segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

MINISTÉRIO ANUNCIA


NÃO É DE AGORA que, quando um membro do Governo amua com um órgão de informação, sobretudo a escrita, aquilo que faz de seguida é dar ordens aos serviços respectivos para cortar a publicidade que conste do orçamento do seu pelouro, como forma de castigar aquele meio da falta de namoro por parte do jornal ou revista em causa. Aconteceu agora, no que respeita ao semanário “Sol”, por razões bem conhecidas de todos nós que seguimos as notícias ainda bem frescas, como ocorreu no tempo em que Manuel Pinho, o dos “cornos”, era ministro da Economia e retirou a publicidade à TVI – veio agora a público -, especialmente aquela referente ao sector do turismo, em 2009, organismo presidido por Luís Patrão, ex-chefe de gabinete de José Sócrates, cujos montantes ascendiam a cerca de 150 mil euros, tendo beneficiado do desvio a RTP e a SIC. Porém, acrescento eu agora, no tempo em que Basílio Horta foi ministro da Economia (e é quase sempre este o sector que comanda a distribuição da publicidade pelos meios de informação), dado a uma campanha que o semanário que eu dirigi durante dez anos, “o País”, ter mantido uma campanha contra a inexplicável – e nunca isso ficou esclarecido – falta de bacalhau no nosso País, quando em Espanha o mesmo produto, que ali não é tão usado como cá, era até colocado pendurado nas árvores das estradas que ligavam Portugal à Galiza, a Badajoz e na fronteira do Algarve, pois de cá faziam-se excursões para ir adquirir no outro lado o que tinha desaparecido misteriosamente do mercado. E como havia rumores que se tratava de uma atitude nunca aclarada por parte de Basílio Horta, tendo aparecido o fiel amigo à venda, com fartura, depois da campanha do referido semanário, o custo de tal posição foi o de o Ministério ter desviado muitas centenas de contos de publicidade para outros órgãos que não levaram a peito a estranha ausência de bacalhau. Haverá quem se lembre.
Isto tudo quer dizer o quê? Que os homens que ocupam lugares de comando nos governos, sejam eles de que partido forem, quando se querem vingar de alguém ou de alguma coisa não olham a meios e esquecem as suas obrigações públicas, as éticas, os valores que obrigam que quem está ao serviço do Estado é forçado a pôr de lado questões pessoais e ter em vista somente, exclusivamente, aquilo que melhor convém ao País e à sua população.
Isso de explicar os problemas e de pedir até desculpa por ter sido cometido algum erro, é atitude que os governantes têm dificuldade em assumir. Pode ser que tirando unas e pondo lá outros as coisas mudem. Pode ser. Mas, até isso suceder, como tanto se deseja nesta altura, as dúvidas têm de persistir. Já nem é preciso um bom… basta um menos mau!

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