sexta-feira, 27 de maio de 2011

SEMPRE OS MESMOS



SOMOS, É SABIDO, um País pequeno. E, obviamente, por via disso, de população equivalente. Apenas dez milhões, dizem as estatísticas que, recentemente através da actualização com efeitos nos dados eleitorais, permitem apurar um número mais exacto.
Porém, apesar dessa redução de indivíduos que constituem a massa nacional, não temos de viver limitados sempre às mesmas caras que surgem nas televisões e noutros locais de visibilidade pública a representar aquilo que muitos consideram ser a opinião da generalidade dos portugueses. Porque é isso que sucede em Portugal.
Cada vez que se liga um canal televisivo e se debate um tema que terá importância para ocupar um espaço de tempo, é inevitável que existem umas faces que parecem viver ao lado de cada estação e, por estarem ali à mão, são os que servem para expandir os seus comentários, independentemente dos assuntos pertencerem a especialidades muito distintas.
Não há dúvida que se verifica uma limitação, ou de gente com capacidade para dirigir a palavra aos espectadores ou ouvintes, se se tratar de programas de rádio, ou de programadores que não possuem um leque muito alargado de comentadores. Ou também, de que não querem correr o risco de experimentar pessoas novas que possam dar uma ideia de variedade e de opinadores que saiam do já conhecido.
O que eu penso é que existe, por parte dos responsáveis da comunicação, uma falta de coragem em variar, se bem que, quando se tratam de programas em que o publico participa pelo telefone, se poder constatar que só os mais atrevidos é que dão mostras de transmitir os seus pontos de vista e, com grande frequência, se depara com enorme ausência de preparação mínima para transmitir aos outros algo que valha a pena escutar.
Apesar disso, não deixo de considerar como uma obrigação dos responsáveis pelos programas que são postos no ar pelas televisões o alargarem o mais possível a lista de colaboradores que estejam dispostos a expandir os seus conhecimentos, sendo que, dessa forma, ao cumprirem um serviço público, especialmente obrigatório para a RTP, também dão provas de que os conhecimentos mais destacados não se situam limitados sempre nas mesmas pessoas.
É verdade que nas nossas estações televisivas as participações extemporâneas não são objecto de pagamento de serviços – como sucede, por exemplo, com a BBC inglesa -, e até por isso não constitui um custo convidar o mais variado número de colaboradores ocasionais, razão pela qual nós, os que apenas nos limitamos a ver e ouvir, desejamos conhecer novas caras e vozes e, sobretudo, tomar conhecimento de opiniões diferentes.
Não conseguimos deixar de ser um País pleno de limitações, mesmo quando temos possibilidade de alargar o leque de possibilidades. É na política, especialmente neste período em que as figuras conhecidas se repetem a dizer sempre as mesmas coisas – quando seria útil conhecer o que pensam os homens de rua, mesmo que tivesse de se fazer um rastreio gravado para que não acontecessem desvarios que excedessem a linguagem admissível e que a Democracia permite -, como futebol (então aí é um enjoo a repetição sempre dos mesmos), e nos temas mais variados que sempre haverá quem, sendo desconhecido, terá alguma coisa de útil e interessante a expor.
Mas isto é pedir demasiado às imaginações muito limitadas que se encontram nos postos que podem e devem contribuir para dar uma ideia alargada daquilo que os portugueses comuns são. Doutra maneira é ficarmos sempre na mesma. E é precisamente o contrário que Portugal precisa. De mudar, de dar o salto em frente, de não ficar agarrado ao que vem de trás. A História recorda-se, e é bom que assim seja, mas não serve para ser repetida sem capacidade de lhe ir introduzindo ideias e actuações que possam melhorar aquilo que somos.
Tomara eu que, no capítulo dos blogues, surjam novos comentadores a dar mostras de que o que tem sido feito e continua seja considerado fora de uso e já cansativo.

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