sábado, 28 de agosto de 2010

ESPECTÁCULO


JÁ ME TENHO referido ao uso e abuso e abuso de palavras e expressões que são introduzidas no falar dos portugueses e que, de uma forma geral, têm base na repetição feita por alguns intervenientes, especialmente nas nossas televisões e que, fazendo gala na tal insistência no uso que, por sinal, até lhes deixa alguma marca que se mantém durante um certo tempo, o que na verdade conseguem é espalhar vícios linguísticos que não acrescentam enriquecimento à nossa bela língua pátria. E essa do “espectáculo”, pronunciada por tudo e por nada, sobretudo não se enquadrando no tema ou no objectivo do que está a classificar, para além de enfastiante altera o verdadeiro significado do que representa o gozo de ver, ouvir e sentir alguma coisa que merece ser colocada num plano superior.
E não é somente esta expressão em alguns pretendem insistir e que, infelizmente até pega, pois esse também horroroso “digamos”, largado por tudo e por nada e que para o que serve é para estabelecer uma paragem no discurso que está a ser feito, dando a impressão que constitui uma ajuda para preparar o que é pretendido dizer a seguir.
Não é a primeira vez que aponto estes enjoativos “empecilhos” na língua portuguesa e se observo idêntico vício a ser perseguido por gente ligada à política, no Governo ou fora dele, então o meu desconforto ainda mais se acentua.
Gente que, embora devendo usar uma linguagem simples e que chegue facilmente a todas as camadas da população nacional – coisa que até geralmente não fazem, para se darem o ar de grandes sapientes - , mais razão têm para não seguir as calinadas linguísticas, pois que os exemplos devem vir sempre de cima. Como sucedeu antes e, menos mal, se está a perder agora, que foram os casos dos “portanto” e dos “pois”, que inundaram o palavreado dos faladores sem sentido.
Mas, voltando a essa do “espectáculo” e do “espectacular”, como também se costuma acrescentar, sou levado a admitir que se trata da situação que se atravessa no País que temos e que, devido aos comportamentos de certos homens públicos que nos deixam de boca aberta, conduzem a que o que é mau seja considerado como um verdadeiro número de representação, o qual espanta a quem ele assiste.
E, pelo mesmo motivo, devido à incapacidade que se demonstra por cá de chegar ao fim das questões que se situam na área da Justiça – e não só -, pois que não alcançam nunca um termo convincente, principalmente se se tratam de situações que envolve em figuras mediáticas, acredito que será daí que ressalta a expressão repetida do “espectáculo”
Só pode ser isso!

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