sábado, 9 de abril de 2011

DISCURSAR, DISCURSAR...


MAIS UM DSICURSO. Mais uma declaração pública de que a culpa de tudo o que se passa pertence aos outros. Mais um rol de convicções apresentadas, como se elas pudessem justificar a única saída possível para Portugal, perante os credores que se perfilam para vir receber o que lhes é devido. E tudo pretendendo demonstrar uma convicção plena de que a razão se encontra exclusivamente do seu lado. Já não há pachorra para suportar tanta vitimação e um convencimento aparentemente sincero de que os que se encontram fora do compasso são todos os outros, pelo menos aqueles que, nesta altura, batem palmas por tudo e por nada ao Partido Socialista, e digo neste momento porque a minha convicção é de que o PS desta temporada não tem nada a ver com o Partido que actuava logo após a Revolução de Abril, no tempo do Mário Soares e nas alturas em que teve que marcar posição forte face ao perigo em que Vasco Gonçalves (ainda há quem se lembre?) queria conduzir o País para o descalabro político. Este José Sócrates, que tem todo o seu partido a aplaudi-lo, vai criar um problema quando, no dia 5 de Maio, surgir o resultado das eleições. E se as sondagens que são conhecidas nesta altura se concretizarem quanto às posições dos vários concorrentes, ou seja, se não ficar definido pela contagem dos votos uma maioria absoluta sem necessidade de uma coligação ou qualquer entendimento partidário, com o PS e o PSD em posições não muito distantes, a questão que se põe é a de imaginar como se conseguirá formar um Governo que tenha de incluir o agora demitido Sócrates num conjunto que conte com os sociais-democratas e até o CDS, dado conhecerem-se as difíceis relações desses grupos políticos quanto ao secretário-geral socialista e vice-versa, tanto mais que no largo do Rato não se constata uma tendência para poder ser apresentado outro membro que substitua o que mantém ainda uma forte corrente de apoiantes no próprio Partido. É bom que se enfrente desde já este problema, pois que não se trata de algo que seja inverosímil. E, dado que os 80 mil milhões de euros que estão previstos fazerem parte do pacote que constitui o empréstimo externo para, até 2013, poder Portugal responder aos seus encargos provenientes – no período em que Sócrates foi chefe de Governo, recorde-se - das dívidas que têm sido contraídas, todo e qualquer movimento que crie na Europa a ideia de que não nos conseguimos entender, porá em alto perigo a concretização e a continuação de todas as ajudas que, ao longo dos anos que aí vêm, vão ser imprescindíveis. Pode o Sócrates discursar o que entender, acusar quem lhe apetecer de que a situação nacional é devida a ter sido chumbado um PEC, afirmar que fez o seu melhor, dizer-se muito patriota, conseguir até o apoio de muitos dos seus camaradas partidários, mas nada disso soluciona o embrulho em que estamos metidos. E os actuais cidadãos portugueses e os que estão ainda por nascer, esses dirão de sua justiça face ao estrangulamento económico, financeiro e social de que os “outros”, não os que estiveram à frente do Governo nos últimos anos, são os culpados…

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