segunda-feira, 11 de abril de 2011

DEPOIS NÃO SE QUEIXEM


ESTE FIM DE SEMANA que passou serviu ao Partido Socialista para iniciar a sua campanha eleitoral e, verdade seja dita, foi utilizada pelo grupo de Sócrates com grande habilidade, pois transmitiu uma ideia de que o PS se encontra muito unido em redor do seu secretário-geral e que, apesar de sempre ter sido declarado que o Governo que se demitiu era contrário à ajuda externa ao nosso País, agora vai encabeçar o grupo de negociação para que o empréstimo previsto de 80 mil milhões de euros se torne realidade. E é isto a política. Diz-se e desdiz-se. Afirma-se uma coisa numa altura e precisamente o contrário logo a seguir. Com o maior descaramento, deixam-se de se assumir as culpas de uma operação que correu mal e passam-se essas responsabilidades para os adversários. Só é preciso que o povo seja capaz de entender essas jogadas e que, na altura da escolha, não seja levado ao engano. Só que os cidadãos, e neste caso os portugueses, não têm aquela capacidade que se pensa de raciocinar friamente e de analisar as situações com a memória viva daquilo que foi dito e feito e do que se afirma depois, de acordo com as conveniências. Logo, este congresso dos socialistas foi um golpe de mestre. E ainda por cima, com o apoio escandaloso de todas as estações televisivas – o que nunca se viu noutras ocasiões -, pois todas e em simultâneo fizeram a cobertura do acontecimento em Matosinhos, o efeito propagandístico não podia ter sido maior. Resta agora ao PSD – posto que o CDS se mentem mudo e quieto como não se esperaria – dar mostras de que é capaz de dar a volta à opinião que terá sido formada em grande parte da população portuguesa, visto que discursos como o que foi pronunciado por Passos Coelho na Madeira, e que uma televisão captou, não chegarão para convencer os votantes que, em 5 de Junho, irão escolher quem preferem para exercer as funções de Executivo, ainda que seja forçoso formar uma coligação que, supõe-se, terá de englobar o PP para atingir um minoria. Já não vale a pena nesta altura andar a fazer acusações de que foi Sócrates o causador da situação alarmante em que se encontra Portugal. Ainda que ele não deixa de proclamar aos quatro ventos que foram as oposições que causaram a necessidade da ajuda financeira externa – e seria bom saber como é que se conseguiria liquidar, já nos próximos meses de Maio e Junho, os empréstimos e os juros que se vencem e que ultrapassam os cinco mil milhões de euros, para não falar no montantes para suportar as despesas correntes do Estado -, de conversas sem sentido já está o nosso País farto e não é com este tipo de actuações que se soluciona um problema tão grave como aquele em que nos meteu o arrogante Sócrates. O que importa na altura verificara é se o PSD, caso atinja o primeiro lugar na próxima eleição legislativa, consegue conduzir medianamente o barco falido que lhe será entregue. Isto é adiantando já que não voltaremos a suportar o governante saído à frente de um novo Gabinete governamental. Bem basta imaginar o que vai ser tê-lo a comandar as forças da oposição democrática, se bem que aí até terá a sua utilidade a existência de alguém que esteja atento aos erros que eventualmente sejam praticados. É que aí não haverá folga para enganos! Seja como for e tendo ainda algumas esperanças de que, não obstante os pesados sacrifícios que vão ser exigidos os portugueses perante os compromissos que se assumirão em troca da ajuda financeira externa, a situação encontrará um caminho positivo que levará anos a devolver-nos a independência financeira, dessa forma pode ser que algum benefício seja conseguido com tal intromissão estrangeira: a de alterarmos um comportamento nacional que, conforme eu afirmei no meu blogue de ontem, constitui uma necessidade que é fulcral para não repetirmos erros passados e congénitos. E a terminar, uma alusão à decisão tomada pelo PSD de convidar – e foi aceite – o ex-candidato à Presidência da República Fernando Nobre, politicamente dito independente, a, sem se filiar no Partido, propor-se para deputado e ser eleito presidente da Assembleia (evidentemente se as circunstâncias resultantes dos votos assim o permitirem). Nem vale a pena fazer comentários acerca destes golpes de rins que os políticos fazem, pois que a figura em causa já encaixou vários papéis que lhe foram propostos em aventuras no palco das representações políticas. Trata-se de uma forma de colher votos de uma área que não se encontra na mancha social-democrata, ainda que, a meu ver, não existam garantias de que tal propósito possa trazer um tão valioso número de seguidores como a intenção pretenderá. Mas o que faz pena é constatar que o vale tudo anda sempre nas mangas dos homens que comandam os partidos. E, na verdade, o que interessa sobremaneira nesta altura é prestar a maior atenção ao modo como os partidos, todos eles, se vão comportar perante os emprestadores de dinheiro ao nosso País, pois que o mais pequeno desentendimento pode provocar um afastamento dos que se propõem ser mais uns credores que, sobretudo na presente conjuntura, têm de ser tratados com luvas de pelica… ou não teremos onde nos agarrar e todos os Sócrates de Portugal bem podem ir pedir para outra porta de igreja e aceitar as exigências que lhes forem apresentadas, beijando ainda por cima o chão que eles pisarem… Pensem bem nisto os portugueses no dia 5 de Junho e depois não se queixem se não o fizerem.

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