sexta-feira, 19 de junho de 2009

LUSOFONIA

ESTE POEMA TEM SIDO FEITO AOS POUCOS E NÃO SEI SE TENHO CORAGEM BASTANTE PARA PROSSEGUI-LO, COMO PRETENDO. VOU ACRECSENTANDO O QUE CONSEGUIR AINDA QUE SAIA E QUEM TIVER PACIÊNCIA E JULGAR QUE VALE A PENA PERDER TEMPO COM A SUA LEITURA, QUE O FAÇA E ME DIGA SE DEVO OU NÃO CONTINUAR. MUITO OBRIGADO



Canto I


Como foi bom ter visto o que deixaram
os homens desse século passado
pedra sobre pedra que lá juntaram
foi marca que ficou do nosso lado
onde conseguiram ir nossas naus
idas da bela praia lusitana
mostrando que não éramos tão maus
nós que fomos além da Taprobana

Por terras para nós desconhecidas
quiseram nossos Reis dar mostra viva
sabia-se que existiam partidas
o regresso seria expectativa
sempre p’ró Sul era o caminho certo
que a África ali estava aos pés
fosse o que fosse nada era perto
havia era que enfrentar marés

Por cá os Soberanos aguardavam
que notícias a chegar fossem boas
porque as más bastante cá estavam
só verdades queriam não as loas
e os nossos navegadores largados
a derrocadas chegaram de primeira
e não sendo por lá bem esperados
mesmo assim deixaram nossa bandeira

Havia que guardar o conquistado
deixar pelo caminho sinal do Norte
não podia ficar abandonado
o que tinha custado alguma morte
a nossa fé ali nos muçulmanos
não era fácil de introduzir
havia que esperar bem longos anos
e mesmo assim talvez não conseguir

Por isso o que havia que fazer
era ali deixar como um suporte
algo que não fácil de esquecer
como um altivo e majestoso forte
que pudesse olhar de perto a cidade
e como soldado e fiel cristão
por lá se deixou também um alcaide
em Marrocos, onde está Mazagão

Mais para baixo se foi encontrando
terra perdida, ninguém conhecia
havia que cuidar e ir zelando
o que o mistério oferecia
furando as ondas do Oceano
sonhou-se o que seria Santiago
sem deixar que nada nem ninguém vergue
não ficando um único lugar vago
lá está até hoje Cabo Verde

Mas muito mais longe donde partiram
já lá no Índico, outro Oceano
foi para aí que as nossas naus fugiram
levando nas mãos pendor lusitano
e outras gentes descobridor viu
já não tinha a mesma cor da pele
que onde se estava já era Diu
e que a fortaleza vos acautele

Ainda na Índia, mais adiante
a basílica de Bom Jesus é
o que é para nós o bandeirante
e ao mesmo tempo faz finca-pé
nessa mesma Índia onde estivemos
que descobrimos para todo o mundo
e por sermos assim não soubemos
conservar o que estava bem no fundo
que é a língua e aquilo que valemos

Enfrentando mares tão enfurecidos
e com povos nem sempre acolhedores
tardava a ficarem convencidos
houve até que sofrer amargores
mas a pouco e pouco conseguimos
mostrar quer eram boas intenções
e por fim aquilo que ali vimos
não deixou que fôssemos os brigões

Capitães das naus e seus marinheiros
que viam tudo por primeira vez
souberam que não eram os dinheiros
que fazia impor o português
havia que usar bem outros meios
o sorriso e até boas maneiras
ofertas a que não eram alheios
tudo isso destruía barreiras

Por vezes as armas eram precisas
a força e a destreza lá estava
o pior eram acções indecisas
e não estar certo da caminhada
mas sempre a tal força se evitou
não era essa a nossa intenção
foi sempre igual aonde se chegou

Após isso voltava-se ao mar
havia que seguir o seu caminho
muita coisa estava por achar
e não se dispunha de adivinho
colocado o padrão no seu lugar
deixada gente nossa nessas terras
não era hora de capitular
nem de nos metermos em grandes guerras

