terça-feira, 15 de julho de 2008

OS PESSIMISTAS!...




Não foi propriamente uma surpresa ter assistido ao programa televisivo desta segunda-feira que leva o título “Prós e Contras”. De uma maneira geral tem-se contacto com opiniões que se contrariam, umas vezes de pessoas que vale a pena conhecer as opiniões, porque, mesmo não condizendo com as nossas, têm algum fundo de lógica e obrigam-nos a colocar no prato das nossas balanças certas razoabilidades, enquanto que outras, obedecendo a critérios de escolha de quem convida os presentes a debitarem as suas considerações, poderiam perfeitamente ter guardado para si os pontos de vista que defendem, pela insignificância das suas exposições.
Mas, dentro dos princípios de que todos têm direito a expor os seus pontos de observação, o risco dos espectadores pode ser diminuído pela mudança de canal na altura do enfado.
Desta vez, em que se falava bastante das características dos portugueses, das suas qualidade e dos seus defeitos, foi possível escutar críticas que, de uma forma geral, nós, os de cá, escondemos, desculpamos, diminuímos a importância por indicar-se sempre alguns outros povos que têm mais defeitos do que nós. E com isso, os optimistas contentam-se e fogem a apontar os erros que são os mais clássicos da nossa gente.
Apareceu, no quadro de intervenientes, uma personagem que, há muito tempo, bastantes anos até, não surga em frente das câmaras de televisão. Nem foi fácil identificar a sua figura, agora mais velho e bastante mais gordo. Tratou-se do professor Artur Anselmo (filho de uma outra figura que se identificava imenso com o antigo regime e exerceu cargos consulares) , mas que, já na altura em que intervinha perante as câmaras, dava mostras de ser uma cabeça digna de ser respeitada e uma voz merecedora de ser ouvida. Por razões que neste País não são grande mistério, foi uma personalidade que se esfumou, pois que as modas mudam e a saturação de fulanos que, nesta época em que vivemos, ocupam quase em exclusivo os quadrantes televisivos e não deixam espaço para que exista o escrúpulo de uma escolha criteriosa e exercida com uma verdadeira avaliação dos valores que ainda existem no nosso País… por mais que se escondam ou que os “preparadores” de programas não tenham tempo de vida suficiente para saber que eles existem. E ainda estão vivos.
Eu não conheço pessoalmente o professor Artur Anselmo e, quando o escutava há anos, nem sempre alinhava pelas suas ideias da época que, nesta altura e como todas as coisas, admito que se tenham alterado e apurado. Mas aquilo que ouvi e que considerei pouco fez-me nascer na consciência o prazer de ficar a saber que ainda existem, no nosso meio, figuras que bem mereciam que estas novas vagas televisivas deveriam redescobrir.
Mas falemos dos portugueses e das suas características, olhemos para nós e apreciemos o que temos de bom e não escondamos aquilo que constitui a razão de ser de nos encontrarmos, perante a evolução do mundo, no estado pouco entusiasmante em que nos encontramos.
Artur Anselmo, que deu mostras de não estar dependente de ninguém e de nenhum lugar para dizer aquilo que pensa, com a sua apreciação desabrida e clara, não foi do agrado de um certo número de participantes no programa. Os “contentinhos”, que também têm direito e existir, mesmo que não estejam sujeitos a posições mais ou menos oficiais que limitam as suas opiniões – isto está tão mau de lugares chorudos! -, esses não deixaram de pôr água na fervura dos comentários mais severos e alguns foram até mais longe, ao ponto de nos colocarem, a nós portugueses, como tratando-se de um povo exemplar e digno dos maiores elogios por parte de muitas nações que, tomara elas, se encontram muito abaixo de nós na escala de valores.
Mas, que temos todos nós, portugueses, de fazer alguma coisa, mesmo muita coisa, se quisermos sair desta situação aflitiva em que nos encontramos em múltiplas áreas da nossa vida e não serve de nada fazermos agora comparações com o que era Portugal há vários anos, antes do 25 de Abril e até logo depois, que também não foi nada que mereça elogios, sobretudo porque não soubemos aproveitar os muitos milhões de milhões de euros que recebemos de ajuda da Europa e que, ainda hoje, não se apurou quem foram os aproveitadores que, no meio dq confusão, encheram os bolsos e apareceram com fortunas que, ainda hoje, não querem nem podem explicar, repito, quanto a tudo isso não podemos ficar a fingir que não sucedeu nada sdeste teor.. Disto, poucos falam, mas a verdade histórica talvez venha algum dia a lume, se bem que já não sirva para nada pretendermos desenterrar as malfeitorias que se fizeram por esses mais de trinta anos fora- Insisto, pois, que já não resolve nada tocarmos agora nesse tema, o que não quer dizer que façamos de conta que nada aconteceu e que tudo que está a ocorrer agora, para além da influência da crise internacional generalizada, nos permitirá fazer como Pilatos…
