sexta-feira, 15 de abril de 2011

PORTUGUESES QUE NÓS SOMOS


É PRECISAMENTE NESTA ALTURA, em que estamos a ser observados por técnicos estrangeiros no que diz respeito aos erros que foram cometidos ao ponto de Portugal se encontrar na situação vergonhosa – e uso este adjectivo com convicção – de não sermos já capazes de emendar os erros que fizemos, ou seja que um grupo de governantes incompetentes e convencidos da sua ciência nos colocou, pois não pode ser deixado passar o momento para que, na escala nacional, junto do povinho que apenas está sujeito aquilo que os que mandam impõem, e isso já que os bem situados na política não são capazes de reconhecer, é exactamente esta altura em que todos nós ganhamos em analisar aquilo que somos e o que necessita de ser emendado. Ontem, neste mesmo blogue, fazia um apelo ao Presidente da República para que se deixasse de ficar agarrado ao mutismo de que ninguém o tira, e também lhe sugeria que aparecesse a público a expor a sua opinião do que é imperioso que se altere nos portugueses – em todos – para que tenhamos um mínimo de esperança de que, dentro de alguns anos, porque não seria já amanhã, possamos ter as contas pagas mas, muito mais do que isso, a produção nacional a poder suportar os encargos que competem ao Estado da Nação. E aí, não escondi que não é possível mantermo-nos nós todos, do mais humilde ao mais bem situado na sociedade, naquela boa vida que temos encaixada no nosso desejo ao longo de toda a nossa existência, porque isso não é só de agora. E como existem por aí umas organizações que, para além de defenderem os direitos dos chamados “trabalhadores” – o que é legítimo e necessário -, o que fazem de mal é a instigação às greves sejam quais forem as circunstâncias difíceis que atravessemos, não olhando ao afundamento que provocam a toda a Nação, essa atitude também concorre para criar um espírito de pouco fazer, em prejuízo de toda a sociedade que somos, não apelando nunca para que a sua actuação seja do mais rigoroso cumprimento das regras que cabem a cada um que exerce uma profissão, fazendo com que a produção de Portugal deixe de se encontrar no baixo rendimento que é a enorme causa também de não conseguirmos suprir as nossas necessidades e dependermos em quase tudo das importações. Para além disso tudo, também poderia servir para alterar a má ideia que existe por esse mundo no que respeita à nossa capacidade de trabalho e que, por muito que os nossos emigrantes dêem mostras do contrário quando se encontram a actuar fora de Portugal – pudera, porque as leis laborais aí não dão margem para encostos à parede -, a opinião que reside nos investidores externos é a de que não é animador o panorama nacional nesse particular. Somos nós, os de cá, que temos de reconhecer esta circunstância e o mais natural é que não nos agrade virem os outros apontar-nos o dedo. Por isso há que emendar rapidamente, se querem os que os vindouros encontrem uma Pátria onde valha a pena fazer um esforço. Quando, neste momento, se chegou ao ponto de afirmar que as Forças Armadas estão sem verba para fazer frente aos salários, será com uma greve nesse sector que se consegue o dinheiro? A Troika que cá se encontra irá fazer o relatório que julgar conveniente e que mostrará o retrato do que somos. Não é necessário ser sonhador para imaginar, desde já, que vamos ficar mal no retrato. E não vou agora enumerar a lista infinita de comportamentos que nos são usuais que só servem para retirar dos lusitanos a pouca vontade que já têm de ser produtivos. Basta recordar as “pontes”… mas não se fica por aí. Daqui, deste humilde blogue, escrito por alguém que trabalhou (e estudou de noite, para conseguir subir na escala) ao longo de 60 e mais anos e que nunca gozou o que hoje é obrigatório, do tal mês de férias, só me resta chamar a atenção para os que se dizem hoje estar “a rasca”. Estão, de facto, mas comparando com o que os antigos passaram, até se trata de umas vida de sonho. O mal maior vai ser o futuro, se não se conseguir reagir positivamente a hábitos de séculos, pois que estes não são só de hoje, piorando sobretudo quando andámos convencidos nos últimos tempos de que estávamos ricos, então, os portugueses que andarem por cá poderão arrepelar-se por lhes ter calhado nascer nesta ponta tão bonita da Europa. Gostava de imaginar o que pensarão nessa altura os cidadãos nacionais, especialmente se a História não disfarçar o nome do causador principal da situação em que vivem.

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