segunda-feira, 16 de maio de 2011

DESENCANTO



NÃO SERÁ ISSO QUE SE PASSA com a maioria da população. Pelo contrário; pelo que se assiste e se ouve ao mundo que nos rodeia e que se prontifica a prestar declarações em todos os meios de comunicação que lhe capta a opinião – e ontem, tendo sido o classificado “Dia da Família”, pelo menos na RTP 1 foi possível escutar muita gente contente por estar viva -, as pessoas no nosso País não dão mostras de andar desgostosas com as circunstância da vida que Portugal lhes está a proporcionar. Se eu não estivesse atento ao que me é permitido observar diria que era exactamente o contrário que se passaria com os portugueses. Seria natural que aquilo a que se assistisse fosse um ambiente de falta de ânimo, de ausência de vontade de continuar numa luta cujas perspectivas são de molde a não dar grande vontade de prosseguir nesta caminhada.
Ainda ontem tive ocasião de auscultar diversas opiniões numa reunião em que estive presente e, na verdade, o que consegui apurar dos diferentes pontos de vista que fui recolhendo, sobretudo porque instiguei as respostas quando se lhes perguntava se iriam votar no próximo dia 5 – claro que questionar sobre que partido é que não me atrevi e nem seria de boa conduta entrar na intimidade política de cada um -, mesmo assim alguns dos questionados não ocultaram as suas preferências mas o que constituiu uma regra geral foi a indecisão sobre a escolha que irá recair desta vez, verificando-se até uma generalizada indecisão, neste não porque sim, naquele ainda menos porque tal, no outro que ideia! E assim foram muito poucos dos presentes que não deram mostras de ter dúvidas sobre o quadrado onde irão colocar a sua cruz.
Fiquei a pensar nesta pequena amostragem sobre as decisões que estariam tomadas e, salvo dois casos no meio de uns dez que faziam parte do grupo, apenas esses foram claros: que não se deslocariam à mesa do voto, porque nenhum grupo partidário lhes dava garantias de ser capaz de colocar Portugal no bom caminho…
Ora, contemplando as sondagens que têm sido feitas por organizações especializadas e em que o que apresentam é uma pequena diferença percentual entre o PSD e o PS, embora com o primeiro mais bem situado, e em que o CDS (ou o Portas, porque é ele que se mostra sempre com o seu “eu”, o que confunde bastante se o resultado que obtiver será só nele ou no partido) sobe alguma coisa em relação aos resultados que conseguiu obter nas escolhas anteriores, sendo que os partidos de Esquerda clássica não evoluem excessivamente, o que poderá também parecer estranho, posto que com o desagrado geral que a governação de Sócrates atingiu, não seria de estranhar que já as amostragens desse indício de alguma subida.
Mas, como se diz no futebol, resultados só depois do jogo, pelo que, nesta altura, é excessivamente atrevido pretender ficar-se perto do que vai ser a decisão dos portugueses, especialmente numa ocasião em que o susto que ronda por todas as famílias, sobretudo devido ao grau de desemprego que não pára de subir e que, quer se queira quer não, vai ter uma grande influência na escolha que os portugueses fizerem.
Vou deixar passar mais algum tempo para me atrever a expor o meu palpite. Nem sei se será a abstenção que constituirá a maioria da posição dos votantes, mas, dentro do que me cabe de expor a minha opinião, embora compreenda que os habitantes não se sintam muito atraídos em participar na escolha, por afastamento cada vez maior dos chamados “políticos”, desta vez, mais do que em qualquer outra, é da maior importância que se fique com uma ideia de qual é a preferência maioritária dos portugueses, nem que essa maioria tenha de ser encontrada pela soma de votos de mais do que um grupo.
O homem que for o escolhido para tomar conta do próximo Governo tem que sentir profundamente a responsabilidade que lhe cabe de fazer o menor número de erros possível – porque alguns terá de fazer, por se tratar de um ser humano, mas devendo desculpar-se logo a seguir e não teimar na asneira - , estando pronto para ser punido das formas que a Democracia permite, e não se deixando arrastar no lugar logo que sinta o ambiente à sua volta que não lhe recomenda o manter-se no posto e agravar a situação, como fez José Sócrates.
E se for o Sócrates a vencer, por si ou por junção de agrupamentos, de novo, as eleições? Já muita gente pensou nesta hipótese?
Dava vontade de rir!
Se não fosse para chorar!...
E, a terminar por hoje, apenas uma anotação quanto à possibilidade agora surgida de entrar no capital da TAP a companhia espanhola Ibéria, ainda que ligada a uma outra congénere inglesa. Por mais que não me queira montar num poleiro e de rebater essa minha característica de ter razão antes de tempo, só quero recordar que esta fusão da nossa aérea com a espanhola só traria vantagens no capítulo de encaminharmos o turismo mundial para a Península Ibérica, com a enorme baixa de custos que representaria possuirmos, os nossos dois Países, apenas um escritório único, que incluiria as duas companhias aéreas e, ao mesmo tempo, fazermos a propaganda turística – que sai caríssima – de Portugal e Espanha nos mesmos locais. Já expus este ponto de vista algumas vezes e desde há muitos anos que defendo tal teoria, dando como exemplo Nova Iorque, onde temos uma loja aberta da TAP, outra que trata apenas do turismo e um escritório do AICEP que tem como funções (que pratica mal) de difundir a nossa economia, ou seja, promover a exportação dos nossos produtos e angariar empresas financeiras para investir no nosso País, tudo isto com gastos enormes de salários e instalações e afinal com um objectivo comum que é o de propagar Portugal no exterior.
A junção com Espanha nestes desideratos só traria vantagens, pois que a Península Ibérica com destino vizinho poderia passar a ter um tratamento profissional muito mais visível e ganhariam os dois Países vizinhos se as ligações aéreas entre Lisboa e Madrid também passassem a ser um alvo conjunto.
Mas falar deste tema, como faço há mais de 50 anos, entes, no tempo do fascismo era considerado quase que ofensivo. Depois do 25 de Abril os “orgulhos” nacionalistas, que têm dado o que se sofre nesta altura, fazem com que os que têm os olhos em bico se assanhem com a ideia de que o nosso País fica a depender da Espanha – o maior disparate de quem não quer ver formas de salvarmos a situação calamitosa a que chegámos -, mas pode ser que, nesta altura, perante a caminhada sobre ferros em brasa que estamos a percorrer, se ponham de parte as vaidades ocas e se comecem a dar os passos que são inevitáveis. E que são os de juntarmos forças, portugueses e espanhóis, e salvarmos o que ainda for possível.

Sem comentários: