domingo, 28 de agosto de 2011

INVEJA

E eu que sempre disse
que a inveja é uma tontice
fui afinal assombrado
pelo mal por esse lado
mesmo querendo fugir
procurando não cair
o não ter o que se quer
torna mau todo o ser

Lutar ao longo da vida
na busca de uma saída
pelo lado que aspiramos
e por muito que vivamos
ter inveja sem querer
ainda que com sofrer
é difícil exercício
quase mesmo um suplício

Por exemplo, ser poeta
mas sem atingir a meta
do génio que a outros cabe
e que a mim não há quem gabe
tem de inveja provocar
enquanto por cá andar
e disso eu não escapo
fico feito num farrapo

Afinal sou invejoso
que isso de ser famoso
não assenta no meu jeito
e medalhas no meu peito
eu não me posso gabar
é coisa que nem sonhar
nos outros eu vejo ter
não tenho tal merecer

Carros, palácio, dinheiro
são promessas de santeiro
nada disso me interessa
nem me passa p’la cabeça
mas a inveja que eu sinto
é a dos génios, não minto
acabo por conformar-me
não vale a pena enfadar-me

Este grande sofrimento
da falta do bom talento
é a pior das invejas
não se cura nas igrejas
só a morte é que a leva
não há escrita que a descreva
não se o tem e é tudo
e isso vem de miúdo

Mas tal inveja faz bem
m
esmo sofrendo, porém,
criou certo desafio
ainda que doentio
mas não deixou que parasse
e que sempre pugnasse
para vencer tal peleja
destruindo a in
veja

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