os seus defeitos.
E foi assim que me imaginei num palanque defronte de uma multidão de seguidores do grupo por que eu respondia.
Afirmei então e desde logo que não iria referir-me aos outros concorrentes, nem mesmo para responder a eventuais acusações que me fizessem os que lutavam para destruir as possibilidades de existirem tendências para o partido que eu estivesse a defender. Punha bem claro nas cabeças dos meus ouvintes directos ou os que tomassem conhecimento do meu discurso por leitura em jornais que a minha intenção era exclusivamente o expor as intenções que mantinha para efeitos de obter uma boa votação eleitoral e, claro, se fosse o mais contemplado para poder formar governo, de que não esteve disposto a apontar defeitos aos outros participantes, posto que a minha intervenção naquele confronto só se justificava pela indicação do que o meu grupo se encontrava disposto a fazer e não o combater erros, na minha óptica, que os concorrentes utilizassem para atrair adeptos nas urnas.
E, no meio dessa imaginação, a pergunta que eu deixava em aberto é se os potenciais votantes prefeririam uma atitude limpa de concorrer ou se o melhor resultado só se conseguiria através dos ataques e das maledicências que fizesse aos que ocupavam o seu tempo de propaganda a apontar defeitos aos que pretendiam, o mesmo.
Pus-me no papel de um produto que fosse de uso geral e que tivesse de lutar com a concorrência de outros, com outros nomes, para conseguir introduziu-se no mercado. E fiquei na dúvida. Será que o público adere melhor a um artigo que propague as vantagens em ser o preferido ou antes escolhe, no momento da compra, o produto cuja publicidade seja a de atacar os outros.
E não cheguei a conclusão nenhuma, posto que a população, sobretudo a portuguesa, não actua com base na lógica e nos bons comportamentos, indo bastante atrás dos dizeres, especialmente os mal, pelo gozo que isso lhe transmite de lhe serem contadas histórias que, de certo modo, até divertem.
Mas lá que imaginei, isso sucedeu. Só que não fiquei em condições de dar conselhos.
E já agora, a propósito desse exercício da imaginação, a notícia divulgada ontem de que já chegou o primeiro cheque do empréstimo proveniente da reunião da Troyka em Lisboa, algo mais de 7 mil milhões de euros, isso não se trata de um desejo mas sim de uma realidade, ou seja, parte dos outros milhares de milhões que constituem o acordo a que se chegou e de que três partidos assinaram o documento de compromisso de cumprimento das condições que ficaram estabelecidas para essa ajuda. O que não se sabe é como vai ser gasto esse montante, mas, seja no que for e ainda que tenha o controlo dos estrangeiros (coisa que ofende muitos portugueses, pois considera que temos cabeça para nos gerirmos a nós próprios), é para acrescentar ao muito que faz parte da nossa dívida e que tem de ser paga, doa a quem doer e por quem cá estiver na altura própria… ou não!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

REVOLTA

Que revolta
desconsolo
ansiedade
bem queria dar a volta
e ir até ao miolo
da minha obscuridade

Verdade
mistérios
respostas claras
estou pleno de vontade
que me mostrem factos sérios
sem inventos e sem taras

A suceder
a dar-se
ter fé como crentes
não terei o que temer
que usar qualquer disfarce
para me mostrar às gentes

Séculos passados
dois mil anos foram
sem provar
nem fanáticos nem letrados
nem aqueles que tanto oram
no que eu quero acreditar

Ter fé é preciso
querer saber
respostas das questões
terei de perder o siso
basta entregar-me ao crer
sem pôr quaisquer condições

Triste ignorância
querer aprender
com independência
só me restará a ânsia
de ir sem satisfazer
tão grande impaciência

Sacanices
e invejas
grandes perseguições
um mundo de aldrabices
só beatas nas igrejas
o perdão com confissões

É o céu
e o inferno
bondade e Satanás
desconfiam do ateu
e até o próprio Governo
sem fazer a marcha atrás

Ser sério,
honesto
frontal
não aceitar o mistério
há que não dar o pretexto
de sem saber dizer mal

Será assim
vida fora
sempre igual
pergunto à volta e a mim
mas não sei aonde mora
quem me dê algum sinal

Por isso
contrariado
temente
fechado no meu ouriço
sem fé e amargurado
não sinto o que outrem sente

No Além
fora do mundo
ali
será que haverá alguém
que me faça ver bem fundo
aquilo que nunca vi ?

COITADINHOS...



NÃO SEI SE É HABITUAL o português comum pensar no que sucederá aos políticos, sobretudo aqueles mais visíveis no panorama nacional, na altura em que, por razões de escolha eleitoral são forçados a mudar de funções e se vêem afastados dos benefícios que recebiam antes. Tenho as minhas dúvidas que o Silva, o Lopes, o Joaquim dediquem algum tempo a este tema. Aquilo que grande parte dos homens que surgem a prestar as suas declarações públicas e afirmam com grande ênfase “que os portugueses sabem”, convencendo-se e querendo transmitir aos outros que a população acompanha a par e passo o que dizem e o que fazem, não passa, por um lado, de uma expressão de vaidade e, por outro, de um desconhecimento absoluto daquilo que é o povo que nós somos e da importância que dão ao que ouvem nas discursatas que espalham por todo o sítio.
Seja como for, a impressão que tenho é que, se por uma parte, não se preocupam os nossos compatriotas com o futuro dos que, em certa altura, se encontram no auge da sua actuação. De igual modo não se dão conta das enormes mordomias que passam a auferir quando deixam certos cargos e se dedicam a outras funções. Um exemplo rápido: Vítor Constâncio, que foi governador do Banco de Portugal, nesta altura ganha 25 mil euros mensais, como vice-presidente do Banco Central Europeu, ou seja mais sete mil do que auferia por cá. E por aqui se pode bem imaginar o que sucede e já sucedeu a muitos dos que cometeram tantos erros no nosso País e que, numa escapada esperta mudaram de casa e de sítio onde viviam.
Eu só estou à espera para ver – e oxalá seja rápido – o que vai suceder a José Sócrates na altura em que, por ter sido “despedido” da sua triste figura como primeiro-ministro, será certamente convidado por uma organização importante do estrangeiro para passar ai a exercer a sua actividade. E, se assim for, ainda bem que muda de Terra, pois por cá já não deixa saudades.
Isto digo eu, mas o pior é se nada disto se vai passar e no próximo dia 5 de Junho o resultado das eleições não o porá fora da corrida. É que, em Portugal e com o nosso povo, tudo é possível acontecer. Que o Partido Socialista, que foi o maior implantador da Democracia depois do 25 de Abril, não seja capaz de verificar que a escolha que fez para seu secretário-geral foi o maior erro político que cometeu um grupo que merecia ser orientado por uma cabeça que se aproximasse das que historicamente passaram por aquela Casa e que, nesta altura, teima em manter o seu “coveiro”
Se tudo isso não tivesse implicações directas sobre o caminho que Portugal tem passado e no que respeita ao que o espera, seria um problema apenas de uma parte de membros de uma associação política, mas o pior é que não é nada disso.
E os “coitadinhos” que vão conseguindo “lugarões” longe de Lisboa, esses riem-se e ficam entretanto a aguardar que, um dia mais tarde, regressem com uma posição também invejável.
É preciso enumerar exemplos?

terça-feira, 24 de maio de 2011

CONTAR

Andar sempre a contar
e não tirar conclusões
só serve p’ra s’esgotar
e perder as ilusões
aquilo que perguntamos
sem resposta conseguir
e sem sair donde estamos
é coisa para afligir

Afinal isso do quantos
que na pergunta nós pomos
pode até causar espantos
e provocar muitos comos
que há razões para o fazermos
e a contar pelos dedos
será o que merecemos
afastando todos medos

Contar segredos guardados
de tantos já esquecidos
e os defeitos sanados
como os bons actos perdidos
as pessoas que se amaram
em grandes e em pequenos
porque as que se odiaram
talvez tenham sido menos

Se fizer biografia
e contar bem pelos dedos
aí perderá mania
e deixará os medos
ao ver que a quantidade
é maior do que pensava
maldade

CAVACO FORTE E FEIO...



