sábado, 15 de maio de 2010

DESACERTO

Sem escrever o que fazia?
e então se não pintasse
que destino à poesia
qu’à cabeça me saltasse?
Ficava tudo cá dentro
a amargar a existência
pois que é aí o centro
de toda a minha ardência

Não trazer cá para fora
o que arde e não se expande
e só quando for embora
se sabe se eu fui grande
essa é a paga d’agora
por culpa minha por certo
não soube encontrar a hora
de fugir do desacerto

A verdade é bem esta
pelo menos assim penso
não vale andar só em festa
e não perder o bom senso
pois eu sinto à distância
que a poesia que agrada
não é a da concordância
nem a da rima apurada

Pensamentos ideais
assim como na pintura
em que as cores não são reais
tudo parece loucura
também é a poesia
de métrica não precisa
nem é coisa de magia
de poeta ou poetisa

Não sei se é desacerto
ou outra coisa qualquer
vou procurar andar perto
isso fazer se puder
poesia não rimada
sem as sílabas contar
se é assim que ela agrada
a tal me vou dedicar

Não são agora estes versos
como populares são tidos
tais como tantos dispersos
que deixo sem alaridos
que fazem pensar a fundo
no caminho a seguir
pois para agradar ao mundo
o que é preciso é fingir

Andar em tal desacerto
para que os outros nos mirem
com um olhar quase aberto
ou até mesmo a fingirem
é nesta vida um cansaço
não sermos o que nós somos
causando certo embaraço
mais parecendo até cromos

Adaptar-me às circunstâncias
às modas de ocasião
são regras das tolerâncias
não posso dizer que não
os versos que no meu saco
vou guardando com cuidado
sem eu dar parte de fraco
aceito ao que sou forçado

Os que se julgam no certo
M14e acusem de desacerto


Sem comentários: