quarta-feira, 7 de setembro de 2011

AFINAL QUEM É QUE MANDA?



SEMPRE DEFENDI O PRINCÍPIO de que cabe exclusivamente ao primeiro-ministro a responsabilidade absoluta da condução do Governo de que faça parte, não deixando que os restantes elementos do Executivo assumam posições que excedem as funções da pasta que lhe está entregue, e mesmo essas têm de ser de acordo com os princípios e as directrizes que forem estabelecidas em Conselho de todos os elementos que constituem o caminho que o País deve levar. Esta tese constitui uma norma que dá ao primeiro-ministro os poderes bastantes para orientar os procedimentos que S .Bento tem de tomar.
O aparecimento perante as câmaras de televisão do ministro dos Negócios Estrangeiros, ainda que lhe caibam também, como a um outro seu colega, as funções de ministro de Estado (mas apenas e só na ausência ou impedimento do chefe do Governo intervir), provocou um certo espanto, sobretudo porque as declarações que prestou não tinham nada a ver com o propósito atribuído ao seu ministério, o das relações com os países estrangeiros. Paulo Portas, no seu jeito muito característico de se colocar em bicos de pés, estando para mais no Funchal e encontrando-se a encerrar as jornadas parlamentares do seu partido, deixou sair a seguinte frase: “eu queria pedir, sobretudo aos deputados e, por intermédio deles, aos cidadãos que dêem algum atenção ou leiam com detalhe os documentos de estratégia orçamental… é uma obrigação”.
Ora, havendo um primeiro-ministro que tem a seu cargo também o de transmitir aos portugueses as formas que considera essenciais para poder assistir ao desenvolvimento da actuação do País – mesmo que se equivoque e, nesse caso, devendo aparecer depois a pedir desculpa e a fazer a emenda que lhe compete -, não se pode admitir que seja outro participante, além disso subalterno, a tomar um lugar que não lhe pertence.
É sabido que o CDS, sendo minoritário no Governo, mas sendo essencial para a maioria no Parlamento, pode fazer “a vida negra” a quem chefia o conjunto. E as exigências que fez para a constituição do Executivo provam isso mesmo. Mas, algum bom senso e o cumprimento do papel que cabe a cada um não permite que se verifiquem saliências despropositadas, pois também por aí pode romper-se a união e acabar fora de tempo a existência do Governo que temos e que é essencial para podermos tentar sair das consequências da crise e da má actuação atribuída a Sócrates.
Espera-se que não volte a repetir-se uma saliência idêntica, pois que se está a aproveitar a aparente fraqueza de Passos Coelho, ninguém garante que não venha a um dia em que este dê o murro na mesa e partam os dois partidos, cada um para seu lado.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

E DEPOIS?


Sempre há um depois do que agora passa
Alguma coisa de que se suspeita
Ou de que se tem só ideia escassa
Mas que está bem ao pé de nós à espreita

Esse depois assusta muita gente
Pode ser p’ra melhor ou nem por isso
Quem pode saber é só o que sente
Que esta vida é toda um compromisso

Se o depois é tão grande mistério
E se há também quem tal não entenda
Esteja só ou tenha vida a dois

Será bom ver o amanhã a sério
Estar sempre pronto para a contenda
Para não perguntar sempre: e depois?...

DÍVIDAS IMENSAS





A AFIRMAÇÃO FEITA por Pedro Passos Coelho de que era intenção do Governo que ele chefia ir mais longe do que o que ficou estabelecido no documento assinado com a Troyka, no capítulo da atribuição de impostos e da diminuição de despesas do Estado, essa declaração que só pode ter o propósito de deixar boa imagem nos credores para que nos considerem como bons alunos, bem comportados e cumpridores do que está assumido. Mais nada do que isso.
Se tal espalhafatosa declaração não provocasse um tão clamoroso aperto nas bolsas dos portugueses, ao ponto de, num muito elevado número, existirem famílias onde a fome já passou as suas residências – para as que ainda as têm, pois o abandono de casas e a entrega das mesmas aos bancos credores, por impossibilidade de liquidarem as mensalidades que constituem as suas dívidas pelos empréstimos que obtiveram para adquirirem as mesmas -, se não ocorresse já tal situação de miséria, especialmente provocada pelo desemprego, se não fosse esse o panorama que se vive de Norte a Sul de Portugal então poder-se-ia bater as palmas à decisão do Executivo de se adiantar ao que foi acordado, pagando mais e mais depressa aquilo que se deve.
De facto, o estado de graça que foi concedido ao grupo do PSD e do CDS durante algum tempo, assistindo-se primeiro à sua actuação e só depois surgirem as críticas, se as houvesse, nesta altura já não se justifica mantermos a viola no saco, pois a situação verdadeiramente dramática que já se vive por cá não pode permitir que não levantemos a voz e exijamos da actuação governamental a utilização de toda a competência e bom senso, assim como a rapidez no uso de soluções que não podem estar a aguardar por melhores dias.
Quando se esperava que a prioridade dos governantes que se encontram agora no poder fosse a da diminuição drástica dos gastos de dinheiros do Estado e da remodelação de todo o esquema do Governo, pois é sabido que existem dependências ministeriais que não se justificam e que deveriam já ter sido encerradas, assim como o enorme grupo de institutos e de empresas que, inexplicavelmente, se mantêm a usufruir das benesses constituindo um encargo que não é admissível sustentar.

Temos, portanto, que pôr de parte eventuais precauções e clamar que não nos encontramos satisfeitos com o ritmo das acções que este Executivo está a levar.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

CHORAR

Em tempo de magras vacas
só apetece é chorar
se são poucas as patacas
quem tem fé é só orar

É o que por cá se passa
já sem rumo este País
em que nem mesmo a chalaça
põe a maioria feliz

Afinal é a saída
já antiga e de agora
acalma qualquer ferida

Porque chorar não tem hora
sempre serve de guarida
e o palhaço também chora

CHORAR NÃO É SOLUÇÃO



BEM SABEM OS LEITORES do meu blogue que, enquanto este político se encontrava no poder, não lhe perdoei os erros que, segundo o meu entender, cometeu e fui grande crítico das posições que tomava, tanto fisica como politicamente. Havia que marcar posição através do meio que a Democracia proporcionava e continua a proporcionar, ou seja a de deixar expresso pela escrita os pontos de vista que se situavam do lado adverso daquilo que foi a sua actuação como primeiro-ministro.
As eleições legislativas que ocorreram forçou a sua saída e a admissão de um novo grupo partidário – por sinal até dois que se juntaram -, o que ocasionou que o chefe do Executivo que se seguiu passasse a ser outro, tendo Pedro Passos Coelho assumido o lugar que antes esteve ocupado por José Sócrates. E este, perante tal derrota, até se demitiu do lugar que exercia no Partido Socialista, passando a ser um cidadão comum que, como veio anunciado, entendeu que iria estudar filosofia, escolhendo uma universidade estrangeira para cumprir o seu desejo.
Ora, a partir desse momento, no que me diz respeito, não deixando de assinalar a culpa que coube a esse português enquanto foi o detentor do cargo importante de chefe de um Governo - e a História assinalará tal período com as boas medidas e os erros que lhe cabem -, entendi que o importante era prestar toda a atenção ao que os novos detentores do poder iriam executar, não pondo o acento tónico no passado, muito embora fosse daí que resultava a situação aflitiva que incomodava os portugueses. Mas, sendo independentes no julgamento, não é possível não atender ao que antes da condução de José Sócrates foi igualmente mal executado e que, desde aí, a caminhada que foi seguida em Portugal se situa Ana classificação de descabida do que era necessário fazer.
Aparecerem agora descobertas de que o que ocupou o posto durante excessivo tempo para o desejo da maioria dos cidadãos nacionais, salientando-se o facto de que a família de Sócrates detinha “offshores” há para aí três décadas, estando estas localizadas nas ilhas Caimão e Mane Gibraltar, não tendo ainda aparecido as verbas que ali estão depositadas.
Na verdade, possuir um chefe de um Executivo de um País que se encontra a lutar contra as maiores dificuldades depósitos monetários em locais escondidos no exterior não se pode considerar como sendo uma posição digna de elogio. Antes pelo contrário. Mas, não se tratando de dinheiro extraído ilegalmente do Estado, o mau gesto só merece indignação e não apontamento de ordem criminal. Se já havia aversão ao político que desempenhou as funções importantes que lhe calharam, ao tomar-se conhecimento deste pormenor maiores razões de queixa têm de existir. Mas como, seguramente, não voltará Sócrates a apresentar-se em eventuais eleições que tiverem efeito, fica posta de parte a eventualidade de voltarem a ser apontadas armas para esse alvo que surgisse. Logo, assunto arrumado.
O que é necessário nesta altura é de dedicarmos toda a nossa atenção em relação aos políticos que se sentaram nas cadeiras do comando, desde o principal e até os outros que têm responsabilidades que não podem nem devem ser escamoteadas, pois que as dificuldades continuam presentes e não se pode admitir nem desculpar que, em vez de usarem de toda a sua competência em retirar Portugal do caos em que se encontra, percam tempo com acusações de atitudes tomadas no passado e que, por mais complicadas tornem as resoluções que têm de ser tomadas, constituem somente História, a qual se situa apenas na área dos que se dedicam a contar o que se passou noutros tempos.
Sendo absolutamente necessário cortar, ente 201 e 2013, 8 mil milhões de euros da despesa pública – que, por sinal, até é o dobro do que a troyka exigiu -, anunciando o Executivo que tem de aumentar, em idêntico período, ainda mais os impostos em mais mil milhões de euros, torna-se evidente que vai ser muito difícil gerir as finanças do Estado e que, agora mais do que nunca, teremos todos nós, cidadãos portugueses, que estar bem atentos aos passos que forem dados, não deixando margem para outros erros que se somariam aos que foram praticados durante o período socratiano.
A mão de ferro não pode ser aliviada, por mais que surjam reclamações e que os detentores de voz nos sectores sindicais, sejam eles de Esquerda ou de extrema Esquerda (e, obviamente, também os que se situam na Direita), todos eles têm de procurar que as greves e as manifestações de rua possam evitar-se, dado que não essas atitudes que podem interferir no caminho de boa governação que Portugal necessita.
Eu, por mim, já não me encontrando numa idade que aspire a assistir ao desenrolar da situação que o nosso País irá enfrentar, pois que calhou a todos os da minha geração sofrer as consequências da Guerra Mundial, o período apertado do salazarismo e depois o que se seguiu à Revolução de Abril, tendo agora sobre as costas a crise que nos coloca de novo num período de sacrifício não nos podemos considerar como sendo os mais felizes do mundo.
Só que chorar não resolve nada!...

