sábado, 27 de novembro de 2010

SÓ DISPARATES!...


QUE GRANDE SURPRESA! A Assembleia da República deixou passar, na votação realizada ontem, o Orçamento de Estado para 2011 que o Governo, depois de prolongadas buscas de entendimentos com o PSD, apresentou para votação. Os sociais democratas, para que não fique registado na História que o seu sim foi expresso, limitaram-se à abstenção, pois que o total dos nãos dos restantes partidos não era suficiente para obstar a que o documento em causa enfrentasse a derrota. Tudo estava já estabelecido e o tempo que passou em aparentes negociações só serviu para arrastar, como é tanto do nosso gosto, as conclusões de uma decisão. E este caso não constituiu excepção.
Anda por aí a divulgar-se a ideia de que este Orçamento não é o que conviria a Portugal, na situação melindrosa em que nos encontramos. Mas, afinal, a questão não será bem essa. O problema põe-se em saber se, com este ou com outro enunciado de receitas e despesas para o próximo ano, mas com o mesmo grupo governamental, qualquer outro programa serviria para solucionar a posição em que nos deixaram chegar os homens de José Sócrates. Eu, por mim que não sou de grandes saberes, entendo que não. Que não existe Orçamento de Estado que nos valha e que, nesta altura, já não haverá possibilidade de mudar o elenco governativo, como não é também o momento politicamente adequado para se realizarem eleições legislativas. Esta a realidade.
Pergunta-se: então o que podemos fazer? Pois esse é o berbicacho maior! E, face a tamanho dilema, o que nos resta a nós, cidadãos, em que não está ao nosso alcance uma forma de intervir, é apenas mantermo-nos a aguardar o que vier a seguir, com FMI ou sem ele, pois qualquer intervenção que se verifique, de dentro ou de fora, ela só nos apresentará sempre um panorama pior do que o que existia antes. Os sacrifícios a que 2011 nos obrigará, provavelmente ainda serão aumentados face às circunstâncias seguintes.
Não, não me acusem de pessimista. Façam o favor de ler os meus blogues desde há muitos meses, e se não lhes provocaram, os avisos que lancei, nenhum interesse e até lhes deram pouca credibilidade, pois não venham agora chorar sobre o leite derramado. Tudo isto que está a ocorrer esteve sempre no meu óculo de observação e como não me intitulo um “politólogo” – como agora surgem tantos com esta designação – e muito menos sou um convencido que sei tudo, dado que, como diz o outro, só sei que não sei nada, ter-se-á que apelidar esta minha previsão como uma leitura independente, não facciosa, dos homens que ocuparam os lugares de destaque, tendo como exclusivo intuito procurar analisar bem as situações que nos iam aparecendo. E se também, apesar das revolta que sinto, não carrego comigo o espírito de vingança, até porque ela a existir será colectiva e não individual, não vislumbro com prazer um futuro negro a Sócrates e ao seu grupo governativo (até porque o que imagino que lhes sucederá vai ser precisamente o contrário, ou seja o gozo de enormes modormias, resultantes dos efeitos dos cargos que têm vindo a exercer na plataforma política).
O Natal que se aproxima, por sinal período do ano que eu, como já tive ocasião de esclarecer nos meus escritos, não atravesso com prazer, antes me provoca uma enorme nostalgia, na generalidade dos portugueses constitui uma época em que se instala um sentimento de “bondade”, ainda que seja colada pela tradição das prendas. Pois este ano, em face das coisas como se encontram, os comerciantes já se queixam de que se nota uma grande retracção nos gastos. Passou-se, no nosso País, de uma loucura de despender o que não se tinha para agora, tarde demais, se fazerem contas às moedas que ainda existam. Os que as conservam.
Mas, entretanto, e sem se conseguir entender o que passa nas cabeças tontas dos homens que permanecem nos postos de comando, as loucuras não param. Foram os blindados dos 5 milhões que não faziam falta, como se viu, é o caso do aeroporto de Beja que excede tudo que seria permitido. Mas são também as decisões sobre a não redução clara dos salários para a função pública no que se refere às empresas do Estado, precisamente aquelas onde os escândalos são mais notórios e… e aí por diante.
Há tanta coisa para referir, na área das contrariedades e das acções dessa gente, que nem existe espaço que chegue, assim como paciência dos leitores para acompanharem o rol infindável de erros e asneiras. Fico-me, pois, por aqui. Até à próxima.

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