segunda-feira, 29 de agosto de 2011

BRASILEIROS EM PORTUGAL



JÁ LÁ VAI O TEMPO em que cabia aos portugueses a possibilidade de levar a mão de obra até ao outro lado do Atlântico e fizeram-no dentro dos sacrifícios que tinham de fazer para afastarem-se das famílias e encherem os porões dos navios que faziam uns preços mais suportáveis para as bolsas vazias dos nossos emigrantes. Lá partiam, de saco às costas e à aventura que os esperava para satisfazer as suas ambições de ganhar dinheiro e terem o gosto de, passado um período mais ou menos longo para suportarem a despesa de pagar outras viagens aos seus parentes mais chegados. Foram anos a fio deste corrupio de “portugas”, como lá chamavam, que se foram instalando e, na maior parte, progredindo na sua subsistência até à altura que se sentiam seguros no prosseguimento da sua actividade no País irmão. E, por mais curiosos que pareça, a função de padeiros foi a que mais atraio muitos dos nossos compatriotas que por lá ficaram.
É longa e variada a história dessas aventuras que tiveram como protagonistas milhares de portugueses, sendo que bastantes prolongaram no Brasil as gerações que já lá nasceram e se instalaram como naturais desse País, assim como houve os que não resistiram às saudades e, depois de terem já acumulado um relativo pé de meia, acabaram por regressar e edificar as suas casas, construídas com um aspecto e um gosto que marcou uma época, sendo até chamadas tais vivendas como “casas dos brasileiros”.
Esse período teve a sua duração e, principalmente depois da Revolução de Abril, começou a ocorrer a inversa do que se passava antes, isto é a vinda de brasileiros que procuravam aqui, em Portugal, fazer a sua vida, posto que por lá as coisas não corriam muito de feição. E passou-se tudo ao contrário, pois que aqui sempre encontraram modo de vida, mesmo que as funções que exerceram fossem de categoria inferior, elas empregadas domésticas e os homens na construção civil. Isso, na maioria dos casos, pois que também tiveram acção noutras profissões mais elevadas, de acordo com as suas habilitações, as que as tinham.
Começou a verificar-se, então, no outro lado do Atlântico, uma repentina subida do nível de vida e o Brasil começou a ser apontado como um exemplo de progresso, ao contrário da crise que se manifestava por muitas partes do Globo. E hoje em dia, já não admira tomar-se conhecimento de uma boa parte de brasileiros que deixaram os seus lugares de trabalho e que regressaram à sua Terra de origem.
Para além disso, verifica-se, por parte do sector económico mais evoluído, uma apetência para atrair empresas de monta que desenvolvem a sua actividade em terras de Vera Cruz, como se apelidava em certa altura da História. Até que surgiu agora a notícia de que um banco brasileiro, o BIC, se dispôs a adquirir o fatídico nosso BPN, tendo já apresentado uma proposta que o Governo tem de avaliar com a maior cautela, porque se é verdade que o estabelecimento bancário nacional que foi adquirido pelo Executivo português tem uma história que não está devidamente aclarada, causa alguma admiração que seja um banco brasileiro a querer adquiri-lo e nenhum nacional tenha mostrado disposição para dar esse passo.
Na verdade, como o povo diz, o pobre desconfia sempre da fartura quando ela lhe é oferecida, mas andarmos nós com aquele trambolho às costas, já que houve umas cabeças de “génios” que, em dada altura resolveram nacionalizar um estabelecimento falido e com um passivo assustador, pois agora, por muito que se desconfie da oferta, digo eu, o melhor é passá-la para outro, mesmo que o que se receba seja bastante inferior ao que a governação da altura disponibilizou para ficar com o BPN na posse da nacionalidade portuguesa.
Perdido por dez, perdido por mil, se há quem se julgue capaz de fazer progredir o que para nós só representa um dado morto, já que são inúmeros os problemas que temos pela frente, ao menos que nos livremos
deste…

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