sábado, 26 de julho de 2008

A CRISE E A MANUELA


Ainda bem que nem tudo que se passa por aqui constitui más notícias. Bem precisamos de, com a maior regularidade possível, receber alguma que outra novidade que ajude a não calcar tanto o moral que, diga-se a verdade, não navega muito à superfície. O ficar-se a saber que, em negociações que tem corrido com a empresa brasileira Embraer, se assentou na instalação na zona de Évora de uma fábrica de componentes que se aplicarão em 13 aviões por mês, o que representa um investimento da ordem dos 148 milhões de euros e, em contrapartida, dará trabalho a 3.500 pessoas, tal boa novidade deu-nos ânimo, mesmo levando em contya que o início das actividades só está previsto para 2011.
Por outro lado e no Norte, a notícia é a de que ali se está a estudar a montagem de um consórcio de fabricação de computadores pessoais de baixo custo. Também anima.
Por agora, são estas as boas novas que o fim de semana nos trouxe. E não constituindo tais informações nada que espectacularmente nos faça lançar os braços ao alto, sempre é melhor que isso vá ocorrendo, mesmo a pouco e pouco, do que ficarmos inertes a assistir a uma crise, que se instalou por toda a parte e que nos coube também a nós sentir os seus efeitos.
E a propósito de crise, por muito que se queira fugir de perspectiva pessimistas, não é possível fazermo-nos desentendidos quanto às afirmações feitas ao “Expresso” deste sábado por uma autoridade em recessões económicas, George Soros, que vem afirmar que “estamos ainda a entrar na tempestade”, que é como quem diz, preparem-se para o que está para vir e que os próprios E.U.A. não vão escapar aos efeitos da recessão. E compromete-se com tão más notícias tendo publicado um livro, já traduzido em português, onde se apontam erros cometidos por diferentes responsáveis políticos de todo o mundo, assim como a regulação e globalização e, claro, não perdoa à administração Bush.
A nós, agora o que nos interessa é tudo fazer para conseguirmos ultrapassar a situação. E, para isso, o bom senso é fundamental. O evitarmos o aumento das dificuldades, levando bem em conta que não é esta a melhor altura para desenvolver greves, para criar desavenças entre responsáveis de diversos agrupamentos, nomeadamente nos partidos políticos, o que não quer dizer que se deixem de fazer críticas aos que governam, pois agora, mais do que nunca, os erros que possam ser cometidos têm de ser levados em conta para efeitos da escolha que está aí a chegar para encontrar quem vai ter maioria no Parlamento. Que é como quem diz, quem ficará com o encargo de governar.
Quanto a isto, uma breve referência à entrevista que Manuela Ferreira Leite concedeu ao “Expresso” e que acabei de ler agora mesmo. Não, não era tanta precaução que eu esperava da mulher que se prepara para entrar numa luta que ela sabe que não vai ser fácil. Quem se mete em trabalhos não pode esconder-se atrás de evasivas. Tem de pegar o touro pelos cornos, como se diz na boa linguagem ribatejana. Apontar erros e dizer como faria se fosse ela a deliberar. Não deixar para depois o que pode fazer agora.
É que a crise está aí. Não vem a caminho. Não espera por quaisquer eleições.
Eu, por mim, não deixo de dizer que fiquei desconsolado com o quase nada que diz a candidata a primeira-Ministra de Portugal. Não sendo, nem de longe, esse o meu papel, vou apontando os erros que tenho encontrado na actividade de Sócrates e tenho referido os pontos fracos que, segundo a minha opinião, encontro no governante que temos. Só que isso não serve para nada. Não vou estar sujeito a votações!

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