O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, reeleito com votos suficientes para poder exercer as suas funções sem o menor receio de ser acusado de não estar a ser útil aos interesses de Portugal, caso, de facto, assim proceda, não se tem dirigido aos portugueses com a assiduidade e a oportunidade bastantes para tentar que alguma coisa mude na forma de comportarem-se os seus concidadãos. Sobretudo porque, no final deste seu mandato, não terá de concorrer ao lugar…
Tal como dizia Salazar muitos anos antes, que teve a frase que ficou na memória de “produzir e poupar”, também agora surge Cavaco Silva com algo idêntico de “trabalhar melhor e poupar mais”. Não se trata, portanto, de alguma novidade.
Nesta minha coluna sem importância tenho repetidamente afirmado que, no nosso País, as preocupações que mais se apontam são as das reduções de horas de trabalho, concedendo feriados com fartura e aproveitando as pontes o mais que é possível para que o descanso faça parte, em primeiro lugar, das regalias dos que têm profissão. E esta minha insistência em que os que têm ainda emprego façam todos os possíveis por o resguardar e, nesse sentido, se dediquem às obrigações que lhes cabem de serem o mais produtivos que for possível.
Pois o que o Presidente da República deveria insistentemente dizer aos cidadãos é que, se se queixam das condições de vida tão difíceis que têm de enfrentar e do futuro que se lhes apresenta não ser de molde a criar esperanças, pois que está nas suas mãos criarem as condições para que o panorama mude radicalmente. E, como é óbvio, também os profissionais da política, seja qual for o partido a que pertençam, têm obrigação de, mesmo que as recomendações para trabalharem melhor não lhes dê votos – e é por isso que se afastam dessa luta – insistir para que mudemos todos de atitude de trabalhar mal e pouco e passemos a dar o máximo de nós para que se atingir objectivos diferentes dos que temos actualmente
Mas repito, Cavaco Silva, que não tem o seu futuro político dependente daquilo que recomendar aos portugueses – e mesmo que o tivesse -, esse é que tem obrigação de apelar, mesmo cansando os nossos ouvidos, para que alteremos completamente, todos de nós, sejam quais forem as actividades a que nos dediquemos, o sentido do “desenrascanso” que mantemos sempre na nossa actividade, nesse “logo se vê” que é também a causa dos erros que cometemos para depois termos de nos livrar deles – e as dívidas acumuladas, os gastos feitos sem dinheiro, a vida boa que depois se resolverá, tudo isso que nos conduziu ao ponto a que chegámos -, é para esse comportamento que o Presidente da República tem obrigação de chamar a atenção e não se calar com uma máquina publicitária bem estruturada, de maneira a que produza algum efeito e deixemos de assistir constantemente à porta dos escritórios e das repartições publicas, assim como das lojas, ao espectáculo triste e preguiçoso de funcionários agarrados aos seus cigarros e a não fazer o serviço que lhes compete no interior dos espaços de trabalho.
Isso, para não referir os telefonemas particulares que ocupam uma grande parte do tempo de trabalho com conversas inúteis.
Eu, por mim, ao fim de mais de 50 anos de cumprimento das minhas obrigações – até porque antes não se brincava tanto em serviço -, não descanso enquanto não assistir a uma mudança, por pequena que seja, da mandriice que ocorre em Portugal.
Mas não haverá mais ninguém que seja capaz de vir a público dizer aquilo que todos sabemos que existe?

segunda-feira, 23 de maio de 2011

OPINIÃO

Entendi, já muito tarde
que o dar opiniões
nem sequer serve de alarde
só provoca confusões
faz-nos parecer importantes
e se há alguém que nos oiça
mesmo sendo bem falantes
só pode partir a loiça
em bem calmo ambiente
no meio de muita gente

Se ninguém faz a pergunta
é guardar bem lá no fundo
quanto mais coisas se junta
mais perto se está do mundo
próximo ficando longe
pois que o saber demais cansa
o mais feliz é o monge
que não lhe agrada a falança
o calado é o melhor
quem maça é o falador

Opinar, essa atitude
que há quem goste d’exercer
até faz com que alguém mude
a sua forma de ser
opinião que assente
em bases bem estudadas
pode até ser convincente
não provocando maçadas
tenhamos pontos de vista
sejamos ou não artista

Calado é que eu não fico
não dizer sempre o que penso
que me chamem mafarrico
não preciso de consenso
o que tenho é que dizer
tudo que me vai na alma
pois isso me dá prazer
embora me tire a calma
contrapor é o que importa
pois que a fala não está morta

Afinal o opinar
É só p’ra desagradar

OPINIÕES



A REVISTA “FLASH” PUBLICOU esta semana uma série de comentários de diferentes pessoas, mais ou menos conhecidas, sobre o tema “Vale a pena ser português”. E as mais variadas respostas foram dadas, sendo os fundamentos baseados nas experiências de vida e nas bases de preparação de cada um dos interpelados. A escolha dos interrogados compete, obviamente, à própria publicação, pelo que as diferenças e as qualidades das afirmações feitas representa somente o que cada um dos autores mostra ser capaz de contribuir para que se fique com uma ideia algo fundamentada daquilo que os portugueses são capazes de pensar.
Não vou neste meu blogue referir-me, concreta e individualmente, a afirmações feitas pelos inquiridos, o que seria interessante pelo menos no que diz respeito à importância que é dada neste nosso País, em particular por alguns meios de Informação, a indivíduos que não se justifica que surjam a divulgar as suas opiniões. Toda a gente tem esse direito, é óbvio, mas se não se tem o cuidado de escolher os que acrescentam alguma coisa de interessante e útil para que seja formada uma opinião tão aproximada quanto possível do que são os portugueses de hoje, aqueles que atravessam um período de tão grande dificuldade e que necessitam, mais do que nunca, de estar conscientes daquilo que somos e do que devemos passar a ser.
Mas, pelas afirmações que podem ser lidas na referida Revista, fica-se com uma ideia de que, na sua maioria – para não dizer que são raras as que dão mostras de algum sentido da realidade -, os elogios que são feitos ao povo português (que tem de incluir, evidentemente, as camadas que estão integradas na vida pública), os tais “orgulhos” agora tão evidenciados em quase todas as demonstrações do comportamento nacional, esses surgem a cada passo.
Ora, aquilo que tem sido uma constante nos textos que publico diariamente neste blogue e que muitos apelidam de pessimismo crónico, assenta sobretudo no contrário, isto é na chamada de atenção que tem de ser uma constante dos mais responsáveis – incluindo os meios de comunicação social – de que se impõe uma mudança de mentalidade de todos os compatriotas nacionais, chamando a atenção para o que corre mal por forma a que possamos, a tempo de ainda ser útil, mudar de forma de actuar, ou seja produzindo com honestidade, não desperdiçando tempo com inutilidades e, em lugar de se desejar menos horas de trabalho se aceite utilizar bem o tempo dedicado à produção de cada um.
Isto de afirmar que vale a pena porque “somos um País pequeno, mas com grande dignidade”, “porque a nossa História é rica”, “pelo seu povo simpático”, “porque temos de gostar de nós próprios”, “porque está a 7 horas de Nova Iorque” e tantas outras razões apresentadas por aqueles que se dispuseram a tornar público os sues pontos de vista, essas proclamações não podem servir de pontos de orientação para o futuro que tem de ser enfrentado sem ilusões de milagres.
Nenhum português gostará que sejam os estrangeiros a indicar os nossos defeitos, mas não tem a menor utilidade se passarmos a vida a gabarmo-nos, a colocarmo-nos no poleiro das vaidades por motivos que não têm o menor peso para emendarmos os erros e os defeitos que nos caracterizam e que tanto escondemos. Por isso, da minha parte não participo nessa onda dita de “antipatriotismo” só porque não escondo, nos escritos de que sou autor, a necessidade de mudarmos em muitos dos nossos costumes se queremos, de facto, entrar na corrida para sairmos do fim da corrida e tentarmos chegar aos que se situam nos lugares cimeiros.
Sim, temos de ser mais trabalhadores, de não alinhar nessas campanhas tidas como de sindicalistas, de “defesa” dos trabalhadores, clamando por menos horas e mais dificuldades em seleccionar os que merecem ser acarinhados porque cumprem as suas missões com honradez laboral, de não desperdiçar o tempo em que estão a ser pagos e que, lá fora, quando actuam como imigrantes, constituem uma característica que lhes a preferência dos empregadores. Se é esse o comportamento quando actuam fora de portas nacionais, então que usem o mesmo sistema sempre que é em terras portuguesas que empregam o seu esforço.
É pena que a revista “Flash” – e esta afirmação faço-a com base em mais de 50 anos de actividade na área, com todas as funções e também de responsável superior de alguns títulos – não tenha feito uma selecção mais apurada dos questionados, por forma a que não faltassem opiniões que não seguissem todas a linha dos elogios, de sermos como somos… e ainda bem!

