quinta-feira, 12 de maio de 2011

HAJA FÉ!



MUITOS SERES HUMANOS recorrem à sua fé para desanuviar as piores acções que lhes pesem na consciência e, no cão da Religião Católica, a Nossa Senhora serve de antídoto para melhorar o comportamento que, pelo menos nesses dias mais próximos atormentem aqueles que se encontram mais peto da crença que abraçam. É bom que assim seja e pelo menos essa frase tão portuguesa de “valha-nos Nossa Senhora” poderá, nem que seja por segundos, apelar para a ajuda de uma crença que é chamada a dar o eu auxílio.
Estes dos dias de Maio, 12 e 13, marcam em Portugal o apelo à devoção e, ainda que seja para muitos uma espécie de festa que se comemora com uma caminhada a pé, mesmo assim fará concentrar uma boa parte de crentes que se entregam nessas datas a uma convicção que só pode ser louvável.
Outras religiões também cumprem regras com datas estipuladas, quando não são todos os dias como sucede com os devotos do Islão e só há que respeitar as crenças de cada um, desde que não interfiram com as dos outros.
A grande pergunta que pairará nos espíritos é se tamanha entrega a cada caso religioso melhora, na verdade, as formas de lidar com o mundo de todos os que cumprem at é rigorosas regras, mas essa resposta fica por encontrar, especialmente quando encaramos com os terrorismos suicidas, por exemplo, e as g guerras que se têm verificado desde que o homem é homem e que, já na época dos Cruzados, pôr em confronto cristãos e muçulmanos por uns julgarem que estavam mais certos do que os outros. Mas adiante…
Encarando o que ocorre cá dentro de portas e sendo hoje 12 de Maio, poder-se-á dar uma vista de olhos em relação ao que ocorre quanto às desavenças que a que se assiste entre os partidos antagónicos que lutam por ser considerados os mais adequados para liderar o nosso País. Vamos a isso enquanto as procissões e os cantos religiosos ocorrem em Fátima e aí não se desfraldam bandeiras partidárias nem gritos de viva este ou aquele…
Caso se verifique que o PSD não se encontra, de facto, preparado para exercer a responsabilidade de governar Portugal se vencer as próximas eleições – isto dando crédito ao que o PS tem vindo a afirmar – seria importante que as cabeças pensantes deste grupo partidário dessem mostras com tempo suficiente para fazer crer os eventuais votantes de que essa escolha é suficientemente convincente e que o programa que prepararam dá mostras de que sabem o que querem e para onde vão.
Eu, por mim, não deixo que, pela minha contas, suportar algumas dúvidas, pois isto de tomar conta de um Executivo não é propriamente o resultado de uma prática prolongada nem sequer seja um curso que se tire numa faculdade, antes resulta do bom senso e da perspectiva que se tem em cada momento da melhor forma de actuar em benefício de um país e, acima de tudo, de conhecer o melhor possível o povo que se tem de dirigir, para, sem ser unicamente com o espírito doe agrado para receber aplausos, se decida com o sentido de, por vezes ao contrário da conquista da simpatia, atingir o objectivo apropriado para que o que se segue, ainda que à distância para se tingirem os fins seja difícil de aceitar pelos que poderão sair beneficiados o grupo de dos habitantes.
Ora, o que falta a todos os partidos que por aí lutam por conseguir o apoio do maior número possível dos compatriotas é exactamente o saberem explicar-se quanto aos desígnios dos objectivos que constituem a sua razão de existir, colocando os prós e os contras de forma a não deixarem dúvidas aos que são chamados, em determinada altura, a pôr ou não a cruz no quadradinho que se situa no papel que serve de voto.
Não basta, agora já a esta distância do que foi a Revolução de Abril, expressar o nome do partido que se proporciona para ser escolhido. Isto de chamar socialista, social-democrata, cristão democrata e menos ainda só de esquerda ou de direita (com excepção da mais bem formada politicamente que é a dos comunistas, que, mesmo assim, provoca enorme confusão com o mais recente bloco de esquerda, com os verdes – que não basta serem o que se confunde com vegetarianos – e outros agrupamentos mais frágeis que se situam igualmente na ponta essa zona), todas essas designações, para a maioria da população não passa de designações mas que, se lhes perguntarem que linha política seguem, não fazem senão uma ideia vaga que não serve de justificação para uma escolha partidária.