O português que foi deixou rastilhos
por lá restaram algumas palavras
talvez que uns tantos dos seus bons filhos
as usassem como sendo suas lavras
mas os séculos que foram correndo
e liquidaram a velha memória
fizeram prática de dessabendo
também é assim que se faz História

Encaminhando as naus mais p’ra diante
surgiu a China também vivente
com séculos de vida celebrante
mas sem ter ideia do Ocidente
e aí se subiu mais um degrau
até há pouco criámos o que durou
deixámos lá S. Paulo, em Macau
que a partir para a China até chorou

Também no Atlântico, noutro lado,
não esperavam os portugueses
os índios que lá tinham seu passado
não contando com uns tantos revezes
S. Francisco também abriu a porta
e sendo de Assis e da Penitência
ali português não foi letra morta
e se propagou com toda a coerência

Em tudo que era sítio, nossos frades
transpuseram a sua fé em Cristo
puderam mostrar suas qualidades
e nos indígenas pôr o seu visto
mesmo com a sua vida em perigo
por lutarem com crenças muito próprias
nada por lá seria inimigo
e as intenções não eram utópicas

Depois de tantos nomes tão famosos
de um Vasco da Gama bem certeiro
de outros descobridores valorosos
todos a quererem ser o primeiro
mais tarde calhou a outra figura
poder dar o passo memorial
tido como o da Boaventura
de nome Pedro Álvares Cabral

Uma lista enorme de valentes
como Albuquerque, o conquistador
foram na História expoentes
todos a merecerem seu louvor
pois cada um à sua vez
que deu enorme passo de gigante
dando mostras de que o português
quando quer vai pelo mundo adiante

Foram muitos os que marcaram ponto
na fila grande das celebridades
ainda que hoje se dê desconto
a quem não o fez p’ra deixar saudades
o mundo ingrato só um recorda
aquele que tal em voo de pomba
mesmo preso por uma certa corda
connosco aprendeu, Cristóvão Colombo

Os que depois de terras conhecidas
lá se instalaram p’ras defender
construindo fortes, até ermidas
que outros também as queriam ter
deixaram seus nomes lá bem gravados
e a Cruz de Cristo p’ra recordar
que por lá passaram gentes de fados
que tinham chegado do verde-mar

E as igrejas, os mosteiros ficaram
a marcar a presença portuguesa
e bastantes deles se conservaram
até hoje com a sua grandeza
são maravilhas, estão noutras mãos
não são nossas as terras onde ficam
porém serão assim nossos irmãos
que como tal até nos dignificam

Hoje em dia, tantos séculos passados
cada sítio escolheu seu caminho
não estamos na época dos Cruzados
e cada um pode fazer seu ninho
onde as circunstâncias o permitam
navegadores abriram as portas
fizeram primeiro a caminhada
pois nada disso foram horas mortas
realidade é p’ra ser aceitada

Somos mais pequenos face ao mundo?
na realidade grandes nunca fomos
estamos como nascemos, no fundo
temos de aceitar tal como somos
e se lá fora tanto nos mostrámos
em casa só ficámos reduzidos
ao muito pouco em que nos aflorámos
conformados com tempos já fugidos

O amanhã é incógnita de dor
não construímos para nós gozarmos
e por mais que surta hoje o clamor
depende daquilo que nos armarmos
para o futuro que nos espreita
o malvado que até prega partidas
e isso da Esquerda e da Direita
é coisa que pertence a datas idas

A juventude tem de preparar
aquilo que a espera na esquina
pois que não há mais terra para achar
a que existe já tem quem a domina.
Fiquemos assim Os Lusíadas lendo
que ainda pode dar-nos mais valia
aquilo que continuamos tendo
‘inda é a nossa lusofonia




Canto II

O mundo dormindo à nossa volta
não se preocupava com uns loucos
como nós, portugueses, cá à solta
e que por sinal éramos bem poucos
não levando em conta os nossos feitos
não se apercebendo da importância
e menos dos seus futuros proveitos

