segunda-feira, 13 de julho de 2009

ONDE ANDAS TALENTO?


Quando acordo cada manhã
e realizo que tenho mais um dia
para fazer o meu papel
de estar vivo
e, a pouco e pouco,
vou despertando, sem vontade de me mexer
então, confronto-me
com a realidade,
não é mais um
é um a menos
se contar, como é natural,
o que ma falta, na caminhada
e não o que eu já percorri.
Então, perco toda a vontade
de me meter ao caminho
pois é uma estrada que eu já conheço
onde transito todos os dias
e em que aspiro
encontrar o que nunca me apareceu.
Nesse trajecto
repito o exercício de escrever
na esperança de que
na ponta da caneta
me surja essa tão desejada
personagem que,
ao longo se tantos anos,
não há forma de vir ter comigo.
Mas eu teimo,
no fundo acredito que mereço
esse encontro,
quanto mais não seja
pelo tempo que tenho dedicado a essa busca,
pelo exercício permanente
que absorve as minhas energias mentais
e porque, apesar de tudo,
confio na sorte,
se tiver tempo para esperar.

Quando desperto pela manhã
passa-me tudo isto pela cabeça
e o desconsolo toma conta de mim
sem que transmita esse sentimento a ninguém.
É demasiado íntimo,
é excessivamente ridículo
para ser comunicado.
Não é entendível pelos outros,
porque consideram
que é um descontentamento vaidoso
porque interpretam a minha revolta como uma
demonstração de injustiça.
E talvez seja.
Afinal, quem levou uma vida
a tentar construir uma distinção,
quem sempre sonhou com o reconhecimento alheio
ao não ter encontrado o essencial
não pode andar conformado.

Onde andas tu, oh grandeza?
Por que não entras em mim, oh talento?

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