domingo, 22 de maio de 2011

MÉRITO

Aquele que nasce pobre
e rico acaba a vida
que deixe o que lhe sobre
a quem nem possui guarida

Por esse mundo de Cristo
há quem na vida amarinha
por vezes fica mal visto
em redor só deixa espinha

Se ao mérito se deve
a sua boa ascensão
isso é de quem se atreve

a prestar boa atenção
ao que não sendo até leve
precisa de forte mão

SABER ENTREVISTAR



QUANDO A PROFISSÃO DE JORNALISTA era conseguida ao fim de muito tempo de prática, em que os chefes de Redacção punham à prova os candidatos que tinham de ser considerados uns especialistas em generalidades, isto é uns “paus para toda a obra”, pois na altura não existiam particularidades na actuação e até, injustamente, os que se dedicavam ao desporto não tinham a classificação sindical de jornalista, todos os que se sentavam nas cadeiras das Redacções do jornais tinham de estar preparados para o que lhes calhasse ter de efectuar, desde uma notícia de um acidente ocorrido na altura até uma complicada e difícil entrevista a um elemento de preponderância, sendo, no entanto, que estas funções cabiam geralmente aos profissionais com mais anos de carreira e com bastantes provas dadas, nessa altura havia os que ensinavam e os noviços iam entrando na área através da responsabilidade que lhes era atribuída pelos seus chefes. E quantas vezes, ao ir-se entregar ao chefe um texto que tinha sido pedido, este, depois de lê-lo, o amachucava nas mãos e deitava-o para o cesto dos papéis, recomendando que fosse redigido outro, apontando os defeitos que encontrara. Escrever muito e para deitar fora era uma das formas de praticar jornalismo e só fazia bem esta prática, da mesma forma que os professores de instrução primária da época obrigavam a fazer redacções repetidamente e essas provas serviam de apuramento para e feitos de exame da quarta-classe.
Bem me recordo de, no início da minha actividade profissional, serem feitas recomendações de que o entrevistador não tinha que evidenciar opinião e muito menos mostrar contrariedade em relação a um ponto de vista que fosse defendido pelo entrevistado. O que sim se podia era acrescentar mais perguntas para esclarecer o que não parecia ser uma resposta clara que elucidasse os leitores do jornal do que pensava a figura que estava em causa. Mas nunca, por nunca ser, o jornalista expressava a sua opinião.
Nessa altura não havia ainda televisões e nem sequer gravadores que registassem o que consistia os pontos de vista dos que eram interrogados. A memória era fundamental e a escrita à pressa, com gatafunhos, do que era necessário registar consistia a única defesa do profissional que tinha a seu cargo transmitir, o mais fielmente possível, aquilo que obtinha como resultado do seu questionário.
Nunca esquecerei que, há vários anos, ao entrevistar em Paris o que tinha sido uma figura histórica da política francesa, Mendes-France, em sua cada, tendo este recusado que fosse utilizado um gravador que já se usava nessa época, fui obrigado a, mesmo em francês, ir escrevinhando o que me foi transmitido pelo entrevistado. E, ao sair do andar da sua casa, sentei-me nos degraus da sua escada e ali, antes que me passasse muita coisa do que tinha sido comunicado, tratei de passar a limpo para o resto do caderno aquilo que ainda conseguia conservar e traduzir dos apontamentos tomados. Uma verdadeira aventura!
Pois bem, vem esta descrição a propósito de quê? De que, num momento como este que atravessamos e em que os confrontos entre os vários responsáveis partidários são correntes, sendo mais necessário do que nunca que os portugueses reduzam, o mais que puderem, as dúvidas que mantiverem sobre a orientação a dar no próximo dia 5 nas eleições, sendo a televisão uma forma de transmitir directamente ao público aquilo que os candidatos têm a dizer, as entrevistas, sejam elas em forma directa ou em frentes entre mais do que um interventor, a forma de actuar dos jornalistas é da maior importância e tem de ser cuidadosamente preparada e recomendada para que não corram as deficiências que se verificam em grande número.
É verdade que os entrevistados têm de ser orientados para não repitam, vezes sem conta, matérias que já tratadas nesse mesmo programa, procurando que passem à frente no que respeita a outras perguntas que obriguem a mudar de assunto. Uma entrevista não põe transformar-se num discurso de propagada política e partidária, mas sim de esclarecimento sobre temas que o jornalista tem de saber que constituem preocupação dos portugueses na generalidade. E tem também de constituir uma preocupação permanente do condutor da entrevista que não se avolumem vozes, posto que sucede com frequência não se ficar com uma ideia clara sobre o que o entrevistado ou os, quando são mais do que um prestar esclarecimentos, se baralhem com o intuito de obstruir que passe aquilo que o oponente pretende dizer. E se é o próprio jornalista a provocar essa confusão de vozes, então menos se desculpa que tal aconteça.
Os exemplos que têm sido mostrados, nesta época mas isso vem de mais longe, de falta de profissionalismo e de bom trabalho por parte dos que conduzem as operações, tal actuação, sobretudo por parte de quem passou por períodos de aprendizagem muito severos que antes faziam parte da preparação dos profissionais, não pode deixar indiferentes os mais velhos que, com o andar dos tempos, cada vez são em menor número. Mas quem, como é o meu caso, assiste às situações que agora são correntes, não pode deixar de ficar incomodado e de constatar que não avançámos nada no modo de actuar e que, especialmente agora, com faculdades que pretendem ensinar com canudo os que pretendem enveredar pela profissão, muitos dos que se encontram colocados nas Redacções, se fosse antes veriam os seus trabalhos irem directamente parar no cesto dos papéis, tendo de repetir as vezes que fossem necessárias até à altura de serem considerados aptos para a profissão que escolheram.
É muito difícil ser um bom profissional neste sector. É verdade. Mas, para além da preparação escolar que obtenham, tal com um músico, um artista de artes, um escritor ou de qualquer outra actividade que requeira muito do que existe dentro de cada indivíduo, não chega invocar um “canudo”. É muito mais do que isso…

sábado, 21 de maio de 2011

A ESPERA

Quem na vida que se leva
parte dela não passou
à espera de quem lhe deva
veja o dia em que pagou?

