domingo, 25 de maio de 2008

ESPERANÇA, APESAR DE TUDO...


Quem se interessa verdadeiramente por estas coisas da História, quem não vive simplesmente o dia-a-dia sem dar importância ao olhar para trás, em saber aquilo que outros fizeram de molde a que tivéssemos chegado aos tempos de hoje, quem, como eu, tem gosto em comparar o que vivemos agora, procurando estabelecer razões para que nos comportemos assim e não de outra forma, tais curiosos sofrem com as consequências de os portugueses serem como são, em lugar de terem sido outra coisa. Quer melhor quer pior.

É certo que nada resolve estabelecer os motivos, posto que essa decifração não vai modificar minimamente as maneiras comportamentais de toda esta gente que habita neste cantinho aqui situado. Mas poderemos, ao menos, efectuar um exercício de caminhada e encontrar, através das dificuldades a que foram submetida as sucessivas populações nativas, alguma explicação para aquilo que somos. Já será uma consolação.

Recuando bastante no tempo, devemos não perder de vista que o Condado Portucalense surgiu, fez há poucos dias, 829 anos, na data em que o Papa Alexandre II - época em que eram essas Ilustres Personagens que estabeleciam, por bula, a então denominada Manifestis Probatum - estabeleceu o nascimento de um Condado, que, na época, fazia parte do reino de Leão.

Integrado, então, na chamada Reconquista Cristã, Alfonso VI, rei de Castela, integra no novo território Trás-os-Montes e Coimbra, até que, em 1128, com a Batalha de S. Mamede, D. Afonso Henriques assume o condado. e, em 1139, o Conquistador toma posse, de motu próprio, das suas funções de rei. Começou, então, a ser formado o que veio a ser o nosso País, embora já no ano de 868, se tenha verificado a reconquista do Porto na luta contra os mouros. Foi em 1143, através do Tratado de Zamora, que o Reino de Leão reconhece a independência do que é hoje o nosso País, muito embora, apenas em 1249, através do rei Alfonso II, e depois da tomada de Faro e Silves, se tivesse verificado definitivamente a aceitação da nossa independência.

Esta, em resumo, a História que justifica a nossa existência. Mas, desde então e até hoje, em pleno século XXI, passados que foram à volta de mil anos, levando em conta as diferentes datas do nascimento concreto, e todo este tempo foi bastante para, ultrapassando as múltiplas vicissitudes porque se foi passando, se ter indo moldando um caracter, uma forma de ser, um espírito que, queiramos ou não, é o nosso e é aquele com que temos de enfrentar o futuro que, crentes como provavelmente continuaremos a ser desde os tempos das Descobertas, esperamos que seja muito melhor do que aquele por que passamos hoje, nos dias que atravessamos.

E, ao contemplarmos aquilo que nos rodeia aqui na nossa Terra, por mim falo, custa-me a aceitar que, pelos nossos próprios meios, sejamos capazes de encontrar uma saída minimamente aceitável para os sucesivos desastres que nos têm cabido em sorte.

E não vale a pena entrarmos em pormenores cansativos para desculparmos a maior parte das asneiras que têm sido feitas cá pelo burgo. Olhando só para os dias de hoje,
ao acabar de ler na Impresa que o Banco de Portugal informa que o crédito mal parado já chegou aos 2,4 mil milhões de auros, quer dizer, que as dívidas dos portugueses à Banca chegaram a um ponto que nunca teria sido sonhado tempos atrás, que toda a gente deve a todos, começando, claro, pelo próprio Governo, não é preciso pôr mais na carta para mostrar a que ponto chegou a indiferença pelo não cumprimento das dívidas que se contraem?

Noutra área bastante diferente, ficamos embasbacados quando assistimos aos anos que já passaram sobre a descoberta do escândalo conhecido por "Casa Pia", em que apenas um, o não mediático Bibi, esteve encarcerado - mas já saiu - e em que todos os outros, gente tida como "famosa", se passeia por aí com o maior descaramento e em que até alguns são aplaudidos por gente que já nem sequer distingue os que merecem ser reconhecidos pelo seu bom comportamento, ao vermos que a a Justiça que existe nesta Terra não se envergonha por não dar o andamento célere aos castigos que se impõem, o que não podemos deixar de fazer é envergonharmo-nos do que nos coube ter de aceitar, tantos anos depois da constituição de Portugal.

Mas, fico-me por aqui. Nem um blogue de tamanho infindo chegaria para dar mostras dos desagrados que têm de ir nas almas daqueles que, exactamente por não se mostrarem indiferentes com a razão de ser do nascimento deste País, mais se interrogam quanto a não surgir uma volta de 180 graus, capaz de fazer entender que, a seguirmos assim, não seremos capazes de encontrar a saída para uma felicidade relativa, tão semelhante quanto possível ao que, apesar das enormes dificuldades económicas, financeiras e sociais que atingiram o mundo, mesmo assim se vislumbra em alguns países da Europa. Até nalguns que se encontravam em dificuldade há pouco tempo atrás, mas que as ultrapassaram.

É este o meu desabafo. E é este o meu anseio. Se é que posso ajudar com um blogue destes. Se é que serve para alguma coisa!... Quanto mais não seja, para eu ler alguns comentários anónimos que sempere surgem por parte de gente que, no seu pleno direito, discorda.



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