domingo, 4 de setembro de 2011

MORTE RODANDO


Eu sinto a morte rodando
às voltas por aí anda
por mim lá vou disfarçando
pois sei que é ela quem manda

Ter medo dela não tenho
só espero eficiência
que use melhor engenho
que tenha por mim clemência

Não me sinto amargurado
por saber que ela chega
aqui lhe deixo um recado
que não brinque à cabra-cega

É surgir e fazer obra
sem dar tempo p’ra piar
quando parte nada sobra
nem vale a pena chorar

Que quem tem medo da morte
o mais que pode resista
p’ra tudo é preciso sorte
e não se ser egoísta

Mas eu não, bem a confronto
que venha quando quiser
para ela eu estou pronto
não me canso de o dizer

Fiz o que tinha a fazer
reconheço erros meus
preparado p’ra morrer
basta-me dizer adeus

NASCER ASSIM E MORRER PIOR!..




FEZ AGORA UM ANO, a 3 de Setembro, que o julgamento dos implicados no caso de pedofilia na Casa Pia deu como resultado a condenação dos arguidos no processo, muitos deles a anos de cadeia, como foi o caso do Carlos Cruz que recebeu a pena de uma prisão prolongada, mas, apresentados que foram os recursos à sentença com 1760 páginas, o Tribunal da Relação de Lisboa não se dignou ainda decidir sobre o veredicto final nem indicou qualquer prazo para que a conclusão do problema surja aos olhos do País.
É certo que, segundo se sabe, foram apresentados cerca de 100 recursos, com aproximadamente 68.000 páginas, ao todo preenchidas ao longo de 69 meses de julgamentos, mas, seja como for, não se pode admitir que o apuramento de resultado de um caso que apaixonou toda a atenção dos seguidores pelos jornais do que se ia passando, se mantenha por concluir e que, segundo consta muito da parte de quem se situa no meio dos casos passados pelos tribunais, vai tudo morrer num dos silêncios profundos que não é a primeira vez que ocorrem no nosso País.
Porque este caso, que foi acompanhado por um grande número de portugueses, sobretudo porque nele figurou um mediático apresentador televisivo que provocou a admiração de quase toda a gente, continua, de vez em quando, a ser chamado às páginas dos jornais, mas a pergunta que se tem de fazer é quantos casos julgados em tribunais, mas que não ocasionaram grande interesse na opinião pública, terão estado também encafuados nos gabinetes dos julgadores e terminaram esquecidos e sem condenação.
Este nosso Portugal nunca foi grande campeão nas situações que saíram dos tribunais, com julgamentos rápidos e com conclusões céleres. E é por isso que, na situação actual, tantos assaltos à mão armada e situações criminosas de variada espécie são o “pão nosso de cada dia”, com informações que os culpados passam pelos juízes que, em grande número de casos, os mandam para casa ou condenam com sentenças muito leves, o que ocasiona que os mesmos repitam frequentemente os crimes antes praticados, o que também leva os serviços policiais a, muitas vezes, não se empenharem com grande afinco, posto que posteriormente dão de caras, nas ruas, com os anteriores fora da lei que se riem na cara dos seus perseguidores anteriores.
Que a crise nos tenha a todos nós, cidadãos cumpridores, obrigado a sofrer as consequências das restrições que nos são impostas nos nossos dias com toda a espécie de impostos e de condições apertadas de podermos viver com o mínimo de condições humanas, isso é assunto que nem vale já a pena referir, pois que se trata de um amargo de boca que os políticos que têm passado pelo poder, que poderiam ter-nos aliviado a tempo do castigo que sofremos, não foram capazes de fazer o papel que lhes era imposto. Mas que, para além disso, a Justiça nacional seja também um mal que não há forma de chegar um Governo que deite mãos a essa praga, isso já tem de se considerar como excessivo e é motivo para que as populações, todas elas, se revoltem e organizem uma manifestação de grande vulto, para tentar que os políticos que têm a seu cargo o pelouro da Justiça se apressem a encontrar o remédio que há muito tempo, há anos necessita de ser curado da enfermidade em que está envolvido.
Co’s diabos, se há situações que podem ser encaradas sem necessidade de grandes dispêndios, essa de dar a volta à área da Justiça que nos maltrata há imenso tempo, não será, seguramente, de deixar para mais tarde, como sejam as auto-estradas, o comboio veloz ou os aeroportos novos.
Mas a realidade é só uma: somos um País que está condenado, desde a sua nascença, a sacrificarmos os naturais desta Terra lusa. Nascemos assim e, pelos vistos, morreremos da mesma maneira… a menos que!

