sábado, 3 de setembro de 2011

MARIANO RAJOY




NÃO TERÁ TIDO GRANDE RELEVO para a maioria dos portugueses a passagem por Portugal do presidente do Partido Popular espanhol, Mariano Rajoy, que foi recebido pelo nosso Presidente da República e, em Castelo de Vide, participou nos encontros organizados pela juventude do PSD, intervindo ali com um discurso, que foi transmitido em parte pela televisão e que, com aplausos prolongados dos assistentes, deixou a melhor impressão entre os estudantes nacionais, especialmente quando se referiu à união dos dois países ibéricos que a Europa Comunitária facilita, pois que representam uns milhões de habitantes e que, por via disso, uma importância grande podem e devem ter esses duas Nações, nesta ponta da Europa, nas decisões que forem tomadas no Continente em que estamos inseridos.
Tenho de reconhecer que, não tendo antes pelo político em questão um apreço especial, face a esta intervenção fiquei absolutamente convencido que se trata de uma figura que, se vier a vencer as próximas eleições espanholas, em Novembro, como as sondagens ali feitas assim indicam, as circunstâncias para uma ainda maior aproximação entre os nossos dois povos sairão fortificadas e aquilo que eu defendo há muitos anos – pois serei um defensor da unidade política e económica luso-espanhola, criando-se mesmo a Ibéria, à semelhança do que se passa com o Benelux, o mais antigo como se pode comprovar através da coluna semanal que detive no antigo Jornal do Comércio, que foi mesmo proibida no tempo de Salazar e cujo conteúdo indicava, já naquela altura, uma unidade política e económica entre os dois países ibéricos -, tal posição por mim tomada para dar mais força a este nosso pequeno País no plano europeu e mesmo mundial começa agora a ser assunto falado pelos políticos dos dois países.
Os ainda existentes “aljubarrotistas”, como eu sempre lhes chamei, que acusam de falta de patriotismo quem deseja para Portugal uma posição muito mais valorizada, sobretudo agora neste mundo de globalização, bem podem começar a ficar calados, especialmente quando as dificuldades que sentem os portugueses face às restrições de todo o tipo, particularmente no campo dos impostos, são cada vez maiores e o desemprego está a atirar para fora do nosso País cada vez mais a juventude com preparação académica, perante isso não haverá que defender teorias de isolamento, já que bem basta o deserto que se criou no interior de Portugal e que bem necessitam as terras abandonadas de produtores para que as exportações, como referi ontem, sejam eles de que nacionalidade forem.
Está mais que demonstrado que, sozinhos aqui na ponta do nosso Continente, só com um vasto mar pela frente que, por sinal, nem sequer aproveitamos, isolados e estupidamente orgulhosos por esse facto, não caminharemos para um futuro que nos dê perspectivas de progresso e de bem estar.
Não sei quando isso irá ocorrer, não será seguramente durante a minha existência, mas que o empobrecimento, a miséria que nos aguarda levará a que os futuros cidadãos nacionais, ao lado dos vizinhos espanhóis, chegarão ambos à conclusão que não existe outra saída que não seja o juntarmos esforços e prosseguirmos juntos no estabelecimento de uma posição que, no seio da Europa, se baterá pelo lugar importante que nos pertence no conjunto das nações que fizerem parte da comunidade então existente, isso, no meu entender, faz parte do futuro que está reservado aos dois parceiros ibéricos.
E não se trata de uma conquista e um País pelo outro. Nada disso. A moeda já é o euro, bandeira própria todos temos, comunhão entre as populações não se perde (vide o tal Benelux e a Suiça), os costumes e a gastronomia nunca deixará de existir, as diferentes províncias em ambos os lados da actual fronteira, essas manter-se-ão. Agora, isso de ser competidores entre nós próprios é coisa que não se manterá, podendo as terras, agora de um e do outro lado da fronteira, ser exploradas indiferentemente, assim como o sector empresarial não tem que pertencer exclusivamente a portugueses e a espanhóis, pois que seremos todos ibéricos.
Se houver quem, agarrado cegamente a Aljubarrota e aos mitos criados pela História que deram aos portugueses vitórias e derrotas, pertence tudo ao passado, se não se compenetrar que o mundo de hoje é outro e que as batalhas que, noutras épocas tiveram a sua justificação, na realidade que se vive hoje não tem nada a ver com preconceitos “patriotistas” de antigas épocas. Camões e Pessoa serão sempre aquilo de que nos orgulhamos, como Cervantes e outros merecem o respeito dos espanhóis. Nada disto tem a ver com a realidade dos nossos dias.
Por mim, sem complexos mas apenas tendo em vista o melhor para o nosso País, sempre defendi a ideia expressa e não é agora, perante as circunstâncias que enfrentamos, que vou mudar. Mais português do que eu, garanto que não há. E é por isso que de fendo esta tesa. Quem cá estiver no futuro, mais ou menos longo, dirá de sua justiça.

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