O esperar é bem a sina
dos que andam pelo mundo
e sentar-se numa esquina
não é só p’ra vagabundo

Eu já vou, não me demoro
diz quem pede paciência
se se trata de um namoro
é sempre grande a urgência

Espera aí um bocadinho
às vezes é coisa d’anos
pode bem ser um espinho
que causa enormes danos

À espera andamos todos
desde o primeiro dia
e cansamo-nos a rodos
na esperança de magia

ELEIÇÕES



CADA DIA QUE PASSA e encurta o espaço de tempo que falta para as próximas eleições, maiores parecem ser as dúvidas quanto ao resultado que será apresentado aos portugueses, sobretudo levando em conta as sondagens que têm sido apresentadas e que dão mostras de que a diferença entre o PS e o PSD não garante qual dos dois sairá vencedor desta próxima competição.
É verdade que os indecisos, de uma forma geral, não são muito esclarecidos nas amostragens que se fazem antecipadamente, e será possivelmente daí que saltará a resposta à confusão que baila nas cabeças dos portugueses.
Já tive ocasião de adiantar que Paulo Portas está a fazer todos os esforços para vir a constituir o contrapeso que, à última hora, poderá ajudar a encontrar a maioria absoluta tão necessária. E, sendo assim, o CDS acabará por impor condições e a participar num Governo que tenha de ser constituído, com a vantagem de poder escolher a pasta ou as pastas que mais lhe interessarem e que já se sabe que uma delas vai ser a agricultura.
Escrevo isto também para tranquilizar um pouco os portugueses que não sustentam grandes certezas em relação ao PS ou ao PSD, posto que os partidos da Esquerda radical não influenciarão de forma decisiva o apuramento final.
Atrevo-me, por isso, a antecipar que os votantes irão, durante o período da campanha eleitoral, aproximando-se da escolha que mais os atrai e, no momenta o que atravessamos, em que temos um José Sócrates, ou deveras idolatrado ou pelo contrário odiado, mas um Pedro Passos Coelho que não deu mostras ainda de poder vir a ser um primeiro-ministro com capacidade para dar a volta a todo o sistema político e tenha o apoio bastante por parte do interior seu Partido para poder tomar decisões que não resultem apenas da sua forma de interpretar as situações mas, pelo contrário, sejam fruto de discussões interna em que as opiniões dos outros contem para se fugir a medidas individuais e susceptíveis de constituírem erros.
O frente a frente que foi apresentado televisivamente ontem entre José Sócrates e Pedro Passos Coelho mostrou como é difícil em Portugal conseguir que dois opositores sejam capazes de, perante assuntos que e reconhece que não mereceram as melhores soluções, dar razão ao adversário e, até com isso, cair bem no ambiente dos espectadores, o que, ao contrário do que é corrente entre nós, até pode aumentar a simpatia e, nesse caso, contar positivamente para efeito do voto na altura própria.
Dias antes, ao ter sido mostrada uma entrevista ocorrida entre um jornalista de uma estimação televisivos norte-americana e um político de importância naquele País, nunca ocorreu um atropelo de pergunta/resposta, antes ambos se respeitaram e só intervieram de um dos lados quando o outro já tinha terminado o que estava a declarar.
No programa de ontem, quem aguardaria por afirmações dos dois lados que esclarecessem as dúvidas e que contribuíssem para, no dia 5, serem preenchidos os boletins de votos em plena consciência, nesse particular não terá ficado suficientemente aclarado, pois que os problemas gravíssimos que tem Portugal pela frente e que precisavam de ser tratados pelos dois antagonistas, nada disso foi tratado e antes se falaram de temas que, sendo importantes, não era ali que deveriam ser aflorados. Por exemplo, o tema dos “despedimentos sem justa causa” e tantos outros, em que, como sempre lá apareceram as percentagens que só servem para deixar os portugueses mais confusos, ocuparam tempo e não acrescentaram nada ao “saco dos boletins” que contarão para, no dia 6, estarmos elucidados sobre o que nos espera logo a seguir.
Mas são estes os políticos que temos. E enquanto não mudar muita coisa que faz parte da vida e da luta política nacional, teremos de suportar estes tristes espectáculos de decadência atrás de decadência tudo indica vir para ficar.



sexta-feira, 20 de maio de 2011

PAGAR AS DÍVIDAS



ESTE TEMA TEM VINDO A SER REFERIDO nos vários frente-a-frente a que houve oportunidade de assistir na televisão e em que dois responsáveis por partidos políticos do nosso País trocam pontos de vista. E, é verdade, quer o Bloco de Esquerda quer o Partido Comunista, são os grupos que mais insistem nesta atitude de não se deixar envolver pelo problema de ter que pagar os empréstimos e, sobretudo, os juros que são considerados escandalosos.
Vem a propósito, face à observação que foi possível fazer das duas figuras que representam o Bloco e o CDS, ambos bastante convencidos daquilo que defendem e em que o responsável pelo CDS, Paulo Portas, terminou com quaisquer dúvidas que possam ainda existir no que respeita a uma determinada vaidade, se assim se lhe pode chamar, pelo uso excessivo do “eu”, pois que, como tenho afirmado em diferentes ocasiões, poderá constituir uma fonte de preferência pelo voto em tal personagem ou, ao contrário, servirá de relutância em escolher alguém que não leva em linha e conta o conjunto do seu partido, considerando-se, por isso, insubstituível, o melhor, o decisivo.
Seja como for, o que tem de preocupar os portugueses é que tudo indica que o resultado das eleições do próximo dia 5 de Junho não darão um escolha indiscutível, antes obrigarão o Presciente da República a usar do seus direitos, pois que isso de sair um Partido com uma soma de votos que lhe dê, abertamente, a maioria da governação sem companhia, é coisa que pouca gente terá como hipótese possível, o que quererá dizer que o entendimento partidário após a votação fará com que se crie um panorama de difícil solução.
Chegue ou não chegue a tempo o empréstimo previsto pela Troyka dos 78 mil milhões de euros, de que já se sabe que uma grande parte já está destinada e de que já nem vale a pena lastimamo-nos por não ir ser utilizado todo o dinheiro para fazer frente a encargos inadiáveis, perante isso há que prever que o montante que nos está destinado não durará o tempo suficiente para suportar a enorme diferença que existe entre aquilo que produzimos e o que gastamos (dito assim para utilizar uma linguagem compreensível por todos e não cair no vício das percentagens que deixa o povo mal esclarecido), o que quer dizer que é mais do previsível que não fica por aqui o total dos empréstimos que se acumulam para os futuros cidadãos se preocupem em liquidar.
Mais um pessimismo, dirão alguns. Pois será, mas como não será preciso esperar muito tempo para se encarar a realidade, quem cá estiver que confirme ou se regozije por não ser assim tão mau o panorama que é apontado.
Quem me der andar enganado. Não faço nenhuma questão de ter razão antes de tempo. É bom prevermos mal os assuntos para podermos depois pedir desculpa a quem leu estes textos.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

PRESIDENTE DO FMI



COM TANTOS ASSUNTOS da maior importância que provocam as maiores perturbações ao mundo, não parece ser compreensível que o caso do presidente do FMI, que resolveu impor relações sexuais a uma empregado do hotel em Nova Iorque onde se encontrava hospedado – e tudo indica que o preço por quarto nesse estabelecimento de muitas estrelas é o que menos importa, mesmo sendo pago com o dinheiro dos países que pedem apoio àquela organização por se encontrarem condições de aflição financeira -. tenha provocado tanto motivo de alarmismo e ocupação de tamanho espaço em toda a comunicação social de todos os sítios, para além da situação de cadeia para muitos anos que se prevê que lhe vai suceder.
É óbvio que não há que defender seja quem for que tome uma atitude (ou parece que várias) semelhante à que o senhor do FMI parece ser viciado, mas o que não se compreende é que, para além das medidas que a Justiça possa tomar em situações semelhantes, se olhe para este caso com tanta importância ou mais da que foi, por exemplo, a da morte de Ben Laden.
Cada vez menos compreendo este mundo. E ao não entendê-lo, o melhor é passar ao lado.

Ah! E já agora referir o nome do Homem que está a passar por este drama, já que quase ninguém o tinha fixado até esta altura e, mesmo asim, continua pouco pronunciável: Strauss-Kahn!...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Continuo a aguardar que uma alma caridosa dê uma espreitadela neste meu blogue que está com manias. Logo que possa darei notícias, mas até me lembra os tempos da maldita Censura em que se escrevia, escrevia nas Redacções e depois vinha tudo para trás com o carimbo de proibido.

terça-feira, 17 de maio de 2011

REFORMADOS - ESTES E OS OUTROS!...



