quarta-feira, 13 de abril de 2011

O FIM DO MUNDO



MÁRIO SOARES, sempre ele, felizmente ainda entre nós e a dar mostras de ter uma cabeça a funciona melhor do que grande parte dos políticos no activo que se pavoneiam por aí, com os seus 86 anos e a simpatia de que sempre foi capaz de se servir no decorrer da sua actividade antes e depois do 25 de Abril, na entrevista que a televisão transmitiu deu a conhecer o seu ponto de vista actualizado em relação ao estado em que se encontra o nosso País.
Devo dizer que, no que me diz respeito, eu que tive ocasião de o acompanhar em dez viagens feitas a diferentes locais no estrangeiro, durante o período em que exerceu funções governamentais, pude, por mais de uma vez, discordar de alguns dos seus pontos de vista, e que, quando trocámos impressões a esse respeito, sempre demonstrou uma enorme capacidade de aceitar os que discordavam dele, ainda que defendesse convictamente as suas teses. E este preâmbulo serve para marcar bem a diferença que existe entre o que foi a sua maneira de governar e o que tem ocorrido desde há uns anos com o seu sucessor Sócrates.
Não esconde Mário Soares que, como sucede comigo, é um fervoroso defensor da existência da Comunidade Europeia, melhor ainda se pudesse transformar-se numa federação de países com regras comuns. Mas é claro o seu desgosto perante a dispersão de conduta que tem vindo a decorrer aceleradamente, no que está a dar como resultado os múltiplos problemas de vária ordem que obrigam diversos países a necessitar de auxílio, sobretudo financeiro, o que se poderia ter evitado se, há já bastante tempo, existisse essa unidade de comportamento em toda a zona europeia, especialmente nos países que aderiram à então CEE e depois à moeda única (se bem que se verifique ainda hoje separação criticável neste particular, por egoísmo de alguns parceiros).
Mas a verdade é a que é e não se pode esconder que o bloco da Europa, tal como foi idealizado, está cada vez mais longe de atingir o objectivo ideal e o risco é o de que, a breve prazo, os homens, sempre eles, desfaçam o que seria essencial para que a paz e a harmonia, a ajuda comum, seja o princípio que oriente a actuação de todos os membros de uma comunidade que resiste a dar as mãos.
O que ocorre em Portugal, infelizmente, é, de certa maneira, uma cópia daquilo a que se assiste no resto do nosso Continente. O não se ter capacidade para, sobretudo em tempo de vacas magríssimas, nos reunamos num vira bem apertadinho e, afinando bem as passadas, caminharmos todos no mesmo sentido e não deixando que alguns fiquem para trás. Esta linguagem típica lusitana, utilizo-a a propósito do nacionalismo que se impõe que sirva de modelo para sairmos do naufrágio em que nos deixámos cair.
Mas, por muito tradicionalistas que façamos esforços para ser, as realidades não nos deixam que percamos de vista a realidade dura e crua que nos envolve. E uma delas é o aumento assustador e progressivo do desemprego que se espalha aquém fronteiras, mas que, há que ter isso bem presente, é uma enfermidade que tomou assento e vai subindo rapidamente em toda a Europa e, afinal, por todos os sítios do mundo.
Quer dizer, o excesso de população que atingiu já um número assustador de 7 mil milhões de habitantes em toda a Esfera terrestre, se em cada País provoca o problema de ter gente que não encontra local para trabalhar, esse será uma das razões do drama que se chama crise e cujos resultados, mais dia menos dia, serão os de a situação social ultrapassar em muito o caos económico e financeiro.
Ninguém pode deixar de prever que, por este caminho, as disputas entre os homens – e já hoje isso se verifica por diferentes partes da Terra, ainda que as razões não sejam claramente apontadas ao desemprego – esses confrontos tomarão proporções em que os mais optimistas se recusam a acreditar. Já o tenho escrito e não sou levado a pensar situação diferente lá mais para diante: os homens, ao não terem maneira de se sustentar e de formar a sua família, são capazes de tudo. E os vizinhos, estejam ou não nas mesmas condições, são os que ficam debaixo de olho para efeitos de um ajuste egoísta de contas.
Quem, como eu, não tem a felicidade de sentir um optimismo doentio à sua volta, ainda que não julgue que ficará o tempo suficiente para assistir ao deflagrar do problema, não tem porquê esconder o que admite vir a ser aquilo que os homens que cá estiverem na altura acabarão por fazer: uma guerra mundial que reduza a um terço a população do mundo, pois essa é a única maneira de encontrar trabalho para todo ser humano, sobretudo se houver que reconstruir aquilo que um confronto bélico e particularmente com armas altamente destrutivas deitar abaixo.
É duro, eu sei, ter esta convicção. Mas que apareçam outras soluções é o que eu mais desejo. E como não tenho porquê esconder o meu pensamento, assim, numa rajada, escrevo – ou melhor repito o que já escrevi noutra ocasião – e aqui deixo para que quem quiser aplaudir ou me dirigir os insultos que considerar que lhe provocam alívio.
O que ocorre nesta altura nos países do médio oriente e por ali á panas uma pequena amostra do que anda dentro dos seres humanos a fervilhar. Os tsunamis também não ajudam e as diferenças de religiões servem de certo pretexto para ao que proclamam os seus deuses.
Mas, no final, a razão principal é a de que há gente a mais a encher a Bola. Mesmo que ainda restem locais onde cabem uns tantos, porém os que mudam de morada não desejam fazer esse regresso.
Não vou mais longe. Quem me leu isto que escrevi e que não vou reler porque não me apetece, já entendeu tudo. O resto já não é comigo!

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