quinta-feira, 26 de maio de 2011

IMAGINAR




ISTO DE NOS PORMOS A IMAGINAR coloca-nos, por vezes, em situações de que não conseguimos encontrar forma de sair. Foi o que me aconteceu recentemente.
Expus-me à posição de responsável por um partido político em pleno período de propaganda eleitoral. E, com a ambição de conseguir adesão às minhas propostas, procurei não me igualar ao que se assiste permanentemente nas televisões, em que cada um se preocupa sobretudo em atacar os concorrentes, expondo sempre e só os seus defeitos.
E foi assim que me imaginei num palanque defronte de uma multidão de seguidores do grupo por que eu respondia.
Afirmei então e desde logo que não iria referir-me aos outros concorrentes, nem mesmo para responder a eventuais acusações que me fizessem os que lutavam para destruir as possibilidades de existirem tendências para o partido que eu estivesse a defender. Punha bem claro nas cabeças dos meus ouvintes directos ou os que tomassem conhecimento do meu discurso por leitura em jornais que a minha intenção era exclusivamente o expor as intenções que mantinha para efeitos de obter uma boa votação eleitoral e, claro, se fosse o mais contemplado para poder formar governo, de que não esteve disposto a apontar defeitos aos outros participantes, posto que a minha intervenção naquele confronto só se justificava pela indicação do que o meu grupo se encontrava disposto a fazer e não o combater erros, na minha óptica, que os concorrentes utilizassem para atrair adeptos nas urnas.
E, no meio dessa imaginação, a pergunta que eu deixava em aberto é se os potenciais votantes prefeririam uma atitude limpa de concorrer ou se o melhor resultado só se conseguiria através dos ataques e das maledicências que fizesse aos que ocupavam o seu tempo de propaganda a apontar defeitos aos que pretendiam, o mesmo.
Pus-me no papel de um produto que fosse de uso geral e que tivesse de lutar com a concorrência de outros, com outros nomes, para conseguir introduziu-se no mercado. E fiquei na dúvida. Será que o público adere melhor a um artigo que propague as vantagens em ser o preferido ou antes escolhe, no momento da compra, o produto cuja publicidade seja a de atacar os outros.
E não cheguei a conclusão nenhuma, posto que a população, sobretudo a portuguesa, não actua com base na lógica e nos bons comportamentos, indo bastante atrás dos dizeres, especialmente os mal, pelo gozo que isso lhe transmite de lhe serem contadas histórias que, de certo modo, até divertem.
Mas lá que imaginei, isso sucedeu. Só que não fiquei em condições de dar conselhos.
E já agora, a propósito desse exercício da imaginação, a notícia divulgada ontem de que já chegou o primeiro cheque do empréstimo proveniente da reunião da Troyka em Lisboa, algo mais de 7 mil milhões de euros, isso não se trata de um desejo mas sim de uma realidade, ou seja, parte dos outros milhares de milhões que constituem o acordo a que se chegou e de que três partidos assinaram o documento de compromisso de cumprimento das condições que ficaram estabelecidas para essa ajuda. O que não se sabe é como vai ser gasto esse montante, mas, seja no que for e ainda que tenha o controlo dos estrangeiros (coisa que ofende muitos portugueses, pois considera que temos cabeça para nos gerirmos a nós próprios), é para acrescentar ao muito que faz parte da nossa dívida e que tem de ser paga, doa a quem doer e por quem cá estiver na altura própria… ou não!

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