sexta-feira, 16 de maio de 2008

MENTIR

Quando escrevo, por mais consciente que julgue estar
de que vou passar ao papel
a tradução dos meus pensamentos, o que faço é
estar a mentira a mim mesmo.
Só que a mentira, nestas circunstâncias, provoca prazer.
É o que me pode estar a acontecer neste preciso momento.
Quando esse gozo se desvanece, o único que há
a fazer é interromper a escrita.
É guardar para depois a continuação da tarefa.
Para mais tarde, no dia seguinte, quando for.
Logo que se recomece o exercício, o que se escrever
pode muito bem ser o contrário
do que se afirmou antes.
Nem todos mentem, todos dias, da mesma maneira.

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