Só séculos depois lá despertaram
assustados entendera então
que as terras onde as nossas naus chegaram
passaram a ser da nossa comunhão
Que horror! Que injustiça, gritaram
um País tão pequeno não merece
aquilo que nos dizem que ganharam
mas que a nós, grandes, só enfurece

Todas as invejas não se esconderam
mais a mais se em terras africanas
grandes riquezas lá apareceram
e nem mesmo trovas camonianas
cantaram o que nós não descobrimos
estiveram lá anos enterradas
e o seu bom valor nunca sentimos
pois não chegaram lá nossas enxadas

Hoje, a nossa visita a terras velhas
será p’ra recordar só os heróis
mas também para construir grelhas
para ajudar futuro no depois
de onde saímos escorraçados
sem jeito para mostrar nosso amor
levamos lá hoje alguns recados
mostramos nosso lado sedutor

E a verdade sim deve ser dita
recordando nosso comportamento
com toda aquela gente bem aflita
foi com alguma pena o momento
em que o nosso coração ficou
metade por lá onde estivemos
e até hoje não se explicou
como entendermo-nos não soubemos

Em África nossa língua ficou
melhor ou pior igual se fala
o luso-afro lá se implantou
e os naturais disso fazem gala
por muitos outros sítios se perdeu
a semente não pegou bem na terra
na Ásia e na China lá morreu
aquilo que a lusíada encerra

Cantarmos os Lusíadas só resta
a quem já pouco fica para dar
não é agora altura para festa
e o que foi antes um patamar
não é já hoje em dia um trampolim
muito embora olhando a geografia
continuemos a ser um jardim
onde pouco paira a alegria

Devíamos por tal tudo fazer
para que nossa língua portuguesa
constituísse grande comprazer
e fosse hoje enorme grandeza
falada muito longe, toda a parte
pois que se noutros tempos desbravámos
agora só faltava engenho e arte
para deixar à solta o que bramámos

E as Tágides do Tejo saindo
nos corpos levariam os poemas
talvez assim iriam conseguindo
deixar lá longe lusitanos temas
difundir como fazem os ingleses
eles que não foram descobridores
ao contrário de mós os portugueses
que fomos primeiros velejadores

Injustiça esta de os outros ver
espalharem língua pelos lugares
quando era a nós que calhava fazer
e que em vez de usarem militares
ser o próprio povo a si chamar
essa função de ensinar tão nobre
e levá-lo por esse verde-mar
tanto ao rico como até ao pobre

Não soubemos nunca arrecadar
em proveito próprio distribuir
e sós uns poucos puderam gozar
e com isso também usufruir
das riquezas bem longe conseguidas
à custa de indígenas esforços
para isso valeram nossas idas
aqui e qlém com alguns remorsos

Os demais que já depois partiram
sabendo que encontravam firme terra
não provocou surpresa o que viram
pois não havia que enfrentar guerra
florestas adentro se instalaram
que as populações eram amenas
e os homens até se deslumbraram
com as mulheres que havia às centenas

E assim os filhos de sangue luso
foram nascendo com cores mais claras
e não se tratou de nenhum abuso
antes o fruto de novas searas
e por onde os portugueses passaram
deixaram sua marca lusitana
pois que esse convívio provocaram
nem que fosse mesmo numa cabana

Pretos ou índios havia por lá
as suas cores eram bem notadas
mas os que as naus levavam de cá
e o que depois foram as fornadas
eram homens ávidos de mulher
que eles com prazer aceitaram
e com espírito de bem me quer
à farta muitos filhos procriaram

Novas cores de pele foram surgindo
e cada vez que os nossos partiam
em que as fêmeas de cá não sorriam
tão somente no cais se despediam
eles sem parceiros nos seus destinos
e não sendo esquisitos de raça
não se importavam de fazer meninos
não lhes ocorria qualquer desgraça

E os meio-brancos assim nasceram
pois que os portugueses os fabricaram
e outros povos se surpreenderam
de poucos escrúpulos acusaram
para eles misturar era falta
fazer mulatos e indianos claros
era aquilo que nunca se exalta
só representavam grandes descaros

