segunda-feira, 22 de agosto de 2011

OS DESERTOS AGRÍCOLAS EM PORTUGAL




TAL COMO AFIRMEI NO BLOGUE DE ONTEM, vou referir-me hoje aos vastos espaços que se encontram no interior do nosso País e onde, por abandono dos seus residentes, atraídos pelas cidades ou mesmo pela emigração para o exterior, se verifica que existem aldeias inteiras sem população ou com muito pouca, onde só vive gente de muita idade que não pôde optar por acompanhar os seus familiares mais novos, ficando, por isso, os campos também abandonados e em que a produção agrícola está reduzida a pequenas hortas caseiras.
E, perante este fenómeno verdadeiramente desolador e de completa inutilidade na produção, não se viu ainda um Governo, dos que temos tido há já uma boa dezena de anos, que chamasse a si a solução do problema, fazendo com que voltasse tais localidades a sentir a presença do homem.
Pois, com uma ministra da Agricultura que tomou recentemente posse, para mais tratando-se de uma mulher que, afirmam os feministas que bastante podem alterar a maneira de governar, é de aguardar pela sua actuação no sentido de conseguir encontrar modo de criar meios que incitem os jovens a integrar-se no meio agrícola, tanto mais que o desemprego é cada vez maior e os mais novos, sobretudo os casais, poderão interessar-se por um modo de vida que, não fazendo parte dos seus planos, sobretudo por desconhecimento dos proveitos que podem tirar desta nova actividade, os levará a sair das cidades onde já verificaram que a sua luta é improdutiva pelos tempos mais próximos.
Tal como eu incitei anos atrás, quando era director da revista “País Agrícola”, e em que organizei várias viagens a Israel para que os agricultores portugueses pudessem tomar contacto com a realidade naquele País, especialmente com a existência dos “kibbutzin” em que o Governo local recebeu milhares de judeus residentes em países estranhos, como a Alemanha, a Rússia, a Polónia e outros, pois que até do Brasil encontrei pessoas que se encontravam integradas nesses espaços agrícolas a iniciar a vida aí existente, e a verdade é que deparei com pessoas altamente qualificadas no aspecto profissional e de instrução superior que, acedendo ao apelo que o seu País fazia e às condições que lhes proporcionava, se deslocaram com as famílias e passaram a exercer a actividade de agricultores, aprendendo tudo desde os mais elementares princípios e, com a ajuda de um departamento especial criado para o efeito, recebendo as ferramentas que lhes foram proporcionadas para pagarem depois, deram início a essa actividade nova e, passados anos, criaram uma classe de agricultores de estatuto educacional acima de todas as médias e cujas produções fizeram com que Israel passasse a exercer um papel importante no mercado europeu de produtos agrícolas.
Se a ministra se desse ao trabalho de ir ver como funciona a repartição de agricultura israelita, coisa que eu propus por várias vezes a mais do que um ministro português que passou pela pasta, mas que sempre foi ignorado, encontrará a receita ideal para que se copie entre nós, dentro do possível e das contingências que nos regem – obviamente sem as restrições que foram impostas, há mais de 50 anos, no início da criação dos kibbutzin, que obrigavam a uma igualdade rigorosa de comportamento dos utentes -, se tal fosse executado, sem constrangimentos nem complexos, poderia ver-se, dentro de algum tempo, grande parte do nosso território agora deserto e com os campos sem produção com uma juventude que, bem informada dos objectivos e até com a possibilidade de lhes fazer mostrar localmente como funcionam e como são altamente rentáveis esses espaços que antes eram desertos e, passados anos, mostram hoje áreas agrícolas muito desenvolvidas e lucrativas.
Escrevo isto mas não tenho qualquer esperança de que haja um ministro ou ministra que seja capaz de fazer alguma coisa para solucionar um dos muitos problemas que temos no nosso País. Mas bastava perguntarem a um das centenas de agricultores portugueses que, por intermédio de o “País Agrícola”, visitaram Israel anos atrás, para recolherem opiniões que lhes seriam úteis e convincentes.
Eu fico-me, como sempre a ter razão antes de tempo. É um desconsolo!...

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