sexta-feira, 8 de abril de 2011

FUTEBOIS


AFINAL SEMPRE É NO FUTEBOL que ainda conseguimos, de vez em quando, dar mostras da nossa capacidade produtiva. Mas, sejamos verdadeiros, já lá vai o tempo em que as equipas nacionais eram compostas praticamente em exclusivo por jogadores com a nossa nacionalidade, ainda que uns tantos, praticamente os melhores, fossem originários das antigas colónias, os quais, salientando-se pelas suas capacidades extraordinárias, logo eram orgulhosamente qualificados como portugueses de gema. O Eusébio aí está para prová-lo, mas outros houve que ainda hoje são recordados, pelo menos pelos cidadãos de mais idade, e eu, que não sou muito ligado a essa febre futebolística, ainda me recordo do célebre Matateu (com quem eu almocei, já ele tinha emigrado, em Newark, nos E.U.A.) e ainda estão vivos outros, como o Coluna e de poucos mais me lembro. Mas isto para dizer o quê? Pois que, no mesmo dia em que o Governo ainda em vigor confirmou que tinha anuído ao pedido de ajuda financeira ao exterior – e nem vale a pena historiar todo o choradinho que é feito agora de que a culpa de tudo isso pertence às oposições -, e que se soube que o empréstimo de que necessitamos é da ordem dos 90 mil milhões de euros, até 2013, três clubes portugueses venciam outras tantas formações estrangeiras, fazendo esquecer a uma boa aparte de cidadãos da nossa Terra que estávamos condenados a um largo período, de vários anos, em que o cinto vai ser apertado até existirem furos que cheguem para segurar as calças. Esta é uma característica que, para bem ou para mal, nos ajuda a desviar a atenção do importante e a ocuparmos o nosso espírito com outras matérias supérfluas. Mas serão, assim, tão secundárias? Quem sabe se não vai ser esta a forma de nos distrairmos dos graves aborrecimentos que ainda estão para chegar e que, depois de estarem todos instalados, aqui permanecerão durante anis e anos? Não sei se, lá onde eu estiver, haverá poltrona para assistir ao espectáculo triste do que ocorrerá por estas bandas. Se as cinzas não derem essa oportunidade também talvez seja melhor…

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