sexta-feira, 16 de maio de 2008

CATARATAS









Durante anos - anos? que digo eu? durante sempre!!! -, não se ouvia falar disso, das cataratas. Só os mais endinheirados, os que podiam ir ao estrangeiro, ao médico e às clínicas de fama, teriam tido a experiência de serem operados às cataratas. Por cá ia-se perdendo a visão, as lentes nos óculos iam aumentando de graduação e até já se vendiam, nas lojas dos chineses, armações com vidros graduados que se colocavam (e se continuam a pôr, os pobres pelo menos) sobre os óculos que cada um utilizava. O destino era igual: a ver cada vez menos e, em muitos casos, a acabar cego.
Isto era Portugal! E continua a ser, de certo modo. Por mais optimistas que queiramos mostrar que somos. E por muito que façamos esforços para alinhar nas percentagens de que os políticos tanto se servem, para querer fazer a prova de que a caminhada do País, em vários sectores, tem vindo a melhorar, em comparação com igual período do ano transacto (sic)!...
Até que, há pouco tempo surgiu a notícia de que, na ilha de Cuba, na tal do tal Fidel, as operações às cataratas eram feitas às dúzias e que os resultados eram os melhores. E isso bastou para que, no interior do País, vários municípios tivessem tomado a iniciativa de, subsidiando os custos das viagens e das intervenções - que parece não serem de valores muito elevados -, organizar excursões de munícipes até à referida Ilha atlântica.
Foi o espanto geral neste torrão à beira-mar plantado. E outras câmaras municipais quiseram seguir o exemplo da que foi a primeira.
Pois então, o escândalo reinou nas cabeças dos governantes. E logo surgiu o respectivo Ministério da Saúde a pretender dar mostras de que existia, de que estava vivo e que não se deixava ultrapassar por atitudes de outras gentes. E, de imediato, organizou contratos com médicos que tivessem tempo disponível, com hospitais espanhois e até com serviços médicos nacionais. E conseguiu, num curto espaço de tempo, anular as esperas de meses infinitos dos pobres desgraçados que, na Terra que é a deles, não tinha conseguido solucionar a enfermidade oftalmológica de que sofriam.
Como se vê, portanto, os governantes nacionais, estes que estão ou outros quaisquer que venham a ocupar os seus lugares - tal como outros que lá estiveram antes... antes... antes... mesmo antes da Revolução -, não é por iniciativa própria que enfrentam os problemas, estudam as situações e, dentro de prazo curtos, tendo em atenção os custos que nunca devem ser ultrapassados em relação aos orçamentos, conseguem fazer este "barco" avançar. Veja-se o que sucedeu com a triste e anedótica situação do novo aeroporto de Lisboa!
Mas, pelo menos, desta da operação às cataratas, lá conseguimos resolver o problema.

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