sábado, 3 de setembro de 2011

D. SEBASTIÃO

A do D. Sebastião
poder aparecer um dia
para nos deitar a mão
se não é sonho é mania

Foi ele dar luta aos mouros
onde estavam descansados
em vez de receber louros
bateu com quatro costados

Alcácer Quibir ficou
em Marrocos, ainda está
o jovem rei se finou
há quem o espere por cá

Nessa ânsia desde então
nos mantemos até hoje
alguém que nos dê a mão
sem ser dos que bate e foge

Milagres desses não há
só de quem tem muita fé
seja em Deus ou em Allah
ou mesmo no S. Tomé

Enquanto durar a esperança
cada vez ela mais escassa
se mantém a governança
agarrada qual carraça

A olhar o horizonte
com todo o mar pela frente
atravessamos a ponte
mal encontramos um crente

Pode ser que algum dia
como em Abril ocorreu
surja de novo alegria
num País que renasceu

Sebastião ou quem seja
desde que tenha coragem
para que Portugal veja
que mudou a sua imagem

Lá coisa fácil não é
manter a Democracia
esta Arca de Noé
é bem coisa de magia

Se ditadura não queremos
muito sofremos com ela
não se sabe o que faremos
a esta nossa mazela

Experimentar a Ibéria
como eu tanto recomendo
é partir p’ra coisa séria
não se trata de arremendo

Se nem isso é solução
acaba aí a esperança
à sorte fica então
o que somos por herança

CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA



TEM-SE ANDADO A FALAR MUITO da necessidade de se introduzir na nossa Lei Suprema emendas que não permitam a facilitação das actuações governativas, sendo que, nesta altura, a questão da dívida externa que suportamos é considerada como sendo consequência de não existir um controlo que impeça os Governos de terem as mãos livres para endividarem o País, como sucedeu anos depois da Revolução de Abril e que deu ocasião a que atingíssemos um acumular de dependências de finanças estranhas que, como é evidente, quando se fazem dívidas num dado momento essas têm que ser pagas tempos depois.
Se é certo que constitui um perigo para as nações estarem sujeitas a más actuações dos que governam em determinado momento, pelo que são os descendentes que, no futuro, ficam com o encargo de liquidarem o que os antecessores gastaram, e é isso que sucede actualmente em Portugal que, perante a nossa fraqueza financeira, nos encontramos com o encargo de ter de pagar – e não só os actuais habitantes, pois que ainda fica muito para os escalões seguintes - sem sabermos como, apenas recorrendo os que têm de responder pelas finanças estatais ao aumento de impostos de toda a espécie, sendo essa a realidade que leva alguns a considerar que deva existir uma actuação legal que impeça os governantes gastadores do que não é deles de ultrapassarem determinadas escalas.
Sendo a nossa Constituição, em meu entender, excessivamente longa e abarcando temas que não se considera deverem constituir as normas políticas com uma posição rígida, dado que a origem do actual Documento partiu da actuação revolucionária de 1974, a qual pôs nas mãos dos militares a criação de um Documento cuja perspectiva excede em muito da visão de simples “capitães de Abril”, no entanto, perante o que se passou ao longo de diversos governos, até se tem de considerar com cautelosa essa medida. Mas, mesmo assim, uma Constituição de um País deve reflectir apenas os princípios básicos que respeitem, nos casos da Democracia, a manutenção desse regime, deixando os pormenores da actuação política nas mãos dos responsáveis que sejam eleitos em cada momento eleitoral.
Como têm sido imensas as lições que nos foram proporcionadas ao longo dos 37 anos de um regime que constituiu uma novidade para toda a população lusa, incluindo, portanto, os próprios políticos que nos têm calhado, pode ser que alguma coisa tenhamos aprendido e que, num futuro que nos seja proporcionado, já consigamos entender qual o comportamento político, logo também económico e social, que devemos assumir, e essa esperança faz parte das ânsias em que vivemos de deixar para trás todos os erros que foram praticados e que nos fazem agora e durante alguns anos pagar pelo mau comportamento.
O que não se pode é aguentar com a imposição que nos é feita pela necessidade de liquidarmos, no prazo que está estabelecido pela Troyka, os montantes elevadíssimos que fazem parte do conjunto da dívida. Já mostrámos que somos cumpridores, pelo que não nos ficará mal se conseguirmos uma facilitação que provenham de uma negociação com os credores ou seus mandatários. Os portugueses não aguentam as condições em que se encontram a viver no seu País e o perigo de uma eventual tomada de posição por parte dos sacrificados tem de ser compreendida para se diminuírem as exigências de prazos e de montantes.
Os contribuintes mais sacrificados bem agradeceriam uma tomada de posição por este Governo que os aliviasse alguma coisa do que se encontram a suportar.

DA MINHA JANELA...

Olho da minha janela
E não vejo
Tudo é igual ao que via antes
Nada se me apresenta diferente
Tudo monótono
Tudo igual
Nada me estimula a tentar descobrir
Se o mundo mudou alguma coisa
Se os homens estão melhores
Do que eram antes
Se a verdade impera
Nas cabeças que circulam
Se o egoísmo
A vaidade
A inveja
O orgulho
A prosápia
Se alguma coisa desapareceu
Da cabeça dos homens
Se o dar importância aos outros
O ouvir as suas razões
Sem contrariar
Mesmo sem concordar com elas
Se tornou um hábito salutar
Evitando discutir
Só dando opinião
Quando os outros a pedirem
Isso não descortino da minha janela
Pelo que não me dá vontade de sair
De conviver
De fazer parte do grupo
Que só diz "eu"
E raramente "nós"

