segunda-feira, 23 de maio de 2011

OPINIÕES



A REVISTA “FLASH” PUBLICOU esta semana uma série de comentários de diferentes pessoas, mais ou menos conhecidas, sobre o tema “Vale a pena ser português”. E as mais variadas respostas foram dadas, sendo os fundamentos baseados nas experiências de vida e nas bases de preparação de cada um dos interpelados. A escolha dos interrogados compete, obviamente, à própria publicação, pelo que as diferenças e as qualidades das afirmações feitas representa somente o que cada um dos autores mostra ser capaz de contribuir para que se fique com uma ideia algo fundamentada daquilo que os portugueses são capazes de pensar.
Não vou neste meu blogue referir-me, concreta e individualmente, a afirmações feitas pelos inquiridos, o que seria interessante pelo menos no que diz respeito à importância que é dada neste nosso País, em particular por alguns meios de Informação, a indivíduos que não se justifica que surjam a divulgar as suas opiniões. Toda a gente tem esse direito, é óbvio, mas se não se tem o cuidado de escolher os que acrescentam alguma coisa de interessante e útil para que seja formada uma opinião tão aproximada quanto possível do que são os portugueses de hoje, aqueles que atravessam um período de tão grande dificuldade e que necessitam, mais do que nunca, de estar conscientes daquilo que somos e do que devemos passar a ser.
Mas, pelas afirmações que podem ser lidas na referida Revista, fica-se com uma ideia de que, na sua maioria – para não dizer que são raras as que dão mostras de algum sentido da realidade -, os elogios que são feitos ao povo português (que tem de incluir, evidentemente, as camadas que estão integradas na vida pública), os tais “orgulhos” agora tão evidenciados em quase todas as demonstrações do comportamento nacional, esses surgem a cada passo.
Ora, aquilo que tem sido uma constante nos textos que publico diariamente neste blogue e que muitos apelidam de pessimismo crónico, assenta sobretudo no contrário, isto é na chamada de atenção que tem de ser uma constante dos mais responsáveis – incluindo os meios de comunicação social – de que se impõe uma mudança de mentalidade de todos os compatriotas nacionais, chamando a atenção para o que corre mal por forma a que possamos, a tempo de ainda ser útil, mudar de forma de actuar, ou seja produzindo com honestidade, não desperdiçando tempo com inutilidades e, em lugar de se desejar menos horas de trabalho se aceite utilizar bem o tempo dedicado à produção de cada um.
Isto de afirmar que vale a pena porque “somos um País pequeno, mas com grande dignidade”, “porque a nossa História é rica”, “pelo seu povo simpático”, “porque temos de gostar de nós próprios”, “porque está a 7 horas de Nova Iorque” e tantas outras razões apresentadas por aqueles que se dispuseram a tornar público os sues pontos de vista, essas proclamações não podem servir de pontos de orientação para o futuro que tem de ser enfrentado sem ilusões de milagres.
Nenhum português gostará que sejam os estrangeiros a indicar os nossos defeitos, mas não tem a menor utilidade se passarmos a vida a gabarmo-nos, a colocarmo-nos no poleiro das vaidades por motivos que não têm o menor peso para emendarmos os erros e os defeitos que nos caracterizam e que tanto escondemos. Por isso, da minha parte não participo nessa onda dita de “antipatriotismo” só porque não escondo, nos escritos de que sou autor, a necessidade de mudarmos em muitos dos nossos costumes se queremos, de facto, entrar na corrida para sairmos do fim da corrida e tentarmos chegar aos que se situam nos lugares cimeiros.
Sim, temos de ser mais trabalhadores, de não alinhar nessas campanhas tidas como de sindicalistas, de “defesa” dos trabalhadores, clamando por menos horas e mais dificuldades em seleccionar os que merecem ser acarinhados porque cumprem as suas missões com honradez laboral, de não desperdiçar o tempo em que estão a ser pagos e que, lá fora, quando actuam como imigrantes, constituem uma característica que lhes a preferência dos empregadores. Se é esse o comportamento quando actuam fora de portas nacionais, então que usem o mesmo sistema sempre que é em terras portuguesas que empregam o seu esforço.
É pena que a revista “Flash” – e esta afirmação faço-a com base em mais de 50 anos de actividade na área, com todas as funções e também de responsável superior de alguns títulos – não tenha feito uma selecção mais apurada dos questionados, por forma a que não faltassem opiniões que não seguissem todas a linha dos elogios, de sermos como somos… e ainda bem!

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