Sim, vem de trás, da nossa História, esta maneira de ser de sermos azes a improvisar, mas uns “nabos” a esquematizar, a organizar, a cumprir planos preparados com competência, respeitando prazos e custos. Todos sabemos que as nossas obras, públicas ou privadas, nunca obedecem aos que os chamados técnicos antes idealizam. Apontem um caso e talvez, com esforço saia da memória alguma coisa! A inflação, alguém é capaz de acertar numa percentagem antes prevista? E, no capítulo das acções provenientes da administração pública, ao menos nessa área funcionam os serviços dentro das regras que o público tem o direito de existir? Querem um exemplo? A antiga Direcção-Geral de Viação, que, ninguém sabe porquê, mudou de nome, não cora de vergonha por levar 6 a 7 meses para entregar a carta de condução que caducou e que os utentes entregaram a tempo e horas? Há por aí algum ministro que surja a desculpar-se e a meter mão no assunto? E sabem que, em Espanha, a mesma mudança de documento tarda um simples quarto de hora a efectuar-se?
Quando surge um Marinho Pinto, actual bastonário da Ordem dos advogados, a trazer a público situações que merecem que não fiquemos indiferentes ao que se passa nesta família de portugueses, logo se levantam, até colegas advogados, a atacá-lo, talvez porque não sejam partidárioa de que se trate em público aquilo que tanto gostam alguns de sussurrar, enquanto se deliciam com deliciosos banquetes (e isto não é uma gracinha, é o que sucede) em restaurantes das suas preferência.
Que somos capazes de inventar soluções para puxar o brilho ao optimismo, não perdemos a ocasião e até para “inventar” que os alunos este ano aprenderam muito mais do que antes, o que fizemos foi organizar exames com questionários que deveriam ter sido apresentados a estudantes de anos anteriores de aprendizagem. É o que se diz por aí à boca cheia e ainda não se viu desmentido…
Mas, para amordaçar os que há ainda por aí e que alimentam esperanças quanto ao que espera essa juventude que não tomou consciência das dificuldades que não vão desaparecer por obra e graça de qualquer coisa, aí surgiu agora o governandor do Banco de Portugal a pintar as cores, bem escuras, da Nação, de hoje e de amanhã. É vítor Constâncio que assinala exportações em queda, falta de obras públicas, a economia a baixa.e a inflação a ultrapasar os 3 por cento, a que hoje já está acima dos salários.
E tanto mais que há para apontar como prova de que somos nós, os portugueses, que temos obrigação de não escconder os nossos defeitos e tudo fazer para os rectificar. Se é que ainda vamos a tempo. Em vez de nos irritarmos com aqueles a quem chamamos pessimistas, em minha opinião deveriam as forças públicas ser as primeiras a dar o exemplo. Como? Trabalhando mais. Trabalhando melhor. Não se servindo dos lugares que ocupam para benefício próprio ou dos amigos, mas sim puxar do brio e conseguir que, pelo menos, os cidadãos que vivem e trabalham dentro das nossas fronteiras, esses actuem de igual forma como fazem quando se encontram a defender as suas vidas para lá do território nacional. Mesmo que seja forçoso aumentar as horas de trabalho, pois então!
Seria um primeiro passo. Que não é fácil, bem sei, mas que, pelo menos servia para demonstrar que nós não somos assim tão maus, pois que, se fazemos boa figura quando deixamos para trás a Pátria, então também poderemos ser aceitáveis cá, onde nascemos.
Que os governantes pensassem um pouco nisto, já seria uma ajuda. Os que se encontram no Poder e aqueles que, por ventura, venham a ocupar os mesmos cadeirões do mando, sejam eles quais forem.
E, se aqueles que lêem estes blogues me considerarem pessimista quanto ao futuro de Portugal se nada mudar e depressa na nossa maneira de nos comportarmos, pois que fiquem satisfeitos com o que têm e oxalá consigam viver anos de vida para tirar as respectivas conclusões. Nessa altura poderá é ser tarde para concluírem: razão tinha aquele!...

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