domingo, 27 de julho de 2008

CORRUPÇÃO


Que há a referir hoje, domingo de Verão, em que as novidades, boas e más, não abundam? O que sobressai e irá, seguramente, ser motivo de alguma controvérsia, até no interior do próprio Partido Socialista, é a entrevista concedida por João Cravinho que, aos microfones de uma rádio não se fez rogado e pôs o dedo na ferida que, de uma forma geral, é a que menos é focada por poder estilhaçar muitos telhados de vidro que estão por aí instalados. Referiu-se, sem cerimónias, à corrupção que grassa por todo o lado, desde que cheire a subtrair alguns lucros com uma operação que esteja a passar perto. E isso acontece aos mais diversos níveis, desde os mais rasteiros onde interfiram apenas indivíduos que possam ser mais lestos ou mais demorados a passar qualquer documentação de um sector para outro, até aos que, já no alto escalão, são os que põem o carimbo e emprestam uma assinatura.
Não vale a pena fazerem ares de ofendidos sujeitos que se recusam a aceitar esta verdade. Quem já foi obrigado a lutar para ver resolvida uma licença de qualquer índole – não entro em pormenores, cá por coisas! -, sabe perfeitamente que, se ficou a aguardar, pacientemente, a obtenção de tal papel dentro dos prazos que os “guichets” indicam, tem de fazê-lo bem sentado. Se cair nessa ingenuidade, seja qual for a repartição que tenha de solucionar o seu problema, verá como o melhor é desistir… ou seguir o conselho que um sabedor dessas coisas lhe cochiche ao ouvido. E não ponho mais na carta.
Pois foi sobre a corrupção que se pavoneia incólume pelo nosso País que João Cravinho entendeu dizer de sua justiça. E sobretudo porque nunca são castigados os corruptores, os que estão sempre à espera do sobrescrito.
E, nem a propósito, embora se deva juntar a essa praga a outra da incompetência, está bem quentinho o caso da ponte que já nem se sabe se se chama Europa ou Santa Isabel, ali em Coimbra. É que, para além da demora em concluir a obra, pois sofreu um atraso de 700 dias dado que deveria estar concluída em Dezembro de 2001, ultrapassou o custo estimado de 38 para 111 milhões de euros, ou seja sofreu uma derrapagem de 288%.
A pergunta que qualquer cidadão do nosso País não pode deixar de fazer é que medidas toma o Governo nestes casos, tornando completamente claros os passos que forem dados e indicando, sem tibiezas, os nomes dos culpados de tamanha incompetência… se é que a isto só se pode dar apenas este nome.
Fico à espera para ver se os governantes e as oposições deixam passar este caso (já tantos caíram no esquecimento sem que um passo de esclarecimento tivesse sido dado), tanto mais que, com as eleições já à vista, todas as situações que se prestem a críticas constituem uma oferta de bandeja aos que espreitam a sua oportunidade para empurrar os que estão no Poder.
Mas estou eu aqui a ensinar o Padre-Nosso ao cura!

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