segunda-feira, 22 de agosto de 2011

DESEMPREGO


Cada um faz o que pode
o que sabe, o que o deixam
aquilo p’ra que lhe pagam
à espera que se acomode
já que os outros não se queixam
e também não o afagam

Se outra coisa fizesse
se aquilo que faz agora
não fosse do seu agrado
e algo mais merecesse
podia-se ir embora
partindo p’ra outro lado?

Emprego há com fartura
como dantes sucedia
e se podia escolher?
A vida hoje é bem dura
piora dia p’ra dia
o melhor é não mexer

Agora eu faço isto
sem patrão que me ordene
mas também sem ter quem pague
por agora não desisto
sem haver acto solene
oxalá ninguém me esmague

Nesta altura o que é melhor
a quem tem emprego mau
é fazer por conservar
pois será muito pior
escorregar do degrau
ficando a olhar p’ro ar

A vida tem coisas más
fazem a gente infeliz
que causam desassossego
uma delas bem tenaz
que provoca cicatriz
á a tal do desemprego

O homem mal prevenido
distraído com trabalho
olha pouco p’ro futuro
quando à volta há colorido
nem procura um atalho
ignora p’ra lá do muro

Porém a vida é assim
até bem desconcertante
qualquer lado está aberto
e o que é mais ruim
aparece num instante
como o bom pode estar perto

Perder emprego hoje em dia
nos bolsos meter as mãos
é a coisa mais normal
uma grande vilania
que ocorre aos cidadãos
a cada um que é mortal

Comprar hoje e de seguida
cumprir a obrigação
d’ir pagando as mesadas
é confiar bem na vida
sendo novo ou ancião
sem contar com as guinadas

Por isso enfrentar credores
mesmo antigos qu’eles sejam
do tempo em que havia emprego
pertence ao número d’horrores
daqueles que bem aleijam
obrigando a ir ao prego

Os bancos grandes culpados
com isso muito ganharam
de tanto terem fiado
agora sem ordenados
não pagam o que pagaram
é crédito mal parado

Não há quem dê volta a isto
o homem provoca o mal
ir p’ro bem é que é custoso
o desemprego é um quisto
e não existe hospital
que cure tal desditoso

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