sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

IBÉRIA

Tenho de estar satisfeito com o caminho que estão a levar os contactos e os acordos que se têm visto ser desenvolvidos entre vários sectores governamentais de Portugal e de Espanha. É que, como sabem todos aqueles que vão seguindo as lutas que, desde há muito, tenho desenvolvido na minha actividade jornalística, a formação de uma espécie de Benelux na Península Ibérica, essa aproximação que, pouco a pouco, tem vindo a ser realizada, muita dela, é verdade, mais por necessidade imposta pelas circunstâncias do que por vontade voluntária sobretudo por parte do sector lusitano, esse abraço que, cada vez mais, se verifica ser apertado acabará, mantenho eu como inevitável, por fazer surgir, mais cedo ou mais tarde, o território que se poderá vir a chamar de Ibéria, constituído por toda a Península que, no mapa da Europa, se apresenta como sendo o mais bem situado e o qual não recebe nem recebeu nunca – vide os factos históricos – a simpatia dos outros países nossos parceiros no Continente, dada a concorrência em tamanho e em população que faz directamente no sector europeu.
Mas, tendo de terminar definitivamente a expressão que por cá se vai usando “de Espanha, nem bom vento nem bom casamento”, o bom senso acabará por fazer realizar a conveniência para os dois Países de unir forças e lutar contra as adversidades que as crises e as dificuldades de várias espécies criam.
A decisão tomada agora de os serviços de saúde espanhóis, situados na raia da fronteira connosco, passarem a atender os doentes portugueses que também residam nessas zonas, tal passo é de um significado transcendental. Já nascem do outro lado bébés portugueses que mantêm a nossa nacionalidade, assim como a assistência médica a doentes em estado crítico e a tratamentos oncológicos estão a ser realizados de comum acordo. Do mesmo modo, Elvas disponibiliza TAC’s aos vizinhos do outro lado e já dá formação a cerca de 60 médicos e 60 enfermeiros espanhóis.
É por isso que o acordo acabado de firmar para que os dois países ibéricos se candidatem conjuntamente à organização do Mundial de futebol em 2018, para além de dar que fazer aos estádios espalhados pelo nosso País e que não têm constituído rentabilidade aos milhões de euros que custaram, para lá desse passo mostra o mesmo acordo como o mais natural entre nós é que sejamos capazes de partir para iniciativas que constituam a junção de esforços e nos deixemos todos de preconceitos aljubarrotistas que, nos tempos que correm, só servem para nos manter afastados do resto da Europa e de eliminar, de uma vez, a barreira multi-secular dos Pirinéus.
Não vai ser assim tão fácil convencer os velhos do Restelo de que não vale a pena andarmos armados toda a vida em “padeiras de Aljubarrota”. O que é preciso é que fabriquemos o pão e, sobretudo, que o saibamos vender lá fora...

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