SE ISTO É PARA ENTENDER, então eu mantenho-me no meu lugar que é o de andar permanentemente confuso, ou seja, não perceber nada do que fazem e dizem os senhores que tomam decisões em nome do Estado. E, mesmo com um Governo a sair de cena, as decisões que são noticiadas só servem para nos provocar maior confusão e desconfiança de que andam a brincar connosco.
Já nem vale a pena repetir o que é sabido por todos: o País está de tanga e as ameaças de que não estará muito longe o dia em que não haverá dinheiro para pagar as reformas, esse susto estará aí ao virar de umas esquina e agora, com as eleições que espreitam, quem vier tem todos os motivos para acusar quem partiu de que deixou os cofres vazios e que a culpa pertence, portanto, ao que já não estiver no poleiro.
Então aceita-se de bom grado que as chamadas “pensões douradas”, ou seja reformados que recebem mensalmente para cima de 4.000 euros, que é o máximo atribuído, já custe ao Estado cerca de 350 milhões de euros e que, esta ano, já há mais 59 reformados que recebem cerca de 5.000 euros mensais, contradizendo a regra estabelecida e a tendência é que, até ao final do ano, o crescimento se verifique de forma inaceitável.
Claro que os sujeitos bem colocados e a pontos de se encontrarem perto da idade mínima que a Lei prevê para mandar para casa quem tem ainda condições para se manter no trabalho, logo a descontar e não a receber, aproveitam as oportunidades que as leis feitas pelos seus compadres lhes proporcionam e, antes que seja tarde, “ala, que se faz tarde!”, indo gozar uma quantidade enorme de anos que ainda têm pela frente e, em muitas situações, ainda vão ocupar um lugar, numa empresa pública ou semi, e acrescentando mais uns “trocos” que bem sabem para umas idas de férias a ilhas exóticas.
É o que vale ainda nesta Terra sem Rei nem Roque (nem sei se , coma nova ortografia isto se escreve com maiúsculas ou minúsculas), mas para o caso tanto faz, pois que o dinheirinho esse sai em bem maiúsculas notas… enquanto houver… que as reformas dos que só recebem umas migalhas… enquanto houver… essas nem irão dar para ir em excursão adquirir pão à equina.
Teixeira dos Santos como não vai ficar sem emprego, pois que, ao sair do Governo sempre tem a tutela da Caixa Geral de Aposentações, não irá seguramente fazer uma missão a pé a Fátima, pois que, com José Sócrates não se atreve a correr esse risco, e sozinho tem outras Nossas Senhoras onde as populações não os conhecerão e sempre se resguardam de alguma frase desabrida que saia dos descontentes.
E ao ter assistido ontem ao frente-a-frente de José Sócrates com Jerónimo de Sousa, a conclusão a que foi possível chegar não se diferenciou de outras anteriores, não só entre os dois respectivos partidos como entre os vários que se perfilam para a campanha eleitoral. O PCP tem sempre a mesma linguagem, se bem que, nesta fase de penúria, se possa encontrar mais alguma razão no sector do populismo comunista do que na cabeça empoeirada de um Sócrates que não tem a menor ideia de como se pode governar com restrições e com escolhas de bom senso sobre onde se deve investir numa altura e não noutra.
Não pagar a quem se deve é, sem dúvida, uma forma de não gastar. Só que a reputação de um País e a perca de outros auxílios que sejam necessários – e sê-lo-ão – teria um fim impiedoso, pois ninguém empresta aos caloteiros. Mas não é por aí que o problema se resolve. E nenhum dos dois opositores teve a coragem de referir que um dos maiores males portugueses é a falta de convicção que por cá existe de produzirmos o máximo e sermos o mais eficientes, cada um nas sus funções, seja numa actividade menor seja, sobretudo, a actuar em lugares de responsabilidade, em que esta seja exigida e castigada quando não for a suficiente, em lugar de todos nos julgarmos – como é o vício de Sócrates – de nos gabarmos, de afirmarmos que somos os melhores e de proclamarmos que o que foi feito não havia ninguém que fizesse melhor.
Marcamos passo sempre no mesmo sítio. E como não saímos de onde estamos, antes até descaímos para trás, como é que se pode ter o mínimo de esperança em relação ao futuro?
Já veremos no dia 5 de Junho. Não é necessário esperar muito!...



segunda-feira, 16 de maio de 2011

DESENCANTO



NÃO SERÁ ISSO QUE SE PASSA com a maioria da população. Pelo contrário; pelo que se assiste e se ouve ao mundo que nos rodeia e que se prontifica a prestar declarações em todos os meios de comunicação que lhe capta a opinião – e ontem, tendo sido o classificado “Dia da Família”, pelo menos na RTP 1 foi possível escutar muita gente contente por estar viva -, as pessoas no nosso País não dão mostras de andar desgostosas com as circunstância da vida que Portugal lhes está a proporcionar. Se eu não estivesse atento ao que me é permitido observar diria que era exactamente o contrário que se passaria com os portugueses. Seria natural que aquilo a que se assistisse fosse um ambiente de falta de ânimo, de ausência de vontade de continuar numa luta cujas perspectivas são de molde a não dar grande vontade de prosseguir nesta caminhada.
Ainda ontem tive ocasião de auscultar diversas opiniões numa reunião em que estive presente e, na verdade, o que consegui apurar dos diferentes pontos de vista que fui recolhendo, sobretudo porque instiguei as respostas quando se lhes perguntava se iriam votar no próximo dia 5 – claro que questionar sobre que partido é que não me atrevi e nem seria de boa conduta entrar na intimidade política de cada um -, mesmo assim alguns dos questionados não ocultaram as suas preferências mas o que constituiu uma regra geral foi a indecisão sobre a escolha que irá recair desta vez, verificando-se até uma generalizada indecisão, neste não porque sim, naquele ainda menos porque tal, no outro que ideia! E assim foram muito poucos dos presentes que não deram mostras de ter dúvidas sobre o quadrado onde irão colocar a sua cruz.
Fiquei a pensar nesta pequena amostragem sobre as decisões que estariam tomadas e, salvo dois casos no meio de uns dez que faziam parte do grupo, apenas esses foram claros: que não se deslocariam à mesa do voto, porque nenhum grupo partidário lhes dava garantias de ser capaz de colocar Portugal no bom caminho…
Ora, contemplando as sondagens que têm sido feitas por organizações especializadas e em que o que apresentam é uma pequena diferença percentual entre o PSD e o PS, embora com o primeiro mais bem situado, e em que o CDS (ou o Portas, porque é ele que se mostra sempre com o seu “eu”, o que confunde bastante se o resultado que obtiver será só nele ou no partido) sobe alguma coisa em relação aos resultados que conseguiu obter nas escolhas anteriores, sendo que os partidos de Esquerda clássica não evoluem excessivamente, o que poderá também parecer estranho, posto que com o desagrado geral que a governação de Sócrates atingiu, não seria de estranhar que já as amostragens desse indício de alguma subida.
Mas, como se diz no futebol, resultados só depois do jogo, pelo que, nesta altura, é excessivamente atrevido pretender ficar-se perto do que vai ser a decisão dos portugueses, especialmente numa ocasião em que o susto que ronda por todas as famílias, sobretudo devido ao grau de desemprego que não pára de subir e que, quer se queira quer não, vai ter uma grande influência na escolha que os portugueses fizerem.
Vou deixar passar mais algum tempo para me atrever a expor o meu palpite. Nem sei se será a abstenção que constituirá a maioria da posição dos votantes, mas, dentro do que me cabe de expor a minha opinião, embora compreenda que os habitantes não se sintam muito atraídos em participar na escolha, por afastamento cada vez maior dos chamados “políticos”, desta vez, mais do que em qualquer outra, é da maior importância que se fique com uma ideia de qual é a preferência maioritária dos portugueses, nem que essa maioria tenha de ser encontrada pela soma de votos de mais do que um grupo.
O homem que for o escolhido para tomar conta do próximo Governo tem que sentir profundamente a responsabilidade que lhe cabe de fazer o menor número de erros possível – porque alguns terá de fazer, por se tratar de um ser humano, mas devendo desculpar-se logo a seguir e não teimar na asneira - , estando pronto para ser punido das formas que a Democracia permite, e não se deixando arrastar no lugar logo que sinta o ambiente à sua volta que não lhe recomenda o manter-se no posto e agravar a situação, como fez José Sócrates.
E se for o Sócrates a vencer, por si ou por junção de agrupamentos, de novo, as eleições? Já muita gente pensou nesta hipótese?
Dava vontade de rir!
Se não fosse para chorar!...
E, a terminar por hoje, apenas uma anotação quanto à possibilidade agora surgida de entrar no capital da TAP a companhia espanhola Ibéria, ainda que ligada a uma outra congénere inglesa. Por mais que não me queira montar num poleiro e de rebater essa minha característica de ter razão antes de tempo, só quero recordar que esta fusão da nossa aérea com a espanhola só traria vantagens no capítulo de encaminharmos o turismo mundial para a Península Ibérica, com a enorme baixa de custos que representaria possuirmos, os nossos dois Países, apenas um escritório único, que incluiria as duas companhias aéreas e, ao mesmo tempo, fazermos a propaganda turística – que sai caríssima – de Portugal e Espanha nos mesmos locais. Já expus este ponto de vista algumas vezes e desde há muitos anos que defendo tal teoria, dando como exemplo Nova Iorque, onde temos uma loja aberta da TAP, outra que trata apenas do turismo e um escritório do AICEP que tem como funções (que pratica mal) de difundir a nossa economia, ou seja, promover a exportação dos nossos produtos e angariar empresas financeiras para investir no nosso País, tudo isto com gastos enormes de salários e instalações e afinal com um objectivo comum que é o de propagar Portugal no exterior.
A junção com Espanha nestes desideratos só traria vantagens, pois que a Península Ibérica com destino vizinho poderia passar a ter um tratamento profissional muito mais visível e ganhariam os dois Países vizinhos se as ligações aéreas entre Lisboa e Madrid também passassem a ser um alvo conjunto.
Mas falar deste tema, como faço há mais de 50 anos, entes, no tempo do fascismo era considerado quase que ofensivo. Depois do 25 de Abril os “orgulhos” nacionalistas, que têm dado o que se sofre nesta altura, fazem com que os que têm os olhos em bico se assanhem com a ideia de que o nosso País fica a depender da Espanha – o maior disparate de quem não quer ver formas de salvarmos a situação calamitosa a que chegámos -, mas pode ser que, nesta altura, perante a caminhada sobre ferros em brasa que estamos a percorrer, se ponham de parte as vaidades ocas e se comecem a dar os passos que são inevitáveis. E que são os de juntarmos forças, portugueses e espanhóis, e salvarmos o que ainda for possível.

