sexta-feira, 23 de maio de 2008

PANORAMA TRISTE!



Eu julgo que não estarei isolado neste sentimento. O de ficar indiferente se um estrangeiro nos surge a fazer comentários negativos no que diz respeito ao que ocorre no nosso País, sejam factos concretos sejam relacionados com o nosso comportamento no dia-a-dia. Nestas circunstâncias não me contenho e ultrapassarei seguramente a serenidade que é necessária manter em tais ocasiões.
Isso, repito, quando o interlocutor não é natural deste rectângulo e não tem um sentimento perfeito do que é viver, com relativo prolongamento e suportando as consequências do que isso representa.
Mas, quando somos nós, portugueses, a falar uns com os outros, a comentar o que ocorre cá no burgo e com conhecimento de causa, nesse caso tudo é permitido no que diz respsito a críticas e a indignações. Estamos na nossa casa. Ninguém tem o direito de querer tapar-nos a boca, por mais discordante que esteja quem nos ouve ou quem nos vê,
Bem bastou o longo período em que fomos forçados a mostrar concordância, a sofrer
amordaçados e a fingir que concordávamos com tudo. Porque os que não se comportavam deste maneira pagavam com os costados na cadeia. E os que não se manifestavam iam sofrendo com o espírito de aparente satisfação. Afinal, esse espírito vinha de longe. Da época em que as duas classes dominadoras estabeleciam as regras, a nobreza e o clero não deixavam que o povo tivesse preferências. O povoleu existia para obedecer!
Passo por cima, mas não disfarço a fingir que, hoje em dia, as coisas mudaram radicalmente. O aspecto legal, esse, como é evidente, não tem nada a ver com o que ocorria naquelas épocas tão distantes. Não há quem negue. Mas que as diferenças entre as múltiplas classes, não deixam de nos fazer pensar em todas as injustiças que são dadas a conhecer e que ocorrem em todo o mundo, mais nuns continentes do que noutros, escandalosos em certos países e cuidadosamente resguardados noutros, essas discriminações - como se passou a chamar a partir de certa altura - não estão totalmente arredias no mundo moderno em que vivemos. E quanto de mais globalização se fala e mais notícias são lançadas no que respeita às ajudas que lá vão surgindo, com a capa de "dia disto e dia daquilo", maiores são os escândalos que arrepelam toda a população mundial que, incapaz de, a título individual, participar positivamente em qualquer acção concreta, o único que lhe cabe fazer é, agarrando-se às suas crenças religiosas, os que as têm, implorar ao Ser superior do seu convívio que meta mão na desgraça alheia. O pior , porém, é quando, ao mesmo tempo que sucede uma desgraça, antes da mesma estar solucionada com os meios que na Terra ainda existem, outra, como um terramoto de grande potência ou o que parece ser uma zanga da Natureza, desflagra noutra zona e deixa os habitantes desta Esfera ainda mais confusos do que aquilo que já andam no capítulo do que chamam de "injustiças do Universo".
Tendo ultrapassado esse desabafo no capítulo do que ocorre por esse Mundo de Cristo - para lhe dar um nome que tem muitos seguidores -, volto à razão de ser do texto que está destinado a este blogue de hoje. O facto de sermos nós um País pequeno, com História antiga, digna e merecedora de ser bem conhecida por nós e devidamente divulgada, tenhamos tido a amargura de passar por um passado recente de que não nos sentimos ter sido merecedores: o dos últimos trinta anos da Ditadura salazarista e os trinta e quatro anos do período pós Revolucionário. E isso, muito embora os conhecidos "capitães de Abril" sejam merecedores da gratidão nacional, independentemente de razões mais corporativas do que outra coisa, que esteva na origem da revolta dos oficiais, não temos de reconhecer que não foram apenas esses que criaram os exageros que se seguiram e que mais se assemelhavam a demagogia do que a Democracia. Foram os que eu já chamei "revolucionários de pacotilha" que, tendo apanhado o "combóio da Revolução", muitos deles oriundos do passado e introduindo os seus pezinhos e lã no sistema acabado de ser deposto, foram esses que terão sido os piores, os que gozaram do oportunismo e daí tiraram grandes proveitos materiais. De que ainda espaventam por aí. E não se assistiu, até hoje de qualquer medida saneadora que colocasse as coisas escandalosas nos seus lugares!
E hoje, passados todos estes anos, com a juventude que não tem a menor ideia do que ocorreu, que goza nesta altura da Liberdade, sem saber qual o futuro que os espera , é agora que nos cabe o papel de não fingir que tudo vai muito bem e que somos um País em pleno progresso.
Vem, pois, agora a propósito sublinhar aquilo queTeixeira dos Santos,actual ministro do Governo de Sócrates, detentor de uma pasta de enorme responsabilidade , declarou esta semana, afirmando aquilo que mais parecia ter saido da boca de um membro da Oposição. Disse ele e não terá sido por distracção, que "Portugal é o País da União Europeia com maior disparidade na distribuição de rendimentos, ultrapassando mesmo os E.U.A...." nesta Europa em que no situamos.
E acrescenta o documento referido pelo ministro em causa, que Portugal se distingue como sendo o País onde "a repartição é a mais desigual", isto é, onde os que ganham mais e vivem melhor, onde há mais ricos, estes estão muito mais distantes dos pobres , em comparação com o que sucede, por exemplo, na Suécia e na Dinamarca.
Traduzido isto em miúdos, quer dizer que, ao contrário dos tais países nórdicos europeus, esses os mais igualitários entre si no nosso Continente, tal nos coloca numa posição triste de fim da cauda, o que, temos de reconhecer, nos surge a dizer que, seja qual for o quadrante político em que nos situemos, sairmos desta posição poderá, com sorte, vir a aconstituir uma das muitas necessiddes dos vindouros. Conseguirão eles lá chegar? Como portugueses, digo...

E querem ainda uns tantos comentadores de blogues (e ainda bem que os há!), que estes espaços sirvam para debitar elogios por tudo e por nada, sobretudo às figuras que esses consideram como "intocáveis". Pois que perdoem os tais bajuladores. Mas eu não penso da mesma forma!

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