sábado, 23 de julho de 2011

SALVAÇÃO

Nunca a fé foi tão precisa
acreditar no que for
no que estiver para lá da vista
e só se sinta
pressinta
que será melhor que aqui
que vele pelo que virá
que depois do nosso inferno
dê descanso
paz
amor
acalmia e sossego
que compense o que se sofre
enquanto por cá andamos
neste mundo
de agonias

Não ser rico
nem ser pobre
não precisar de tirar
a quem também não tem nada
bastar o que está à volta
com isso se contentar
e ver do alto de tudo
o que se passa na Terra
sem saudades
sem angústias
sem rancores por ter passado
aquilo que de lá se avista
os homens ambiciosos
a tramarem-se uns aos outros
só na busca de confortos
custe isso o que custar

A fé, pois, é bem precisa
não importa em quê
e em quem
basta imaginar um depois
que possa existir Alèm
e compense das canseiras
das disputas
dos horrores
que se passam enquanto vivos
em que os prazeres
que se têm
não compensam os desgostos
os contratempos da vida
e até o medo da morte
é por não saber o depois
e por isso a tal fé
a esperança do Infinito
o agarrar-se a um deus
que possa cuidar e nós
na hora da despedida
isso, afinal, faz falta
e mesmo que não exista
é bom manter essa esperança
por muito que não se mostre
e se diga agnóstico
que é isso que todos somos
a viver mantendo essa dúvida
sem dizer que sim
que não
mas a aguardar salvação

Sem comentários: