sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A COERÊNCIA

Já era tempo de se respirar
d’enfrentar a vida mesmo o resto
de não p’ra trás andar
não ser preciso fazer mais protesto
quem até hoje aguentou tanto
quem com esperanças lá foi vivendo
não é agora até com espanto
que vale a pena gritar “não entendo!”

Se metermos a mão na consciência
se à humildade nós apelarmos
e não oferecermos resistência
abandonando o desenrascarmos
talvez se encontre a solução
p’ró estado a que Portugal chegou
pois isso estará na nossa mão
cada um crendo “o melhor não sou”

Se agora somos mal governados
por quem deve fazer o seu labor
e eles não se sentindo culpados
dizendo até que fazem favor
há muita razão em quem os quer for
em despedi-los com um chuto no rabo
e pô-los à distância sem demora
não deixando nenhum ser mais nababo

Então depois quem vier a seguir
será capaz de pôr tudo nos eixos?
Parece igual a Alcácer Quibir
somos peritos nisso dos desleixos
após catástrofe nunca sabemos
como voltar a pôr a casa em ordem
nas discussões muito tempo perdemos
restamos todos na mesma desordem

Mas é só hoje que isso sucede
que por nossa culpa nos afundamos
que nos envolvemos na própria rede
e com isso mesmo nos glorificamos?
Tenhamos então alguma memória
olhemos para trás e reflictamos
é o que nos diz parte da História
por mais que muitos de nós aplaudamos

Mas é pena pois que heróicos feitos
também tivemos com certa fartura
mas dessas acções tirarmos proveitos
se existiram foi de pouca dura
nunca soubemos recolher partido
que resultasse num bem pr’o País
foi escasso sempre esse sentido
tudo nos passou longe do nariz

Mas afinal este tão nosso ser
não vem desde tempo d’Afonso Henriques
até antes quando um povo qualquer
trazendo consigo todos os tiques
recebeu convite “para que fiques”

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