terça-feira, 26 de abril de 2011

QUATRO E NÃO CHEGAM!



A INICIATIVA DE TER REUNIDO, numa mesma manifestação, os quatro Presidentes da República que ocuparam eleitoralmente o cargo e um deles ainda lá se encontra, Cavaco Silva, foi, opino eu, um gesto do maior significado, sobretudo tendo-se oportunidade de escutar o que cada um deles agora pensa sobre o acontecimento que mudou radicalmente o sistema político de Portugal e que cumpriu agora 37 anos de funcionamento.
É sabido que diversas circunstâncias não proporcionaram aos portugueses, em particular ao longo dos últimos 6 a 8 anos, uma melhoria de vida que aproxime, sem a menor dúvida, o modo como o nosso País pode ser comparado com os restantes parceiros da Europa, sendo que o distanciamento tem vindo a verificar-se, mesmo que nada seja similar ao que ocorria na época em que se estava submetido a uma ditadura que deixou marcas.
Passado de início o entusiasmo que se espalhou por todo o Portugal, especialmente por aqueles que mais sentiram as opressões anteriores, devido também a se ter espalhado a palavra “milagrosa” da Liberdade que, em excessivas ocasiões, não foi utilizada com a devida norma de respeito pelo uso que os outros também não podiam deixar de ter igual direito. Mas essa confusão foi natural, posto que a Democracia não se implanta na prática por decreto ou por uma revolução, mas sim é fruto de muitos anos de prática e de aprendizagem que deve ser iniciada pelos mais jovens, sobretudo com a humildade de saber ouvir e de não impor as nossas opiniões sem o respeito pelas que os vizinhos também desejam expressar.
E sem utilizar este texto com a acusação de quem quer que seja por termos perdido os anos decorridos sem tirar proveito da oportunidade que nos foi conferida, também sem falar da crise económica propriamente dita como única culpada do mau aproveitamento das vantagens – agora mais distantes – com a nossa entrada no grupo Europeu e de termos passado a usar a moeda única do conjunto, basta que aproveitemos a comemoração da data revolucionária para fazermos todos, sem excepção, o nosso acto cívico de contrição e admitamos que poderíamos ter contribuído melhor para que não tivéssemos chegado à situação de pobreza em que vivemos já hoje.
Dos três ex Presidentes que usaram da palavra, por sinal todos merecedores de elogio, quero aqui deixar expresso que Ramalho Eanes, no meu parecer, foi o que aproveitou melhor a ocasião para apontar erros que os políticos praticaram e, sem indicar nomes, colocou o dedo na ferida e fez pensar os portugueses.
Claro que resta saber se o general estivesse nesta altura a exercer as funções que já teve actuaria de forma a modificar a desorientação partidário que se verifica. A situação que se aproxima, com as eleições no próximo dia 5 de Junho, obrigando a que os que se pretendem assumir como responsáveis não continuem a ficar agarrados a ideais partidários que não condizem com o interesse do País, esse momento da maior dificuldade impõe que um Presidente da República tenha a coragem de intervir por forma a que seja encontrada uma maioria política que consiga cumprir a sua obrigação, ainda que essa seja a de cumprir o que ficar estabelecido pelo grupo que, gostemos ou não, foi aceite para tentar colocar as nossas contas em ordem.
É forçoso que o Governo que saia das eleições obtenha maioria absoluta. E, por mais estranhos que possam parecer agora determinados comportamentos de alguma ou algumas cabeças partidárias, pelo seu silêncio estranhou ou pela sua intervenção excessiva (deixo aos leitores a interpretação desta alusão), há que dar o passo essencial para que o País deixe de estar entregue a governações de ocasião.
É natural que o PS e o PSD se coloquem em primeiro lugar na contagem dos votos, da mesma maneira que não será de estranhar que o total que venha ser atingido pelos dois mais bem colocados não chegue para conseguir a tal maioria indiscutível. E aí, então, será necessário recorrer a um terceiro grupo que, encontrando-se actualmente sem dar grandes mostras de existência, na altura própria talvez surja a fazer exigências.
Nada disto foi dito nos discursos proferidos no Palácio de Belém. Pois digo eu!…

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