domingo, 24 de julho de 2011

O ENGANO DE DEUS





AINDA HÁ QUEM ACREDITE que este mundo, com os mais de sete mil milhões de habitantes, consiga vir a ter aquilo que, num português não vernáculo, se chama de “ter conserto”. Não passa dia nenhum que as notícias que, nos tempos de hoje, correm desalmadamente e atravessam todo o Hemisfério em segundos logo após ter ocorrido alg que se considera como algo de anormal, pois há que reconhecer que os habitantes desta nossa Esfera se encontram numa fase de desassossego e que, mais do que nunca, praticam acções que confirmam aquilo que eu sempre considerei como sendo uma característica do ser humano: que, na hora de ser fabricado o Homem, a receita utilizada para fazer nascer o primeiro deveria conter algum erro e nunca se procedeu à emenda necessária para que, tal como sucede com os doentes, se procedesse a uma emenda e os descendentes que foram aparecendo já viessem limpos desse mal que, em resumo, se pode classificar como egoísmo.
E, de geração em geração, através dos milhares de anos que têm sido usufruídos pelas animais ditos racionais, a História nos descreve as continuadas zangas utilizadas pelos mais poderosos e em que as guerras se sucederam em todos os pontos onde se tem instalado essa gente de duas pernas, até que chegámos ao século XXI, em que o único que se foi modificando foram as modernidades introduzidas nos armamentos, até nos encontrarmos hoje em que já não são necessárias deslocações dos militares para baterem-se de fronteira para fronteira, de trincheira em trincheira, pois basta o simples carregar num botão e logo a maldita bomba é dirigida para destruir, longe, civilizações inteiras que, em resposta, podem proceder de igual forma. E, de átomo em átomo, o mundo em que vivemos poderá transformar-se numa terra desfeita, em que a solução só poderá ser o começar tudo de novo. Tenho uma peça de teatro, inteiramente pronta para ser representada, que mostra bem como “A TERRA, INDIFERENTE, CONTINUA RODANDO” – este o título da referia obra em 3 actos.
Pois nesta altura, num local onde não seria esperada uma atitude deste tipo, dado o comportamento exemplar mostrado sempre pelos povos do norte da Europa, não é que na Noruega, um perfeito paraíso humano é transformado num inferno – palavras do primeiro-ministro daquele País – em que perto de uma centena de jovens situados na ilha de Utoya foram criminosamente mortos com uma revolver por um outro da mesma idade, descrito como um elemento cristão da extrema direita, com ligações a um sector anti nazi e anti islâmico, por isso considerado sobretudo como um louco obcecado por ideias ainda não completamente entendidas, deu largas ao seu desejo de ver sangue. Mas, na mesma altura, em Oslo, explosões constituíram outra tragédia igualmente com muita mortandade, um ataque à sede do governo norueguês, através de uma bomba colocada numa carrinha estacionada junto do prédio onde se situava o gabinete do primeiro-ministro, isso també, já se sabe, provocado pelo mesmo louco, algumas horas antes.
O que dá para pensar é que, apesar de este incidente se poder considerar como raro naquela zona onde se verifica sempre uma calmaria e um comportamento que se distanciam do que ocorre no Continente Europeu, se levarmos em conta o que tem ocorrido ultimamente em locais diferentes, como, por exemplo, o caso da Tunísia, em que o ditador Ben Ali da Tunísia foi destituído com violência e em que a já chamada “Revolução do Jasmim”, também dita “Primavera árabe” alastrou para o Egipto, sendo por acaso ou não que o Egipto, a Líbia depois do Líbano, e até os indícios ocorridos em Marrocos, para além de outros focos soltos que se encontram ainda em fase de pegarem fogo, tudo isso dá para reflectir se não se aproxima um vulcão que está em fase de alastrar e de constituir uma expansão que dá mostras de que o Homem só está à espera de um motivo para justificar que o tal erro de confecção, que veio desde o primeiro que saiu das mãos do Criador, não o deixa proceder sem que o egoísmo, a inveja, o auto convencimento da sua perfeição não lhe permitem aceitar que os outros, sobretudo os vizinhos mais chegados tenham acesso à felicidade.
E por cá, neste cantinho que deveria aprender rapidamente que não é através da desunião, da crítica aos outros, da inveja, de um ego exagerado que, por sinal, nem se justifica que o tenhamos, que seremos capazes de ultrapassar o mau momento que temos sido obrigados a percorrer.
Ao menos que os desentendimentos os que somos forçados a contemplar e que ocorrem fora de portas nos façam reflectir. Se o conseguirmos, então talvez, haja motivos para ter esperanças. Mas temos de aguardar sentados, porque está ainda longe esse momento… se é que em algum dia da nossa existência iremos ter razões para brindar, com Vinho do Porto, essa mudança!...

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