domingo, 15 de maio de 2011

O ACIDENTE

Manhã linda, sol doirado
dia próprio p’ra viver
ninguém está preparado
p’ró que possa acontecer

O trabalho está à espera
há que saber enfrentá-lo
no Inverno ou Primavera
há sempre qu’aguentá-lo

Estrada fora e a caminho
o carro lá vai levar
nem uma gosta de vinho
e há que ir de vagar

Mas o acidente espreita
culpa dos outros ou nossa
toda a gente está sujeita
a meter o pé na poça

Duas voltas, cambalhota
fica de rodas p’ro ar
sair de casa janota
não voltar para almoçar

Isto passa em cada dia
aqui, ali, qualquer parte
só quem não anda na via
pensa estar num mundo aparte

Acabar desta maneira
é sina de muita gente
não haverá pois quem queira
ir morrer num acidente


NOTÍCIAS




PERCORRI UM PERIÓDICO de ponta a ponta na busca de uma notícia que provocasse alguma satisfação no meio do ambiente de tristezas que nos atingem todos os dias. Refiro-me, naturalmente, a assuntos de importância bastante para justificar uma referência na minha escrita, mesmo fazendo apelo a algum optimismo que, reconheço-o, não abunda muito nesta fase da vida. E, depois de muito rebuscar, lá dei com um acontecimento que poderá, por um lado, animar-nos a ir mantendo alguma esperança de que o tal “fim do mundo”, que são as palavras que me vêm à cabeça sempre que me dedico diariamente ao meu blogue.
E sempre constitui alguma razão para nos animarmos. É que os ministros das Finanças da zona euro e dos restantes países da União Europeia deverão aprovar, nos primeiros dias da próxima semana, sem problemas o programa de assistência a Portugal, o que permitirá que a primeira tranche do empréstimo de 78 mil milhões de euros seja desbloqueado ainda durante o mês de Maio.
Ainda que haja discussões pendentes, quanto a juros e a garantias de cumprimento das exigências postas pelo resultado do estudo feito pela “troyka”, ainda que a situação da Grécia levante algumas dúvidas no que diz respeito a pormenores que têm de ser levados em conta. Mas como a Finlândia já não constitui impedimento a que se execute o empréstimo em causa, pode-se dizer que esta etapa já se encontra ultrapassada e que serão outros agora os problemas que se levantam pelo caminho. E um deles, é, evidentemente, o de como vamos utilizar a verba enorme em questão e depois, mais tarde, como a iremos pagar, juntamente com os outros muitos milhares de milhões que se encontram no rol.
Não vou hoje pôr-me a rememorar os autores todos os gastos evitáveis que o nosso País deitou pela janela fora, que não foi apenas o José Sócrates, ainda eu lhe caiba a medalha de campeão em todas as asneiras cometidas, mas estou a juntar numa tira imensa de papel os montantes e as utilizações dos gastos efectuados e de que cabe aos descendentes ter de liquidar… se o conseguirem.
Mas, passo por cima das más notícias neste sábado a seguir ao dia de festejos a Nossa Senhora. Sempre nos deu uma folga nas preocupações que andam nas cabeças daqueles que ainda se incomodam com o futuro. Que leiam só as boas notícias, que vejam apenas os programas televisivos que pretendem ser de risota e de alegria, que se divirtam com as acusações mútuas dos políticos que se oferecem para os frente-a-frente que só os envergonham a eles próprios.
As más notícias que as leiam os outros…

sábado, 14 de maio de 2011

A VELHINHA


Velha, velhinha, à minha porta dorme
Envolta em trapos, num volume enorme
Guarda em seus sacos relíquias, saudades
Lembranças boas, também de maldades

Já viveu melhor, talvez confortável
A vida traiu-a, não foi afável
Teve a sua casa, mesmo que alugada
Perdeu o que tinha, ficou sem nada

Agora a pobre anda pelas escadas
De dia, os jardins são o seu conforto
Depara às vezes com portas fechadas

Um saco, porém, não perde de vista
São cartas, senhores, pequenos nadas
D’alguém que deixou p’ra trás uma pista