Não foi só sémen o que levámos
o falar era o que se impunha
foi assim com a língua que falámos
que foi entrando e formando cunha
em muitos sítios ela foi imposta
gentes de além as foram ouvindo
e como havia que lhes dar resposta
sem esforço se foi introduzindo

Grande diferença entre o outrora
e o que ocorre séculos passados
se o povo é o mesmo nesta hora
por cá não se igualam antepassados
o que está, está, fiar focou
cada um com o seu caminho andado
se na altura própria não mudou
não adianta agora o revoltado

Somos o que somos e como estamos
para onde vamos pouco ou nada altera
e temos ao lado nossos “hermanos”
que também gozaram mesma quimera
quando o ideal era a descoberta
e tendo passado já nossas ilhas
assinámos acordo pela certa
que foi o Tratado das Tordesilhas

E com o mundo dividido a meio
para não haver brigas de chegadas
havia então apenas o anseio
de das nossas naus e das amuradas
sermos primeiros a ver firme terra
que a nós competia descobrir
e junto ao mar ou no alto da serra
um Padrão colocar e assumir

O castelhano que hoje se fala
para lá da europeia Ibéria
foi obra de quem com enorme gala
levou a peito tarefa tão séria
por nosso lado, nessa mesma zona
com Atlântico a beijar a costa
havia que dar-lhe com certa fona
tarefa sido já antes sido imposta

E em Vera cruz, seu primeiro nome
os índios estavam e eram amenos
ainda por lá não havendo fome
nossos contactos foram bem serenos
nossos costumes logo empreenderam
até parece que deles gostavam
e os nossos vícios compreenderam
as relações dos dois nada custavam

Mas eram poucos, grande território
fazia falta levar nova gente
do outro lado havia fartório
e o clima era igualmente quente
não fazia mal, de cor mais escura
mas eram braços para trabalhar
havia que aproveitar fartura
chegava para todos sustentar

A escravatura assim se implantou
os brancos abusaram do poder
e por bastante tempo ela durou
fechar os olhos e fazer sofrer
de África vindas grandes famílias
levar acorrentados os maridos
sem liberdade alguma p’ra quezílias
pois se assim fizessem eram banidos

E por muitos anos isso durou
mesm’até depois da independência
patrão anafado não se fartou
e viveu à custa dessa demência
as casa grandes muito aumentaram
as sanzalas cresceram ‘inda mais
e assim todos se alimentaram
e nada do que vinha era demais

O açúcar nessas terras nascia
até da cana ele se tirava
e isso e outras coisas se podia
conseguir, pois o campo tudo dava
mas o Homem é bem mais exigente
e não lhe basta o que vê em cima
e no íntimo tinha bem assente
que a riqueza causa boa estima

O cheiro a ouro surgia de repente
indígenas nem caso lhe faziam
logo isso atraiu aquela gente
a que os lusitanos pertenciam
e foi nesse século dezasseis
que as naus de retorno cá trouxeram
o que para fazer muitos anéis
e o mais que aos tantos aprouveram

Foram monumentos e catedrais
e nos palácios festas deslumbrantes
que nessa época nada demais
só o povo ficou como era dantes
a ver chegar tantas fortunas
que diziam porvir lá de longe
pois as benesses só são oportunas
e nem todos se parecem com monge

Com índios, pretos, brancos e sem zanga
e a Família Régia lá então
foi fácil dar o grito de Ipiranga
nascendo o Brasil da comunhão
com gente de cá já tinha ido
e outra de lá já natural
foi em ambiente bem colorido
que se separou de Portugal
VOLTEI ATRÁS PARA ESCREVER QUE, NO DIA 8 DE JULHO, TERMINEI 50 PÁGINAS DESTE POEMA QUE QUIS DEDICAR À NOSSA LÍNGUA E QUE TEVE COMO INSPIRAÇÃO O NOSSO GRANDE LUSÍADAS, SEM PODER EVIDENTEMENTE FAZER A MENOR COMPARAÇÃO.















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