terça-feira, 12 de abril de 2011

NOBRE OU NÃO?


NÃO É QUE SEJA EXCEPCIONALMENTE importante para a situação portuguesa que Fernando Nobre tenha aceite ou não o convite do PSD para assumir as funções de deputado e, portanto, possível futuro presidente do Parlamento, posto que essa decisão não acrescenta nada de benéfico – nem sequer prejudicial – para a solução dos problemas graves que Portugal tem pela frente. Segundo o meu ponto de vista e até porque nunca fui um apreciador político do que foi candidato à Presidência da República e conseguiu alcançar 600 mil votos, não é por aí que Portugal consegue encontrar um caminho que o leve a sair da grave posição económica, financeira e social em que foi metido por via da actuação incompetente de gente que não devia ter sido escolhida pelos votantes nacionais para desempenhar as funções que lhes foram atribuídas. E nem acrescento nomes, pois temos todos é que olhar para a frente e deixar as acusações para outra altura em que estejamos mais descansados e tenhamos tempo para nos dedicarmos à História.

Mas, no que respeita a Fernando Nobre, colocando-me eu no seu lugar e seguindo uma linha, infelizmente tão corrente, de não ter a menor preocupação em assumir uma linha de absoluta honestidade política, não cuidando também de respeitar princípios de coerência, não perdendo de vista interesses pessoais, quer os de vaidade pessoal quer os materiais, no fundo só cuidando do que poderia considerar de mais valia para subir na escada dos importantes neste País, é evidente que, perante uma proposta como a que foi formulada pelo presidente do PSD, não deixaria de a agarrar com as duas mãos.

Analisando bem os prós e os contras que uma aceitação da minha parte poderiam trazer-me na situação concreta, mesmo sendo forçado a enfrentar as duras críticas que saltariam – como está já acontecer – no meu caminho, a opção que me atrairia era a de embarcar nessa proposta. O tempo jogaria a meu favor e seria maior o proveito do que o prejuízo que sofresse. Vejamos então: Claro que se trataria de um jogo na lotaria, adquirir um bilhete com enorme esperança de ganhar o primeiro prémio. Sendo que as garantias que me eram proporcionadas me davam grande margem de acerto. E, no caso em vista, a possibilidade do PSD alcançar uma posição prioritária na teia da votação que se perfila é francamente aceitável, ainda que o número maioritário de deputados na Assembleia tenha de resultar da junção de mais de um partido. Daí que a nomeação do Presidente daquela Casa de S. Bento dependa bastante da posição que venha a ser atingida pelos sociais-democratas.

Logo, a possibilidade de Fernando Nobre poder subir as escadas da presidência não está assim tão distante. Esta a razão por que me coloco, embora constrangido, na posição do médico que acabou de aceitar a proposta do partido que tem pretensões a sair-se razoavelmente das eleições em 5 de Junho. E o tempo que falta dirá se, também desta vez, tenho razão antes de tempo. Os anos que faltam para Cavaco Silva desempenhar as suas funções em Belém, não podendo renovar o mandato, servirão para que o nosso visado Nobre se mantenha na posição de saliência para os portugueses, o que não aconteceria se se mantivesse obscuro na direcção da AMI, por exemplo, e isso custar-lhe-ia depois muito mais se entendesse, como dá ideia de que é a sua intenção, voltar a candidatar-se ao lugar cimeiro do Estado. Ora aí está o motivo por que entendi fazer aqui este jogo de imaginação em relação ao caso que levantou e ainda continuará alguma celeuma no ambiente político português.

Mas a presença dos enviados do FMI e parceiros, para observarem as contas públicas e a posição financeira e económica concretas de Portugal, para efeitos de nos ser concedido o empréstimo, primeiro de 80 mil milhões de euros, a sua actuação que está a ser aguardada com enorme ansiedade fará esquecer rapidamente factos secundários, como é este do convite feito a Fernando Nobre e aceite por este. Pus-me no seu lugar porque não vejo razão para procurar, nesta como noutras alturas, políticos ou seus aspirantes que sirvam de exemplo, pelo seu comportamento irrepreensível de absoluto e rigoroso interesse único no melhor para o nosso País, ao ponto de servirem de exemplo para todos os cidadãos. Temos que afastar retóricas e encarar de frente as realidades dos homens, sejam eles políticos, aspirantes a isso ou outros de qualquer profissão. Desculpem o meu cepticismo.

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