LANCHEIRAS



O HOMEM É UM ANIMAL DE COSTUMES. E eu não escapo à generalidade. Desde que faço vida de reformado que, todas as manhãs vou tomar o meu café, sentado a uma mesa voltada para a porta e de onde se vê todo o movimento no balcão, para alimentar a minha imaginação e esforçar-me para que saia algum tema que me leve a escrever prosa ou verso, e nessa sensação para os outros de não me encontrar neste mundo, lá vai aparecendo um outro motivo que, por vezes, não tem nada a a identificar-se com o que observo.
Hoje deu-me para tomar atenção naquilo que os clientes que não se sentam à mesa, que numa corrida são servidos do que necessitam para satisfazer as suas necessidades alimentares e, como esta minha bisbilhotice ocorre geralmente já depois do meio-dia, coincide com o que se pode chamar de engano do almoço, dado que, sem talheres, preenchem o período que, noutras circunstâncias, ocorreria bem sentados à mesa e a consultar o menu para uma escolha cuidada.
Mas qual o motivo, afinal, para ocupar este espaço com um texto que, aparentemente, não tem nada a ver com a situação em que se encontra o País? Pois, dada a repetição da acção que me leva a preencher o espaço de que disponho neste blogue, sou levado a concluir que já é bem visível o estilo de vida que se está a implantar e que se ocorresse tempos atrás certamente que chamaria a atenção de muitos outros frequentadores do café-pastelaria que eu frequento.
É que, aquilo que sucede e em repetidas doses de homens e mulheres, que chegam ao balcão e já parecem ter a ideia daquilo que lhes vai servir de refeição é uma chávena, parece que de café com leite e um pastel que apontam na vitrina que está recheada desses sucedâneos de um bom prato à portuguesa, de bacalhau com batatas ou de um bife com batatas fritas. E após essa rápida deglutição lá se segue um bolinho que, por enquanto ainda serve de conforto para deixar a boca saborosa.
Vou ser rápido neste texto. O que serve de alimento aos fregueses que, aparentemente, já têm o hábito da refeição do almoço consistir no mais rápido e barato que será possível encontrar, não tem outra explicação que não seja a de reduzir o mais possível os gastos que, ainda não há muito tempo, não obrigavam a fazer contas porque o ambiente era de fartura e não v alia a pena cortar na carteira.
E isto fez-me pensar também nos tempos em que em que a maioria dos trabalhadores – e isso sucedeu-me a mim que não era operário mas sim escriturário -, saiam de casa já com a sua lancheira que as mães ou as mulheres preparavam, posto que nem para o café final havia verba que chegasse. E é para essa nova (velha) forma de viver que caminhamos, o que para a que se chama “geração à rasca” constitui um vexame!
E são estas perspectivas que deveriam ir sendo orientadas as mentalidades, pois que aquilo que sucede de repente provoca angústia e até fúria, mas quando se prepara o terreno já custa menos suportar as necessidades.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Está a acontecer agora com grande fluência que o sistema Blogue infgorma que não está em condições de operar e a pedir paciência aos sdus usuários para só mais tarde dar saída aos texto que est ão popntos para serem enviados.
Foi o u sucedeu esta manh~~a e por isso, com algum atraso de horas aqui vai hoje um desbaf o dos meus.
Espero que amanhã não suceda o mesmo, se bem que o f rente-a-frente entre Passos Coelho e Paulo Portas não tenhas fornecido matéria que valha a pena comentar, dado que um com o seu "eu" irremediáv e o do PSD com mais comedimento e nemor demonstraçãomde vaidade demasiado exposta, nafa tenham exposto ao comum dos portugueses que leve a que a eecolha da cuz no talão do voto representebuma convicção de que escolha foi a mais convinc
Uma coisa parace cada vez mais certa: apenas os dois partidos, socialistas e sociais-democ ratas não dão ideia de que atingirão a tal maioria absoluta que permita formr governo. Logo, pelo menos esses dois terão de encontrar forma de se entenderem, especialmente porque as convicções de Portas não deixam grandes margens para juntar opiniões que agradem totalemnete aos participantes. Mas isso só depois do 5 de Junho é que sevai saber. e vá lá que a Finlência já deu uma ajudinha no capítulo dos dinheiros europeus não nos serem negados. Masi uma dívida para o futuro...
Vamos a ver se amanhã esta máquina do blogue afina por forma a permitir, com tempo e espaço, se avança mais alguma coisa em relação a permitir que os habituais escrevedores possam xpor suas ideias com mais tranquilidade.Por hoje é aopenas isto que, apressadamente, aqui se deix.

AS QUEIXAS DO FUTURO



AO MENOS QUE ALGUÉM GANHE com as nossas necessidades. É o mínimo que se pode dizer, com um certo cinismo, perante os milhões que, de dia para dia, vão aumentando e que, num salve-se quem puder, serão pagos ou não restando-nos a nós largara a frase tão portuguesa do “logo se vê!”.
Digo isto perante a notícia de que Bruxelas lucra 1,3 mil milhões de euros por ano, provenientes de cerca de 6 % de juros pelos 52 mil milhões de euros que os países da Zona Euro vão emprestar a Portugal, sendo que o FMI cobra quase metade, pois que ao Fundo lhe cabe ceder-nos também como empréstimo o restante, correspondente a 26 mil milhões de euros, ainda que com uma taxa mais baixa, ou seja entre 3,25 e 4,25 por cento. Tudo isto quer dizer que cada português fica em dívida de uma verba apreciável e isto para que não digam os mais cumpridores que não devem nada a ninguém.
Isto tudo que tem sucedido a Portugal até daria para rir se não fosse dramático o que se vai passar no futuro, quando os rapazes de hoje, os filhos dos que se proclamam à rasca, tiverem de enfrentar as consequências, que ainda nem se calculam bem quais sejam, como quem herda dos antepassados uma prenda envenenada.
Um País que não produz, um povo que trabalha pouco e mal, um território com uma população defeituosamente distribuída, dando a impressão que, por ser muito extenso e com grande largura, todos fogem para a margem como se o oceano que nos rodeia fosse uma fonte de riqueza de que tiramos o maior proveito, a necessitar de importar quase tudo que come e, ainda por cima, com os credores a baterem-lhe furiosamente à porta e sem lhe prestarem mais ajuda do que a que foi concedida antes, mesmo que beneficiado em juros que, se os recebessem, uma barbaridade de agiotas, tudo isso é o que vamos deixar e nem uma História gloriosa que tem preenchido o orgulho dos nacionais servirá para retirar as queixas que irão ressoar por todo o lado.
Neste 13 de Maio há que pedir, todos de joelhos mas com o José Sócrates à frente, que os nossos descendentes nos perdoem por não termos sabido conduzir um País com um mínimo de humildade, não expendendo mais do que tínhamos e fazendo algum trabalho que constituísse um modo de ajudar a pagar aos credores.
Foi bom, pois foi. Fazermos de ricos. Irmos todos de férias para sítios lindos no estrangeiro, que isso de ficar por casa é coisa de pobretanas. Comprar carros caros com a ajuda dos bancos. Escolher os melhores andares, que as prestações bancárias lá se haveriam de arranjar. Pôs os filhos todos com telemóveis e os jogos mais caros, porque isso de estudar e de ter fazer exames, não podendo ter mais de dez faltas por ano era uma exigência do tempo dos antigos, mesmo que com a quarta classe soubessem mais do que a rapaziada com o 5.º ano. E por aí fora.
O pior foram as consequências. E ninguém pode garantir que não se voltará um dia às sanhas de racionamento que obrigavam os filhos a ir para as “bichas” logo de madrugada e a ter de ir para os estudos agarrados à traseiras dos eléctricos, que isso de ter um “pó-pó” era coisa de gente fina…
Valha-nos Nossa Senhora de Fátima que, provavelmente, o seu terceiro segredo consistia numa perspectiva pouco risonha do que iria passar-se por cá. Qual fim do comunismo na Rússia, qual carapuça! Foi um abanão numa ponta da Europa, lá isso foi; mas deste lado…

quinta-feira, 12 de maio de 2011

O que é ter esperança
e ter fé no amanhã ?
é voltar a ser criança
agarrar-se ao talismã

E nas cartas esse crer
como nos búzios, nos astros,
é bom que se queira ver
o que está preso por nastros

Ler nas borras de café
e na redondinha bola
o que é preciso é ter fé
ver coelho na cartola

Não se deve criticar
nem que seja um aprendiz
que conjugue o verbo azar
pois só quer é ser feliz

Deixemos, pois, os mais crentes
iludir-se, pois então,
serão sãos, serão doentes?
uns dizem sim, outros não

Afinal, por esse mundo
vai-se vivendo de enganos
mas somando, lá no fundo,
muitos dias fazem anos

Isso é que é bem real
o resto são só histórias
mas o que é anormal
é ter apenas vitórias

Seja, porém, como for
cada um é como é
a mim não me falta amor
o que tenho é pouca fé

HAJA FÉ!



MUITOS SERES HUMANOS recorrem à sua fé para desanuviar as piores acções que lhes pesem na consciência e, no cão da Religião Católica, a Nossa Senhora serve de antídoto para melhorar o comportamento que, pelo menos nesses dias mais próximos atormentem aqueles que se encontram mais peto da crença que abraçam. É bom que assim seja e pelo menos essa frase tão portuguesa de “valha-nos Nossa Senhora” poderá, nem que seja por segundos, apelar para a ajuda de uma crença que é chamada a dar o eu auxílio.
Estes dos dias de Maio, 12 e 13, marcam em Portugal o apelo à devoção e, ainda que seja para muitos uma espécie de festa que se comemora com uma caminhada a pé, mesmo assim fará concentrar uma boa parte de crentes que se entregam nessas datas a uma convicção que só pode ser louvável.
Outras religiões também cumprem regras com datas estipuladas, quando não são todos os dias como sucede com os devotos do Islão e só há que respeitar as crenças de cada um, desde que não interfiram com as dos outros.
A grande pergunta que pairará nos espíritos é se tamanha entrega a cada caso religioso melhora, na verdade, as formas de lidar com o mundo de todos os que cumprem at é rigorosas regras, mas essa resposta fica por encontrar, especialmente quando encaramos com os terrorismos suicidas, por exemplo, e as g guerras que se têm verificado desde que o homem é homem e que, já na época dos Cruzados, pôr em confronto cristãos e muçulmanos por uns julgarem que estavam mais certos do que os outros. Mas adiante…
Encarando o que ocorre cá dentro de portas e sendo hoje 12 de Maio, poder-se-á dar uma vista de olhos em relação ao que ocorre quanto às desavenças que a que se assiste entre os partidos antagónicos que lutam por ser considerados os mais adequados para liderar o nosso País. Vamos a isso enquanto as procissões e os cantos religiosos ocorrem em Fátima e aí não se desfraldam bandeiras partidárias nem gritos de viva este ou aquele…
Caso se verifique que o PSD não se encontra, de facto, preparado para exercer a responsabilidade de governar Portugal se vencer as próximas eleições – isto dando crédito ao que o PS tem vindo a afirmar – seria importante que as cabeças pensantes deste grupo partidário dessem mostras com tempo suficiente para fazer crer os eventuais votantes de que essa escolha é suficientemente convincente e que o programa que prepararam dá mostras de que sabem o que querem e para onde vão.
Eu, por mim, não deixo que, pela minha contas, suportar algumas dúvidas, pois isto de tomar conta de um Executivo não é propriamente o resultado de uma prática prolongada nem sequer seja um curso que se tire numa faculdade, antes resulta do bom senso e da perspectiva que se tem em cada momento da melhor forma de actuar em benefício de um país e, acima de tudo, de conhecer o melhor possível o povo que se tem de dirigir, para, sem ser unicamente com o espírito doe agrado para receber aplausos, se decida com o sentido de, por vezes ao contrário da conquista da simpatia, atingir o objectivo apropriado para que o que se segue, ainda que à distância para se tingirem os fins seja difícil de aceitar pelos que poderão sair beneficiados o grupo de dos habitantes.
Ora, o que falta a todos os partidos que por aí lutam por conseguir o apoio do maior número possível dos compatriotas é exactamente o saberem explicar-se quanto aos desígnios dos objectivos que constituem a sua razão de existir, colocando os prós e os contras de forma a não deixarem dúvidas aos que são chamados, em determinada altura, a pôr ou não a cruz no quadradinho que se situa no papel que serve de voto.
Não basta, agora já a esta distância do que foi a Revolução de Abril, expressar o nome do partido que se proporciona para ser escolhido. Isto de chamar socialista, social-democrata, cristão democrata e menos ainda só de esquerda ou de direita (com excepção da mais bem formada politicamente que é a dos comunistas, que, mesmo assim, provoca enorme confusão com o mais recente bloco de esquerda, com os verdes – que não basta serem o que se confunde com vegetarianos – e outros agrupamentos mais frágeis que se situam igualmente na ponta essa zona), todas essas designações, para a maioria da população não passa de designações mas que, se lhes perguntarem que linha política seguem, não fazem senão uma ideia vaga que não serve de justificação para uma escolha partidária.
Lastimo muito expressar este opinião, mas bem gostaria que essas empresas de sondagens que opor aí pululam fizessem um estudo no que se refere ao que acabo de redigir. E logo se veria que convicções, exceptuando os mais antigos e especialmente os relacionados com o PCP, seriam apresentadas pelos enquistados. São o que são por alguma razão, até familiar, por ter ouvido dizer, por não serem de outro partido de que não gostam das caras dos responsáveis, e pelos motivos mais distantes da realidade ideológica, mas convictos de um princípio de ideologia política, lá isso é que será raro encontrar.
Comecei esta crónica tomando como exemplo o PSD, mas poderia ter escolhido outro. O que quer dizer que, se em vez das propagandas partidárias se fixassem em frases, quase sempre com pouco gosto e sem sentido publicitário que convença, para além, das fotografias dos mais conhecidos, como se se tratasse de um anúncio de um filme ou de um produto de beleza, surgissem explicações claras do que distingue a ideologia de um partido do outro que concorre ao mesmo, ainda que não seja fácil expor numa frase o que representa fazer-se parte de um grupo político, mas, mesmo assim, se cada um apelasse a um comportamento de regras que contribuísse para a construção de um país melhor, nestas condições algo de mais proveitoso resultaria do espaço, do tempo e do dinheiro que se gasta com propagandas inúteis.
Mas os elementos que se instalam nos partidos não se encontram lá pelo seu valor, mas sim pela oportunidade que cada um aproveita para, quem sabe, conseguirem um lugar que os compense do tempo que dedicam ao “empregador”.
Eu sei que há muita gente, demasiada, que não gosta nada de ler esta apreciação. Mas quem tem a coragem de lhes dizer na cara o que eles merecem, está sujeito a tudo.
Também – e a finalizar –, se não existissem vantagens económicas, sociais ou como lhes quiserem chama,r para aqueles que vestem as camisolas dos partidos, quem é que lá estaria para pegar nas bandeiras, gritar pelos partidos, calcorrear as ruas para fazer número, e, quando conseguem aproximar-se mais dos “chefões” lá obterem benefícios que compensam a aparência que dão de serem uns dedicados devotos da causa em que se movimentam. Os homens têm estas características que não são fáceis de corrigir e isso passa-se em redor do mundo, não existindo no mundo quem possa garantir que os adeptos de movimentos que pululam em imensas zonas terrestres, são todos fanáticos pela questões que abraçam e, talvez com excepção dos que entram na fase do terrorismo suicida, pois que essa classe é levada por fés e por crenças que comandam as acções racionais dos entes.
E mais não digo. Cada um que pense como quiser. Mas o sistema democrático nisto não se distingue muito do outro, o da ditadura, onde também quem se chega ao pé dos que mandam seguramente que o que esperam é também uma compensação.
O frente-a-frente a eu se assistiu ontem entre José Sócrates de Francisco Louçã retirou dúvidas de que, com algumas razões de um lado e de outro e uma imensidão de incongruências também saídas de ambas as bocas, ao não ser possível, com a maior bonomia, juntar o que de sensato se escutou do dois lados – e alguns houve – os confrontos não deixarão de se sobrepor às conveniências que poderiam colocar Portugal no bom caminho para nos sairmos bem connosco e com os outros.
Porque a proposta de não pagarmos a quem devemos e de discutir os valores dos juros – bem exagerados é certo – essa atitude dos esquerdistas colocava-nos na situação de não haver mais ninguém que se dispusesse a deitar-nos a mão em momentos da maior aflição, e a nossa imagem mundial ficaria pelas ruas da amargura.
Pedirmos apoio para que nos fosse dado mais tempo para cumprirmos as nossas obrigações, essa atitude bem negociada daria até uma demonstração de que, embora tivéssemos passado por um período governativo de má memória, estávamos a entrar no bom caminho.
Mas, ao fim e ao cabo, a realidade é que estamos todos nas mãos do que sair das eleições que aí estão a chegar e de como resolvermos depois a formação de um Governo que seja capaz de ter juízo.
Eu sei que é pedir muito. Mas não vimos tantas famílias a caminho a pé de Fátima e a arrastarem-se de joelhos no trajecto até à capela? Então, o que no falta agora é fé. Pouco mais nos resta!...