segunda-feira, 25 de abril de 2011

ACREDITAR

Sim, sim tenho pena
Que a fé seja tão pequena
No que a mim me espera
Teria de ser uma fera
P’racreditar no futuro
Não o vendo tão escuro
Como vai ser este País
Porque já nada condiz
Ninguém acerta no alvo
Poucos se sentem a salvo
Do que vem aí à frente
Somos estrela cadente
E mesmo o belo passado
Não deixa grande legado
Aos que vêm a seguir
Que sem tempo p’ra fugir
Recebem herança falida
Criança malparida
Que chega em tempo errado
Pois se pai fosse avisado
Outro lugar escolheria
P’ra nascer a sua cria
Dado que a Pátria melhor
Seja ela a que for
É a que protege os seus filhos
Que quando estão em sarilhos
Lhes deita a mão salvadora
Estando atenta a toda a hora
Para que cresçam, aprendam
Assim tornando-se úteis
E não simples coisas fúteis
Em número e não qualidade
P’ra quando chegar a idade
À reforma ter direito
Que a mesma seja com jeito
Que chegue p’ra ser gozada
E nunca sendo acabada
Ou mesmo até reduzida
Pois não é no fim da vida
Que o castigo ao cidadão
Surge também pela mão
De um governo qualquer
Que entende ter o dever
De emendar erros antigos
De parceiros mesmo amigos
Que fizeram mau serviço
E o povo é quem paga
Pois pertence-lhe a chaga
De ter tido a pouca sorte
De desde a nascença à morte
Ter tido essa Pátria sua
E já não ter arrecua
De fazer escolha diferente
Ser tarde p’ra dissidente

Tal como na lotaria
A sorte só alumia
Os que se dão ao trabalho
De enxotar o enxovalho

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