domingo, 25 de outubro de 2009

PRIMEIRA VEZ

É frequente lembrarmo-nos
de quando ocorreu tal coisa
que foi a primeira vez.
Será de envergonhar-nos
e o tal acto repousa
no fundo da timidez?

Antes um grande mistério
era imaginação
tal coisa não se dizia
por ser obra de galdério
que não merece perdão
por viver em heresia

Só que sucede a primeira
da mesma ninguém escapa
assim se começa a vida
pode não ser grande asneira
e tudo feito à socapa
é de facto a partida

Nem sempre vem à memória
essa tal primeira vez
o tempo que já passou
faz-nos olvidar a história
e com pouca nitidez
vemos o que então voou

Porém, a vez derradeira
essa está mais presente
por se encontrar bem mais perto
tendo sido ou não asneira
mantêm-se sempre na mente
como sendo acto certo

Porque chega a todos isso
o de não lembrar sequer
como foi última vez
se se fez um bom serviço
se constituiu prazer
se repetia o que fez

É bom lembrar cada vez
a primeira longe está
a última já mais perto
e o que é malvadez
é que o que já não há
é como vida em deserto

Mas mesmo com mais idade
há sempre primeira vez
de algo que nunca antes
lá permitiu a vontade
de que com certa sagez
nos deixasse radiantes

Até a morte, afinal
quando chega é a primeira
e a última também
seja por bem ou por mal
quando chega à nossa beira
leva-nos para o Além






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