Lastimo muito expressar este opinião, mas bem gostaria que essas empresas de sondagens que opor aí pululam fizessem um estudo no que se refere ao que acabo de redigir. E logo se veria que convicções, exceptuando os mais antigos e especialmente os relacionados com o PCP, seriam apresentadas pelos enquistados. São o que são por alguma razão, até familiar, por ter ouvido dizer, por não serem de outro partido de que não gostam das caras dos responsáveis, e pelos motivos mais distantes da realidade ideológica, mas convictos de um princípio de ideologia política, lá isso é que será raro encontrar.
Comecei esta crónica tomando como exemplo o PSD, mas poderia ter escolhido outro. O que quer dizer que, se em vez das propagandas partidárias se fixassem em frases, quase sempre com pouco gosto e sem sentido publicitário que convença, para além, das fotografias dos mais conhecidos, como se se tratasse de um anúncio de um filme ou de um produto de beleza, surgissem explicações claras do que distingue a ideologia de um partido do outro que concorre ao mesmo, ainda que não seja fácil expor numa frase o que representa fazer-se parte de um grupo político, mas, mesmo assim, se cada um apelasse a um comportamento de regras que contribuísse para a construção de um país melhor, nestas condições algo de mais proveitoso resultaria do espaço, do tempo e do dinheiro que se gasta com propagandas inúteis.
Mas os elementos que se instalam nos partidos não se encontram lá pelo seu valor, mas sim pela oportunidade que cada um aproveita para, quem sabe, conseguirem um lugar que os compense do tempo que dedicam ao “empregador”.
Eu sei que há muita gente, demasiada, que não gosta nada de ler esta apreciação. Mas quem tem a coragem de lhes dizer na cara o que eles merecem, está sujeito a tudo.
Também – e a finalizar –, se não existissem vantagens económicas, sociais ou como lhes quiserem chama,r para aqueles que vestem as camisolas dos partidos, quem é que lá estaria para pegar nas bandeiras, gritar pelos partidos, calcorrear as ruas para fazer número, e, quando conseguem aproximar-se mais dos “chefões” lá obterem benefícios que compensam a aparência que dão de serem uns dedicados devotos da causa em que se movimentam. Os homens têm estas características que não são fáceis de corrigir e isso passa-se em redor do mundo, não existindo no mundo quem possa garantir que os adeptos de movimentos que pululam em imensas zonas terrestres, são todos fanáticos pela questões que abraçam e, talvez com excepção dos que entram na fase do terrorismo suicida, pois que essa classe é levada por fés e por crenças que comandam as acções racionais dos entes.
E mais não digo. Cada um que pense como quiser. Mas o sistema democrático nisto não se distingue muito do outro, o da ditadura, onde também quem se chega ao pé dos que mandam seguramente que o que esperam é também uma compensação.
O frente-a-frente a eu se assistiu ontem entre José Sócrates de Francisco Louçã retirou dúvidas de que, com algumas razões de um lado e de outro e uma imensidão de incongruências também saídas de ambas as bocas, ao não ser possível, com a maior bonomia, juntar o que de sensato se escutou do dois lados – e alguns houve – os confrontos não deixarão de se sobrepor às conveniências que poderiam colocar Portugal no bom caminho para nos sairmos bem connosco e com os outros.
Porque a proposta de não pagarmos a quem devemos e de discutir os valores dos juros – bem exagerados é certo – essa atitude dos esquerdistas colocava-nos na situação de não haver mais ninguém que se dispusesse a deitar-nos a mão em momentos da maior aflição, e a nossa imagem mundial ficaria pelas ruas da amargura.
Pedirmos apoio para que nos fosse dado mais tempo para cumprirmos as nossas obrigações, essa atitude bem negociada daria até uma demonstração de que, embora tivéssemos passado por um período governativo de má memória, estávamos a entrar no bom caminho.
Mas, ao fim e ao cabo, a realidade é que estamos todos nas mãos do que sair das eleições que aí estão a chegar e de como resolvermos depois a formação de um Governo que seja capaz de ter juízo.
Eu sei que é pedir muito. Mas não vimos tantas famílias a caminho a pé de Fátima e a arrastarem-se de joelhos no trajecto até à capela? Então, o que no falta agora é fé. Pouco mais nos resta!...

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