domingo, 28 de junho de 2009

MANIFESTO E CONTRA MANIFESTO


Só quem não os conhece a quase todos é que fica na dúvida quanto a isso de uns tantos se terem reunido para apresentar um abaixo-assinado contra os investimentos vultosos por parte do Estado e, logo a seguir, surgirem mais uns quantos a apresentar a sua opinião exactamente contrária. É evidente que expressar pontos de vista é um direito que cabe aos cidadãos quando se vive em regime democrático. E ninguém tem nada que se inquietar perante opiniões divulgadas com pompa e circunstância, como se costuma dizer agora, como também se é livre de fazer comentários, especialmente se, como é o caso, se descortina, de entre os nomes de ambas as partes, figuras que, tempos atrás, davam mostras de não seguir as linhas políticas que abraçam nesta altura, antes pelo contrário.
Nesta altura já não nos admiramos que, desde 1974, se depare com saltitões políticos que, quando parece haver conveniência, passam de uma opção partidária para outra e isso ocorre geralmente em favor dos grupos que se encontram mais bem situados no plano governativo. E o PS, que conquistou o poder há quatro anos, tem, naturalmente, sido, até esta altura, o mais beneficiado com as mudanças. São vários os exemplos que podiam ser aqui apontados, mas, como é sabido, não gosto de usar este meu blogue para fazer acusações que podem parecer perseguições seja a quem for. No entanto, dada a minha caminhada no meio jornalístico, é natural que, não tendo perdido a memória, tenha de fazer algum esforço para não trazer a lume certos casos que não consigo arredar do cerebelo.
Só acrescento algumas palavras no que diz respeito ao problema de fundo que divide os dois manifestos: é que, tanto de um lado como de outro, existem razões para serem levadas em conta as opiniões suportadas, ou seja, não é admissível que não se executem mais obras públicas, aquelas que são suportadas pelo Orçamento do Estado; mas o que sim é preciso ter bem presente é que há que usar opções bem discutidas e, sobretudo, não deixar para os vindouros dívidas que, nos anos que aí vêm, poderão constituir encargos impossíveis de cumprir.
Portanto, o que eu quero deixar expresso é que, pelos vistos, faz falta um terceiro auper-manifesto, este deixando bem claro aquilo que o Governo actual e o que vier a seguir, se se verificar uma mudança, em que se expresse aquilo que deve constituir uma preocupação do poder, quais as opções que não podem ficar a aguardar por futuras decisões, já que a mão-de-obra nacional disponível tem de ser ajudada a sair do desemprego e as empresas precisam de ser estimuladas. Mas sempre fazendo bem as contas, estudando impecavelmente os projectos, sendo exigentes com as datas de finalização de cada obra, e, acima de tudo, responsabilizando exemplarmente as incompetências e as falcatruas que se verificam para encaminhar dinheiros sujos para os bolsos dos sem-vergonha.
Isto quer dizer que, quase seguramente, vai surgir mais um grupo de manifestantes que, de acordo com os responsáveis do próximo Executivo, após as eleições legislativas, assim como as seguintes, as autárquicas, ambas já definidas as datas, apresentarão propostas e opiniões que se adaptem melhor ao espírito partidário que se situar mais bem colocado. É inevitável.
Mas, por mais que faça para disfarçar, a verdade é que, ao contemplar alguns nomes de ambos os subscritores dos dois manifestos, não posso deixar de me revoltar. Há lá cada menino que já passou por tudo e por todas as tendências políticas. Que rica Democracia, que permite tantas aldrabices!...

Sem comentários: