domingo, 29 de maio de 2011

DEMOCRACIA



ESTE REGIME POLÍTICO que tem vindo lentamente a ser seguido por países de todo o mundo que, de uma forma geral, se libertam do oposto que é a ditadura, muito embora seja com dificuldade que as populações se habituem a seguir com rigor as regras que estipulam as bases de liberdade mínima que não podem faltar para que o sistema possa ser considerado como integrado nos seus princípios, também já foi vítima da inversa, ou seja de ser substituído tal procedimento político por revoluções que impõem o autoritarismo de certas figuras que se destacam e que põem ponto final na liberdade que era utilizada.
A prática democrática dentro dos princípios que a tornam como sendo uma forma de colocar nas mãos dos nacionais de um país as decisões que são seguidas por vontade colectiva, essa actuação não surge de um dia para o outro por simples determinação legislativa. É essencial que o regime novo que é implantado seja regulado por princípios que passam a estar controlados pelas leis que os homens criam para existir um mínimo de ordem. Mas, uma coisa é o que as Constituições estabelecem e outra é o seguimento rigoroso das liberdades que ficam estabelecidas para evitar abusos por parte dos beneficiados com a Democracia.
São necessários vários anos que derivam de sucessivas gerações que se vão habituando à prática de saber ouvir e de, sobretudo, respeitar as opiniões dos outros, para que se possa considerar que uma nação exerce com eficiência a Democracia que lhe é oferecida, pelo que os povos que não passam por esse lento hábito, geralmente clamam com vaidade que seguem o sistema, que são democratas de alma e coração, mas, logo na primeira altura, dão mostras de que se encontram longe de atingir a perfeição.
Não é necessário repetir insistentemente a frase que Wiston Churchil deixou gravada de que “a Democracia é a menos má das políticas que se praticam”, para constatarmos que a mão do homem, ao interferir nas regras que são criadas, as políticas, as religiosas e outras, comete erros e não deixa que a maneira perfeita de se exercer um princípio, por mais bem intencionado que ele seja, é constantemente deturpada.
O que se passa em Portugal, nesta altura que “já” levamos 37 anos de sistema, é bem a demonstração de que serão necessárias pelo menos mais duas décadas para que as gerações que venham aumentar o número de compatriotas já tragam no sangue o hábito enraizado de não querer contrariar, por tudo e por nada, aquilo que o parceiro opina. Pelo menos, sem antes reflectir se estará na posse de toda a razão e, mesmo assim, retirar-se de um confronto que não acrescenta nada à solução de qualquer problema.
O exemplo que nos estão a dar os nossos políticos que, ofendendo-se mutuamente, não permitem que existam concorrentes que tenham uma maneira diferente de encarar uma questão e, em vez de, cautelosa e modestamente, apresentarem as suas razões e deixar aos eventuais ouvintes a responsabilidade de decidir, essa forma de actuar é a prova provada de que a Democracia ainda está longe de fazer parte dos nossos hábitos e de que não será tão cedo que nos poderemos dar como satisfeitos pela actuação dos que são governantes daqueles que para lá querem caminhar.
Neste blogue já opinei, meses atrás, de que, nas escolas primárias, os mais novos, ao mesmo tempo que aprendem a ler e a escrever e a fazer contas deveriam ter uma classe de Democracia, ou seja criar-lhes a prática de só falarem quando o parceiro se calar e de ouvir com atenção as opiniões alheias, posto que não sabemos tudo e pode dar-se o caso de escutarem alguma coisa que seja bom acrescentar ao que já faz parte do seu conhecimento. Claro que, com um Sócrates, o que interessa são os computadores, e este tipo de opiniões não cabem na sua cabeça. Mas pode ser que apareça alguém que preste a maior atenção ao futuro de Portugal, em todas as áreas, e isso de os portugueses alterarem, de forma positiva, certos comportamentos que vêem de longas datas da nossa História, essa preocupação não faz parte dos programas dos partidos que aí estão a lutar para se sentarem nas cadeiras do poder.
Não faz nada mal que cada um de nós, mesmo sonhando, exponha as suas opiniões e fuja dos elogios em boca própria que tanto gostamos de exibir. Para alguma coisa servirá.

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