terça-feira, 24 de maio de 2011

CAVACO FORTE E FEIO...



O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, reeleito com votos suficientes para poder exercer as suas funções sem o menor receio de ser acusado de não estar a ser útil aos interesses de Portugal, caso, de facto, assim proceda, não se tem dirigido aos portugueses com a assiduidade e a oportunidade bastantes para tentar que alguma coisa mude na forma de comportarem-se os seus concidadãos. Sobretudo porque, no final deste seu mandato, não terá de concorrer ao lugar…
Tal como dizia Salazar muitos anos antes, que teve a frase que ficou na memória de “produzir e poupar”, também agora surge Cavaco Silva com algo idêntico de “trabalhar melhor e poupar mais”. Não se trata, portanto, de alguma novidade.
Nesta minha coluna sem importância tenho repetidamente afirmado que, no nosso País, as preocupações que mais se apontam são as das reduções de horas de trabalho, concedendo feriados com fartura e aproveitando as pontes o mais que é possível para que o descanso faça parte, em primeiro lugar, das regalias dos que têm profissão. E esta minha insistência em que os que têm ainda emprego façam todos os possíveis por o resguardar e, nesse sentido, se dediquem às obrigações que lhes cabem de serem o mais produtivos que for possível.
Pois o que o Presidente da República deveria insistentemente dizer aos cidadãos é que, se se queixam das condições de vida tão difíceis que têm de enfrentar e do futuro que se lhes apresenta não ser de molde a criar esperanças, pois que está nas suas mãos criarem as condições para que o panorama mude radicalmente. E, como é óbvio, também os profissionais da política, seja qual for o partido a que pertençam, têm obrigação de, mesmo que as recomendações para trabalharem melhor não lhes dê votos – e é por isso que se afastam dessa luta – insistir para que mudemos todos de atitude de trabalhar mal e pouco e passemos a dar o máximo de nós para que se atingir objectivos diferentes dos que temos actualmente
Mas repito, Cavaco Silva, que não tem o seu futuro político dependente daquilo que recomendar aos portugueses – e mesmo que o tivesse -, esse é que tem obrigação de apelar, mesmo cansando os nossos ouvidos, para que alteremos completamente, todos de nós, sejam quais forem as actividades a que nos dediquemos, o sentido do “desenrascanso” que mantemos sempre na nossa actividade, nesse “logo se vê” que é também a causa dos erros que cometemos para depois termos de nos livrar deles – e as dívidas acumuladas, os gastos feitos sem dinheiro, a vida boa que depois se resolverá, tudo isso que nos conduziu ao ponto a que chegámos -, é para esse comportamento que o Presidente da República tem obrigação de chamar a atenção e não se calar com uma máquina publicitária bem estruturada, de maneira a que produza algum efeito e deixemos de assistir constantemente à porta dos escritórios e das repartições publicas, assim como das lojas, ao espectáculo triste e preguiçoso de funcionários agarrados aos seus cigarros e a não fazer o serviço que lhes compete no interior dos espaços de trabalho.
Isso, para não referir os telefonemas particulares que ocupam uma grande parte do tempo de trabalho com conversas inúteis.
Eu, por mim, ao fim de mais de 50 anos de cumprimento das minhas obrigações – até porque antes não se brincava tanto em serviço -, não descanso enquanto não assistir a uma mudança, por pequena que seja, da mandriice que ocorre em Portugal.
Mas não haverá mais ninguém que seja capaz de vir a público dizer aquilo que todos sabemos que existe?

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