MARIANO RAJOY




NÃO TERÁ TIDO GRANDE RELEVO para a maioria dos portugueses a passagem por Portugal do presidente do Partido Popular espanhol, Mariano Rajoy, que foi recebido pelo nosso Presidente da República e, em Castelo de Vide, participou nos encontros organizados pela juventude do PSD, intervindo ali com um discurso, que foi transmitido em parte pela televisão e que, com aplausos prolongados dos assistentes, deixou a melhor impressão entre os estudantes nacionais, especialmente quando se referiu à união dos dois países ibéricos que a Europa Comunitária facilita, pois que representam uns milhões de habitantes e que, por via disso, uma importância grande podem e devem ter esses duas Nações, nesta ponta da Europa, nas decisões que forem tomadas no Continente em que estamos inseridos.
Tenho de reconhecer que, não tendo antes pelo político em questão um apreço especial, face a esta intervenção fiquei absolutamente convencido que se trata de uma figura que, se vier a vencer as próximas eleições espanholas, em Novembro, como as sondagens ali feitas assim indicam, as circunstâncias para uma ainda maior aproximação entre os nossos dois povos sairão fortificadas e aquilo que eu defendo há muitos anos – pois serei um defensor da unidade política e económica luso-espanhola, criando-se mesmo a Ibéria, à semelhança do que se passa com o Benelux, o mais antigo como se pode comprovar através da coluna semanal que detive no antigo Jornal do Comércio, que foi mesmo proibida no tempo de Salazar e cujo conteúdo indicava, já naquela altura, uma unidade política e económica entre os dois países ibéricos -, tal posição por mim tomada para dar mais força a este nosso pequeno País no plano europeu e mesmo mundial começa agora a ser assunto falado pelos políticos dos dois países.
Os ainda existentes “aljubarrotistas”, como eu sempre lhes chamei, que acusam de falta de patriotismo quem deseja para Portugal uma posição muito mais valorizada, sobretudo agora neste mundo de globalização, bem podem começar a ficar calados, especialmente quando as dificuldades que sentem os portugueses face às restrições de todo o tipo, particularmente no campo dos impostos, são cada vez maiores e o desemprego está a atirar para fora do nosso País cada vez mais a juventude com preparação académica, perante isso não haverá que defender teorias de isolamento, já que bem basta o deserto que se criou no interior de Portugal e que bem necessitam as terras abandonadas de produtores para que as exportações, como referi ontem, sejam eles de que nacionalidade forem.
Está mais que demonstrado que, sozinhos aqui na ponta do nosso Continente, só com um vasto mar pela frente que, por sinal, nem sequer aproveitamos, isolados e estupidamente orgulhosos por esse facto, não caminharemos para um futuro que nos dê perspectivas de progresso e de bem estar.
Não sei quando isso irá ocorrer, não será seguramente durante a minha existência, mas que o empobrecimento, a miséria que nos aguarda levará a que os futuros cidadãos nacionais, ao lado dos vizinhos espanhóis, chegarão ambos à conclusão que não existe outra saída que não seja o juntarmos esforços e prosseguirmos juntos no estabelecimento de uma posição que, no seio da Europa, se baterá pelo lugar importante que nos pertence no conjunto das nações que fizerem parte da comunidade então existente, isso, no meu entender, faz parte do futuro que está reservado aos dois parceiros ibéricos.
E não se trata de uma conquista e um País pelo outro. Nada disso. A moeda já é o euro, bandeira própria todos temos, comunhão entre as populações não se perde (vide o tal Benelux e a Suiça), os costumes e a gastronomia nunca deixará de existir, as diferentes províncias em ambos os lados da actual fronteira, essas manter-se-ão. Agora, isso de ser competidores entre nós próprios é coisa que não se manterá, podendo as terras, agora de um e do outro lado da fronteira, ser exploradas indiferentemente, assim como o sector empresarial não tem que pertencer exclusivamente a portugueses e a espanhóis, pois que seremos todos ibéricos.
Se houver quem, agarrado cegamente a Aljubarrota e aos mitos criados pela História que deram aos portugueses vitórias e derrotas, pertence tudo ao passado, se não se compenetrar que o mundo de hoje é outro e que as batalhas que, noutras épocas tiveram a sua justificação, na realidade que se vive hoje não tem nada a ver com preconceitos “patriotistas” de antigas épocas. Camões e Pessoa serão sempre aquilo de que nos orgulhamos, como Cervantes e outros merecem o respeito dos espanhóis. Nada disto tem a ver com a realidade dos nossos dias.
Por mim, sem complexos mas apenas tendo em vista o melhor para o nosso País, sempre defendi a ideia expressa e não é agora, perante as circunstâncias que enfrentamos, que vou mudar. Mais português do que eu, garanto que não há. E é por isso que de fendo esta tesa. Quem cá estiver no futuro, mais ou menos longo, dirá de sua justiça.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

VIAJAR

As viagens muito ajudam
do casulo se sair
de certa maneira mudam
o que se chama o sentir

Mas olhar sem se ver
ao ir a outros países
não chega para entender
o que são suas raízes

Cada terra, cada povo
tem aquilo que é só seu
pois só ao abrir um ovo
se sabe o que ali se deu

Convém antes de partir
sua História conhecer
pois isso dá p’ra sentir
o que está além do ver

Pois ir só de mala às costas
sem ter bem limpa a vista
é não desejar respostas
p’ra tudo que seja pista

É como quem mete a mão
em saco sem ver o fundo
joga à sorte uma ilusão
sem s’interessar p’lo mundo

Mas ir lá longe p’ra ver
não chega o só sentir
porque no fim há que crer
qu’importa saber ouvir

Três sentidos bem abertos
todo o tempo aproveitado
se se derem passos certos
se disfarça o cansado

Sair p’ra lá do convívio
nada de novo trazer
em vez de sentir alívio
é um pouco fenecer

E de novo algo trazer
é por certo novidade
mas o contrário fazer
tem a sua utilidade

Quem viaja faz turismo
intercâmbio de maneiras
e isso o nosso lusismo
não pode encontrar barreiras

Percorramos sim o mundo
mostremos o que nós somos
não percamos um segundo
a lembrar o que nós fomos

Sobretudo o que fizemos
em séculos já bem distantes
dizendo alto o que demos
ao mundo com navegantes

Mas receber bem em casa
abrindo portas em par
é qualidade que apraza
a quem vier visitar

Aqui fica este recado
deixado como eficaz
e se for sempre lembrado
fica ao serviço da paz





VIAGENS... E RESULTADOS?




AS VIAGENS QUE O PRIMEIRO-MINISTRO tem andado a fazer, como as que foram agora tornadas públicas, e em que visitou o companheiro espanhol e a senhora Merkel, se foram revestidas do propósito de angariar a vinda de empresas dos dois países para se instalarem também no nosso País, merecem sem dúvida o aplauso de todos nós, pois são dadas como bem empregados os gastos que ocasionam as saídas de Portugal, sobretudo se são grandes as comitivas que o acompanham.
É claro que – e cá volto eu a referir o que me preocupa sempre – se o Aicep fizer como deve o seu trabalho, que é o de procurar que exportemos o mais que for possível, mas que, dada a nossa pouca produção, fazendo o melhor que conseguir para trazer para o nosso território investidores, sobretudo se forem empresas que tenham a sua actividade no estrangeiro e que estendam a sua actividade através de indústrias, se isso suceder teremos que depositar confiança nos responsáveis que se encontram na referida Aicep.
Com tantas sucursais espalhadas pelo mundo, que custam muito caro aos cofres do Estado, actuarem como é sua obrigação, se o responsável nacional pela mesma organização – que tem sido ultimamente Basílio Horta, que se encostou ao Partido Socialista apesar de ter sido um dos activos membros do CDS – tiver a maior atenção para que os resultados práticos da sua actividade forem visíveis, grande parte do trabalho se encontra realizado e as idas ao estrangeiro do nosso primeiro-ministro só servirão para confirmar o nosso interesse em ver instalados em Portugal o maior número possível de empreendimentos que, posteriormente, podem contribuir para o aumento de exportações nacionais.
Parta além da mão-de-obra que poderão utilizar, diminuindo o desemprego que grassa no nosso País, se as unidades fabris que vierem para cá forem colocadas, através de facilidades que lhes sejam concedidas, nos espaço desocupados e até desertos que abundam no interior de Portugal, então, de uma cajadada matamos dois coelhos, ou melhor três, pois aumentam as exportações, criamos empregos, damos vida aos sítios onde hoje só vivem velhos e – afinal são quatro os benefícios – criamos possibilidade de serem aproveitadas algumas contribuições fiscais, tanto para as autarquias como para o próprio Estado. Esta deveria ser a preocupação principal dos governantes que temos, ou seja fazer todo o “namoro” possível às empresas estrangeiras para estenderem as suas actividades para o nosso País e, para isso, o essencial é que se criem as condições extraordinárias para atrair esses investidores, quer através de espaços livres que existem com fartura no interior nacional quer também por intermédio de facilidades, sem qualquer das burocracias de que tanto gostamos por cá, e juntando os municípios ao Ministério da Economia em tal aspiração colocar todo o nosso emprenho para atingirmos os objectivos desejado.
É isto que um Executivo com atitudes práticas deve fazer. Mesmo que tenhamos que pôr de parte velhos hábitos, aqueles de só complicar o que deve ser facilitado o mais possível. Ainda que revolte os nossos pobres empresários que, como se sabe, cada vez que querem dar um passo para alargar os seus empreendimentos só encontram obstáculos e dificuldades.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

POETAS PERDIDOS

Poetas desconhecidos
quantos existem no mundo
com tantos génios perdidos
que nunca saem do fundo
poetizam para si
imaginam, logo esquecem
por aqui e por ali
porque aos outros não convencem
ficam sós
perdem até a voz

Normalmente são modestos
não crêem no que lhes sai
será por serem honestos
ou porque a Musa os atrai?
Se também não há destino
a dar ao que sai da alma
só o que é mais cretino
é que lá perde a calma
escrever e guardar
também é amar

Usar costas de papel
por outros antes escrito
pode até saber a mel
a quem só usa palito
mas a penúria obriga
poeta rico não há
qu’isso de fazer cantiga
não dá dinheiro por cá
rime que rime
tanto deprime

A esperança dos poetas
Que nos cantos lá produzem
é que as obras secretas
só muito tarde é que luzem
quando os autores já se foram
e alguém vasculha os cestos
que noutro mundo onde moram
ninguém liga aos contextos
depois da ida
outra vida

Mas também há os que em vida
lá conseguem dar nas vistas
alcançam boa acolhida
seguiram as certas pistas
o normal não é assim
os génios, esses coitados
se quiserem olhem p’ra mim
verão como não dão brado
sempre mudo
eu me ajudo




