Isto de ser poeta
e ter de rimar
é quase uma treta
com as sílabas a contar.
P’ra mim poesia
é coisa que eu sinta
pode ser fantasia
mas faça que eu minta
Vou dar um exemplo
que escrevo e contemplo
Vejo o homem sentado no jardim
Num banco, sozinho
Ninguém repara nele
Nem ele próprio dá pela solidão
Ficou isolado no mundo
Já teve gente, companhias
Mas as tristes circunstâncias
Fizeram com que fosse o último
E ele aí está à espera
Que a sua vez também chegue
Afinal, este velho abandonado
Só se diferencia dos outros
Dos que têm gente à volta
Pessoas conhecidas, família, descendentes
Porque esses falam com ele
Até talvez lhe digam palavras bonitas
Irão provavelmente acompanhá-lo até à última morada
Distribuirão entre si o que sobrar do mais velho
Mas, no fundo, que outra diferença existe?
Só porque não estão com ele no jardim?
Está acompanhado sentado na sala?
Vou, pois, escrever poesia
com rima
com a possível mestria
mas olhando para cima
não vendo quem está ao meu lado
porque tudo é enfado
e ter de rimar
é quase uma treta
com as sílabas a contar.
P’ra mim poesia
é coisa que eu sinta
pode ser fantasia
mas faça que eu minta
Vou dar um exemplo
que escrevo e contemplo
Vejo o homem sentado no jardim
Num banco, sozinho
Ninguém repara nele
Nem ele próprio dá pela solidão
Ficou isolado no mundo
Já teve gente, companhias
Mas as tristes circunstâncias
Fizeram com que fosse o último
E ele aí está à espera
Que a sua vez também chegue
Afinal, este velho abandonado
Só se diferencia dos outros
Dos que têm gente à volta
Pessoas conhecidas, família, descendentes
Porque esses falam com ele
Até talvez lhe digam palavras bonitas
Irão provavelmente acompanhá-lo até à última morada
Distribuirão entre si o que sobrar do mais velho
Mas, no fundo, que outra diferença existe?
Só porque não estão com ele no jardim?
Está acompanhado sentado na sala?
Vou, pois, escrever poesia
com rima
com a possível mestria
mas olhando para cima
não vendo quem está ao meu lado
porque tudo é enfado
Sem comentários:
Enviar um comentário