segunda-feira, 21 de julho de 2008

VIAGENS DE SÓCRATES




Não sei responder a uma pergunta que faço a mim próprio: se, para ser primeiro-Ministro em Portugal é fundamental andar numa correria de visitas a outros países, mesmo quando geograficamente se situam muito distanciados uns dos outros. Foi o que sucedeu por estes dias, em que José Sócrates terá pretendido bater alguma competição de cumprimentos a chefes de Estado estrangeiros, o primeiro o de Angola, para onde partiu numa madrugada, regressou na outra e, mesmo sem pôr pé na nossa Terra, seguiu directamente para a Líbia, talvez porque as saudades de Kadhafi, desde que ele cá esteve com a sua tenda no final do ano passado, já eram muitas.
Isto poderia servir de graça para amenizar o mau humor que paira por cá nesta fase em que estamos envolvidos e em que, por um lado, nos encontramos no início do período de férias que não podem este ano ser gozadas com a satisfação de outras épocas anteriores, e as tristes realidades da situação em que nos encontramos.
Logo, assistir ao dispêndio que significam essas viagens que, sem serem claramente esclarecidas quanto à sua utilidade e aos eventuais resultados positivos que as mesmas podem representar, fazer essas passeatas e não prestar contas a ninguém – nem as Oposições se incomodam em levantar os assuntos -, não podem constituir atitudes que mereçam aplauso.
Mas adiante. Como não li nem ouvi nenhum comentário sobre este acontecimento, sou forçado a deduzir que não terei razão para levantar o problema e que iremos sentir em breve os efeitos positivos dessa cansativa passeata de Sócrates. Ele lá sabe! E nós que nos metamos na nossa vida…
Mas, mudando de assunto e ao tomar conhecimento de que Madrid tomou a decisão de, finalmente, ligar o continente europeu ao africano, por meio subterrâneo que sairá de Tenerife e irá até Tânger, através de um túnel ferroviário de 40 quilómetros, o qual ficará operacional em 2025 e custará 5 mil milhões de euros, ao deparar com tão importante medida a cargo dos nossos vizinhos espanhóis não pude deixar de me inquietar. É que todos nós temos acompanhado o que tem vindo a ocorrer com o nosso túnelzinho do Terreiro do Paço, e como não podemos nem devemos atribuir as más notícias apenas aos nossos casos, temos de fazer votos para que a boa sorte acompanhe os atrevimentos dos outros. Bem se sabe que, para além do Túnel da Mancha, outros quatro de grandes dimensões já se encontram a ser de grande utilidade em diferentes regiões, mas mesmo aqui à nossa porta é coisa que tem de nos causar certo mau estar…
Mas, enfim, nem tudo são situações que só os outros é que beneficiam delas. Nós, os portugueses, temos uma coisa que causa grande inveja a muita gente estrangeira: o mar de que dispomos em pleno Atlântico, essa zona económica que nos pertence, representa uma área que é 18 vezes maior do que o nosso território nacional. E essa hem?!”
Não digo mais nada. Não escrevo nem mais uma linha!...

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