sexta-feira, 18 de julho de 2008

TEMOS DE APRENDER A POUPAR!


Eu, cá por mim, não sou capaz de encontrar solução para isto. Se tivesse que ser eu a decidir, a procurar resposta para a situação que se vive em Portugal, se dependesse da minha única vontade, confesso que não tinha, assim do pé para a mão, uma resposta que pudesse ser considerada como definitiva, cabal, incontestável.
Ao contrário desses “sábios” que surgem perante as câmaras de televisão – e até são pagos para isso – a fazer afirmações peremptórias, a pretender mostrar os caminhos sejam quais forem as matérias que estejam a ser discutidas, eu, encolhidinho no meu canto, tenho ideias, lá isso tenho, resmungo algumas saídas para problemas que vão surgindo, contrario-me perante saídas que são expostas por esses tais sabedores absolutos, memo que com nítida influência de ordem partidária, mas a mim, o que me surge com mais veemência é a dúvida.
Neste País, que não dá para entender assim à primeira, que não pode ser observado com miragens superficiais, tanto no que diz respeito às atitudes daqueles que se exibem e que, de facto, têm o chamado Poder, quer nos que não se situam nas áreas de decisão que influenciem o caminhar do Paáis, tanto uns como outros são mestres e chegam alguns a cair no ridículo de atribuir notas escolares, como se nos encontrássemos todos numa grande aula a aguardar pela pauta para sabermos se mudamos de classe ou se continuamos a marcar passo. Este Portugal, de facto, não dá para o levarmos a sério. E é isso que é pena!
É que ninguém nesta Terra dá mostras de ter cabeça para assumir compromissos – refiro-me, está bom de ver, àqueles que dispõem de meios que possam influenciar as mudanças – e que apontem caminhos que nos orientem na direcção dos parceiros europeus que, melhor ou pior, sempre vão dando passos positivos.
Isso, nas áreas tidas como decisivas. Porque, obviamente a nível particular, cada um faz do seu dinheiro aquilo que melhor entender. Podem até ser verdadeiras loucuras. Indignam-nos, é verdade. Mas não podemos mais do que contemplar tais gestos. É que, perante as enormes dificuldades de autêntica pobreza que já ocorrem em Portugal, situações como aquela acabada de divulgar e tomada pelo rapazinho do futebol, Cristiano Ronaldo (e se não é verdade o próprio deveria desmenti-las, tendo que suportar o peso da fama que angariou), ter dispendido 12 mil euros em wodka e champagne numa noitada que passou em Los Angeles, enquanto no seu próprio País há uma imensidade de gente que já sofre os efeitos da má vida que levam – incluindo a Madeira, de que é natural -, seguir o exemplo de milhares de casos que são conhecidos (e a maior parte passam despercebidos), ter tais atitudes não põem deixar de nos provocar revolta.
Tudo isso, enquanto por cá duplicam as casas leiloadas por dívidas aos bancos… e foram mais de mil no semestre que passou, muito embora, em contrapartida, durante o mesmo período semestral tivessem sido vendidos por cá mais 6,4% de automóveis do que em igual espaço de tempo de 2007 (114.413 carros, enquanto em Espanha se registou uma queda de 17,6% e em Itália 11,5%.
Perante tais dados e sem pôr mais na carta basta sublinhar aquilo que o FMI fez saber publicamente: “Portugal tem de aprender a poupar!...”
O que havia para escrever neste espaço! Mas os defensores do optimismo insurgem-se quando alguém tem a coragem de chamar as coisas pelos seus nomes e de não andar a assobiar para o lado, confiando em “milagres” que, não se sabe por influência de que santo, solucionem o que se está a agravar de dia para dia e que toda a propaganda que enche os veículos de comunicação de acesso ao público, oferecendo empréstimos e anunciando baixas taxas, se retenha para não complicar ainda mais as coisas. As descidas de preços, tal como sucedia em tempos, quando ainda sobravam uns trocos para aplicar em compras, mesmo que se tratassem de produtos que não eram imprescindíveis, os saldos enganadores, tudo isso tem de ser olhado agora com menos entusiasmo.
O FMI bem pode avisar. Mas são os governantes os primeiros a ter de tomar as medidas necessárias para vencermos o desafio: trabalhando mais, produzindo melhor, descobrindo mercados que se adaptem aquilo que temos para colocar lá fora. E, não há que escondê-lo, procurar parceiros em Espanha que, com a sua prática de exportar para a Europa que lhes está mais perto, podem juntar forças às nossas, sobretudo nas pequenas empresas, e conseguir preços mais acessíveis e competitivos com as cada vez maiores “invasores” de terras distantes.
Quem avisa…

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