segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

CONFIANÇA

Ter confiança
em toda a gente
com esperança
ir para a frente,
avante, avante
há que vencer
ser-se gigante
é só querer
basta lutar
e a cara dar
aguentar
sem desarmar
faz falta fé
na tal vitória
com finca-pé
lá se faz história.
Bater, bater
no mesmo ponto
até vencer
sem ficar tonto
mas confiança
perdê-la não
desde criança
com devoção
porque ganhar
é sempre o lema
e avançar
soa a poema.
Bater, bater
grito de guerra
e a combater
é nossa a Terra.

Quem lança tal
grito histérico
não tem igual
é bem esférico
mas o que tem
é vozeirão
convence bem
qualquer pavão
mesmo medroso
sob a plumagem
mas desejoso
de molduragem
mas no seu caso
por incapaz
dá sempre azo
a Frei Tomás
faz o que eu digo
não o que faço
no meu abrigo
só ameaço
não custa tanto
estimular
lançar o canto
do atacar
desde que o perigo
não bata à porta
porque comigo
a coisa é torta.

Ter confiança
em todo o mundo
só esperança
que lá no fundo
fique quieta
sossegadinha
por ser só treta
que desalinha
esta cabeça
que bem sossega
por mais que peça
pois não se entrega
a outro afazer
por mais confuso
pois tal querer
é quase abuso

Mas p’ra viver
assim de lado
até morrer
bem estafado
sem ter cumprido
um lema certo
nem ter perdido
rumo de perto
há que deixar
dogmas cair
e caminhar
já sem sentir
censuras vagas
que fazem rir
por serem gagas
e não parar
mesmo no erro
até entrar
no seu enterro.

Que a vida é isso
tempo a passar
não há feitiço
é só esperar
qu’algo aconteça
sem s’ímportar
sem ter pressa
se vê depois
que a tal vida
só ou a dois
terá saída
deixa saudades
aos que cá ficam
poucas vontades
até debicam
algo que resta
que vai ficando
já pouco presta
p’ra todo o bando

Cá fica o mundo
entregue aos bichos
já tão imundo
pleno de lixos
e tal confiança
diz o poeta
nem por herança
nem como treta
se vai manter.
Vitória fica
noutro viver
em chafarica
que então houver
s’é que haverá
onde viver
já sem maná.
Avante, pois,
mas para onde
se o depois
já não responde.
É pôr de parte
entusiasmo
pois quem reparte
o seu orgasmo
mas já não goza
sequer fecunda
tem fraca prosa
que bem se afunda
se não houver
mudança tal
que deixe ter
um mundo igual
ao que há hoje
qu’está perdido
que bate e foge
solta um gemido.

Não vale a pena
fingir que sim
que é outra cena
nada é ruim
deixa-te estar
lá no teu canto
porque o gritar
não te faz santo.
Todo alarido
que aqui se faz
não tem sentido
não é capaz
de dar a volta
de despertar
quem anda à solta
sem acordar
para a verdade
p’ra não andar
pela cidade
sem rumo certo
sem qualquer norte
longe ou perto
da sua sorte.
Porque afinal
ter confiança
no bem, no mal
com esperança
sonho perdido
desperdiçado
não conseguido
o desejado.

Avante, pois
p’ra quê, senhores
se então depois
perdem-se amores.
Fica quieto
no teu cantinho
no teu espeto
sossegadinho
dizer que sim
dizer que não
é sempre fim de uma ilusão.

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