O BOM E O MAU



É NATURAL QUE, NA GOVERNAÇÃO de um País, ocorram medidas certas e outras erradas. O que se torna obrigatório, no entanto, é que os responsáveis pelos maus passos que são dados e que depois se verifiquem que não foram felizes não demonstrem a mais pequena hesitação em apresentar publicamente as justificações, se as houver, e, caso contrário, condenar-se pela má actuação que, nos homens, é o mais natural que pode suceder. Na situação inversa, quando a actuação dos governantes for considerada justa, certa, adequada, em tal ocasião e por todos os meios que estejam à disposição do ser humano não é justificável que não surjam os elogios e os aplausos que merecem, mesmo que seja essa a sua obrigação, como é o caso da comunicação social, que entusiasme os seus autores a continuarem a proceder dessa forma.
Pois vou utilizar este blogue para focar duas situações que, controversas, uma se situa na área da crítica e a outra seja merecedora de aplauso. Aqui as temos:
Não se pode desculpar que o sector que tem a seu cargo a aplicação das novas regras para serem aplicadas as taxas na compra de passes sociais, que parece ser um departamento resultante do Ministério da Economia, não tenha, a tempo e horas e com a antecedência exigida para não se criarem dúvidas e aflições por parte dos utentes dos transportes públicos, não se admite que todos os postos de venda desses passes não tenham recebido a informação completa de aplicação dessas novas condições, de molde a que o público usuário não tenha em seu poder, a tempo e horas, um conhecimento tão essencial.
Não será certamente o ministro da pasta respectiva que será o responsável directo por tamanho mau serviço, pois seguramente que caberá a alguma repartição na fila descendente daquele sector que não terá, através do seu director-geral, feito o trabalho correcto que lhe cabia. E, neste caso, deveria a comunicação social receber a indicação do faltoso e divulgar amplamente esse facto. Serviria de exemplo a todo o sector administrativo oficial para precaver outras situações que possam aparecer. E seria bom assistir ao defensor permanente dos funcionários públicos, esse que aparece sempre a clamar contra o que ele considera injustiças em relação a esse sector, que em tais situações também viesse dar conta de tais faltas, em lugar de ficar calado.
Já no capítulo do elogio que também deve ser feito às soluções positivas à actuação do Governo e, neste caso a que me vou referir, a medida é oriunda dos altos cargos, devem todos os contribuintes fiscais portugueses regozijar-se pela economia que se pretende com os cortes na RTP que, mesmo não se sabendo ainda em que sectores vão cair as anulações de despesas, pois só foi ainda referida a eliminação de horas nas emissões produzidas localmente pelas estações da Madeira e dos Açores, já se tem ideia de que serão uns bons milhões de euros, qualquer coisa como 25 por ano, sem que deixem os residentes nos dois arquipélagos de poder serem espectadores de emissões que serão de origem do Continente, para além dos sistemas já tão em uso dos canais internacionais, ainda que pagos.
No caso da RTP nacional, é evidente que a pluralização de estações que existem em território nacional, numa altura em que a economia de dispêndios tem de ser a palavra de ordem em todos os sectores públicos, essa medida não pode ser chorada por nenhum português. Se for utilizado todo o período diurno de maneira a cobrirem-se as diferentes variantes que fazem parte do leque de programas que é útil ao público, mas isso com um apertado sentido de serviço público, ou seja cobrindo as áreas de informação e de cultura que, aliados aos espectáculos mais ligeiros, retirem tempo de antena a programações que, sendo muitas as que são oferecidas através dos écrans e que demonstram uma verdadeira amostra da falta de cuidado nas selecções, afastando esses maus exemplos deixem espaço para que se cumpra a autêntica missão de formar e de informar. Isso, sempre não perdendo de vista as regras democráticas, pois os canais utilizados devem ter sempre esta função como princípio. É sabido que, no seio da televisão do Estado, se verifica uma autêntica discriminação no que diz respeito ao pagamento de salários, havendo certos casos em que as remunerações são escandalosamente principescas e em outros, para além de ridículas contribuições dos trabalhos executados, esses pagamentos tardam em efectuar-se. Há, pois, que analisar com verdadeira imparcialidade, como funciona o sector que tem a seu cargo a avaliação das retribuições aos colaboradores.
É natural que apareçam muitas queixas oriundas das Ilhas e que acusem o Executivo de todo o território de mal tratar as populações locais, mas, sobretudo os madeirense, independentemente do que o seu Presidente Alberto João irá proclamar num dos seus discursos inflamados, têm de ter em conta que tem sido uma zona do espaço nacional que mais benefícios tem recebido dos dinheiros públicos, nos mais diferentes sectores. Setembro vai ser o mês que mais mal tratará todos nós que vestimos a camisola lusitana. Não será só nestes cortes que se ficarão as medidas anunciadas